segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

CARTA RESPOSTA AO SENHOR RICARDO KALASH

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




"Carta aberta aos
Exmos Srs administradores
da Página da Câmara Municipal de Coimbra(Página não oficial):
Com esta carta pretendo apenas um esclarecimento para que possa definir a minha postura face a esta página.
A publicação de um post do PNR (Partido Nacional Renovador) foi um acto pensado da vossa parte ou foi um lapso?
Não pretendo levantar polémicas, nesta página, com o partido em causa pois toda a polémica gera um alargar do espaço público ocupado. Quero eu dizer com isto que toda a publicidade é boa publicidade. E eu não pretendo ser uma acha dessa fogueira.
Resumindo pretendo que esta página me esclareça se é conivente, facultando o seu espaço, com a propagação de ideias xenófobas, misógenas, fascizantes e todo o tipo de abjecções que delas derivam ou se se coloca do lado humanista e democrático da civilização.
Com os melhores cumprimentos
Ricardo K"




Caro senhor Ricardo Kalash. Uma vez que sou o moderador e responsável pela publicação em análise na Página da Câmara Municipal de Coimbra (não oficial), respondo com muito gosto à sua interpelação sobre o post do membro Jorge Cardoso (que não conheço).
Vou dividir a minha resposta em duas partes. A primeira, com alguma veleidade, tomo a pretensão de, partindo do seu particular, ir para o geral. Sem que tenha qualquer interesse para o caso, tomo a liberdade de me afirmar liberal de convicção. Ou seja, sem impor a minha, respeito a idiossincrasia de cada um desde que algum deles não me obrigue a concordar a sua forma de ser. Assim como todas as convicções ideológicas, políticas, religiosas, sociais, ou outras.
Sem ser muito letrado, no sentido de melhor poder avaliar, procuro ler o que me suscita curiosidade e, para ao caso em apreço, conheço relativamente bem a História Universal, com alguma incidência no século XX. Isto para lhe dizer que estou a par das deportações e, presumível, morte de cerca de 60 milhões de soviéticos a mando de Estaline e dos que vieram a seguir na linha do Marxismo-leninismo.
Tenho procurado saber o que levou à ascensão de Hitler e à elevação do partido nazi, em 1933, ao desencadear da Segunda Guerra Mundial, em 1939, e ao morticínio de cerca de 70 milhões de pessoas. Sem qualquer relevo para aqui, declaro que já li o Mein Kampf, obra panfletária do ditador escrita na prisão.
Embora sicários da barbárie, um de extrema-esquerda (radical) e outro de extrema-direita (ultra fascista) são ambos farinha do mesmo saco. Como quem diz, para mim, são apenas resultado das purgas ideológicas, do interesse egoísta desenfreado e intrínseco aos humanos, com a sobranceria em que cada um se arvorava, e, historicamente, onde têm o seu lugar cativo, valem apenas por isso, por que não é possível apagar a sua passagem terrível por entre a humanidade.
Ainda na parte geral, informo o caro membro Kalash que conheço o texto da Constituição da República Portuguesa no que incide sobre o assunto, nomeadamente os artigos 13º, 1 e 2, Princípio da Igualdade, o 37º, 1 e 2, Liberdade de Expressão e Informação, e o 46º, 4, Liberdade de Associação -neste artigo, mesmo não concordando, respeito o primado da lei supra.
E agora vou ao particular, sobre o texto promovido pelo membro Jorge Cardoso e associado ao PNR. Como imagina, para mim, tanto vale um texto do Partido Nacional Renovador como um idêntico do PCPT/MRPP, desde que não incitem à violência e a relevantes maus caminhos sociais. Como é caso deste agora plasmado, se promoverem a discussão pública sobre qualquer tópico considerado, ou não, tabu pela comunidade, são aceites de redobrado bom-grado.
Bem sei que, se eu alinhasse no apelidado politicamente correcto, só devia publicar comunicações relativas a um dos lados da facção, como quem diz no incidente à esquerda. Acontece que, embora seja completamente anónimo, tenho cabeça e, algumas vezes, tenho por hábito usá-la para pensar. E mais: embora influenciado por outros, ninguém manda.
Enquanto eu for moderador desta página meu caro senhor Ricardo Kalash, reconhecido actor talentoso da cidade, tanto importa a sua publicidade ao “Guarda-chaves” como outro arrazoado de um qualquer cidadão que mal consegue exprimir-se através da escrita -ainda que o conteúdo seja sujeito a escrutínio e valoração.
Para terminar -que até nem fui muito longo, pois não? - para que não pense que estou a ser juiz em causa própria (o que até é verdade), ou que estou agarrado ao lugar, Vossa Mercê pode pedir uma reapreciação, aliás legítima, de desempenho de missão para o fundador e administrador da página, senhor Gonçalo Gunty.

Com os melhores cumprimentos.

António Luís Fernandes Quintans

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