terça-feira, 25 de outubro de 2022

CM MEALHADA: ENTRE O APLAUSO E O DESCONTENTAMENTO (2)

 




Em anterior apontamento escrevi sobre os 107 comentários plasmados há dias na página do município, no Facebook, divididos em grupos, dirigidos ao actual presidente da Câmara Municipal de Mealhada, António Jorge Franco, líder do Movimento Independente Mais e Melhor, por ocasião da efeméride do primeiro ano de mandato à frente da edilidade.

A cidade, onde se encontra instalado o poder eleito e constituído democraticamente, com cerca de 4500 inscritos, sendo relativamente pequena, é um lugar aprazível onde dá gosto viver e onde todos praticamente se conhecem. Em metáfora, esta teia de conhecimento faz lembrar a aquela imensa panóplia de fios digitais de várias cores que atravessam o subsolo das grandes metrópoles europeias. Se alguma dúvida houver, basta percorrer no Facebook e verificar o cruzamento dos muitos amigos comuns entrelaçados nas várias cores ideológicas. Como será de admitir por mera apreciação, em princípio, os interesses egoístas sobrepõem-se ao mais nobre sentimento da amizade, mas mais à frente tentarei explicar melhor esta teoria.

Pelo que me vou apercebendo e formando uma ilação, naturalmente sujeita a controvérsia, começo por caracterizar o concelho político, com cerca de vinte mil habitantes, e a cidade capital do leitão, nesta, onde o Sol se põe, que é onde tudo começa e praticamente tudo acaba. É um aglomerado de seis freguesias com 44 lugares povoados.

Até 26 de Setembro de 2021, em quarenta e cinco anos de eleições para o poder local (1976-2021), a Câmara Municipal da Mealhada foi “apenas” conquistada duas vezes pelo PSD, em 1979 e 1985 – no primeiro mandato, em coligação com o CDS/PP, Centro Democrático Social, e PPM, Partido Popular Monárquico. Nos restantes 10 mandatos autárquicos o PS ganhou sempre com maioria absoluta.

A quebrar a tradição, no ano passado, o grande vencedor das eleições foi o Movimento Independente Mais e Melhor, capitaneado por António Jorge Franco, um ex-socialista com passado de vereação na autarquia mealhadense, movimento este que, provocando uma cisão entre os socialistas e causando-lhe uma derrota conclusiva e marcante, integrou apoiantes e votantes dois dois maiores partidos, respectivamente o PS e o PSD.


UMA FERIDA ABERTA NO SITUACIONISMO


Enquanto meio pequeno, na luta política pelo poder, pela recorrência repetida aos tribunais nos últimos 20 anos, dá impressão que os eleitos em representação popular pelo concelho ainda não amadureceram e não entenderam que a discussão política é e deve ser travada através da dialética, refutação de argumentos, e na longa mesa executiva. A continuada judicialização dos actos públicos, envolvendo o protector abraço tribunalício para os resolver, para além do desgaste que provoca nos visados, instigando o afastamento de pessoas com valor, parece mostrar que os recorrentes, numa atitude premeditada, não tendo capacidade para resolver os problemas, olhos-nos-olhos, assim numa espécie de imaturidade, precisam do apoio constante de uma paternalista força externa.

E isto mesmo é verificado na actualidade, quer na Assembleia Municipal, quer no Executivo e praticado pela maioria e pela oposição.


VENHA O DIABO E ESCOLHA


Como se os novos usassem as mesmas armas de fogo rastreado dos depostos, os apoiantes dos vencedores, aqui e ali, estrategicamente, como se fizessem sementeira em solo pedregulhoso, num segredo de polichinelo, vão espalhando aos sete ventos de andarilho a insinuação, a desonra e a ignomínia dos vencidos. Esquecem que quem com ferros mata, com ferros morre.

Por parte dos apoiantes dos caídos, numa marcação cerrada, num lobismo e assédio descarado, através de mensagens particulares, sem conseguirem escamotear e disfarçar o desdém que os corrói, colocados em vários sectores económicos outrora tratados com privilégio, admite-se por hipótese, teimam em lançar farpas venenosas a torto e a direito sobre os ganhadores. Quanto se interroga se há provas, naturalmente, assistindo-se a um incomodativo titubear e presumível pigarrear, recebe-se por resposta que a informação provém de fonte segura.


UM FANTASMA CHAMADO MAÇONARIA


Na Mealhada há um espectro maléfico que apanha com tudo o que não é bom para os indiferentes munícipes, aqueles que, olhando com desconfiança para o que se passa à sua volta, talvez sem compreenderem, mas sem tomarem posição nesta aparente guerra de domínio imposto pelo desconhecido temido. É absolutamente normal falar de fulano e acrescentar imediatamente um apodo: é membro da Maçonaria!

É engraçado, porque, neste carrossel social onde os vilões são sempre os outros, a seita, imbuída de parâmetros medievais, goza de tanta má-fama

Num tempo de liberdade expressão e absoluta necessidade de cada um ser responsável pelos seus comportamentos à face da lei e da ordem, é inconcebível que esta organização secreta, de uma vez por todas, não abra a porta do seu templo e identifique os seus membros.

Vale a pena pensar nisto?


Sem comentários: