quinta-feira, 12 de setembro de 2013

UMA VIAGEM À TVI (2)



 Em contacto prévio com uma jornalista da TVI, ficou acordado que todas as despesas feitas na viagem seriam ressarcidas em Lisboa, na sede, em Queluz. Para isso seria necessário apresentar lá os correspondentes recibos com o NIF, Número de Identificação Fiscal, da empresa –neste caso uma subcontratada  na produção do programa de Fátima Lopes, “A Tarde é sua”. Então, logo em Coimbra, surgiu o primeiro problema. Na estação de Coimbra B solicitei 6 bilhetes de ida e volta e o correspondente recibo da compra. Resposta da funcionária da CP: “o bilhete serve de factura!”. Expliquei à senhora de que sendo os títulos de ida e volta não os poderia deixar em Lisboa para a empresa Coral –a responsável da TVI- me devolver a verba, que não era tão pouca quanto isso: cerca de 200 euros. Mas a empregada da bilheteira é que não ia na minha argumentação. “Eles que tirem fotocópias em Lisboa”, argumentava. E, como pregador a espalhar o Evangelho aos peixes, eu lá lhe ia dizendo que não poderia ser assim: as fotocópias não são aceites como prova fiscal de pagamento –a não ser que sejam autenticadas, acrescento agora. Lá do alto da sua insensibilidade a vendedeira de bilhetes parecia adivinhar que se eu fosse bom em réplica hoje já seria advogado. Se andei pela Faculdade de Direito, e os professores me mandaram dar uma volta ao bilhar grande –ou que fosse dar música para outro lado, para a rua, por exemplo-, é óbvio, que eles viram logo que estavam perante uma besta… quadrada, porque em círculo, penso eu, andarão muitos por lá. Como é que ela teria adivinhado o meu calcanhar de Aquiles? Interrogava-me em solilóquio, pensando baixinho com meus botões. Será que, pela força da experiência, se teria tornado vidente? Mas eu posso mesmo ser cavalgadura, lá isso posso, mas sou também muito teimoso. E insistia: mas, minha senhora, é uma questão de bom senso, se eu preciso de trazer os bilhetes na volta é lógico que não os poderei deixar em Lisboa. E a vendedora do guichet replicava: “já lhe disse que é assim!”. E eu continuava a insistir: a senhora não quer apresentar o caso ao chefe? É que se não me resolve esta questão, para mim aparentemente clara, vou ter de lhe pedir o Livro de Reclamações e plasmar lá a minha dificuldade. E como do outro lado nada vinha em alternativa, lá inscrevi o meu protesto no instrumento disponibilizado.
Chegámos à sede da TVI, em Queluz de Baixo, e, quando me foi requerida as provas de despesa das deslocações, incluindo o táxi, lá contei da dificuldade em obter uma factura da CP. Argumentou a assistente daquela estação de televisão: “não passaram factura? Mas olhe que costumam passar. Tudo depende do funcionário. Umas vezes passam outras vezes não. Mas não importa, o senhor leva os bilhetes de volta para Coimbra, depois faz o seu retorno e nós enviamos-lhe a verba correspondente”. Alto e para o baile! Argui. Isso não. São mais de 250 euros, com a viagem de táxi. Tenho de receber hoje, e, sobre palavra de honra, comprometo-me a fazer o regresso dos bilhetes. “Está bem, não se preocupe, vou falar com o chefe e tudo se resolve”, enfatizou a bonita assistente. A verdade é que antes de entrar para os ensaios de produção já estava a receber tudo em “cash”. Bom serviço da empresa associada à TVI, pensei cá com a minha camisa.
E, por volta das 16h30, lá entrámos para a edição em directo. Falámos antes com a Fátima Lopes, que fez questão de nos cumprimentar a todos, um por um, e verifiquei que esta mulher é um amor em simpatia. Com uma simplicidade contagiante não admira que tenha tantos fãs no Facebook. Gostei muito de a conhecer. Penso que, na sua forma de trato, desmistifica muito a ideia estereotipada que fazemos das apresentadoras de televisão. Se cada um de nós é um embaixador da sua profissão, da sua rua, do seu bairro, da sua cidade, do seu País, Fátima Lopes representa bem a sua classe.
A entrevista, a todos os membros, músicos de rua, correu muito bem. Já a actuação ao vivo nem por isso. Estávamos todos a tocar muito bem o trecho “Amor Cortado” quando de repente, salvo erro, o realizador faz sinal ao público presente no estúdio para bater palmas. Foi uma bomba de ruído que caiu no meio de nós. O bater de mãos, sem orientação de ritmo, abafou completamente os desempenhos de cada um e deixámos de nos ouvir no palco. Passámos a tocar com fé em outra Fátima, a Nossa Senhora. E, em complemento, rogávamos a todos os santos que acabasse depressa. Pensava para mim que aquela mostra ao vivo tinha acabado em desgraça –afinal, depois de visionar a posteriori até deu para safar a coisa. Ainda apanhei Fátima Lopes de saída e, desabafando da minha constatação, contei-lhe de que não devem misturar palmas do público quando se toca ao vivo. Caso não seja assim redunda em desaire. Replicou a apresentadora: “ai sim? Não sabia. Ainda bem que me diz, vou apresentar este caso na próxima reunião”. Chau, Faty, até à próxima. Foi um gosto.

Sem comentários: