sábado, 30 de agosto de 2014

PENSAR POR UM MOMENTO: EM MEMÓRIA DE DUAS MARIA FERNANDES

maria+fernandes+haz+mat+situation+elizabeth+nj+copy



Por coincidência o nome desta mulher, enquanto caminhou entre nós, foi o mesmo que a minha mãe também utilizou em vida: Maria Fernandes. Também, tal como a minha progenitora, trabalhou incansavelmente até morrer. Mas há uma diferença abissal, a minha mãe morreu de velhice, há cerca de dois anos e com cerca de 80 anos, e esta outra Maria Fernandes faleceu agora, em New Jersey, EUA, com apenas 32 anos, intoxicada dentro de um carro porque, pela necessidade e numa longa correria de azáfama, era uma espécie de serviçal de utilizar e deitar fora e, com todo respeito, tal como entregador de pizzas. Leia aqui a história desta escrava dos novos tempos.
É preciso parar e pensar que tipo de sociedade estamos a (des)construir. O trabalho, enquanto meio nobre e legítimo de rendimento social e pago proporcionalmente ao esforço despendido, está a perder a dignidade e a entrar no pior do “laissez faire, laissez passez”. Por outras palavras, enquanto prestadores de serviços, que somos todos, estamos transformados em prostitutas, desconsiderados, maltratados, fodidos e mal pagos. Ainda que custe a dar a mão, é melhor voltar a ler O Capital, de Karl Marx. Quer queiramos ou não, estamos a regredir e a andar para trás. Como num esclavagismo crescente, estamos a voltar a meados do século XIX, por volta de 1850. É preciso tomar atenção que enquanto anéis de um longo cadeado –porque estamos encadeados uns nos outros-, mais tarde ou mais cedo, sejamos assalariados ou independentes, e sem que o possamos evitar –ou podemos?- esta nuvem negra que varre a Europa -e o mundo- vai entrar nas nossas vidas. Em memória desta Maria Fernandes –pela recordação da minha mãe- pensemos por um momento para onde caminhamos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Veja Olavo de Carvalho