quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE... E UMA RESPOSTA




Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "A LENA, DO "ESPÍRITO SANTO"":



Como acontece amiúde, ao ler posts seus acabo por ir parar a crónicas publicadas há algum tempo atrás. Como é o caso desta publicação já com dois anos acerca desta senhora mas com maior alcance, e quem me conhece sabe o que eu penso acerca de generalizações e suposições sobre pessoas que não se conhecem. Como posso ter opinião formada sobre alguém se nunca falei com ela, ou se falei foram cinco minutos ou menos, ou digo-lhe bom dia quando me cruzo com ela?
Tenho uma profissão em que contacto directamente com o público, como a sr.ª Lena. Público este que é uma amostra fiel do povo português, portanto posso, com a devida margem de erro, chegar a algumas conclusões e tirar as minhas ilacções sobre os mais variados assuntos. Refiro que sou motorista de táxi -tenho a certeza que se alguém estiver a perder tempo a ler este comentário já está a pensar: “estes taxistas são todos iguais”, ou “têm a mania!”.
Todo este palavreado em jeito de introdução para quê? Para dizer como eu me revejo na Sr.ª Lena. Quantas vezes as pessoas entram no meu táxi e não me dizem boa noite? Julgando (dá para ver a generalização?) que sou uma máquina, um apêndice da viatura, ao qual se diz o destino e pronto, automaticamente ela faz o trajecto, efectua-se o pagamento e bate-se com a porta… com a maior força possível.
A maioria dos clientes julga que o motorista entrou ao serviço apenas para o servir. Não pensa que provavelmente já estará a trabalhar há 10 ou 11 horas seguidas. Que nestas horas todas fez meia dúzia de serviços e tem ganhos, auferiu, seis ou sete euros (refira-se que o motorista ganha uma percentagem sobre o valor total; não tem qualquer salário-base). Que, se calhar, acabou de apanhar uma coima por estacionar em cima de um passeio para facilitar a saída de um cliente idoso e para não atrapalhar o trânsito na Rua da Sofia, à entrada da Ordem Terceira -juro que é verdade! E poderia continuar, mas o que interessa ao cliente tudo isto? O que lhe importa mesmo é chegar ao destino o mais rápido possível; sair do táxi porque os taxistas são TODOS uns ladrões e uns antipáticos. Não é verdade?
Para concluir, custa muito dizer “bom dia” e “por favor”? Custa muito olhar os olhos do motorista? Sim é verdade! Muitas vezes nem para nós olham! Custa algo, será caro, desejar um “resto de bom dia”? E já agora não generalizar? Poderemos ser todos motoristas mas somos todos diferentes! Não somos “todos iguais”, “todos antipáticos”, etc., etc., como se diz à boca cheia.
Abraço. 

Marco

P.S. -Já agora, Sr.ª Lena, enquanto prestadores de serviços, vamos dar nós um sorriso a estes clientes que “são todos iguais”. Não é verdade?



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RESPOSTA DO EDITOR

Muito obrigado, Marco, meu caro amigo desconhecido, pelo seu bonito, generoso e sensível texto. Gostava muito de receber outras e mais crónicas suas. Lembro-me que, há uns anos, lhe propus isto mesmo: escrever sobre o que vê da janela do seu táxi. Quando quiser, faça o favor de me remeter os seus desabafos que, de bom grado, os publicarei.
Quanto ao queixume de ser multado na Rua da Sofia por estar a descarregar um velhinho na Ordem Terceira de São Francisco, vou colocar este texto na página do Facebook da Polícia de Segurança Pública de Coimbra. Alguém superior neste serviço público vai ler e, porque já tive boas experiências antecedentes, quem sabe não vá ter uma resposta pessoal? Não se admire. Tanto quanto sei, a PSP de Coimbra, para além de uma outra imagem que procura transparecer para a comunidade, tem um bom serviço de relações públicas. Aguarde!
Bem-haja pelo seu cordial texto.
Abraço
Luís Fernandes

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