quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

BAIXA DE COIMBRA: ACEITAM-SE SEM-ABRIGO, BOM ACOLHIMENTO E MUITOS APOIOS

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)





1 – Há dias, um meu conhecido atirou-me com esta: “ó pá, estou indignado! Veja bem que fulano tal, que comprou há dias o prédio na rua (…) por 600 mil euros e está a negociar outro ali na (…) por 400 mil euros, vai comer à Cozinha Económica. Você não acha isto uma indecência?
Franzindo a fronte, sem responder por palavras à questão formulada, fiquei a matutar no que, provavelmente, será um caso isolado. Porventura, será mesmo?
A dar cobertura a uma indigência fingida de muitos e de apoios públicos a rodos, que tudo indica serem de mais, está acontecer qualquer coisa que não bate certo e, pelos vistos, quem devia fiscalizar, perdendo o norte no mar imenso da solidariedade, está a perder o controlo do porta-aviões.
2 - Hoje, na edição em papel, o semanário Campeão das Províncias noticia: “Cidadãos sem-abrigo: CMC abre caminho para resposta mais abrangente”.
Continuando a citar o jornal, “A Câmara Municipal de Coimbra deliberou, anteontem, abrir caminho para melhoria da resposta aos cidadãos sem-abrigo ao viabilizar a constituição do Núcleo de Planeamento e Intervenção (NPISA).
O organismo, a coordenar pela autarquia, aspira à promoção de uma “abordagem integral da problemática das pessoas em situação de sem-abrigo, da saúde mental à física, passando pela habitação, ocupação, trabalho, formação e ensino e integração cultural e social”, indica a Assessoria de Imprensa da CMC.
(…) A criação do NPISA de Coimbra, a formalizar mediante protocolo a outorgar pela CMC e por outras entidades, visa a articulação e intervenção em rede de todas as instituições que têm vindo a trabalhar nesta área.
(…) O protocolo a outorgar pela CMC irá abranger a Segurança Social, Administração Regional de Saúde do Centro, Associação das Cozinhas Económicas da Rainha Santa Isabel, Associação Integrar, Associação Nacional de Apoio a Jovens, Cáritas Diocesana de Coimbra, Fundação Assistência Médica Internacional, Venerável Ordem Terceira de São Francisco, Casa Abrigo do Padre Américo, Centro de Acolhimento de João Paulo II, Associação “Casa”, Associação Todos pelos Outros, Associação O Ninho da Mariazinha, Instituto de Emprego e Formação Profissional, Cruz Vermelha Portuguesa e Fundação ADFP.”
Ou seja: em síntese, estão implicadas 3 (três) entidades de apoio generalista, ou transversal, a Segurança Social, a Administração Regional de Saúde do Centro e o Instituto de Emprego. Em apoio directo no terreno, ou específico, estão representadas 13 (treze) instituições.
3 Para além das associações citadas, a CMC, no início de 2015, implementou o Fundo de Emergência Social. O Fundo de Emergência Social (FES) é uma medida de apoio social, implementada pela Câmara Municipal de Coimbra, em articulação com as Comissões Sociais de Freguesia (CSF), através de protocolo, que visa a proteção de indivíduos e /ou agregados familiares em situação de grave ou emergente carência social e económica ”.
Em 2017, este programa teve uma cabimentação de 100 mil euros. Desconheço se continua em execução e qual a inscrição para o ano em curso.
Em Abril de 2017, nessa altura ainda candidato à presidência da CMC, Jaime Ramos, presidente da ADFP, de Miranda do Corvo, inaugurou ao fundo do parque da cidade de Coimbra o projectoSem-abrigo Zero Casa da Dignidade”, uma nova valência de apoio aos “descamizados”. Era seu opositor, Manuel Machado, que viria a ganhar a cadeira da autarquia. Com imputações variadas e ao sabor de cada interveniente, estalou a guerra entre os dois, com Ramos a acusar a edilidade de a sua nova criação ter sido “saneada do PISAC”, projecto que funciona nas instalações da edilidade e tem por âmbito assegurar respostas aos sem-abrigo.
Em Dezembro de 2018, o projecto “Sem-abrigo -Zero” foi contemplado com um subsídio de 19,257.61 €.
Ainda em Dezembro de 2018, Na mesma publicação institucional da Câmara, foi concedido um apoio financeiro de 10,245.92 € ao Centro de Acolhimento João Paulo II.
Embora não contem para este campeonato, para além do que se mostra, há vários movimentos particulares de grupos e indivíduos a solicitar apoios aos sem-abrigo de Coimbra.
4 – Em 2009 havia em Coimbra 6 (seis) entidades que se ocupavam de um universo de 30 (trinta) sem-tecto.
5 – Segundo a SIC, em 2010 havia em Coimbra 593 (quinhentos e noventa e três) desabrigados.
6 – Segundo o Jornal de Notícias, em 2011 havia em Coimbra 200 (duzentos) sem-telha.
7 – Segundo a SIC, em 2014, em reportagem realizada na cidade, foi afirmado que havia em Coimbra 739 (setecentos e trinta e nove) sem-abrigo e 10 (dez) instituições no ano anterior, em 2013.
8 – Em Fevereiro de 2018, Manuel Machado, presidente da CMC, afirmou que estavam sinalizados na cidade 37 (trinta e sete) sem-abrigo.
9 – Conforme escrevi em cima, sobre a notícia de hoje plasmada no Campeão das Províncias, existem na cidade 13 (treze) entidades que interagem directamente com os mais necessitados.
Dando como certas as declarações de Manuel Machado de que havia (em 2018) na cidade 37 (trinta e sete) sem-sorte, quantos cabem a cada uma das 13 (treze) associações?… Deixe ver… deixe ver… é só fazer as contas!
10 – Termino com a pergunta: os sem-abrigo são um bom negócio para alguns, não são? Será preciso um novo olhar a bem de todos? Já agora, sem abusar da sua paciência, leitor, quanto cabe a cada contribuinte?


ARTIGOS RELACCIONADOS

"E SE..." (A REALIDADE DOS SEM-ABRIGO EM COIMBRA)"
"SIC: SEM-ABRIGO EM COIMBRA"
"PROJECTO SAÚDE SOBRE RODAS -APOIO À POPULAÇÃO SEM-ABRIGO"
"RTP NOTÍCIAS - SEM-ABRIGO EM COIMBRA"

Sem comentários: