quarta-feira, 31 de maio de 2017
terça-feira, 30 de maio de 2017
UMA BAIXA MONUMENTAL E ABARRACADA EM CONSTRUÇÃO
Junto
à Igreja de S. Tiago, monumento classificado do século XII, foi
colocado uma barraca em madeira para depositar alimentos para animais. Tendo em conta que é para evitar que encontremos
diariamente a calçada atapetada com milho em algumas entradas de
prédios velhos pejadas de comida para gatos, a ideia até pode
ser útil. Mas transcendamo-nos da utilidade
prática e olhemos para a Praça do Comércio como um todo. Estamos
numa área protegida de monumentalidade classificada pela UNESCO, não
estamos? Podemos concordar com isto?
Tentando
ser irónico, bem sei que, tendo em conta a
degradação da envolvente, com muito casario em péssimas condições,
arquitectonicamente esta gaiola está perfeitamente inserida e não
destoa. Por outro lado, levando também em consideração alguns
projectos que vão ser edificados em alguns largos desta zona velha,
recorrendo a paletes e outras madeiras, esta obra está conforme esta
nova doutrina de se recorrer a qualquer coisa somente para se dizer
que se está a fazer muito pela recuperação da Baixa.
Pelo bom gosto, para quem
licenciou, uma grande salva de palmas!
EDITORIAL: METRO-AUTOCARRO LIGEIRO VAI AGORA?

(Imagem da Web)
A
Polémica sobre a reposição do transporte rápido entre Serpins e
Coimbra aí está novamente com o anúncio nos jornais diários de
hoje em que o projecto apresentado pelo Governo preconiza a ligação
por autocarros eléctricos ou híbridos (BRT, Bus Rapid Transit
é um tipo de sistema de transporte público baseado no uso
de pequenos autocarros. Um verdadeiro sistema BRT geralmente tem
design, serviços e infraestrutura especializados para melhorar a
qualidade do sistema e remover causas típicas de atrasos. Às vezes
descrito como um "metro de superfície", o BRT visa
combinar a capacidade e a velocidade do veículo leve sobre
trilhos com a flexibilidade, baixo custo e simplicidade de um
sistema de linhas de transportes colectivos. Retirado de aqui.
Para
melhor se compreender esta história surreal e sem fim à vista, recorda-se que
foi em Dezembro de 2009, sob a égide do governo de Sócrates (PS),
com a promessa de substituição por um metro ligeiro de superfície
que abarcava a cidade de Coimbra desde a Estação Velha até aos
Hospitais da Universidade, que começou o levantamento dos carris na
linha da Lousã. A partir daqui foi um filme para esquecer. Desde só
depois dos carris arrancados e verificar-se que não havia dinheiro
para a reposição de um transporte ferroviário até às três
autarquias envolvidas, Coimbra, Miranda e Lousã, a não se
entenderem, houve de tudo. Só para ver o descontrolo, só depois do
desmantelamento da ligação por caminho-de-ferro, em 19 de Janeiro
de 2010, é que o Secretário de Estado dos Transportes, Carlos
Correia da Fonseca, veio afirmar que a construção da 2ª fase do
projecto Metro Mondego (MM), que ligava a Baixa aos Hospitais da
Universidade (HUC) dependia do estudo custo-benefício para
demonstrar a sua viabilidade.
Também
ainda em 2010, por parte do governo Sócrates, a ideia de implantar o
transporte BRT esteve em cima da mesa mas as câmaras envolvidas não
aceitaram.
Veio o governo liderado
por Passos Coelho, também com o ministro Poiares Maduro a sugerir o
BRT, e as promessas de cumprimento continuaram a entreter e a servirem de alavanca para os sufrágios.
E
chegámos a Maio de 2017, a quatro meses das eleições autárquicas,
e mais uma vez aí está em cima da mesa a prometida concretização
do folhetim Metro Mondego.
UM
REMAKE
Como
um filme de sucesso que já vimos há muito tempo, temos aí uma nova
versão assente na mesma narrativa e no mesmo enredo.
Mais uma vez, é de
supor, as entidades envolvidas vão empregar a mesma tática. Na
próxima sexta-feira o Governo vai dizer que está disposto a
financiar um transporte BRT, usando o canal já existente e outrora
ocupado por comboios, ligando a periferia à cidade e aqui
percorrendo o mesmo percurso idealizado até aos HUC.
Há especialistas em
transportes que não apadrinham a ideia. Mas há quem defenda. Por
parte dos parceiros políticos do Governo esta medida de implementar
o BRT não é unânime.
Nesta
nova versão 2017 há uma alteração substancial que, finalmente,
pode mudar tudo. Contrariamente ao cenário político em 2010, desta
vez temos as autarquias, Coimbra, Miranda e Lousã, sob a mesma
bandeira rosa. Pode ser que seja desta. Será?
Claro que toda a oposição
em bloco vai desancar a ideia, por que, como é óbvio, o que está
em causa são interesses pessoais e partidários e jamais as
conveniências das populações importaram ou importam para alguma coisa e
estiveram em cima da mesa. O Metro Ligeiro de Superfície esteve
sempre mais dependente da política do que da economia. Este
processo, ao longo dos últimos vinte anos, foi sempre um instrumento
para ganhar eleições. Por isto tudo, com uma cratera aberta no
coração da Baixa, Coimbra continua a ser uma cidade adiada.
Na
qualidade de munícipe e cidadão que não anda a lamber as portas de
qualquer partido, às vezes, dou por mim a interrogar se alguma gente
com lugares de responsabilidade não são mesmo capazes de mostrarem
um pingo de vergonha? Por outro lado, na mesma incredulidade,
pergunto como é que, com tanta informação disponível, gente de
todos os quadrantes sócio-económicos continua a bajular estas
pessoas?
segunda-feira, 29 de maio de 2017
O JULGAMENTO DO ESFAQUEAMENTO NO LARGO DA FREIRIA
Perante
um colectivo de três juízes -obrigatório para processos
respeitantes a crimes mais graves, isto é, com moldura penal
superior a cinco anos-, realizou-se hoje no Tribunal Judicial da
Comarca de Coimbra o julgamento de Carlos Leonel Cardoso Gonçalves,
que, em 11 de Agosto do ano passado, esfaqueou quase mortalmente um
vizinho no Largo da Freiria.
Começo
com duas ressalvas. A primeira, por ter sido arrolado como testemunha
pelo tribunal -o que quer dizer que, como não presenciei os factos
de per si, fui chamado para, com o meu depoimento do que
observei e participei a seguir, ajudar a chegar a um quadro de
verdade não visto por ninguém. A segunda, não percebo nada de
direito, o que quer dizer que o que alego a seguir é na qualidade de
cidadão imparcial que pugna por uma justiça mais justa e precisa
enquanto instrumento social necessário para dirimir conflitos em
total ou parcial satisfação das partes em confronto, no caso em
apreço, Estado, representado pelo Ministério Público, e defesa de
interesses do ofendido e agressor.
Para
melhor se entender os factos, lembra-se que em 11 de Agosto de 2016,
por volta das 14h00, o Carlos Gonçalves esfaqueou um vizinho,
Ricardo Alves, junto à carótida por este, reiteradamente, provocar
barulhos no edifício onde moravam os dois na altura. Como não houve
testemunhas, não se sabe o que aconteceu em concreto.
O
Carlos Gonçalves alegou em tribunal que foi o Ricardo que lhe teria
batido à porta e lhe teria dado um murro e, em instinto de defesa, teria
puxado da navalha para se resguardar fisicamente.
O
Ricardo Alves, pelo contrário, alegou que ouvindo vários pontapés
na porta da casa de sua mãe, onde se encontrava a almoçar com a
progenitora, veio à entrada e logo que abriu recebeu uma navalhada
do lado esquerdo do pescoço, originando uma sua reacção de defesa
materializado no murro subsequente.
Porém,
há questões de relevo que urge compreender. A primeira, é a
manifestação verbal de Carlos Gonçalves ao chegar junto a mim:
“senhor Luís, chame o 112 porque eu dei uma navalhada no
rapaz do primeiro andar. Não sei se o matei! Estava a fazer muito
barulho -é todos os dias a mesma coisa-, fui pedir-lhe explicações
e “passei-me”.
A
segunda questão, a meu ver de interesse maior, é que o Carlos
Gonçalves sofre desde a adolescência de Esquizofrenia e, para “além
de se alimentar mal, há muito tempo que não tomava os necessários
medicamentos”. Se por um lado, pelo arguido, a doença
foi-me confessada em 2014 quando escrevi a sua história e a
publiquei no jornal O Despertar, por outro, a assistente social que o
acompanhava disse-me isto mesmo textualmente: que ele não tomava a
medicação há muito tempo. Quando alertado para o facto pela
técnica argumentava que “já estava bom e não precisava de
ingerir medicamentos que lhe davam cabo do estômago”.
Esta inquirição, que a
meu ver lhe poderia conferir inimputabilidade ou, pelo menos atenuar
a sua culpa na agressão, só foi por mim referida no meu testemunho
mas sem que lhe fosse dada a menor importância. Estranho? Talvez
não...
QUEM
NASCEU PRIMEIRO? O OVO OU A GALINHA?
Alegadamente,
com uma acusação de “Ofensa à Integridade Física
Qualificada” -com pena de prisão entre dois e dez anos- a
balouçar sobre o arguido Carlos Gonçalves, o julgamento, ao longo
de toda a manhã, decorreu morno e sem chama. Sem tomar em conta o
“debilitado” estado de saúde psíquica do acusado à hora do
crime e que poderia, ou não, ter alterado a sua noção de
interpretação, o tribunal passou a manhã toda em busca de saber se
primeiro surgiu a navalhada por parte do agressor ao ofendido ou um
murro por parte da vítima e que teria dado origem à navalhada.
A
pergunta que emerge é a razão de, deixando cair a inimputabilidade
pela esquizofrenia, os advogados de Carlos Gonçalves terem optado
por tentar provar o excesso de legítima defesa? Pode interrogar-se
sim, mas não se entende -digo eu na minha santa ignorância. Pode
até tentar compreender-se que a escolha poderia ser uma alternativa
para tornar a pena mais leve, mas continuo a teimar que foi uma má
escolha estratégica e o resultado é que o arguido, em face de
alegações não relevadas por uma defesa ineficaz, ficou muito
fragilizado.
O
representante do Ministério Público pediu entre 6 a 7 anos de
prisão efectiva. A seu ver, perante a argumentação da defesa de
invocar excesso de legítima defesa, a agressão, embora a lei
protegesse o arguido, entrava dentro do homicídio tentado -com uma
moldura penal ainda mais severa.
Sem
querer parecer um anjo da desgraça, até por que não temos conhecimento do processo, é de prever que Carlos
Gonçalves vá sofrer, pelo menos, uma condenação de prisão entre quatro a
cinco anos.
É
de prever que não irá haver recurso do acórdão que será lido no
próximo 09 de junho, pelas 14h00.
Poderá
falar-se de erro judiciário? Se calhar não. A justiça nunca erra,
sobretudo se os meios de defesa do arguido forem escassos.
Quando
um homem é pobre, diz-se, até os cães alçam a perna e lhe mijam
nos pés.
sábado, 27 de maio de 2017
FALECEU O VITAL, DA PENSÃO AVIZ
Armando
Manuel da Silva Vital, proprietário da Residencial Aviz, situada na
Avenida Fernão de Magalhães e em frente à sede de Junta de
Freguesia de São Bartolomeu, faleceu por doença nos HUC, Hospitais
da Universidade de Coimbra, onde se encontrava internado há cerca de
um mês.
O
Vital era um calcorreante diário destas pedras milenares que
atapetam o chão das ruas e ruelas da Baixa de Coimbra. Muitas vezes,
nos nossos passeios a pé, à noite, nos encontrámos e, numa
simpatia que lhe era muito intrínseca e peculiar, nos
cumprimentávamos com cordialidade.
Foi
com desagradável surpresa que soubemos hoje da partida repentina do
Armando. Não conseguimos saber a sua idade, mas estou em crer que o
Vital teria à volta de 60 anos -o que quer dizer que a vida,
permitindo que a morte lhe saísse ao caminho precocemente, não foi
muito generosa. Mas é assim, como não existe Livro de Reclamações,
temos todos de aceitar o triste desfecho sem um queixume.
O
corpo do saudoso extinto encontra-se em câmara ardente no Centro
Funerário Nossa Senhora de Lurdes onde amanhã, domingo, pelas 12h00
se realizará a festa da palavra e seguidamente o funeral para o
Crematório Municipal de Coimbra, em Taveiro.
À
família enlutada, sua esposa, filhos e outros próximos em laços
consaguíneos, em nome da Baixa, se posso escrever assim, os nossos
mais sentidos pêsames.
BAIXA: ASSALTO AO AMANHECER

(Foto de arquivo)
Por
volta das 07h00, Jaime Lobo, de 85 anos, um antigo professor e
treinador dos infantis da Académica de Coimbra e desde há vários
anos dedicado ao coleccionismo com um pequeno estabelecimento na
Praça 8 de Maio, foi assaltado na Praça do Comércio.
Como hoje é dia da Feira
de Velharias, o Jaime Lobo, como faz há muitos anos a esta parte, parou o
seu carro em frente à Igreja de S. Tiago e preparava-se para
descarregar e expor os seus artigos para vender ao público durante o
dia. Foi então que pelas suas costas, não sabendo de onde surgiu,
um homem lhe apertou o pescoço, em tesoura, e lhe roubou o porta-moedas e a carteira com documentos e cerca de 100 euros.
Segundo o próprio, “foi tudo muito rápido, nem me dei conta
de onde veio o gatuno. Só sei que me senti aprisionado pelas costas.
Em tom de ameaça, pediu-me a carteira. Ainda tentei dar-lhe só o
porta-moedas, por causa dos documentos, mas ele retirou-me também a
carteira e desapareceu rapidamente.”
Felizmente,
para além do susto, da perda dos documentos e dinheiro, o Jaime
Lobo, talvez porque colaborou, não ficou ferido, o que, pela amizade
e reconhecimento que lhe devemos, nos deixa um pouco mais
descansados.
NÃO
HÁ UMA SEM DUAS
Também
durante a manhã deste sábado, levemente nublado e a balouçar entre
o cinzento-claro e escuro de carga de água, uma outra carteira de
outro vendedor, com cerca de 300 euros, desapareceu. Ao que parece, o
expositor, inadvertidamente, por distracção e esquecimento, deixou
a bolsa à mão de semear na banca de outro colega. Quando voltou
atrás já era tarde. Mais que certo já fazia parte de um qualquer
comprador menos escrupuloso.
Cerca do meio-dia, por
entre os vendedores, o sentimento de insegurança perpassava de
boca-em-boca. Sabendo nós que, estando a procura em queda há
vários anos, o bom negócio é cada vez mais raro e as despesas
certas -já que muitos chegam a deslocar-se de Lisboa e Porto-,
facilmente se entende o sentimento colectivo de desânimo.
QUE
DEUS NOS PROTEJA
Já
há muitos anos que, aqui no blogue, se escreve que esta Feira de
Velharias, iniciada em 1991 e uma das mais antigas do país depois da Feira da Ladra em Lisboa, está entregue ao Deus dirá e precisa de uma grande mexida.
Paulatinamente, por parte da Câmara Municipal e PSP, parceiros
fundadores e predominantes no destino do certame, vai-se assistindo a
um continuado abandono. Estão a matar a feira de antiguidades. O resultado é esta alegoria, que deveria ser
acarinhada enquanto festa que serve de motor para revitalizar a
Baixa, estar a encolher o número de participantes de mês-para-mês. É preciso clarificar o que se quer fazer da Praça do Comércio.
Penso
que fica claro que não se pretende fazer um aproveitamento abusivo
destes acontecimentos que toca a segurança de todos, mas, a nosso
ver, se não noticiarmos, como já estamos habituados, nenhuma
entidade moverá um dedo para remediar seja o que for e alterar o que está
mal.
Há uma década que,
progressivamente, a Baixa, no que toca à segurança de pessoas e
bens, foi ficando entregue à sua sorte -a instalação das câmaras
de videovigilância foi um acto político só para calar os
dissidentes e, de facto, nunca funcionou com eficácia. Instaladas em 2008, foram um flop completo. Foi sempre o tapar o Sol com a peneira. Com ou sem vigilância digital, tudo continuou igual. Foi para eleitor ver. É a teoria do copo-cheio, copo-meio-vazio.
Por
parte da PSP, há muito que deixou de se fazer prevenção. É depois
do fogo posto que esta polícia de segurança pública, como corpo de
bombeiros, acorre para acudir. Cada privado, na defesa da integridade ou de bens materiais, que se desenrasque pelos
seus próprios meios. Que não esteja à espera do Estado para que
este desenvolva esforços para proteger a propriedade. Os custos de
manutenção são para os proprietários, os proveitos, através de
IMI e outros impostos, são para a administração fiscal. Claro que
o resultado final disto tudo é o de só perde quem tem.
Provavelmente, digo eu,
só não acontecem mais assaltos na Baixa porque os salteadores,
crentes e bons católicos, serão pessoas de boa consciência e não
querem desgraçar ainda mais os pobres comerciantes.
Talvez
os operadores não saibam mas é a Deus que devem a graça de, apesar
destes acasos acontecerem de vez em quando, a Baixa continuar a ser
um lugar muito seguro. Se dependesse dos organismos públicos a sua segurança, pela deserção de policiamento, bem podiam pensar em
mudar de actividade.
sexta-feira, 26 de maio de 2017
EDITORIAL: COIMBRA TEM UM ENCOSTO?

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Há
muitos séculos que se consta que Coimbra está endemoninhada. Ao longo do
tempo, quer os eclesiásticos, quer os bruxos, quer os estudiosos da
matéria todos sempre coincidiram num ponto: o diabo anda por aí,
está por cá instalado, pode encarnar em várias personagens ou
entidades que conhecemos e nos são próximas, mas o problema
propriamente dito não recai na entidade maléfica mas sim nas muitas
forças negativas que andam por ai à solta.
Pelo menos, ao longo dos
últimos cinquenta anos, estando os fenómenos publicamente
elencados, mas nunca totalmente explicados à luz de uma
racionalidade crítica e científica, todos nos habituámos a
conviver com eles harmoniosamente e, apesar do desassossego, nunca,
como até agora, aconteceu realizar um congresso sobre parapsicologia
que verdadeiramente se debruçasse sobre a matéria paranormal que
assombra a cidade.
Graças a alguns cardeais
exorcistas já venerados nas capelinhas e outros recentemente
convertidos à causa parapsicológica que se fizeram anunciar, em
Outubro, próximo, vamos ter um simpósio que se espera ser o mais
comparticipado.
Apesar
de ainda faltarem quatro meses, os ex-comungados andam por aí a
levantar o oculto, alegadamente à vista de toda a gente, e a pregar
a expulsão do demónio. Ainda não aconteceu a dobra de garfos e
colheres – na linha de Uri Geller- pela força da mente, mas a
cada dia que passa ficamos a saber mais dos segredos obscuros que,
apesar de conhecidos, reconhecidos e recalcados no inconsciente
colectivo, supostamente estariam enterrados no seu âmago -assim como
as talhas romanas recentemente descobertas.
Num
misto de renegados, em ironia, descrédito e superstição,
fazendo-nos sorrir pela falta de convicção retratada, levantam o
dedo acusatório ao demo causador de todos os males: o pretor urbano
instalado na Praça 8 de Maio.
O
encosto-maior, consequência de uma dominação absolutista de
subserviência secular, está também identificado praticamente por
todos -menos um por razões familiares que se entendem: a
Universidade. Em boato de ruela estreita, aventa-se que desde que
este grande colégio de estudos superiores perdeu o seu prelado
estatutário, por volta dos anos de 1940, nunca mais deixou de estar
malignamente acompanhado em espírito satânico. Talvez por isso se
entenda, ao longo das últimas décadas, a indecente repetição de
apelidos no seu corpo docente.
A
“demoniomania” está inventariada e todos censuram as
manifestações perniciosas de Satanás que condena Coimbra ao
obscurantismo das trevas de Belzebu. Diz-se em surdina, como mandam
os cânones, que a diocese local, por ordem superior da Santa Sé e
através da Congregação para a Doutrina da Fé, proclama e apoia o
reforço contra as forças do mal notadas na visível e acentuada
discriminação da urbe por esta não ser contemplada nos grandes
investimentos do Orçamento Geral do Estado. Por outro lado, e tão
grave como tudo mais, por não sentir e não partilhar do crescimento
económico nacional noticiado aos quatro ventos. Diz-se ainda que
Francisco, o chefe-mor da igreja Católica, recomenda o uso e o abuso
do apostolado pelos exorcistas, mesmo que sejam comunistas, é a
favor da libertação dos possessos e considera ser uma tarefa
fundamental da Igreja. Ao que parece o Papa não se deixou convencer
pelas últimas políticas municipais de sinalização e reabilitação
dos Caminhos de Santiago e de Fátima, incluindo a criação de um
centro para peregrinos.
MAS,
AFINAL, O QUE DIZEM OS EXORCISTAS?
Um
diz que é preciso libertar a polis do jugo demoníaco que os
governos centrais exercem maleficamente e, com esta iniquidade e
desrespeito, provocam um desequilíbrio em todo o centro do país.
Outro,
sem esquecer a sua matriz vermelha, está muito preocupado com as
elites coimbrãs -e de facto, como a dar-lhe razão, hoje um jornal
local, numa feira de vaidades, dedica 8 páginas com fotografias dos
mais bem-quistos na cidade do Mondego.
Outro,
ainda, diz que “devemos fazer uma análise SWAT (Armas
e Táticas Especiais) e, de uma vez por todas, encontrar
soluções para o futuro e uma dessas soluções passa por deixar de
dizer que somos os melhores”.
Outro,
mais, em quatro anos de feliz convivência entre as cores rosa e
vermelho, só agora, neste tempo de exorcismos, descobriu que os mais
de mil funcionários da edilidade cultivam um clima de medo.
Outro,
mais ainda, defende a prossecução e realização do projecto metro
ligeiro de superfície na cidade, sabendo que vários estudos de
viabilidade feitos no anterior governo de Passos Coelho indicam que
se for levado avante estaremos a hipotecar o futuro dos nossos netos.
Pugna ainda pela recuperação da Baixa comercial... mas é a favor
da instalação do IKEA no Planalto de Santa Clara.
E
QUANTOS (POBRES) DIABOS EXISTEM NA CIDADE?
Segundo
uma leitura recente que fiz numa revista do Século Ilustrado de 07
de Março de1986 -e onde fui buscar a inspiração para este texto-,
desde Lucifer, Belsebu até Astarot, haverá cerca de 1758 milhões
de nomes para a mesma entidade satânica que apelidamos vulgarmente
como Diabo. Citando o Vaticano, diz ainda a popular revista já
desaparecida do mundo das publicações vivas que o problema não
reside unicamente na entidade mas, “sobretudo, porque muitos
grupos e seitas carismáticas se dedicam à prática do exorcismo,
caindo na rede de insidias do demónio. Há que ter em conta que em
cinco mil casos de alegadas possessões demoníacas, só duas ou três
são verdadeiras. As outras são fruto de neuroses e de demoniomanias
-uma doença difundida por certos movimentos de falsa
espiritualidade.”
Continuando a citar o
Século Ilustrado, “É preciso não esquecer que o diabo lê
o pensamento e fala línguas desconhecidas. Sobretudo conhece e
explora as debilidades de cada pessoa, manifesta-se não só através
de vómitos de substâncias horríveis (…) mas também através de
coisas belas e graciosas, como músicas deliciosas, mulheres
esplêndidas, pinturas extraordinárias, revelações de coisas
desconhecidas ou acrobacias fantásticas.”
Claramente
Coimbra não tem só um encosto espiritual que suga as energias de
quem cá vive, traz desequilíbrio emocional e gera conflitos com a
sua personalidade e com as pessoas ao seu redor. Depois do exposto,
ficamos a saber que, apesar de já terem um bom encosto, anda muita
gente a tentar encostar-se à cidade.
Não
é necessário escrever mais nada, pois não?
quinta-feira, 25 de maio de 2017
UMA IMPORTANTE VITÓRIA DA CPPME

Alteração
ao Imposto de Selo
“A CPPME,
Confederação Portuguesa das Micro pequenas e Médias Empresas,
informa todos os seus Associados da importante vitória conseguida
com a correcção da medida sobre as comissões cobradas pela banca
nas operações de pagamento.
Desde fevereiro que
o PS, PCP e BE souberam ouvir a reclamação da CPPME e, com a
aprovação do Projecto Lei apresentados por estes partidos que a
Confederação aguardava pela conclusão deste processo legislativo.
Com a publicação
em Diário da República da Lei 22/2017, de 23 de Maio, fica
clarificado, definitivamente, que a verba 17.3.4, da tabela Geral do
Imposto de Selo, que cobra uma taxa de 4%, deve ser um encargo da
Banca.
Com a publicação
desta Lei, a partir de 24 de Maio 2017, as instituições financeiras
estão proibidas de cobrar a taxa de 4% sobre as comissões, pela
aceitação de pagamentos com cartões de débito e de crédito.
Seixal, 24 de Maio
de 2017
O Gabinete de
Imprensa da CPPME”
quarta-feira, 24 de maio de 2017
terça-feira, 23 de maio de 2017
O MARKETING DAS REDES SOCIAIS NUMA CIDADE TODA VIRADA PARA O TURISMO
“I'ts
a beatiful day and i can not see it”, está um
lido dia e eu não posso vê-lo, foi a mensagem criada para
um vídeo que deu a volta ao mundo em milhares de visualizações, há
cerca de quatro anos. E se teve sucesso nas redes sociais, porque não
trazer a técnica de marketing para as ruas de Coimbra?
Provavelmente, alguém teria passado a ideia inspiradora ao cego
António, um invisual que há muitos anos assentou arraiais na Baixa,
entre a Igreja de São Bartolomeu e a Praça 8 de Maio, e nos últimos
tempos estacionou no cruzamento das ruas Eduardo Coelho e das
Padeiras.
sábado, 20 de maio de 2017
FALECEU O "ZÉ" NETO
Foi
hoje a enterrar o “Zé Neto”. O Neto, com longa carreira na
restauração e com provas dadas no famoso restaurante com o mesmo nome na
Rua das azeiteiras, foi um empresário que muito dignificou a Baixa e
o Centro Histórico.
À família enlutada,
nesta hora de sofrimento e dor, em nome da Baixa, se posso escrever
assim, os nossos sentidos pêsames.
EDITORIAL: A ANIMADA MARCHA FÚNEBRE COMERCIAL
Eu gosto
muito da minha cidade. É uma urbe média, encastrada entre o Porto e
Lisboa, com cerca de 100 mil habitantes. Como todas as cidades de
dimensão média ou pequena, na sua idiossincrasia, é peculiar.
Quase diria que o que se passa na lusa Atenas é transversal às suas
congéneres.
Até ao
virar do milénio, pela atracção humana que desencadeava sobretudo
no consumo interno, era o centro do centro de Portugal. Nesta altura,
pelo troar dos passantes em movimento contínuo, a Baixa, nas suas
ruas, estreitas ou largas, detinha um barulho muito próprio que lhe
conferia uma segunda identidade. Nas vielas mais manhosas onde um
odor putrificado a pobreza invadia tudo em redor havia roupa
estendida nas janelas a mostrar que mesmo nos antípodas mais
esclerosados há sempre vida. Entre os moradores das largas avenidas
e ruelas estreitas existia um respeito mútuo não escrito mas
declarado num convívio tácito. A Baixa, entre doutores, estudantes
e trabalhadores, fervilhava de gente de todos os extratos sociais.
Nesta época, qualquer entrada de porta para instalar um pequeno
negócio, pela transmissão, valia milhares de contos. O imobiliário,
com um preço fora do bolso comum, era sagrado e quase só alcançável
aos mais ricos. Pelas dificuldades monetárias de acesso, ser
comerciante não era para qualquer um. Para o ser, maioritariamente,
tinha de passar muitos anos a atender público atrás de um balcão
como marçano e, calcorreando noites e noites em claro, estar
disposto a abdicar do amor da sua família e a dedicar-se por
inteiro ao seu cliente.
A partir de
2000, com promessas de uma nova felicidade inscrita numa nova moeda,
tudo o que eram coisas simples e vulgares deixaram de ser atractivas
e foram perdendo interesse. Era o tempo da substituição do pequeno
pelo grande. Era a época das grandes obras faraónicas.
No Comércio a alegada (r)evolução estava em marcha. Ao mesmo tempo
que com a mão direita se assinava o licenciamento de muitas grandes
superfícies comerciais, com a esquerda, para mostrar equidade e que
os deuses, materializados no governo central e local não dormiam,
distribuía-se dinheiro a rodos pelos pequenos comerciantes através
do PROCOM, URBECOM E MODCOM, programas de ajuda ao comércio com o
beneplácito da União Europeia. Com esta medida de política
económica, os comerciantes endividaram-se e, para além das muitas
remodelações, abriram ainda mais lojas no centro histórico -se não
todos, a maioria destes mercadores que contratualizaram estes
projectos faliram ou encerraram portas ao longo destes cerca de vinte
anos. Foi um definhamento contínuo.
Com muitos
e maiores centros de venda, o consumidor da cidade, outrora coesa e equilibrada na
oferta e na procura, foi-se espartilhando e dividiu-se pelas várias
ilhas comerciais do burgo. Este consumidor, sem ética, egoísta e
abutre -que somos todos um pouco-, nada se importa com o que possa acontecer
com o futuro da cidade. Por diversão, por comodidade, dará tudo na
forma de voto no candidato que esteja disposto a mais proporcionar.
Para comprar mais barato, passará por cima de amizades ou laços
familiares.
Como um rio
a quem alteraram o curso de água, progressivamente a Baixa foi
perdendo tudo -e nem a recente classificação de Património Mundial
alterou a sua degradação contínua. Desde a beleza natural que o
tempo, pelo desgaste natural, pelo abandono, na dinâmica e mudança dos costumes, faz apagar, desde o
esvaziamento contínuo de habitantes fixados, que vão morrendo e não são
substituídos por mais novos, até políticas de urbanismo
catastróficas onde impera o gastar de milhões de euros em obras que
para nada servem a não ser encherem o olho, a zona comercial
continua a cair aos olhos de todos. Aos poucos, como corpo que se
habitua a migalhas, o pequeno/pequeníssimo comerciante foi-se
adaptando a este conta-gotas de apenas se alimentar para sobreviver.
Por outro lado, o medo de amanhã acordar sem tecto foi fazendo dele
um animal acossado e amestrado que, para além de não reclamar do
castigo imposto, elogia e ama o seu verdugo. E dá origem a novos falcões.
Hoje, com
muitos estabelecimentos encerrados e casas ocupadas por velhinhos ou
vazias, um silêncio envolvente tomou conta das ruas estreitas e só
é quebrado pelas muitas festas barulhentas que, em muitas iniciativas e cobertas com muitos milhares de euros, são realizadas
para desviar as atenções. E a verdade é que os comerciantes batem
palmas. Sem esta ovação geral de pantomina a mentira não avança.
A Baixa está mesmo a mexer, dizem com ênfase. Ninguém se
lembra -talvez por que não lesse- que a mesma técnica de lentamente
morrer alegremente foi usada pelos regimes autoritários e fascistas
nas décadas de 1930/40 e, passando o exagero comparativo, nomeadamente pelo terceiro Reich, na
Alemanha. Seguindo a mesma ilusão de cartilha universal, todos
caminham em direcção ao abismo, mas muito felizes e contentes.
Embora em
circunstâncias diferentes, como a história se repete, aí estão
novos apoios ao empreendedorismo muito parecidos com os distribuídos
em finais da década de 1990, PROCOM e outros. A mensagem do embrulho
é sempre a mesma: ajudar os pequenos investidores, desenvolver
a cidade e criar emprego. Ninguém fala que, o que se
pretende verdadeiramente é só retirar a inscrição de
desempregados do IEFP, Instituto de Emprego e Formação
Profissional. Ninguém está preocupado com a vida económica e
financeira dos pequenos e pequeníssimos operadores. Nenhum destes
vendilhões do templo quer saber se os que aceitarem estes novos
pacotes de roupagem velha vão durar ainda menos e, com o seu
desaparecimento, vão tornar a Baixa, e a cidade, ainda mais pobre do
que já está. Subsidiar o empreendedorismo está (outra vez) na
moda. É uma nova vaga, uma nova onda, que, pelas suas boas e
generosas intenções, arrasta tudo e todos com objectivos pouco
claros. O que se pretende está lá, é preciso é pensar.
Na última
última segunda-feira, 15 de Maio, com muita pompa e maior
circunstância, em sessão solene camarária, foi apresentado no
Salão Nobre Municipal o Coimbra Invest -Regulamento
Municipal de Apoio a iniciativas Económicas de Interesse Municipal.
Trata-se de um Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo e ao Emprego
(SI2E) que, articulado através da CIM Região de Coimbra e no âmbito
do Quadro Comunitário Portugal 2020, disponibiliza cerca de oito
milhões de euros pelas pequenas e micro-empresas, para obras e
equipamentos, desde que que os contemplados qualifiquem ou empreguem
um ou mais inscritos no centro de emprego. O SI2E apoia investimentos
até 100 mil euros desde que que se verifique a contratação de
recursos humanos.
A animada marcha continua. Vale a pena pensar nisto? Hum... se calhar não!
A animada marcha continua. Vale a pena pensar nisto? Hum... se calhar não!
OS MENINOS DE HOJE

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
(RECEBIDO POR E-MAIL, SEM INDICAÇÃO DE AUTOR)
I
Os
meninos não podem sair da nossa beira porque os meninos não podem
estar sozinhos.
Os
meninos não podem ficar no recreio a brincar quando os professores
faltam -são levados para a biblioteca ou para alguma aula de
pseudo-apoio. Se os meninos ficassem no recreio a jogar à bola e se
por acaso se magoassem, o que seria dessa escola! Os pais poderiam
até processar a instituição de ensino!
Os
meninos não podem ir a pé ou de autocarro para a escola porque isso
pode ser perigoso.
Os
meninos não se podem sujar ou magoar -os pais nunca se perdoariam (e
fá-los-ia perder tempo que não têm).
Os
meninos andam a saltar dos pais para os avós e para a escola e para
o atl e para a piscina e para o inglês e para a música e para o
karaté e para o futebol e para a patinagem e... Porque os meninos
têm de estar sempre ocupados e nunca sozinhos; não saberiam o que
fazer com o tempo livre. E os pais têm de ganhar dinheiro para os
meninos andarem sempre bonitos e com roupa de marca - caso contrário,
os colegas poderiam até gozá-los. E se o colega tem uma coisa, o
menino também tem de ter (senão faz birra e com toda a razão). E
os meninos têm de ter festas de aniversário espectaculares -e não
pode ser em casa só com a família, que isso não se usa. Tem de ser
com a turma toda e os amigos e os primos e tem de se alugar (e pagar)
um sítio onde tenha muitos brinquedos e escorregas e palhaços e
malabaristas e baby-sitters. Algum sítio onde alguém se
responsabilize pelos filhos dos outros, de preferência.
Os
meninos, coitadinhos, são muito novos para pensar -mais vale nós
planearmos a vida deles e dizer-lhes o que fazer. Mas só se eles
concordarem, claro. Porque os meninos não têm culpa de nada; se se
portam mal, a culpa é da educação que recebem na escola (que é o
sítio onde eles devem ser educados).
Os
meninos não comem sopa e verduras porque não gostam. Os meninos
saem da mesa quando lhes apetece e passam o (pouco) tempo livre entre
smartphones, tablets e computadores. Mesmo enquanto comem,
coitadinhos, tem de haver alguma coisa para os entreter -e não se
fala com a boca cheia. Alguns até comem com auscultadores colocados
nos ouvidos -e ainda bem, para não incomodar a conversa dos adultos.
Os
meninos só vêem desenhos animados (e a televisão é deles quando
eles estão em casa). Porque os meninos querem, os meninos têm. O
que não vale é chorar -não gostamos de os ver tristes. Chora chora
que a mamã dá mais brinquedos para brincares duas vezes e arrumar a
um canto -a casa fica cheia deles; depois compram-se outros
diferentes porque os meninos têm de ter sempre mais e mais coisas e
mais experiências novas.
Os
meninos não ajudam em casa porque são meninos.
Os
meninos começam a sair cedo e os papás vão buscá-los onde e à
hora que for necessário. Não há meninos burros, arruaceiros, nem
medricas, nem preguiçosos, nem tímidos, nem distraídos, nem mal
educados, nem maus, nem... Nada disso. Os meninos são todos bons (os
melhores) e muito inteligentes. Todos. E todos os anos há meninos
finalistas e festas de finalistas e viagens de finalistas e até
praxes, do primeiro ao último ano da escola, porque eles são muito
inteligentes e importantes, agora que acabaram mais um ano. Que bem,
já tens a quarta classe -que orgulho, meu filho. Ah, parece que foi
ontem a tua festa de finalistas do terceiro ano...
Os
meninos não se podem (nem sabem) defender sozinhos; para isso é que
existem os pais e os psicólogos e os professores e até os
tribunais. Os meninos têm explicações desde a escola primária
porque precisam de toda a ajuda possível para ser os melhores. Se
não estão atentos nas aulas a culpa é do professor. Os meninos não
levam palmadas -ai se isso acontecer. Podiam ficar traumatizados,
coitadinhos. Se os meninos estragam, os papás pagam. Os meninos têm
direitos -mais concretamente, têm o direito a fazer o que lhes
apetece porque são meninos e não têm de entender as preocupações
dos crescidos. Por isso desarrumam a casa e todos os sítios por onde
passam; partiu? virou? desapareceu? morreu? Não sei, eu sou apenas
um menino.
II
Até que um belo dia os meninos se vêem subitamente fora de casa e da escola e longe de todas as pessoas e coisas que costumam controlar todos os seus movimentos (e até pensamentos). Longe daqueles que lhes disseram sempre que os meninos não são responsáveis nem culpados daquilo que fazem.
E só aí, longe pela primeira vez, começam a aprender a ser pessoas, a respeitar a liberdade e o espaço dos outros (os outros que afinal também existem! Descobrem os meninos nesta altura). Só aí entendem que cada acto tem uma consequência. E torna-se difícil -que a pegada dos meninos agora é grande e os erros notam-se como patas de elefante em cima de nenúfares. Destroem tudo porque têm de aprender e agora é muito mais complicado.
Até que um belo dia os meninos se vêem subitamente fora de casa e da escola e longe de todas as pessoas e coisas que costumam controlar todos os seus movimentos (e até pensamentos). Longe daqueles que lhes disseram sempre que os meninos não são responsáveis nem culpados daquilo que fazem.
E só aí, longe pela primeira vez, começam a aprender a ser pessoas, a respeitar a liberdade e o espaço dos outros (os outros que afinal também existem! Descobrem os meninos nesta altura). Só aí entendem que cada acto tem uma consequência. E torna-se difícil -que a pegada dos meninos agora é grande e os erros notam-se como patas de elefante em cima de nenúfares. Destroem tudo porque têm de aprender e agora é muito mais complicado.
Pensavam que podiam
fazer tudo o que lhes apetecesse, mas afinal parece que não. Ninguém
lhes tinha dito.
E de repente aparecem ratos que assustam os elefantes. Todo aquele tamanho mas no fundo continuam apenas meninos que agora vivem em corpos de adultos. Ficam muito assustados (pudera) e não entendem.
E de repente aparecem ratos que assustam os elefantes. Todo aquele tamanho mas no fundo continuam apenas meninos que agora vivem em corpos de adultos. Ficam muito assustados (pudera) e não entendem.
Voltam para casa
e perguntam aos pais: “o mundo é mesmo assim, papás? Não posso
atirar colchões pela janela dos hotéis? Não posso ligar extintores
e estragar as paredes e camas? Porque não avisaram antes?”
E nessa altura, levam um estalo -a primeira palmada das suas vidas. Deixaram finalmente de ser (e da pior forma) meninos.
E nessa altura, levam um estalo -a primeira palmada das suas vidas. Deixaram finalmente de ser (e da pior forma) meninos.
quarta-feira, 17 de maio de 2017
UM CASO PARA REFLECTIR...

(Imagem do Jornal de Negócios)
"China recebe em dividendos um terço do que pagou pela EDP"
MATAR O MENSAGEIRO E INDULTAR O VÂNDALO

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Ao
que parece, na última semana de Queima das Fitas do Porto, ocorrida
há poucos dias, uma rapariga foi violada, com introdução de uma
mão masculina nas partes genitais, dentro de um autocarro de
transportes colectivos no Porto. Este acto, que nos deve fazer pensar
a todos, foi visionado pelos passageiros do veículo e filmado pelos
colegas do agressor. Pelos vistos, ninguém moveu um dedo para acudir
à rapariga -no vídeo não se percebe se o ataque foi, ou não,
consentido pela vítima. Aparentemente, pelo descontrolo da mulher,
parece não ter sido com consentimento. Mesmo a sê-lo, a passividade
dos ocupantes do veículo deve fazer questionar o que está acontecer
com a sociedade. Alegadamente, as imagens foram difundidas nas redes
sociais.
O
jornal Correio da Manhã noticia o facto e colocou o vídeo online
salvaguardando as identidades das pessoas envolvidas em causa. Pode o
jornal ser acusado de estar a fazer um jornalismo de caserna por
difundir o vídeo e fazer disso uma notícia? Pode sim. Nas redes
sociais, por muita gente, a direcção do jornal foi acusada do pior,
de aproveitamento, e até de patologia mental.
Começo
com duas ressalvas. A primeira, só agora visualizei o vídeo -e isto
pode até parecer que não o fiz anteriormente para não entrar na classificação
de voyeur, mas não é nada disso. Por acaso, escrevi este
texto antes de o ver. Quero dizer que ao manifestarmos uma opinião
temos obrigação de começar por ler a notícia -ou neste caso ver o
vídeo. Depois, se não tivermos hipótese de outro contraditório,
tendo em conta os factos apresentados, maturar as premissas até
chegar à (nossa) conclusão. Espicaçando o nosso espírito crítico,
devemos perguntar-nos se, passivamente, aceitamos a explicação
dada, ou seja, se, dentro da ilicitude e prevaricação humanas, nos
parece razoável e não entra nos mitos criados nas redes sociais
-que faz com que se embandeire em arco em sindroma de carneirada. Na
segunda emenda, declaro que não sou leitor diário do Correio da
Manhã (CM).
Isto
tudo para dizer que, apesar de alguns apregoados erros de informação
dados pelo CM -e quem não os dá?-, tenho um enorme respeito por
este órgão de informação. Goste-se ou não do género popular (ou
populista), é o único meio de informação nacional que está em
todas -com o devido exagero, naturalmente. Sabendo todos a
acentuada crise que se está a verificar na imprensa escrita -que, na
generalidade, só noticiam casos em que se verifiquem mortes ou muito
sangue-, o CM é um caso de estudo num país com cerca de 8% de
iliteracia pura e dura. Tiro o chapéu a este jornal diário pelo
serviço público que presta a Portugal.
Passando ao caso em concreto do vídeo, agora que já o visionei, devemos matar o mensageiro e absolver os vândalos que lhe deram origem? Quem está doente e a precisar de tratamento? O jornal ou a sociedade? Imagine-se que o CM não dava notoriedade a este caso que afronta as mais elementares regras societárias, será que alguma vez este assunto seria ponto de discussão? Por uma questão de pudor social (muitas vezes assente numa elevada hipocrisia) devemos assobiar para o lado e fazer de conta que não se passa nada? Então, entre um DEVER (de escolher as notícias, entre as que não provoquem choque e outras) e um DIREITO público de informar, a seu ver leitor, qual o que deve prevalecer? O DEVER ou o DIREITO?
Passando ao caso em concreto do vídeo, agora que já o visionei, devemos matar o mensageiro e absolver os vândalos que lhe deram origem? Quem está doente e a precisar de tratamento? O jornal ou a sociedade? Imagine-se que o CM não dava notoriedade a este caso que afronta as mais elementares regras societárias, será que alguma vez este assunto seria ponto de discussão? Por uma questão de pudor social (muitas vezes assente numa elevada hipocrisia) devemos assobiar para o lado e fazer de conta que não se passa nada? Então, entre um DEVER (de escolher as notícias, entre as que não provoquem choque e outras) e um DIREITO público de informar, a seu ver leitor, qual o que deve prevalecer? O DEVER ou o DIREITO?
MORREU A VELHA GINITA, NOVA VIDA PARA A GINITA
Durante
cerca de meio-século a Ginita foi a rainha da Rua da Fornalhinha. Na
estreita e curta viela de pouco mais de vinte metros da Baixa de
Coimbra, com o seu ar ladino e trigueiro, foi no calçar bem que a
Ginita sempre se distinguiu. O seu calçado sempre foi de boa
qualidade e a preços competitivos.
A Ginita foi criada
com muito amor pelo senhor Carlos Abreu, um comerciante falecido em
2011. Nos passados anos de 1980 e princípio de 1990, a Ginita chegou
a albergar no seu seio três pessoas a trabalhar. Eram tempos áureos,
já se sabe. Nesse tempo qualquer comerciante estava fadado ao
sucesso. Nessa época, pela intensa procura e muito dinheiro a
circular, era fácil ser-se mercador. Em terra de abastança ninguém
passa fome, diz o povo em aforismo.
A Ginita morreu? Se faleceu é porque tinha de ser assim. Tal como outras à sua volta, durante os
últimos vinte anos, fenecendo e a balouçar num limbo como a
maioria, foi tentando aguentar-se até um dia, esta semana, que
alegadamente não deu mais e, como epitáfio sem frases organizadas,
os papeis ocupam toda a área de vidraça e, como cruz abstracta e
silenciosa, passa a mostrar que naquele pequeno espaço algumas
pessoas foram muito felizes. Ali ficam enterrados retalhos de algumas
vidas. A resposta à pergunta porque encerrou todos sabem. Todos têm
uma palavra a dizer. Basta ler este comentário recebido hoje:
“A crise do comércio tradicional na baixa de Coimbra não tem
a ver com a saúde da economia ou falta dela, ou do poder económico
dos consumidores. Tem a ver, somente, com a falta de atractividade do
comércio da baixa”. Ou seja, a culpa reside nos
operadores. Claro que ninguém diz, ninguém está disposto a
discutir que esta falta de atractividade foi intencionalmente
provocada pelo desbragado licenciamento de grandes áreas
comerciais e que, pelo excesso de oferta na cidade, desencadeou a
desregulação e a queda a pique da Baixa comercial. Como sempre, a
culpa e a consequência recaem sempre na parte mais frágil. A
mensagem do aparente crescimento económico, do PIB,
Produto Interno Bruto, passa muito bem para o social que acredita no
que que lhe dá mais jeito. Mas quem está no terreno, com as mãos a
chafurdar na micro-economia, é que sabe quanto lhe custa começar e
fechar o dia.
É triste um
estabelecimento comercial quando desaparece merecer tão pouca
consideração pelos clientes e pelas pessoas em geral. Quem o
frequentou depressa esquece a sua história e raramente há uma
palavra de conforto para quem, sem forças físicas e anímicas, se
vai também. Pouco importa se quem fica sem trabalho, apesar de ser
de meia-idade, entra num mar de dificuldades e angústias. O que é
preciso é haver outra loja para a substituir, outra vítima que se
segue no longo corredor da morte previsível e anunciada. O que é
necessário é que a consumidora máquina fria, egoísta e sem
sentimentos, continue a ser alimentada. “As empresas são como os
animais, nascem, crescem e morrem”, apregoa-se para lavar a
alma. Está tudo dito!
Um abraço de
solidariedade para a Guida Santos, a última companheira da sapataria
Ginita e que lhe fechou a porta nesta morada...
AFINAL,
FELIZMENTE, VAI HAVER TRANSFERÊNCIA DE INSTALAÇÕES
Por
erro grosseiro de informação, dando credibilidade ao que várias
pessoas me disseram, tomei as notícias da vizinhança como certas.
Afinal, e ainda bem, o que se passa é que vai haver transferência
de instalações. Isto é, segundo Guida Santos, “a sapataria
Ginita vai continuar entre nós. O que se passa é que as actuais
instalações estão muito degradadas e, dentro em breve, vou passar
para uma loja restaurada e em estado novo na mesma Rua da
Fornalhinha.”
Licitamente, pode
perguntar-se a razão de eu ter dado uma notícia incompleta e a
sofrer de inverdade? Pode. Será que pretendi ser intencionalmente alarmista? Por que não fui obter a informação à fonte segura? Em jeito de justificação, a razão é
que raramente um comerciante que encerra um estabelecimento me
confessa claramente o facto. Fechando-se numa espécie de concha, num completo mutismo, talvez por vergonha do falhanço, raramente está disposto a falar. Os
mais simpáticos dizem que vão encerrar para férias ou que vão
entrar em obras. Os menos cordiais, com rosto façanhudo, alegam que
é um problema particular e nada tenho a ver com isso. Como se
calcula, não é fácil escrever sobre um encerramento.
Pode ainda interrogar-se
a razão de, levando “pancada”, continuar a escrever? Pode. Sem
que ninguém me encomendasse o serviço, entendo que, como missão,
em memória dos que partem e, sobretudo, pela história comercial da
cidade, devo continuar a fazer este “serviço” social que, na
maioria das vezes, não é entendido como tal.
Como no melhor pano cai a nódoa, e errar humano é, cabe-me pedir desculpa à Guida Santos pela incompletude da notícia. Cabe-me também desejar-lhe as maiores felicidades e o maior sucesso para o novo estabelecimento que a breve prazo irá surgir com o mesmo nome de sapataria Ginita, situado na mesma artéria e a poucos metros deste que encerrou agora.
Como no melhor pano cai a nódoa, e errar humano é, cabe-me pedir desculpa à Guida Santos pela incompletude da notícia. Cabe-me também desejar-lhe as maiores felicidades e o maior sucesso para o novo estabelecimento que a breve prazo irá surgir com o mesmo nome de sapataria Ginita, situado na mesma artéria e a poucos metros deste que encerrou agora.
UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Anónimo
deixou um novo comentário na sua mensagem "EDITORIAL:
UM ESTRANHO CRESCIMENTO ECONÓMICO":
A crise do comércio tradicional na baixa de Coimbra não tem a ver com a saúde da economia ou falta dela, ou do poder económico dos consumidores. Tem a ver, somente, com a falta de atratividade do comércio da baixa.
segunda-feira, 15 de maio de 2017
BOM DIA, PESSOAL...
Com votos de parabéns a Salvador Sobral pela retumbante vitória portuguesa obtida no Festival da Eurovisão
EDITORIAL: UM ESTRANHO CRESCIMENTO ECONÓMICO

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
FACTO I
Segundo
o Jornal Económico de hoje, “A economia portuguesa cresceu
2,8% no primeiro trimestre deste ano, face ao mesmo período do ano
passado, segundo as estimativas rápidas publicadas hoje pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta é a taxa mais elevada
em sete anos. A economia nacional não crescia a este ritmo desde o
quarto trimestre de 2007, quando o PIB expandiu também 2,8%. No
quarto trimestre de 2016, o PIB tinha registado uma variação
positiva de 2% em termos homólogos.”
FACTO II
Nesta
última quinta-feira, alegadamente por falta de cumprimento no
pagamento de ordenados de vários meses, os funcionários de uma loja
implantada há cerca de 30 anos na Baixa abandonaram o posto de
trabalho. Como pantomina de um comércio exangue, débil e sem
forças, que faz tudo para parecer o que não é, mostrando-se muito
forte e em grande crescimento, o estabelecimento, embora encerrado,
permanece de montras feitas e como se nada tivesse acontecido.
Tudo indica que, no maior
dos segredos, são mais dois funcionários que vão para o
desemprego.
FACTO III
No
último semestre do ano passado, num grande e histórico
estabelecimento, com mais de meio-século de actividade, também com
sede no Centro Histórico, cinco empregados abandonaram o posto de
trabalho alegadamente por falta de pagamento de honorários.
FACTO
IV
Conseguir
falar com os intervenientes é impossível. Os primeiros, os credores
funcionários, talvez à espera que a situação se resolva por
milagre de Fátima, recorrem ao ACT, Autoridade para as Condições
do Trabalho, e fecham-se num mutismo incompreensível e da sua boca
não se arranca um pio. Dos segundos, os empresários devedores, nada
há a declarar.
Que
dos últimos, dos patrões em incumprimento, não se fale do que está
acontecer nas suas empresas, de certo modo, até se entende pelo
sentimento de falhanço e vergonha social, já dos primeiros, dos
funcionários, custa a compreender o envolvimento num silêncio de
conluio económico. Digo eu, se pensassem menos em si, no seu umbigo,
não procederiam assim. Basta perceber que o seu mutismo acaba por
beneficiar uma certa ordem económica falsamente implantada de que
tudo está a correr pelo melhor e, em vez de se acautelar e partir
para a prevenção de casos futuros, nada se faz porque o que não é
noticiado não acontece.
EM CONCLUSÃO
Apesar
dos últimos dados da Nielsen, uma consultora internacional que
analisa o consumo, mostrarem indicativos claros que a preferência do
consumo pelas famílias começa, em crescendo, a incidir no comércio
tradicional -cuja fatia em percentagem vale 8% do consumo total-, a
verdade é que as transacções no comércio de rua continuam
anémicas e, sobretudo, as casas mais antigas continuam a cair.
Sabemos que os dados
apresentados agora do INE incidem sobre o todo nacional e, neste
caso, esta entidade não se debruça sobre áreas específicas ou
regiões. O que queremos dizer é que a coberto de uma média se pode
infringir a maior das injustiças e mostrar-se um quadro nacional que
não corresponde à realidade. Como tento descortinar, o que se
verifica na prática é uma outra veracidade. E desta ninguém fala,
escreve, ou defende.
O
que é estranho, ou talvez não, é que, por parte dos envolvidos,
não se houve lamentos profundos. Aqui e ali há um ou outro suspiro,
mas sempre em surdina. A pergunta que deveríamos fazer é a razão
deste nevoeiro, deste apagamento colectivo. Porque acontece?
sexta-feira, 12 de maio de 2017
UM PAÍS DE JOELHOS

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
O
que seria de Portugal sem as “aparições”, ou melhor dizendo,
sem as “visões” de Fátima?
O
que seria do povo que lavra no rio e transpira a estopinhas para ver
serenamente um bom jogo de futebol sem insultar o árbitro?
O
que seria das televisões, privadas e públicas, sem os directos de
encher o olho de lágrimas, sem estas grandes reportagens para o
mundo?
O
que seria do Governo sem este 13 de Maio e a ajuda -desinteressada, é
preciso dizer- do Papa Francisco?
O
que seria do nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de
Sousa, sem este encontro com Francisco, o Chefe-mor da Igreja
Católica, e sem aquele seu ar compungido de bom samaritano?
Ah grande Portugal!
Haverá melhor postal ilustrado para a Europa e para o Mundo do que
esta imagem de uma nação humilde e de joelhos?
Ah
grande António (Salazar)! Estejas lá onde estiveres, mesmo que não
durmas como um anjo, que nunca foste, pelo efeito das setas
envenenadas de uns certos anarquistas, descansa em paz! Nunca te
sintas frustrado, que a tua obra, perpectuada pela intemporalidade,
como cartilha, maternal, paternal e familiar, em Santíssima Trindade, agora convencionada
como doutrina oficial de socialistas e comunistas, nunca foi, como
agora, tão difundida aos sete mares andarilhos.
E mais, António, não
será de admirar se, nuns tempos próximos, pedirem a tua
beatificação!
Como
diria Teixeira de Pascoais (1877-1952):
“Ó Bandarra do
amor! Brucho da profecia!
Eu creio, como tu,
em Dom Sebastião!
Eu creio, como tu,
no seu regresso! Eu creio!
Já seu perfil de
encanto
Doira de etérea
graça o nevoeiro
Dessa Manhã divina
prometida
Pelo canto do Povo e
dos poetas.”
UM COMENTÁRIO RECEBIDO E UMA RESPOSTA DADA...
Anónimo
deixou um novo comentário na sua mensagem "VIDAS
SUSPENSAS PELA INDIFERENÇA: UM APELO LANCINA...":
Assim como critico os comerciantes, quando acho que se justifica, também os apoio nestas circunstâncias absurdas. Onde está a fiscalização dos trabalhos pela câmara municipal? não é uma obra particular, mas uma obra que todos pagamos. Eu não encontrei foi a tal página (não oficial) da Câmara Municipal de Coimbra e queria ir lá dizer umas coisas. Não podia pôr um link, sr. Luís Fernandes?
***************************************
NOTA
DO EDITOR
Começo
por lhe agradecer o apoio manifestado aos comerciantes da Rua Simões
de Castro. Tenho a certeza que, pelo momento que estão a viver, precisarão de todo o ombro amigo, incluindo do Papa Francisco e,
quiçá, até um milagrezinho dos Pastorinhos também vinha a
calhar.
Quanto
ao link da Página da Câmara Municipal de Coimbra (Não Oficial), no
Facebook, aqui fica indicado:
https://www.facebook.com/groups/223163873466/
Há
um senão: o caro amigo para poder comentar, primeiro, terá de pedir
para ser admitido, identificando-se e, aqui é que a porca torce o
rabo, com foto de rosto descoberto. É uma norma da administração
-lembro que este site é de iniciativa privada cujo único propósito
é servir de ponte entre o cidadão e a autarquia. Logo a abrir
diz o seguinte:
“Caríssimos
membros:
É
nossa política de administração que a admissão de simpatizantes
obedeça a um mínimo de requisitos, nomeadamente, os mais
importantes, o respeito pela opinião e a identificação com nome e
foto real. Comentar, tomar partido, discutir implica vinculação ao
princípio da seriedade. O seu a seu dono. Como quem diz, a
responsabilidade cidadã a quem estiver à altura e a merecer. Muito
obrigado.”
**********************************
Obrigado, sr. Luís. Eu não tenho dificuldade em meter fotografias no facebook, não deve ser difícil. Tenho é pena que uma página de discussão sobre problemas da cidade seja um grupo fechado, sem que os cidadãos, por exemplo, lá vão ver simplesmente quais os problemas, ver o que se passa na sua cidade, etc, mesmo que não queiram comentar. Acho que nunca vi. Mas pronto.
**********************************
Anónimo
deixou um novo comentário na sua mensagem "UM
COMENTÁRIO RECEBIDO E UMA RESPOSTA DADA...":
Obrigado, sr. Luís. Eu não tenho dificuldade em meter fotografias no facebook, não deve ser difícil. Tenho é pena que uma página de discussão sobre problemas da cidade seja um grupo fechado, sem que os cidadãos, por exemplo, lá vão ver simplesmente quais os problemas, ver o que se passa na sua cidade, etc, mesmo que não queiram comentar. Acho que nunca vi. Mas pronto.
********************************************
RESPOSTA
DO EDITOR
Muito
obrigado pelo comentário. É assim, vamos aos factos: o site da
Câmara Municipal de Coimbra (Não Oficial) foi criado no Facebook há
cerca de dois anos por Gonçalo S. Gunty, que creio ser professor
universitário. Apesar de não o conhecer pessoalmente, há cerca de
um ano, “nomeou-me” co-administrador da página.
Aceitando, gostei da gentileza e, sobretudo, prova de confiança, da
sua parte, numa pessoa que não conhece minimamente. Tento
desempenhar a minha função de co-moderador com seriedade e,
sobretudo, tentando ser justo, equidistante e respeitador de todos os
credos, ideologias ou outras quaisquer convicções, desde que,
todos, sejamos tratados de igual modo. Isto é, sem abusar do meu
direito -quero dizer, sem nunca me esquecer que a página não foi
criada por mim e que, por isso mesmo, em caso de dúvida sobre
qualquer matéria em apreciação, é Gunty que resolve. Pelo que me
é dado perceber, este é também o seu modo de estar na vida.
Respondendo
agora às questões que levanta, escrevendo de fora -já que não fui
eu o responsável pela criação da página-, dá-me a parecer que na
sua génese esteve a intenção de criar um fórum de discussão
sobre assuntos de e para a cidade.
Dá-me a parecer que o
sucesso deste sítio ultrapassou tudo o que era concebível
inicialmente por Gonçalo Gunty -daí, penso, "nomear-me" como
ajudante-moderador.
A página actualmente tem
4261 membros. Diariamente chegam pedidos de inscrição.
Tentando
dar resposta à sua questão de ser um grupo fechado, tenho de
declarar que concordo completamente com a política seguida. Se assim
não fosse, estou em crer, seria uma rebaldaria onde cada um,
a coberto do anonimato, injectava veneno ao desbarato e em quem não
gostasse. Repare que sendo um grupo fechado é, ao mesmo tempo, um
espaço aberto a todos, independentemente da sua formação ou
posição social, quantos quiserem aderir. A única formalidade
exigida é que cada um se inscreva, identificando-se com nome próprio
e foto de rosto real.
Aqui
não se censura quem quer que seja, ou qualquer assunto considerado
de direita, centro, esquerda. Qualquer argumento é válido desde que
fundamentado e, acima de tudo, não se ofenda deliberadamente o
visado. É por isto mesmo que o grupo é fechado, precisamente para
poder fazer a triagem.
Há
uma ressalva que, embora não a aponte, devo salientar, que é a
publicidade. Sei que é um assunto que preocupa S. Gunty e que já
tem gerado alguma controvérsia por parte de alguns membros. Aqui
escrevo em nome próprio, estou em crer que se os seguidores inscritos
aproveitam este espaço semi-público é porque acreditam que é
visionado por muitos. Se o contrário acontecesse, como é óbvio, não haveria
aqui pedidos de publicação. Na parte que me toca, desde que a
publicitação seja de âmbito geral, cultural, social, económica,
política, concelhia ou distrital, e desde que não se abuse em
postar o mesmo anúncio várias vezes na mesma semana, insiro. Entendo que é uma forma de ajudar a divulgar a cidade.
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