(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Na
penúltima edição do semanário Campeão das Províncias, na
primeira página, podia ler-se o título: “É polémica a
substituição de IPSS por uma empresa na Unidade de Saúde de
Coimbra”. O desenvolvimento prosseguia na segunda e
terceira páginas. Em subtitulo vincado a preto podia ler-se: “No
princípio era o GES e Victor Camarneiro”. No
prosseguimento da crónica o nome de Camarneiro apareceu uma única
vez a finalizar um parágrafo. Era assim: “A parceira da
Demagre, de que foram sócios dois gestores da Trancone (TCN), era a
instituição particular de solidariedade social Associação de
Fernão Mendes Pinto (AFMP), então presidida por Vitor Camarneiro”.
Este procedimento -a meu
ver, algo anómalo- deu origem a uma carta do visado de impressionar
o mais sensível. Sem querer mostrar qualquer sentimento de
superioridade moral, tenho para mim que Victor Camarneiro ao usar do
seu direito de defesa, eventualmente e alegadamente, terá carradas de
razão. Um jornal, seja diário, seja semanário, seja local ou
nacional, tem uma obrigação dupla: tratar todos os assuntos com
independência e mostrar imparcialidade aos seus leitores. Eu sou
leitor do semanário Campeão das Províncias. Enquanto companheiro
semanal não gostei de ler a súplica de Camarneiro a solicitar aos
órgãos do jornal um respeito merecido e que não lhe foi atribuído
na crónica. Qualquer um de nós hoje pode estar bem e amanhã não
se sabe. Seja lá quem for, hoje pode ser bestial e amanhã uma
grande besta. Seja o tratamento do primeiro caso, em que é
idolatrado, seja no segundo, em que passa a pior que asno social, os
órgãos de informação, enquanto veículos de construção da honra
e da desonra, têm uma responsabilidade acrescida. Quem escreve detém
um poder muito acima do vulgar cidadão e por isso mesmo -tenho quase
a certeza de que não foi o caso- não pode ser tomado de espírito
justicialista ou legalista. Para julgar existem os tribunais e até
estes órgãos de soberania, que exercem o seu poder de absolver ou
punir em nome do povo, não podem cair em radicalismos societários,
sob a consequência de desvirtuar a justiça.
Por outro lado, ainda, há
um princípio aplicado a todas as religiões e boas regras
societárias: não se bate em quem está no chão. Se não é
possível estender-se-lhe a mão para o soerguer, no mínimo,
vira-se-lhe as costas.
Admito
que fosse um erro do jornalista, ou da redação, mas a ser assim,
pelo exagero do subtítulo, o jornal, mesmo depois de publicar a
carta de esclarecimento, deve um pedido de desculpas formal ao visado
em edição subsequente.
Como
ressalva, para que não se pense que faço este reparo sobre qualquer
ponto de vista de interesse, sobre palavra de honra, não conheço,
nem nunca vi mais gordo, Victor Camarneiro.
Deixo extractos da carta
publicada na última edição do Campeão das Províncias:
“DIREITO
DE RESPOSTA DE VICTOR CAMARNEIRO”
“Disseram-me, e
eu confirmei, que o meu nome é citado na edição de 09 de Março do
“Campeão” a propósito de mais um daqueles escritos do R.A. (Rui
Avelar) sobre a Unidade de Saúde de Coimbra (USC), certamente com o
objectivo de lançar suspeitas sobre o eventual favorecimento
perpetrado pela administradora de insolvência, Ana Rito, à mãe dos
seus netos, simultaneamente psicóloga da USC, e ao seu sócio,
Carlos Magalhães, director clínico da Unidade, há muitos anos, na
empresa que hoje gere e explora aquela entidade, cuja denominação,
Propriarmonia, fiquei agora a conhecer.
(…) Só que,
surpreendentemente ou não (???!!!), como há uns anos atrás quando
fui constituído arguido no então designado processo dos CTT, voltou
o vosso escriba a usar e abusar do meu nome sem alguma vez, antes
como agora, me ter abordado para, no mínimo, conhecer a minha versão
dos factos e dar-me a oportunidade de o esclarecer e me defender.
Aliás, nem sequer depois de eu ter sido absolvido pelo colectivo de
juízes, do Ministério Público não ter recorrido da sentença e da
mesma ter transitado em julgado, jamais o Rui Avelar ou qualquer dos
outros escribas que se apressaram a a comprometer-me publicamente deu
qualquer relevo ao facto ou quis saber das consequências que tão
ignóbil cometimento teve na minha vida e dos meus.
(…) O Dr. Lino
Vinhal, director do “Campeão”, o Rui Avelar, ou quem quer que
seja, por um momento que fosse, pensaram alguma vez em mim, no que me
aconteceu e à minha família, e imaginaram em que situação fiquei
no meio de tudo isto? Acusado pelo Ministério Público, constituído
arguido, declarado insolvente por manigância de uma administradora
de insolvência; contudo, absolvido, mas falido e desacreditado
depois de uma vida repleta de feitos em prol dos outros e da
comunidade em geral. Por acaso reflectiram, um minuto que fosse, como
é que alguém depois de tudo isto ainda se consegue erguer sem
deprimir, embebedar ou drogar?
(…) Decerto que
nunca o fizeram porque o vosso ofício não é esse. O vosso ofício
é outro. Bajular poderosos de forma acrítica e interesseira e
amesquinhar quem se torna alvo fácil da vossa lamentável e
vingativa escrita. Se não dizei-me que “merda” de subtítulo é
este de “no princípio era o Ges e Victor Camarneiro”? -Falta de
imaginação? Incompetência? Encomenda? Querem o meu sangue?
Continuar a espezinhar-me porquê? Quem vo-lo encomendou?
(…) Estejam
descansados comigo, vivo num T2 arrendado, estou divorciado há seis
anos, os meus filhos mais velhos encontram-se fora do país, não
possuo sequer conta bancária nem cartões de espécie alguma, nem
carros, casas ou seja lá o que for! Trabalho por conta de outrem;
(…) Pode dormir
tranquilo e deixar-me em paz, Sr. Dr. Lino Vinhal. Podes tu também
deixar-me em paz, Rui Avelar. (...)”
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