terça-feira, 10 de novembro de 2015

UM COMENTÁRIO RECEBIDO E UMA RESPOSTA





Marco deixou um novo comentário na sua mensagem "UMA TRAGÉDIA EMINENTE, ENORME, NA RUA DO VISCONDE":


caro amigo Luís Fernandes, li o seu post e não posso deixar de comentar... por acaso o amigo sabe o que teriam dito quando deram o alerta!? Por caso sabe se disseram que era um fogo, e passo a citar as suas palavras "Tratou-se de um grandessíssimo incêndio, na via pública, de extraordinárias proporções… dentro de uma papeleira de oitenta centímetros de altura por 45 de diâmetro", ou se teriam dito que era um fogo na Rua Visconde da Luz? Pergunto eu, já que não percebo nada disto.... muitas das vezes quando as chamadas caiem nos quartéis de bombeiros é uma alerta para um tipo de situação e depois, quando se chega ao local, a situação e completamente diferente da que foi alertada. Na minha opinião foi um post um pouco triste. Cada vez se vê mais as pessoas só darem o devido valor aos agentes de proteccão civil (bombeiros, gnr, psp, etc.) quando realmente precisam. Espero que não nunca tenha uma situação em que seja preciso chamar esses grandes homens e mulheres, porque podem quebrar a pacatez com as sirenes e tudo mais....


****************************************

RESPOSTA DO EDITOR

Começo por agradecer o seu comentário, Marco. E a seguir vou dividir a resposta em duas partes: uma com alguma ligeireza e outra mais séria. Comecemos na parte mais leve. Pelo quanto julgo conhecer de vossemecê, não posso acreditar que veja este texto apenas sobre o prisma da seriedade, ou seja, como uma ofensa aos bombeiros –claro que entendo a sua manifestação pela ligação à corporação. É preciso sorrir, homem de Deus!
A crónica que escrevi, contrariamente ao que pensa, não teve uma intenção de melindrar os bombeiros, mas antes mostrar o quanto as pessoas, agarradas ao conceito de um serviço público que, como grande teta, tudo deve e pode fazer por nós, se podem tornar ridículas pela falta de vontade de colaboração. Constato isso mesmo todos os dias. Há lixo espalhado na rua, junto à nossa porta. Num procedimento recorrente, o que se faz? Liga-se para o Departamento de Higiene para que venha um funcionário varrer e apanhar os detritos. Poucos são aqueles que, pegando numa vassoura e pá, limpam a sua zona de acesso. Tenho visto isto mesmo muitas vezes na Baixa. Ora, como sabe e tal como eu, os serviços públicos são escassos e financiados através do Orçamento Geral do Estado –os bombeiros são patrocinados pelos orçamentos das autarquias. Por isso mesmo, é nossa obrigação usar o menos possível e só em caso de grande necessidade. Já vi que não entendeu, mas fica a saber que era o que pretendia –pelos vistos não consegui o intento.
Ora, e aqui já um pouco mais contraído, pegando no que escrevi atrás, a meu ver, também é obrigação de quem dirige os serviços aferir da gravidade de um qualquer problema e antes de enviar os meios deve certificar-se da seriedade da comunicação. Repare o exemplo: se o amigo ligar para o 112, a pedir uma ambulância para um sinistrado, o que faz o operador? Antes de enviar ajuda certifica-se da veracidade do facto. E, apesar disso, não se pode evitar uma catrafada de chamadas falsas. Então diga-me, os bombeiros não estão sujeitos ao mesmo princípio de exclusão de falsos pedidos porquê? Se não estão, deveriam estar! Imagine que alguém se lembra de ligar para o quartel e afirmar que um vendedor de castanhas está com fogo no seu carro, na Praça 8 de Maio. Envia logo os meios sem se certificar de que, para além de poder ser uma brincadeira de mau-gosto, é uma minudência?
No caso de ontem, divido-me em que os meios de ajuda ultrapassaram em muito a necessidade. Ou seja, houve uma evidente desproporcionalidade. Se quem fez a comunicação não foi claro, seria obrigação do operador certificar-se da gravidade do problema. É óbvio que qualquer loja na zona está obrigatoriamente equipada com um extintor de combate a incêndios Bem sei que, pelo telefone, não é fácil aferir entre o grande, o médio e o pequeníssimo incêndio, já que devem prevalecer os princípios da precaução e da segurança, mas também não se pode partir para a acção sem rede, sem alguma verificação prévia. É que se não for assim, a meu ver –e é o que está acontecer-, com a resposta pronta, estamos cada vez mais a, por um lado, a abusar da prerrogativa social e, por outro,  a desonerar a colectividade de uma responsabilidade de parceria que lhe cabe por inteiro.
Fui claro? Espero que, pelo menos, a minha resposta ajudasse a clarificar.

Sem comentários: