quinta-feira, 28 de maio de 2015

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "UMA PÉROLA DE TEXTO":


35 aninhos de vida?... Nota-se bem. Precisava de ter pelo menos 61, como eu, para ter algum conhecimento vivido do que era antes, do que era a miséria e a falta de condições básicas de vida. Deixe-se dizer-lhe, já agora, que não acredito em metade do que ele diz sobre o meio em que cresceu. Desculpe o desabafo, mas as minhas raízes estão numa pobríssima aldeia da Gândara e fico sempre um bocado zangado com esse tipo de jeremiada arrogante de alguma juventude atual, com esse toque moralista. “E agora o que temos nós”, pergunta ele? Sem comentários.
Nunca aqui comentei, mas leio-o sempre com muito gosto e admiro a sua luta por uma cidade melhor, sobretudo a Baixa, agora tão abandonada. Mas deixe-me dizer-lhe uma coisa: eu cresci na rua da Moeda e não tenho grandes saudades desse passado, da miséria que havia naqueles pardieiros, dos miseráveis asilos de velhos, dos Meninos do Gaiato pela rua, de tanta coisa que eu recordo amargurado. Que deitem abaixo o que é de deitar abaixo e que conservem o que se pode conservar; que dêem nova vida à Baixa, com habitação, gente nova, animação e bom comércio, é o que eu desejo.
Obrigado pela atenção.

Rui Felício

2 comentários:

Anónimo disse...

Um novo comentário? Mas eu disse-lhe que foi a primeira vez que comentei. Não entendi e teria preferido que me respondesse diretamente, concordando, ou discordando. Também não entendi que me tivesse chamado anónimo, quando eu coloquei o nome. Obviamente, não julguei que tivesse também de colocar morada e numero de cartão de cidadão. Continuarei a lê-lo, mas sempre lhe digo que é estranha a forma como se relaciona com os seus leitores e por isso, não voltarei a comentá-lo.

Rui Felício

LUIS FERNANDES disse...

RESPOSTA DO EDITOR

Vamos lá por partes, senhor Rui Felício. Vamos lá ver se eu não perco um cliente diário na leitura. Aceite primeiro a minha argumentação e depois decida sobre o que fazer, mas, por amor de Deus, não me abandone. Então vamos lá às minhas explicações:
Primeiro, eu postei o seu comentário conforme o recebi -salvo umas aspas que inseri. O facto de aparecer como anónimo no cabeçalho deve-se a si, porque não indicou o seu endereço electrónico. Você colocou o nome no fim do comentário e, como vê, lá está. Não me acuse de exercer censura e alterar conteúdos. Aqui na casa respeitam-se todos os credos, ideologias e tendências. Somos muito melhores do que parecemos.
Quanto ao “ser estranho a minha forma de me relacionar com os leitores”, meu caro, indique-me outra forma para eu substituir esta. Tomara eu poder relacionar-me melhor, sobretudo, com a clientela feminina mas, ao que parece, como sou velho e feio, não me liga. O que hei-de fazer, amigo Felício? Matar-me? Ora, ora! Os funerais estão caros e os meus restos mortais só vão envenenar a terra. Mas tome atenção, qualquer comentário recebido –desde que só me chame filho da mãe- insiro-o sempre e mais: ainda o dou à estampa na primeira página. O que devo fazer mais? Oferecer um lanchito? Dar um fim-de-semana num local paradisíaco próximo de nós e acompanhado com uma boa garota? Ora, ora! Nem para mim tenho! Aviso já que não posso. Juro que não tenho mesmo possibilidades. O pessoal cá da redacção está todo com ordenados em atraso. Para meu desgosto profundo, que nunca recuperei, tive de dispensar a Etelvina, a telefonista para todo o serviço. Mas o pior, o pior, amigo Felício, foi a separação da Rosete, “Sempre em cima”. Por este despedimento, para além de uma depressão crónica, ganhei um resfriamento que nunca mais fui o mesmo. É duro a vida dos tesos, amigo Felício. Mesmo assim, a catar os bolsos já rotos de tanta arranhadela, ainda lhe pago um cafezinho. Mas não deixe de ler os meus disparates. Abraço.