quinta-feira, 13 de outubro de 2022

ENTREVISTA A ANTÓNIO JORGE FRANCO, PRESIDENTE DA CM DE MEALHADA

 

(Com a devida vénia, foto pertença do Diário as Beiras)




António Jorge Franco, “capitão” do Movimento Independente Mais e Melhor (MIMM), sendo o grande vencedor nas últimas eleições autárquicas em 26 de Setembro de 2021, viria a ser empossado como presidente da Câmara Municipal de Mealhada.

Engenheiro civil, professor, empresário, ex-vereador executivo com vários pelouros entre 2005 e 2009 e primeiro presidente da Fundação Mata do Bussaco desde 2009 a 2013, cargos exercidos no tempo do ex-presidente da edilidade Carlos Cabral, na altura, eleito nas listas do Partido Socialista, e actualmente presidente da Assembleia Municipal, eleito em representação do MIMM.

Natural de Arganil, viúvo, de 54 anos, é residente em Silvã, freguesia de Casal Comba, no concelho de Mealhada, António Jorge Franco é, em sentido figurado, um atleta de alta competição em corrida de obstáculos que, nas vidas pessoal e política, tem sabido ultrapassar todas as barreiras.

Um ano decorrido sobre a tomada de posse, inevitavelmente, somos tocados pela curiosidade em saber o que, perante a realidade encontrada, pensa o chefe da edilidade sobre o presente e o futuro do concelho.

Agradecendo a sua disponibilidade, lançámos o desafio de nos responder a uma série de questões mais ou menos pertinentes.

Vamos, então, ler os quesitos formulados.


Mealhadenses que Amam a sua Terra (MAST): Temos notado que nas reuniões da Câmara Municipal, progressivamente, vai perdendo o costume de tratar Rui Marqueiro, o seu antecessor, por “ó senhor presidente”, “ó senhor Doutor” e substituindo os vocativos empregados até aqui por “senhor vereador”. Podemos entender esta mudança de verbalização como uma adaptação suave à cadeira presidencial?


António Jorge Franco (AJF): É natural que, no início do mandato, e após tantos anos em que o Dr. Rui Marqueiro esteve como Presidente da Câmara Municipal, tenha existido algum lapso da minha parte em tratar o Sr. Vereador por Presidente😊. Com todo o respeito que tenho pelo Sr. Vereador Rui Marqueiro, nunca foi intenção de provocação. Se de facto aconteceu, foi simplesmente lapso.


MAST: No último 5 de Outubro, Feriado Nacional pela comemoração da implantação da República ocorrida há 112 anos, não foi realizada a habitual cerimónia de evocação da efeméride na Mealhada. Devemos intuir que a sua costela republicana é mais prática do que filosófica? Ou, em simbologia, pretende ser um corte com o passado?


AJF: Começo por transmitir que sou republicano, defendendo que o Chefe de Estado deve ser escolhido democraticamente e com um período definido e pelos cidadãos.

Não há a tradição da Câmara Municipal da Mealhada realizar uma Cerimónia de Evocação desta efeméride, e por isso, este ano não foi feito.



MAST: A situação económica/financeira da Câmara Municipal está melhor ou pior do que pensava quando era ainda candidato há um ano?


AJF: A situação económica da Câmara Municipal da Mealhada está bem. No entanto, muito do orçamento está comprometido com obras do anterior executivo.

Não foi uma surpresa! Ao tomar posse e contactar com os dossiers, verifiquei que não seria fácil começar a executar o nosso programa. Não tinha dotação financeira disponível para começar a executar. As obras comprometidas são de valores muito elevados, não dando margem para fazer outros projetos. No entanto, o que fizemos foi programar os novos projetos, as novas ideias, para que no segundo ano de mandato já possamos fazer a nossa obra.

Outras dificuldades financeiras que nos deparámos foi querermos dar respostas à população de imediato e não conseguimos por falta de disponibilidade financeira, como por exemplo: passeios degradados, infiltrações em muitos edifícios municipais (Campo Américo Couto, Centro de Estágios do Luso, Cineteatro Messias, Arquivo Municipal, Escolas de Barrô e Lameira de São Pedro, Pavilhão de Casal Comba, Pavilhão de Barcouço…), iluminação no Lago do Luso, Jardim Municipal, execução da Esplanada do Jardim, recuperação da Sede dos Sócios da Mangueira, entre outros.



MAST: Apesar de uma grande vitória eleitoral, o MIMM não almejou a tão desejada maioria absoluta, que é, como se sabe, o mar da tranquilidade política. Por isso mesmo, num “golpe de asa” para conseguir a maioria no executivo, fez um acordo pós-eleitoral com o Juntos pelo Concelho da Mealhada, que elegeu um vereador, Hugo Alves Silva.

Perguntamos: se fosse hoje recorria à coligação?


AJF: Sim, o Sr. Vereador Hugo Silva é uma pessoa sensata, dedicada e com um grande sentido de responsabilidade. Foi eleito e comprometeu-se a servir a população aceitando o nosso programa, e, no meu entender, recorrer a este acordo pós-eleitoral foi uma boa aposta.

O Nosso Movimento não é partidário, e o Vereador Hugo entendeu o nosso objetivo:  servir as pessoas do concelho sem qualquer outro interesse partidário.



MAST: Na reunião ordinária de 10 de Maio de 2021, foi aprovada uma deliberação na Câmara Municipal para adquirir o prédio “Urbiluso”, situado no centro de Luso, por 550,000.00 €, quinhentos e cinquenta mil euros, e com pagamento faseado em duas tranches até 2022.

Foi anunciado na imprensa local a abertura de recolha de ideias para a atribuição de uma nova funcionalidade para o prédio.

Mais de um ano depois, sem nunca mais se falar do assunto, o prédio continua degradado e sozinho numa zona considerada estratégica para o desenvolvimento da vila turística. A Câmara adquiriu ou não o imóvel? Se sim, que destino vai ser dado ao novo projecto?


AJF: O Edifício Urbiluso foi adquirido pela Câmara Municipal da Mealhada. O seu destino está a ser pensado para estar ao serviço da população e por isso, necessitamos de tempo para que essa obra seja executada sem ser um “Elefante Branco”. Temos várias ideias, mas as mesmas terão que ser consolidadas.


MAST: Embora os argumentos sejam conhecidos e tomados em conta, a verdade é que o Chalet Suíço, na Pampilhosa, o Cine-Teatro, no Luso, as garagens do Palace, no Bussaco, continuam como dantes. O novo Mercado Municipal, aparentemente pronto a abrir há mais de um ano, custa a desenraizar. Afinal estas obras arrancam, ou não arrancam?

Não teme ficar conhecido por o “empata-obras”?


AJF: Todas as obras mencionadas estão a decorrer sem intervenção da minha parte no sentido de as mesmas não serem executadas, exceto o Cineteatro do Luso.

Relativamente ao Chalet Suíço, foi feita a Consignação e está a decorrer a abertura do estaleiro.

Quanto ao Cineteatro do Luso, dificilmente será executado o projeto deixado pelo Executivo Anterior. Estamos a falar de um investimento de 3 milhões de euros para um espaço cujas funcionalidades podemos encontrar no Casino do Luso. Assim sendo, terá de ser um espaço diferenciador e que seja uma mais-valia para o Luso.

As Garagens do Palace são outro problema. A empresa adjudicante não tem demonstrado capacidade para executar a mesma. Já foi aprovada a intenção de Rescisão do Contrato, por incumprimento do mesmo. Importa referir que esta obra, ao contrário das outras mencionadas, tem financiamento comunitário que tem o risco de ser perdido devido à situação descrita.

A obra do Mercado da Mealhada já se encontrava atrasada muito antes de eu tomar posse. O atraso não é da responsabilidade deste executivo. No entanto, estamos a fazer tudo para que o Mercado abra portas à comunidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

E o financiamento da fundação Bussaco ,o que se passa ? O senhor presidente da Câmara da Mealhada que foi presidente dessa fundação já não está a apoiar o previsto financiamento que é de direito?