segunda-feira, 30 de junho de 2014
domingo, 29 de junho de 2014
UM MIÚDO MEU CONHECIDO E MUITO CHEGADO...
Está de ver que estou carente. Vejam bem para o que me deu. Esta fotografia é de um rapazinho muito, mas muito chegado a mim -de tal modo que até pareço mesmo eu. Dei com ela no fundo de um baú já velhinho. Foi captada em em 1967, na Foto Revelarte, na Rua António de Vasconcelos, 61, 2.º, em Coimbra.
sábado, 28 de junho de 2014
UMA HISTÓRIA QUE CHEGA AO FIM
(Imagem da Web)
Talvez por algum pudor, é a primeira vez que
escrevo sobre isto: dentro de alguns dias vou assinar o meu divórcio. E estou bem? Pareço vê-lo a si, leitor,
interrogar. Tenho dias! Uns melhores, outros piores. Tenho um por outro que me
sinto carregado de solidão! Mas na maioria deles, passo bem. Isto é, encaro
este desenlace como um caminho que se acaba, uma história longa, de 37 anos,
que chega ao fim. Tudo é finito e, como tal, o amor também. É um drama? É o
cair do mundo? Não creio. Temos sempre de dividir o fim de um casamento em duas
partes: a material e a emocional. E que, na sua consequência para
o casal, tem redundado em demasiadas tragédias familiares.
Quanto ao lado material sem guerras mesquinhas, de cada um querer deixar o outro
prejudicado, estamos, ambos, a proceder de boa-fé e sem esquecer que temos
filhos e um longo passado comum. Vou-me aborrecer se vou ficar sem uma pintura
que gostava muito? Isso é que era bom! Tenho 57 anos e, provavelmente e na
melhor das hipóteses, viverei mais 20 ou 25 anos. Então, por tão pouco, vale a
pena estar a lavrar uma guerra por porcarias que não valem um costelo? Quando
morrer não vou levar nada! E mais, orgulhosamente sou filho de gente muito
humilde. Nasci e cresci num berço quase de palha. Por isso mesmo, por tudo o
que conseguimos juntos, estou muito grato à minha, ainda, mulher. Nunca me
esquecerei disso. Claro que as coisas não são tão simples assim, confesso. Alguns valores
que vou deixar custaram muito a conseguir e transportam a minha marca gravada a ferro incandescente. Todos eles levam uma lágrima de
sofrimento pelo custoso adquirir e um sorriso que lhes dei na última prestação. Mas, paciência! Tudo na
vida tem um custo. Para conseguirmos uma grande vitória, inevitavelmente, somos
derrotados num qualquer campo menor.
Quanto ao lado emocional, pelo menos no que me
toca, tento levar a vida para a frente, sem pensar muito no que está acontecer.
O que mais custa nem será a separação de facto e de direito mas sim a sensação
de falhanço que me envolve. Quando casei, em 1977, estava convencido que era
para toda a vida. Assim não aconteceu. Paciência! Há culpados? E tem mesmo de
haver? Não sei se tem, mas a haver culpa, naturalmente será dos dois. Não vamos
entrar em conflitos de atribuições de responsabilidade. Nada disso! Estamos em
paz! Pelo menos parece|
Como disse em cima tenho dias em que me sinto
muito só. Hoje, por acaso, é um desses dias. E porquê? Porquê? –pressinto novamente os seus olhos incisivos
sobre o texto. Vamos com calma, que eu estou a escrever para desabafar –já agora,
sabe o que significa desabafar? Pois,
se não sabia, quer dizer “desforço”,
desfazer o esforço, descarregar a alma, exteriorizar os sentimentos reprimidos
que conduzem ao alívio. Olhe, estou chateado porque me aborreci com a minha
namorada há uns dias e, se calhar, acabou de vez –quem consegue perceber as
mulheres? Se assim fosse fácil de as compreender, mais que certo, eu
continuaria casado, e, com isto, não quero dizer que a culpa é dela, que eu sou
um anjo e ela um demónio. Nada disso, tenho consciência que sou um tipo difícil
de aguentar. Esta minha nova namorada, já de vários meses e depois da minha
separação de facto, tem sido para mim o suporte, a superestrutura que me faz
resistir a uma série de contratempos, para não dizer fracassos. Por isto mesmo,
hoje sinto-me irritado, vazio, e com pouco ânimo. Sinto a falta dela. A sua companhia
tem sido a rede que faz a triagem entre o que de menos bom me tem acontecido
nos últimos tempos. E acabou? Pareço
vê-lo novamente com o nariz esticado e as orelhas no ar. Sei lá se acabou? Mas,
se assim foi, logo se vê! O que se há-de fazer? Matar-me? Ora, ora! Há-de vir
outra mulher para a substituir. O mundo não se acaba para quem se separa. “Guardado está o bocado para quem virá
apanhá-lo”, diz o povo na sua eterna sabedoria. Já deu para ver que,
tirando a tristeza que me invade hoje, felizmente estou muito bem. Em paz com a
minha auto-estima, sem precisar de recorrer a qualquer tipo de droga, incluindo
álcool, ou mesmo a um qualquer psicanalista ou psiquiatra.
E por que falo sobre tudo isto que, no fundo
e se calhar, até pode parecer ridículo? Porque, por um lado, nos últimos anos,
devido a separações e divórcios, tem havido demasiadas mortes devido a
violência doméstica e quase sempre pelo fim da relação –no ano passado foram 38
e este ano já vai em 18. Não é que pretenda ser exemplo para quem quer que
seja mas, em boa verdade, cada um de nós é sempre um espelho social e que leva
outros, em imitação, a seguir o que fazemos. Então, já que tenho facilidade em
escrever, e uma vez que estou a passar por uma situação que tantos casais já
passaram e muitos deles estão a passar com grande sofrimento, vou tentar nos
próximos tempos relatar o que se passa comigo. Quem sabe, com a minha
narrativa, possa ajudar alguém? Faço isto, ressalvo e repito, por dois motivos:
para me servir de catarse e ao mesmo tempo para que quem estiver com o mesmo
problema perceba que há mais vida para além de uma estrada planeada e, acima de
tudo, que não se pode deixar abater nem descarregar no outro, ou outra, a
frustração. Temos de aprender a lidar com os desenganos e desilusões.
É assim! Vamos em frente! Quanto a mim, fico bem. Tudo se vai recompor. Claro
que se a minha namorada me telefonar a pedir desculpa do que fez há uns dias ficarei
muito melhor. Se não ligar, paciência!
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JÁ APARECEU O VIOLINO DO PUTO

Embora ainda não saiba as circunstâncias, pelos vistos e para felicidade do Fernandito, já apareceu o violino. Dei notícia aqui. Quando eu souber mais informações darei conta.
UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...

Ilidia Fernanda Salgueiro deixou
um novo comentário na sua mensagem "UMA LÁGRIMA PARA AMÉLIA":
Tive o prazer de conviver vezes sem conta com a Amélia -e é dela que falo, porque a ela se destina o meu comentário- não só porque sou do tempo em que os comerciantes trocavam mercadorias, mas também porque o falecido senhor Chaves (proprietário da casa Bambi) era amigo do meu falecido sogro, o senhor Salgueiro e proprietário da chapelaria Salgueiros, daí o nosso relacionamento. Retenho na mente a Amélia, empregada de balcão… Porquê?!? Porque era simpática, porque tinha postura atrás da "trincheira", porque a todos tratava por "você", porque na hierarquia do empregado de comércio me habituei a vê-la num patamar acima do meu. Por tudo isto -ou simplesmente por que sim?-, não vou alongar-me mais, já que enquanto escrevo as lágrimas atraiçoam- me as linhas. Dizer só que…, não posso, não devo! Não me permito imaginar a dor destas famílias. Quero enviar-lhes as minhas sentidas condolências. A vós Amélia e Francisco que o vosso amor perdure no Reino dos Céus. Até um dia!
Tive o prazer de conviver vezes sem conta com a Amélia -e é dela que falo, porque a ela se destina o meu comentário- não só porque sou do tempo em que os comerciantes trocavam mercadorias, mas também porque o falecido senhor Chaves (proprietário da casa Bambi) era amigo do meu falecido sogro, o senhor Salgueiro e proprietário da chapelaria Salgueiros, daí o nosso relacionamento. Retenho na mente a Amélia, empregada de balcão… Porquê?!? Porque era simpática, porque tinha postura atrás da "trincheira", porque a todos tratava por "você", porque na hierarquia do empregado de comércio me habituei a vê-la num patamar acima do meu. Por tudo isto -ou simplesmente por que sim?-, não vou alongar-me mais, já que enquanto escrevo as lágrimas atraiçoam- me as linhas. Dizer só que…, não posso, não devo! Não me permito imaginar a dor destas famílias. Quero enviar-lhes as minhas sentidas condolências. A vós Amélia e Francisco que o vosso amor perdure no Reino dos Céus. Até um dia!
sexta-feira, 27 de junho de 2014
VINAGRETAS DE CAMPEÃO

(Imagem da Web)
Quem faz o favor de ler os disparates que vou
escrevendo deverá saber que volta e meia lá vou mandando umas ferroadas na nossa imprensa local –claro
que só fala mal dos outros quem tem telhados
de vidro, e que se lhe diga, mas isso é outra questão de somenos e não
interessa nada para aqui. Ora esta semana, para meu gáudio, vou dizer bem.
O Campeão das Províncias desta semana –e quanto
a mim numa reviravolta de 180 graus tendo em conta os escritos anteriores nesta
coluna- traz umas “vinagretas” de se
lhe tirar o chapéu. Apetece ler e repetir. Desde a primeira, “Alucinações” até à última “Justa homenagem” sente-se uma imperceptível
crítica independente e necessária num jornal local. Não sou apologista de que
um órgão de comunicação social tenha de ser, apenas por ser, anti-poder. Deve
ser crítico, escrutinador desse mesmo poder, quando tem de o ser e, quando
assim o entenda dentro da sua discricionariedade, deve e pode ser o contrário. O que quero dizer com isto? É que
o leitor, ao ler, deve inferir um sentimento de independência traduzido num
princípio de equidistância entre quem escreve, o jornalista, e o poder
observado. O leitor não pode pensar que poderá haver um qualquer ressentimento
contra alguém ou entidade e o jornal poder ser utilizado como arma de arremesso por quem escreve nesse mesmo órgão de comunicação social –e esta prosa também me
serve para mim por ser colaborador semanal n’O Despertar.
Voltando às “Vinagretas” desta semana, e repetindo, estão fantásticas. Acutilantes
qb, quantidade que basta. Sobretudo a pergunta da semana, na
dita coluna. Vou transcrever: “Quem é o ex-presidente de junta do concelho
de Coimbra que, investido em novas funções, deixou, pelos vistos, de “conhecer”
os antigos colegas, com quem partilhou nos últimos anos inúmeras reuniões e
outras tantas assembleias municipais?”
Ora é aqui que queria chegar: como é o caso
presente, um jornal, mesmo sem plasmar o nome do visado, pode perfeitamente ser pedagógico, proactivo, e contribuir para a sua educação e formação social. E tudo no
interesse do citado e antes que a sua figura se torne de tal maneira ridícula e
que o comecem a apodar de “cagão do
telemóvel”. É evidente que cagões há
muitos e, no fundo, no fundo, é mais um! Mas, tendo em conta que este
personagem até fez um bom trabalho anteriormente, creio que esta chicotada jornalística foi o bastante
para ele verificar que não estava a enveredar pelos melhores caminhos e nem
pelas melhores companhias. Desde que, ilusoriamente, subiu ao altar dos nomeados passou a andar com gente que, em três tempos, lhe
faz o seu funeral político, encomenda-lhe alma ao diabo e apaga-lhe o nome das
listas no partido. O homem é inteligente e tem valor. É preciso que se diga! Gosto
dele e pronto! Por isso mesmo, vamos dar-lhe algum tempo para se redimir e
entender que os gajos que estão agora no degrau debaixo amanhã podem trocar de
posição com ele. Até porque quatro anos passam depressa e… mesmo dentro destes
quarenta e oito meses muita coisa pode acontecer! O que sei dizer é que esse
tal citado que hoje encontrei nos subúrbios da cidade não tem nada a ver com o “cagão do telemóvel” de antes desta
edição do Campeão. Será esta mudança
uma causa consequencial do efeito das “Vinagretas”?
Será? Se calhar...!
UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE....

Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "UM PINGO DE DIGNIDADE PARA UM LADRÃO":
Só lhe falta dizer que é a favor dos furtos noutras situações.
***************************************
RESPOSTA DO EDITOR
Porque em questões formuladas aqui ninguém
deve ficar sem resposta –pelo menos é o que prega aos peixes o nosso provedor -que
por acaso sou eu, mas não importa nada porque sou independente entre o eu que escreve e o outro eu que analisa
o procedimento- vou então, sem maçada nenhuma, como deve calcular, responder à
formulação.
Começo então por lhe afirmar,
preto no branco, que sou a favor de furtos, sim senhor, em casos por mim
considerados especiais. Furtos virtuais –nada de confusão, nem violência, caso
assim seria roubo- sem tocar no material. Assim uma espécie de furto platónico. Quer uma amostra, não
é? Pois sim senhor! Tenha calma que vou dar uma. Como já sou velhote, já me
habituei a dar uma…. de cada vez, e assim no jeito de espera cavalo!. Já lá vai o tempo, meu caro, em que dava uma, duas,
três. Mas o tempo, este tempo que nos cilindra e faz de nós pudim flan, não
perdoa. Agora dou uma… amostra, com calma, muita calma, a pedir aos deuses que
me prolonguem a sensação e me façam parecer o outro, aquele que já lá vai. Mas
vamos ao que interessa que isto é paleio que não enche barriga. Vamos então ao
exemplo que você precisa para eu fundamentar se sou, ou não, a favor do furto
simples –ou complicado.
Tome então atenção a este caso que nos
acontece todos os dias, pelo menos quando estamos acordados. Olhe o caso da
gaja boa, boa, boa, que, passando por nós na rua, parece levitar sobre uma
nuvem. Diga-me, não apetece furtar-lhe um carinho? E os seus olhos libidinosos,
de azul esverdeado, que provocam vertigens magnéticas e cujo brilho envolvente
parece conduzir ao Céu? E que, para nosso pesar, de homem comum, parecem só
inclinar para certos mostrengos eleitos não se sabe com base em que critério de
avaliação! Então não apetece furtar aquele olhar? E aqueles cabelos negros,
azeviche, caídos em cascata sobre uns ombros modelados por barrista famoso,
diga-me, não sentimos uma vontade louca de os acariciar e furtar um para
emoldurar e pendurar na parede do nosso quarto por cima da cama e no mesmo
sítio onde outrora esteve um crucifixo?
E os seus lábios carnudos,
vermelhos de tanto fulgor de desejo, diga-me, o furto de um beijo não deveria
ser admissível? E aqueles seios erectos, a fazerem lembrar duas maçãs golden
esverdeadas e luzidias e penduradas na macieira, não deveria ser possível furtá-los?
E aquela amostra de saia curta que a diva, no seu caminhar sensual e coleccionador
de olhares masculinos, teima em puxar, puxar para baixo, como se a coitada da
amostra de pano tivesse culpa de ter sido concebida assim e sofrer tantos puxanços
e apalpões da dona. Não apetece furtar o panito e poder ver o que se ocultará
por debaixo daquele baixo-ventre? E aquela perna bem torneada, em que uma
qualquer Sharon Stone, no filme Instinto Fatal, é simplesmente amostra gratuita, não me diga que nunca sentiu um
irreprimível desejo de as levar consigo? Não? Ó diabo, não me diga que gosta de
outra fruta…!
UM PINGO DE DIGNIDADE PARA UM LADRÃO


VIOLINO ROUBADO!!
“Ontem,
26-6-2104, cerca das 23h30, roubaram o VIOLINO do Fernandito, ao Fernandito,
aqui à porta de casa. Nós chegamos de jantar com uns amigos e estacionámos o
carro e quando nos dirigíamos à porta de casa eu, o pai, voltei à viatura
buscar o telemóvel –que estava estacionado a cinco metros- e o meu filho ficou
à espera com o violino poisado no chão. Foi nesse instante que alguém fez esse
trabalho. Pedimos a todos os amigos que divulguem, pois o Fernandito precisa
muito deste violino pois estava a preparar a sua participação em 2 concursos nos
dias 4 e 5 de Julho.
O Violino é de tamanho1/8.
O Violino é de tamanho1/8.
Por favor divulguem!”
Portanto,
agora sou eu a escrever, pede-se ao ladrão, filho da puta, que envergonha a
classe –porque um bom profissional não assalta crianças-, ao cabrão que furtou
o violino ao Fernandito que, sem favor, devolva o instrumento para que o miúdo
possa continuar a desenvolver o seu extraordinário talento. A questão pode até
ser onde o vai entregar. Pode ser num qualquer café da Praça da República ou na
sede da Associação Académica de Coimbra, na Rua Padre António Vieira. Basta
dizer que é para entregar ao Fernando Meireles. Se por acaso for um gatuno de classe, com ética, daqueles de antigamente, pode ligar para o número de telemóvel 917494983. E mais nada! Ninguém o vai
questionar sobre o bonito gesto de arrependimento. Não haverá multa -como faz o Ministério Público-, não haverá sermão, não haverá prestação de um número de orações para lavar a alma. Pode ter a certeza que a sua
folha de serviços de ladroagem não vai ficar manchada por esta agressão vil a
uma criança.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
LEIA O DESPERTAR...

LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA
Esta semana deixo o textos "REFLEXÃO: UM DESRESPEITO TOTAL"; "OS ÚLTIMOS DIAS DA BALVERA"; e "CAMINHOS CRUZADOS"

REFLEXÃO: UM DESRESPEITO TOTAL
Encontrei-o à hora do almoço numa destas ruelas
estreitas da Baixa, onde tudo parece desconsolado, a começar pelos envolventes
edifícios em ruína eminente e em símbolo de uma nação a desfazer-se em
frangalhos. Numa cidade sem alma, sem autoestima, são ruas sem odores, sem
ruídos, sem movimentos de pessoas ou animais e que, como nuvem tóxica vinda do
Céu, um manto de silêncio sepulcral tomou conta de tudo e sugere conduzir ao
Inferno. O que mais impressiona nem será o vazio sentido, a passividade como a
atmosfera de desgraça se entranha e é encarada paulatinamente sem dor, mas
antes o ar carregado, fétido, impregnado de tristeza que se apanha às
mãos-cheias no virar da esquina.
Cada um, cruzando-se com um
qualquer conhecido, vai tentando disfarçar, sem parar e para que o outro não
ouse olhar os seus olhos carregados de mágoa pelos estilhaços deste tempo que
nos há-de matar lentamente como se fôssemos tomando diariamente uma gota de
arsénio. Ajeitando um meio sorriso atamancado, sem brilho nas palavras pesadas,
o cumprimento é assim: “olá! Bom dia!
Tudo bem?”. E, sem esperar resposta, segue em frente como se fugisse da sua
própria sombra, ou de um futuro que assusta.
O meu amigo é professor universitário. A sua
idade andará por volta dos quarenta anos. No ramo em que dá aulas na faculdade,
é um especialista na sua área a nível nacional –senão também de âmbito internacional.
É um tipo simples, daquelas pessoas sem peneiras que muito gosto e me dá gosto
falar e que me faz acreditar na humildade do homem enquanto ser de igualdade. Já
estivemos juntos numa ou outra causa na cidade. Para além de ser
inteligentíssimo, é uma pessoa sensível e sempre pronto a ajudar o seu
semelhante. É um homem que se move pelos sentimentos de partilha urbana, de
convicção humanística e militância na entreajuda social, e não tomado de tolas
ideologias coloridas em tons berrantes.
Ele caminhava no outro lado da rua e fui ao
seu encontro. Pareceu-me mais magro desde a última vez que nos vimos –talvez
uns três, quatro meses, por aí –o tempo, neste tempo indefinido, passa tão a
correr. Notei que o seu cabelo estava meio desgrenhado, como cultura que, por
falta de ser sachada e regada, parece meio abandonada pelo agricultor. Iria
jurar que, pela aparente oleosidade na cabeça, talvez não tivesse tomado banho
hoje. Quem sabe por desalento? Os seus olhos, contrariamente a outras alturas
que nos vimos, mesmo emoldurados por lentes oculares, pareceram-me nublados e
carregados de solidão e angústia. Então na tal pergunta de retórica de “como está?” -desde há uns tempos para cá
passei a tomar atenção à resposta-, falámos da minha convivência mais virada
para a sobrevivência e das minhas preocupações com o que se passa à minha volta
e que apreendo todos os dias. Inevitavelmente caiu a minha interrogação: e você? Como vai a sua vida?
Foi então que abatido, como se os seus ombros
suportassem o mundo –quem sabe se a fazer um enorme esforço para não chorar-,
me confidenciou que o seu futuro em Coimbra está por pouco. Provavelmente, e mais
que certo, vai ter de emigrar dentro de pouco tempo. Vai ser dispensado na
Universidade. Não sabe as bases em que assentaram os critérios para o
despedimento. Falta de produtividade? Não, não pode ser. Este ano, como
assistente, foi responsável por quatro vezes mais o número de alunos e turmas
do ano passado. Então como estipularam a sua sorte? Saberá lá ele! Calcula que
fizeram da sua vida, da sua dedicação à causa universitária no estudo e
investigação, uma folha Excel e, entre
números e consoantes de traços e contra traços, traçaram o seu destino… num desrespeito total! Dito assim mesmo,
sublinhado como se a terminação da frase “desrespeito
total” ficasse a balouçar ao vento como roupa a corar estendida num cordão
e tocada pelo vento. “Um desrespeito
total!”.
Continua o meu amigo, “não me resta outro caminho a não ser
partir. A minha mulher está desempregada e tenho um bebé de tenra idade. É
triste uma pessoa abandonar um caminho a meio. Muito triste! Você não acha,
Luís? O que é que se quer fazer desta terra? O que se espera deste Portugal?”
OS ULTIMOS DIAS DA BALVERA
Durante
cerca de três dezenas de anos a perfumaria Balvera perfumou a nossa Rua Eduardo
Coelho. Nos últimos doze anos a Helena Cristo, a diligente funcionária, com a
sua personalidade sorumbática –porque talvez a sorte nunca foi sua madrinha-,
leal de humanidade e boa pessoa, foi a nossa companheira diária neste troço de
cidade e trilho existencial. Ambos, estabelecimento e pessoa, vão-nos deixar. A
Balvera vai encerrar no próximo dia 31. Se a loja, enquanto número, vai ficar
registada na memória dos presentes –e para os vindouros com este apontamento-,
a Lena, como aqui é
carinhosamente tratada e estimada, vai deixar muita saudade. Igualmente com
ela, e levando também as nossas recordações, vão também outras colegas
eventuais que passaram nesta casa como a Georgina Abreu e a Micaela Vilão.
É um pouco de nós que se vai e, num silêncio de conluio, a todos deixam mais pobres na convivência. Tem sido assim nos últimos anos. De outros estabelecimentos que fecharam, vimos partir a Maria, a João, a Adélia, a Filomena, a Liliana, a Lucinda, a Ermelinda e outros.
É um pouco de nós que se vai e, num silêncio de conluio, a todos deixam mais pobres na convivência. Tem sido assim nos últimos anos. De outros estabelecimentos que fecharam, vimos partir a Maria, a João, a Adélia, a Filomena, a Liliana, a Lucinda, a Ermelinda e outros.
A cidade, no “modus vivendi”, em analogia, é quase como um naperon de renda
constituído por pequenos desenhos de linha que foi crescendo, crescendo até ao resultado
final. Se entre as duas coisas há uma diferença substancial, em que o bordado
tem um final e a urbe nunca estará concluída, haverá, no entanto, uma
similitude: se ambos não forem cuidados, e um fio do seu entretecido quebrar, a
cadeia que liga os seus desenhos cairá como farrapo velho sem prestabilidade. A
urbe, enquanto centro de convivência harmoniosa entre um comércio que
revitaliza e uma habitação que resguarda, só perdurará no tempo se os seus
estabelecimentos, interligados com pessoas e como fonte de rendimento,
cumprirem o seu objeto. As lojas tradicionais são espaços físicos de compra e
venda cuja génese mercantil vêm diretamente da Idade Média. Se no princípio
haveria uma única preocupação que era a troca de produtos e visando unicamente
o egoísta rendimento do tendeiro, com a Idade Moderna, com o desenvolvimento da
Revolução Industrial e pelo marketing na criação de necessidades e do monetarismo
como instrumento de permuta facilitada, o comércio de cidade, enquanto estuário
de confluência dos produtos fabricados e de manufatura, para além de ser o
reflexo direto dos dois, passou a ser também o seu espelho de progresso das
coletividades habitadas.
Com este tempo de agora, pós-industrial,
pós-moderno, pós, pós, pós-qualquer coisa, onde o ontem feneceu
sem glória e o hoje, no mesmo dia, nasce, cresce e morre, e se entende como
desenvolvimento e sinónimo do menor esforço, de braços cruzados, sentimos e
vemos este fenómeno mas não lobrigamos solução. Impávidos e serenos assistimos
ao abandono dos campos, ao encerramento das fábricas, e numa economia europeia
planeada na teoria da vantagem
comparativa –em que cada nação deve produzir apenas nas áreas em que
se sentir mais apta e na sua proporcional produtividade-, passámos de
produtores autossustentáveis a vendedores de importação de tudo e mais alguma
coisa. Com a falência de políticas de sedentarização no interior, nas últimas
décadas, progressivamente a cidade, enquanto centro de atração e símbolo de
eldorado, foi sendo cada vez mais invadida por um trabalhador pouco
classificado e em busca da riqueza e da sua própria sobrevivência. Mas, tal
como o país dividido entre litoral e interior, sem reação, também partilhámos a
secessão do burgo entre zona velha –para pobres- e parte moderna –para ricos. Como
guetos ou fabelas, estas frações antigas passaram a ser um polo de curiosidade
para estudantes apresentarem teses de mestrado e uma espécie de museu vivo onde
os avós trazem os netos e, entrando nas lojas como se estivessem no sótão a
observar o triciclo da sua infância, proferem a frase idiomática “no meu tempo…”. Os próprios turistas
estrangeiros que nos visitam olham para o comerciante tradicional de rua com o
mesmo sentimento desvalorizado e ultrapassado que o nacional português olha o
vendedor marroquino.
Tendo em conta as recentes declarações do
Primeiro-Ministro de Portugal, Passos Coelho, de que não se devem manter
empresas antigas em dificuldades mas apoiar novos investimentos a questão é:
poderemos ser ícones de um comércio em desaparecimento e, ao mesmo tempo
rentabilizando a memória, conseguir aguentar até melhores dias de negócio que
tardam?
E a Helena Cristo e outras Georginas que,
juntamente com os pontos de venda onde durante anos laboraram, vão
desaparecendo do nosso olhar deixando as nossas almas e ruas ainda mais vazias
vão fazer o quê? Onde estão as empresas novas para aproveitar o seu enorme conhecimento
experiencial?
CAMINHOS CRUZADOS
O relógio marcava 11 horas neste último
domingo. Ladeada por uma vintena de atentos jovens sentados no asfalto da pedra
fria da Rua Eduardo Coelho a voz potente de Isabel Craveiro, da direção do
Teatrão, ecoava no silêncio entrecortado por um ou outro passante. Tratava-se
de uma formação artística em teatro para jovens adolescentes. Inserido no “Linhas Cruzadas”, um projeto pedagógico
“CBR Linhas Art Lab”, em que estão
envolvidas várias entidades como o Teatrão, o Jazz ao Centro Clube, o Centro de
Artes Plásticas de Coimbra e a Casa da Esquina e se procura fomentar a arte de
encenação entre artistas consagrados e emergentes.
Segundo Isabel Craveiro, “no caso deste ensaio é uma preparação para um espetáculo de rua que
apresentaremos no próximo dia 29 do corrente nesta artéria outrora tão
representativa de uma corporação, os sapateiros, e tão relevante no comércio
tradicional. É uma ação dirigida a pensar o espaço urbano, na importância dos
comerciantes no desenvolvimento da cidade, e no que há de diferente e hoje não
tem projeto.”
A seguir os jovens, com uma caixa vazia na
mão, interagiam com os transeuntes tentando vender uns sapatos. “Temos sapatos pró menino e p´rá menina! Este
é o número 38! Quer comprar?”
QUER FRÔ?
Já aqui falei dele. Dá pelo nome de Carlos Leonel Cardoso Gonçalves e faz uns bonitos arranjos florais. De vez em quando, apregoando e interrogando "quer comprar uma flor?", lá tenta fazer meia dúzia de euros.
VALHA-NOS O BOM SENSO DA RELAÇÃO

GNR condenado a pena suspensa
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/gnr-condenado-a-pena-suspensa
(Após seis anos, entre o facto e o primeiro julgamento e a apreciação de recurso no Tribunal da Relação, finalmente imperou o bom-senso. Se bem que a indemnização a pagar pelo agente da GNR será, por ventura, exagerada tendo em conta a responsabilidade do pai da vítima, uma criança, na exposição e implicação no assalto perpetrado e que viria a resultar na sua morte)
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/gnr-condenado-a-pena-suspensa
(Após seis anos, entre o facto e o primeiro julgamento e a apreciação de recurso no Tribunal da Relação, finalmente imperou o bom-senso. Se bem que a indemnização a pagar pelo agente da GNR será, por ventura, exagerada tendo em conta a responsabilidade do pai da vítima, uma criança, na exposição e implicação no assalto perpetrado e que viria a resultar na sua morte)
TENHO DIAS CAPAZ DE DAR DUAS... MÚSICAS...
BALADA PARA UMA AUSÊNCIA SENTIDA
Depois de tantos anos a teu lado,
atiraste o meu amor p’la borda fora,
esqueceste que naveguei no teu corpo,
deixaste-me sozinho e foste embora;
Quiseste ajustar contas comigo,
olvidando toda e qualquer razão,
um dia talvez olhes ao que digo,
mas nessa altura é tarde p’ro perdão;
Tu foste a minha mais linda história
que alguma vez me hei-de recordar,
vais estar sempre gravada na memória
e até à tumba vais-me acompanhar;
Lamento tanta batalha perdida
em guerra surda sem um vencedor,
fomos ambos peões nesta vida
em busca de um impossível amor;
Sempre que olhar a sombra da
Lua
numa qualquer noite de luar,
sei que vou ver uma imagem tua,
projectada, com o dedo a me apontar.UMA LÁGRIMA DE SAUDADE PARA O REIS
O anúncio necrológico plasmado hoje nos murais
arquitectónicos desta zona velha não engana: faleceu o Mário Reis. O Reis foi
um homem da Baixa, um caminheiro destas vielas, ruas e praças. Nas últimas décadas
esteve ligado, em sociedade, à gerência da Cicade, a última fábrica de faianças
de Coimbra, com sede em Coselhas, ali ao lado da Estação ferroviária de Coimbra
B, e encerrada em 2008.
Porque o conheci bem, enquanto trabalhou e
conviveu com os muitos amigos que por aqui deixou, o Reis, para além de cordato
e boa pessoa, foi sempre um tipo de personalidade vincada, assim pão, pão, queijo.
Nesta hora dolorosa para a família, em jeito
de homenagem e meu nome e da Baixa que perdemos um amigo, o nosso sentido
pesar. Até sempre, até um dia, Mário Reis.
UMA LÁGRIMA PARA AMÉLIA

(Com a devida vénia à família enlutada, esta foto foi retirada do Facebook)
Maria Amélia Lima e o marido, Francisco Neto,
foram brutalmente espancados e assassinados na sua residência, em Foz de
Arouce, Lousã. Segundo os jornais da
cidade, Francisco Neto era ourives de profissão e, como ambulante, vendia em
feiras da região. O móbil do crime terá sido o facto de terem surpreendido os assaltantes
em flagrante na sua casa de morada.
A Amélia era uma “filha” da Baixa, e que conheci muito bem. Durante muitas décadas
trabalhou na Casa Bambi, na Rua Corpo
de Deus, propriedade do senhor Álvaro dos Santos Chaves, e também já falecido.
A Bambi era um estabelecimento de
batas profissionais. Lembro-me muito bem da Amélia e outra colega –que agora
não recordo o nome- a atenderem ao balcão e desde a década de 1970. Ambas, foram
trabalhar muito novas para esta reputada loja desaparecida –encerrada por volta
de 2005.
A Amélia sempre foi uma pessoa simples,
humilde e muito simpática e, quando saiu da Baixa, deixou muitas saudades,
sobretudo na Rua Corpo de Deus –uma via outrora tão movimentada comercialmente
e hoje, tal como outras artérias da cidade, a agonizar lentamente.
Perante um crime tão hediondo apetece formalizar
que os homicidas sejam apanhados e lhes seja feita e aplicada a mesma pena: a
justiça de Talião. Porém, a humanidade, sem desvalorizar a pena de privação de
liberdade –talvez aqui devam ser criadas outras sanções acessórias, isso é
outra questão- deve caminhar para a ressocialização e para o perdão –mas sem
exageros. Hoje, num economicismo latente por parte do Estado, esquece-se as
vítimas e a dor de quem sofre e a sanção correspondente que, psicologicamente, deve
atenuar, acalmar e evitar o sentimento de vingança e contribuir para a paz
social. Não se entende que verificando-se uma violência inaudita cada vez maior
da sociedade, em contra-senso, o Código Penal, perante crimes de sangue, tenha
cada vez mais mão-leve para os autores. Por outro lado, num desrespeito pelas
forças policiais e a querer mostrar um exemplo que não dá, é este mesmo Estado
que, em conluio no princípio da separação de poderes entre o judicial e o legislativo cozinha as leis no seu próprio interesse. É assim que, numa
morte por dolo eventual provado num assalto a uma empresa, condena um agente da
GNR, que defende a comunidade e colocando em risco a sua vida, a nove anos de
prisão. Para piorar, demora seis anos até apreciar o recurso no tribunal
superior –Já depois de escrita esta crónica, foi anunciado o acórdão do
Tribunal da Relação de Lisboa. Embora a pena baixasse para metade, para quatro
anos, com pena suspensa, e quarenta e cinco mil euros de indemnização à família
da vítima, parece-me, continua a ser um preço demasiado alto para quem defende
a segurança pública e um forte incentivo à desmotivação na produtividade dos
agentes policiais. É evidente que as polícias trazem atrás de si um forte
anátema provindo do Estado Novo. Um medo de que se caia novamente no exagero. O
problema é que a emenda pode ser bem pior do que o soneto e com custos
incomensuráveis para as populações. Nas últimas décadas, em nome de uma
igualdade que nunca poderá existir, continuamos a esvaziar o poder das
instituições, quer seja a família, quer a escola, quer a policial. Os
resultados estão à vista de todos: uma população vulnerável, fraca e sem reacção
de indignação perante a contravenção, e à mercê de um qualquer energúmeno.
Estes, na maioria uma corja de bandidos vira-latas
mas perante a não-oposição, assumidamente, raivosa e forte. Desde homicidas a
corruptos na economia nacional, todos, uns com mais ou menos poder para
passarem pelos pingos da chuva, driblam as leis e parecem gozar com a angústia
do pobre desgraçado que sofre. Num País envelhecido e carregado de velhos em
esquinas e bancos de jardim, o que se espera para o futuro? Alguma coisa vai muito
mal neste reino sem rei nem roque na
justiça. Estas leis, aplicadas no âmbito da magistratura dos juízes enquanto
aplicadores do direito, não servem a comunidade. O Estado, como se minasse um
pilar fundamental da vida em sociedade, está abrir brechas na segurança
interna. Dá até impressão que este deslavar da ordem, enquanto imperativo
categórico de colectividade, parece ter por objecto privatizar os tribunais –é o
passo que falta uma vez que, como disse em cima, presumivelmente, as leis são
elaboradas por grandes escritórios de advogados da capital e de acordo com o
interesse de alguns seus maiores clientes. Os resultados desta mistura
explosiva estão à vista de todos. Para além de se verificar uma desmesurada
violência gratuita dos agressores sobre as vítimas, e vez de desmotivar, está a
incentivar o crime.
À família de Amélia Lima e de Francisco Neto,
em nome da Baixa, se posso escrever assim, os nossos mais sentidos pêsames.
Para que descansem em paz e até um dia.
UMA CARTA SOBRE CARRIS
(Imagem da Web)
(RECEBIDO POR E-MAIL)
Carta da Marisa Moura à administração da Carris
“Exmos. Senhores José Manuel Silva Rodrigues,
Fernando Jorge Moreira da Silva, Maria Isabel Antunes, Joaquim José Zeferino e
Maria Adelina Rocha:
Chamo-me Marisa
Sofia Duarte Moura e sou a contribuinte nº 215860101 da República
Portuguesa.
Venho por este meio
colocar-vos, a cada um de vós, algumas perguntas:
Sabia que o aumento do
seu vencimento e dos seus colegas, num total extra de 32 mil euros, fixado
pela comissão de vencimentos numa altura em que a empresa apresenta prejuízos
de 42,3 milhões e um buraco de776,6 milhões de euros, representa um
crime previsto na lei sob a figura de gestão danosa?
Terá o senhor(a) a
mínima noção de que há mais de 700 mil pessoas desempregadas em Portugal
neste momento por causa de gente como o senhor(a) que, sem qualquer moral, se
pavoneia num dos automóveis de luxo que neste momento custam 4.500 euros por
mês a todos os contribuintes?
A dívida do país está
acima dos 150 mil milhões de euros, o que significa que eu estou endividada em
15 mil euros.
Paguei em impostos no
ano passado 10 mil euros. Não chega nem para a minha parte da dívida colectiva.
É com pessoas como o
senhor(a) a esbanjar desta forma o meu dinheiro, os impostos dos contribuintes
não vão chegar nunca para pagar o que realmente devem pagar:
O bem-estar colectivo.
A sua cara está
publicada no site da empresa.
Todos os portugueses
sabem, portanto, quem é.
Hoje, quando
parar num semáforo vermelho, conseguirá enfrentar o olhar do condutor ao lado
estando o senhor(a) ao volante de uma viatura paga com dinheiro que a sua
empresa não tem e que é paga às custas da fome de milhares de pessoas, velhos,
adultos, jovens e crianças?
Para o senhor auferir
do seu vencimento, agora aumentado ilegalmente, e demais regalias, há 900 mil
pessoas a trabalhar (inclusive em empresas estatais como a "sua") sem
sequer terem direito a Baixa se ficarem doentes, porque trabalham a recibos
verdes.
Alguma vez pensou
nisso?
Acha genuinamente que
o trabalho que desempenha tem de ser tamanhamente bem remunerado ao ponto de se
sobrepor às mais elementares necessidades de outros seres humanos?
Despeço-me sem grande
consideração, mas com alguma pena da sua pessoa e com esperança que consiga
reactivar alguns genes da espécie humana que terá com certeza perdido algures
no decorrer da sua vida.
Marisa Moura
Agradeço que reenviem
a todos os vossos amigos e fazer correr pelo País”
quarta-feira, 25 de junho de 2014
O HOMEM E OS AFECTOS
À hora do almoço, encontrei o Cadacho sentado
num banco da Praça do Comércio. O Cadacho, que já contei aqui a sua história, é
um caminheiro solitário destas pedras gastas pelo tempo em busca de uma lotaria, traduzida numa conversa mesmo
que seja curta, ou de uma terminação,
vertida num olhar mais demorado. Interessante como o valorativo, como pastilha
elástica, pode ser tão extensível e diferenciável para quem nada tem. O pouco
pode ser muito e o muito, sabendo ser irrealizável, pode parecer o infinito impossível
de alcançar para alguém. Se todos déssemos um pouco do nosso pouco e pensássemos
que um pequeno gesto, como um sorriso por exemplo, pode significar um dia de
felicidade para alguém, tenho a certeza, o mundo, o nosso pequeno universo à
nossa volta, seria muito melhor. É filosofia o que escrevo? É! Mas tem muito de
pragmático. Logo a partir do ano um do primeiro ciclo deveria haver uma
preparação intensiva, uma formação para as boas-maneiras, para a cidadania, e,
se calhar, menos para a informação do que nos rodeia. Todos temos de saber como
se chama o habitante do Pólo Norte, o esquimó, mas ninguém chama a atenção para
a necessidade de saber o nome do nosso vizinho. As políticas educativas dos
últimos 40 anos foram sempre mais viradas para a informação global, para fora de
nós, e menos para o conhecimento do ser, para o nosso interior. É comum
pensar-se que mais tarde, com a experiência de adultos, todos aprendemos a
conviver, mas não é verdade. Todos pensamos que não é preciso aprender a sorrir,
que o riso é imanente à condição humana, mas não é assim. É necessário sensibilizar
as crianças, desde tenra idade, para serem simpáticas, genuínas, humildes na
partilha da igualdade com o próximo. Os resultados desta iminente falência
formativa podem ser facilmente constatados na violência doméstica, em género, sobretudo
do homem sobre a mulher.
O Cadacho estava rodeado de
pombos e entretido a dar-lhes pão. Logo que me aproximei, e também uma senhora
acompanhada de uma criança, fez questão de exibir o seu aparente domínio sobre
as aves. Chamando-as por nomes, para que se sentassem nas suas pernas, elas
pareciam obedecer ao chamamento. Claro que os passarinhos iam porque eram
atraídos pelo alimento. Mas achei giro o desempenho do Cadacho, na necessidade
que tinha de mostrar o seu poder sobre os animais. Ou seja, naquele quadro
entre pessoa e pássaro, o humano, sem proferir palavra, parecia dizer: “obrigados por me darem atenção!”
BAILE DA ROSA NA BAIXA

"Caros Colegas:
No próximo dia 05 de julho, a APBC, Agência
para a Promoção da Baixa de Coimbra, junta-se às Festas da Cidade de Coimbra
com uma nova edição da Noite Branca e a partir das 22 horas, na Praça do
Comércio, reedita pela segunda vez o Baile da Rosa, uma tradição popular da
cidade.
Com este recuperar da tradição do Baile da
Rosa, a APBC transforma a Praça do Comércio num enorme Salão de Baile, com a
atuação da Orquestra Smooth (com doze músicos e duas vozes) a animar a noite
com um reportório de música de baile de diversas épocas, num espaço
propositadamente decorado para a ocasião.
O Baile é no sábado mas gostaríamos que na
semana antecedente o comércio da Baixa da Cidade preparasse uma receção
especial para os visitantes: decorações especiais nas montras das lojas,
concebidas propositadamente para o efeito (com tonalidade rosa a partir de
filtros nas luzes ou com artigos em rosa e artigos alusivos ao Baile).
A APBC a pensar em todos os que podem ter
dificuldade em encontrar par, convidou as escolas de dança da cidade a
estarem presentes a partir do final da tarde (das 18h00 às 21h00) e a
dinamizarem apresentações de dança em diversos locais da Baixa da Cidade (Rua
da Sofia, Praça 8 de Maio, Largo da Portagem, Largo do Poço, Largo do Paço do
Conde) de modo a garantir que quem queira começar aqui uns passos de dança
tenha com quem o aprender! A Baixa convida a cidade a dançar!
A partir do dia 3 até ao dia 12 (dias 3,
4, 5, 6, 11 e 12 de julho) a Baixa estará animada ao longo de todos os dias com
as mais diversas atividades, pensadas para todas as idades (Caminhadas, aulas
de Dança, Atividade Física para Seniores, Observação de Aves Urbanas, Camas
elásticas, pinturas faciais e Insufláveis). A pensar em todos os visitantes
desta semana gostaríamos de propor aos comerciantes a realização de uma
campanha promocional através da oferta de vouchers de desconto e cuja promoção
vigoraria de 03 a 12 de julho.
No sentido de programarmos atempadamente
todo o plano publicitário deste evento, necessitamos que nos informe da sua
intenção de participar com abertura até às 24h00 no dia 05 de julho bem como do
valor ou artigo a publicitar no voucher de oferta aos visitantes. A sua
resposta tem que ser efetuada impreterivelmente até ao dia30 de junho
(segunda-feira), através dos contactos da APBC: 239 842164, 914872418
ouapbcoimbra@gmail.com.
O Presidente da Direção da APBC
Vitor Marques"
terça-feira, 24 de junho de 2014
CAMINHOS CRUZADOS
O relógio marcava 11 horas neste último
domingo. Ladeada por uma vintena de atentos jovens sentados no asfalto da pedra
fria da Rua Eduardo Coelho a voz potente de Isabel Craveiro, da direção do
Teatrão, ecoava no silêncio entre-cortado por um ou outro passante. Tratava-se
de uma formação artística em teatro para jovens adolescentes. Inserido no “Linhas Cruzadas”, um projecto pedagógico
“CBR Linhas Art Lab”, em que estão
envolvidas várias entidades como o Teatrão, o Jazz ao Centro Clube, o Centro de
Artes Plásticas de Coimbra e a Casa da Esquina e se procura fomentar a arte de
encenação entre artistas consagrados e emergentes.
Segundo Isabel Craveiro, “no caso deste ensaio é uma preparação para um espectáculo de rua que
apresentaremos no próximo dia 29 do corrente nesta artéria outrora tão
representativa de uma corporação, os sapateiros, e tão relevante no comércio
tradicional. É uma acção dirigida a pensar o espaço urbano, na importância dos
comerciantes no desenvolvimento da cidade, e no que há de diferente e hoje não
tem projecto.”
A seguir os jovens, com uma caixa vazia na
mão, interagiam com os transeuntes tentando vender uns sapatos. “Temos sapatos pró menino e p´rá menina! Este
é o número 38! Quer comprar?”
A PROVA

É certo que não é para todos -alguns perdem-se por outros buracos mais ao lado- mas esta é a prova que faltava para provar que uma vagina prende mesmo o homem comum. Os romancistas e os poetas escrevem que não senhor, que é o amor! Os materialistas dizem que é o dinheiro! Eu, que por acaso não sou nada disso mas sou muito opinativo, sempre escrevi que a humanidade gira em torno da vagina. De lá sai à força e, sobretudo os homens, com subterfúgios, tentam lá entrar a todo o momento. É uma atracção natural como entre a Terra e a Lua. Por ela se mata; por ela se fazem guerras; por ela se morre! Mas o que terá de fantástico para ser o motor propulsor do mundo?
"Alemanha: Bombeiros libertam estudante que ficou preso em estátua de vagina gigante"
segunda-feira, 23 de junho de 2014
OS ÚLTIMOS DIAS DA BALVERA
(À direita a Helena Cristo e à esquerda a Liliana Machado)
Durante cerca de três dezenas de anos a
perfumaria Balvera perfumou a nossa Rua Eduardo Coelho. Nos últimos doze anos a Helena Cristo, a diligente funcionária, com a sua personalidade sorumbática –porque
talvez a sorte nunca foi sua madrinha-, leal de humanidade e boa pessoa, foi a
nossa companheira diária neste troço de cidade e trilho existencial. Ambos,
estabelecimento e pessoa, vão-nos deixar. A Balvera vai encerrar no próximo dia
31. Se a loja, enquanto número, vai ficar registada na memória dos presentes –e
para os vindouros com este apontamento no blogue-, a Lena, como aqui é carinhosamente tratada e estimada, vai deixar
muita saudade. Igualmente com ela, e levando também as nossas recordações, vão também outras colegas eventuais que passaram nesta casa como a Georgina Abreu e a Micaela Vilão.
É um pouco de nós que se vai e, num silêncio de conluio, a todos deixam mais pobres na convivência. Tem sido assim nos últimos anos. De outros estabelecimentos que fecharam, vimos partir a Maria, a João, a Adélia, a Filomena, a Liliana, a Lucinda, a Ermelinda e outros.
É um pouco de nós que se vai e, num silêncio de conluio, a todos deixam mais pobres na convivência. Tem sido assim nos últimos anos. De outros estabelecimentos que fecharam, vimos partir a Maria, a João, a Adélia, a Filomena, a Liliana, a Lucinda, a Ermelinda e outros.
A cidade, no “modus vivendi”, em analogia, é quase como um naperon de
renda constituído por pequenos desenhos de linha que foi crescendo, crescendo
até ao resultado final. Se entre as duas coisas há uma diferença substancial,
em que o bordado tem um final e a urbe nunca estará concluída, haverá, no
entanto, uma similitude: se ambos não forem cuidados, e um fio do seu entretecido
quebrar, a cadeia que liga os seus desenhos cairá como farrapo velho sem
prestabilidade. A urbe, enquanto centro de convivência harmoniosa entre um
comércio que revitaliza e uma habitação que resguarda, só perdurará no tempo se
os seus estabelecimentos, interligados com pessoas e como fonte de rendimento,
cumprirem o seu objecto. As lojas tradicionais são espaços físicos de compra e
venda cuja génese mercantil vêm directamente da Idade Média. Se no princípio
haveria uma única preocupação que era a troca de produtos e visando unicamente
o egoísta rendimento do tendeiro, com a Idade Moderna, com o desenvolvimento da
Revolução Industrial e pelo marketing na criação de necessidades e do monetarismo
como instrumento de permuta facilitada, o comércio de cidade, enquanto estuário
de confluência dos produtos fabricados e de manufactura, para além de ser o
reflexo directo dos dois, passou a ser também o seu espelho de progresso das
colectividades habitadas.
Com este tempo de agora, pós-industrial,
pós-moderno, pós, pós, pós-qualquer coisa,
onde o ontem feneceu sem glória e o hoje, no mesmo dia, nasce, cresce e morre, e
se entende como desenvolvimento e sinónimo do menor esforço, de braços cruzados,
sentimos e vemos este fenómeno mas não lobrigamos solução. Impávidos e serenos
assistimos ao abandono dos campos, ao encerramento das fábricas, e numa
economia europeia planeada na teoria da vantagem
comparativa –em que cada nação deve produzir apenas nas áreas em que se sentir mais apta na sua proporcional
produtividade-, passámos de produtores auto-sustentáveis a vendedores de
importação de tudo e mais alguma coisa. Com a falência de políticas de
sedentarização no interior, nas últimas décadas, progressivamente a
cidade, enquanto centro de atracção e símbolo de eldorado, foi sendo cada vez
mais invadida por um trabalhador pouco classificado e em busca da riqueza e da
sua própria sobrevivência. Mas, tal como o país dividido entre litoral e
interior, sem reacção, também partilhámos a secessão do burgo entre zona velha –para
pobres- e parte moderna –para ricos. Como guetos ou fabelas, estas fracções antigas
passaram a ser um pólo de curiosidade para estudantes apresentarem teses de
mestrado e uma espécie de museu vivo onde os avós trazem os netos e, entrando
nas lojas como se estivessem no sótão a observar o triciclo da sua infância,
proferem a frase idiomática “no meu tempo…”. Os próprios turistas estrangeiros que nos visitam olham para o comerciante
tradicional de rua com o mesmo sentimento desvalorizado e ultrapassado que o
nacional português olha o vendedor marroquino.
Tendo em conta as recentes declarações do Primeiro-Ministro
de Portugal, Passos Coelho, de que não se devem manter empresas antigas em
dificuldades mas apoiar novos investimentos a questão é: poderemos ser ícones
de um comércio em desaparecimento e, ao mesmo tempo rentabilizando a memória, conseguir
aguentar até melhores dias de negócio que tardam?
E a Helena Cristo e outras Georginas que, juntamente
com os pontos de venda onde durante anos laboraram, vão desaparecendo do nosso
olhar deixando as nossas almas e ruas ainda mais vazias vão fazer o quê? Onde
estão as empresas novas para aproveitar o seu enorme conhecimento experiencial?
ASSALTO AO OCULISTA
Esta noite, de Domingo para segunda-feira, a
horas indeterminadas, foi assaltado o estabelecimento do “Oculista Fernando
Raul”, no Largo da Maracha, entre o entroncamento das Ruas da Louça e Corvo,
junto à loja do Cidadão.
Segundo Bárbara Leça, a
responsável pela loja, “quando cheguei
por volta das 9h30, pela presença de um agente da PSP, constatei que tínhamos sido
assaltados. Pelo que soubemos, a vizinhança, constituída por idosos, ter-se-á
apercebido. Desconhecemos se foram estes residentes que teriam chamado a
polícia.
Partiram um vidro da porta principal e, depois da intrusão, limparam a montra e foram directos a um expositor ao fundo. Na passagem ainda levaram dois óculos no meio de vários. No total, roubaram cerca de 25 óculos de sol e meia-dúzia de armações. Ainda estamos a contabilizar o total do prejuízo para fazer a comunicação à seguradora.
Partiram um vidro da porta principal e, depois da intrusão, limparam a montra e foram directos a um expositor ao fundo. Na passagem ainda levaram dois óculos no meio de vários. No total, roubaram cerca de 25 óculos de sol e meia-dúzia de armações. Ainda estamos a contabilizar o total do prejuízo para fazer a comunicação à seguradora.
Estamos aqui há cerca de dois anos e foi a primeira vez que fomos
visitados por estes inimigos do resultado do suor do nosso rosto. Mas, enfim, o
que havemos de fazer? Embora tenhamos alarme, agora, iremos reforçar o sistema
incluindo o de gradeamento.”
O “Oculista Fernando Raul” detém
na cidade mais dois estabelecimentos, um na Avenida Sá da Bandeira e outro no
Bairro de Santa Apolónia.
DIA 25 DEBATE NO TAGV
O Segundo Século Vinte - 3ª edição -
Uma exposição, três debates
JUNHO
Dia 25 | QUA | 18 h –
Café Teatro Debate - Exílio e Democracia - com Susana Martins,
José Dias e Rui Bebiano. Moderação de Fernando Matos Oliveira.
Integrada
na evocação do 40º aniversário da Revolução dos Cravos, o Centro de
Documentação 25 de Abril, de parceria com o CES e o TAGV, organiza, no
próximo dia 25 de Junho, 4ª feira, pelas 18H00, um debate público sobre um tema
que teve uma importância central no processo que conduziu à queda da ditadura e
volta hoje a deter uma importância central na sociedade portuguesa. De facto,
na década e meia que antecedeu a queda do regime, nas condições de repressão
policial e de uma guerra colonial que enfrentou uma crescente oposição interna,
o exílio, nas suas diversas formas, foi para um grande número de homens e
mulheres uma via para a sobrevivência e um lugar de resistência, cruciais para
a construção de sociabilidades e de formas de ativismo que em muito
contribuíram para a queda do regime. Será sobre este tema que intervirão José
Dias, Rui Bebiano e Susana Martins. A moderação será de Fernando Matos
Oliveira.
Organização: Centro de Documentação 25 de Abril com o apoio do TAGV e
do CES "
(Agradeço divulgação e participação. Com a estima do Zé Dias)
UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...
SuperFebras deixou um novo comentário
na sua mensagem "É FIM-DE-SEMANA.... VOU DAR OUTRA.... CANÇÃO!":
Amigo:
É Domingo, são sete da manhã, 5 horas a poente da minha Lusitânia. Abro o seu site a meio de uma tigela de café que acompanho com pão amargo ganho a pulso e dor. Por acaso a data é de Sábado, dia que deveria ser de descanso divino, e como que mandado por Ele, esta música!
Não poderia começar melhor a semana... arrepiado.
Obrigado.
Álvaro José da Silva Pratas Leitão
Bradford – Ontário
Canadá
sábado, 21 de junho de 2014
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