sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A ESCULTURA IMAGINÁRIA

Nos últimos dias os leitores de Jornais, desde o “Diário de Coimbra”, “As Beiras”, o “Público” e outros diários, têm sido matraqueados com a “Escultura” de Cabrita Reis para aqui, “Escultura” para ali. Para melhor se entender lembro que esta “obra de arte “ foi colocada, em Coimbra, num pequeno largo paralelo ao Pátio da Inquisição, em Dezembro de 2003 ao abrigo da “ Coimbra Capital da Cultura”. Saliento, para melhor objectividade, que esta obra de Cabrita Reis representou Portugal na 50ª Bienal de Veneza.
Seguidamente, sem ironia, perguntaria ao leitor se conhece esta “escultura “. Como presumirei que não, vou tentar descrevê-la. Trata-se de uma estrutura em alumínio anodizado, penso, dividido em barras, em forma de cubículos, com cerca de cinco metros de altura, com várias armaduras de lâmpadas fluorescentes, ainda, fixas. Reza a história desta “ obra de arte” que aquando da inauguração, em Dezembro de 2003, teria cerca de 30 portas, que hoje, passados mais de três anos, desapareceram, ou pelo menos não estão acopladas à estrutura. Aconselho o leitor a visitar esta “obra”. Palavra que gostava de saber a sua opinião. Bem sei o que está a pensar: que a arte é a expressão de um ideal estético através de uma actividade criativa. E aqui, eu, que fiz um tremendo esforço para entender a sua resposta, fiquei na mesma. Pode você explicar-me o que é um ideal estético? E uma actividade criativa? Ai não sabe? Não pode saber por não existirem padrões objectivos, apenas uma elevada subjectividade individual? Está a referir-se à abstracção da arte? A imanente interrogação que, saindo de dentro do seu ser, procura suscitar sentimentos estéticos pelo jogo (imaginário) das formas, texturas ou cores? Isso quer dizer, desculpe insistir, que o famoso quadro branco, a sátira da arte, lhe assenta que nem uma luva? Ai não? Você não se deixa levar nessas rasteiras? Então, depois de ter visitado a “ escultura “ no Pátio da Inquisição, responda-me com sinceridade: se visse aquele emaranhado de barras de alumínio abandonado num qualquer campo deserto, você levaria “aquilo” para o seu jardim? Ai não levava? Então pode admitir que “aquilo “ é uma fraude à arte? Não sabe o que dizer? Nem eu!
Bom, mas vamos por partes, mesmo sendo quase impossível definir um conceito de obra de arte, uma coisa estaremos de acordo: uma obra artística tem de fazer algum sentido, quer estético, metafísico, transcender a realidade, dando-nos a ilusão de uma ou várias realidades –já o dissemos. E a “escultura” de Cabrita Reis diz-nos alguma coisa? Porque é que chama escultura “àquilo”? Ah, porque todos outros chamam? Está bem. Faz sentido! Parece mal não apreciar uma obra de arte daquelas, ainda por cima assinada por Cabrita Reis. Pois é, podem pensar que você é um mastronço insensível que nem sabe apreciar uma obra de arte de…Cabrita Reis. E quem é este artista que se chama Cabrita Reis, conhece alguma coisa dele? Ai não? Eu também não. O que sabemos é que “lá fora” dizem, que uns dizem, que outros dizem, que ele é um grande artista.
Olhe lá, seu intelectual da piolheira, contribua para a limpeza visual e para a dignificação de um espaço histórico, se por acaso encontrar o presidente da Câmara Municipal de Coimbra diga-lhe que mande lá retirar aquela porcaria do pátio da Inquisição, que só está a desfigurar os arcos em pedra quinhentista. Diga-lhe que aquilo é um aborto. Ora, se tivesse dez semanas de gestação era possível fazê-lo sem penalização, neste caso, como tem três anos, se preciso for penalize-se mas destrua-se o monstro. Mesmo indo contra as normas do Código do Direito de Autor, não se entre em acções substitutivas pelo criador de tal aborto. Pelo amor à arte…tenham dó!

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