quinta-feira, 26 de setembro de 2013

EDITORIAL: A CAMPANHA DO VALE TUDO


 O candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara Municipal de Coimbra Manuel Machado, juntamente com a sua comitiva, andou hoje, durante a manhã, a distribuir rosas nas lojas da Baixa da cidade.
Sabendo-se o estado económico-financeiro da maioria dos comerciantes, muitos deles, em que me incluo, que, para além de não ganharem para as despesas diárias de água e luz, já não têm dinheiro para comer, pergunta-se: o que é isto?
Apesar de ninguém falar do que está acontecer aos lojistas, nem os interessados sofredores, que preferem morrer em silêncio do que denunciarem esta tragédia social, nem outros que se apercebem e fazem que não vêem, este é o estado real da Baixa. Pergunto-me muitas vezes onde está a coragem destes profissionais que preferem fugir, com o rabo entre as pernas, a darem a cara pelo que lhes está acontecer. Interrogo-me diariamente como, com esta apatia e entorpecimento social, se há-de mudar o País? O interessante, sem interesse nenhum, é que todos, no diz-que-disse, defendem uma mudança neste sistema político que, como nuvem tóxica, está a matar toda uma classe profissional. No entanto, como árvores fustigadas por vendaval, cai um, cai outro e, num continuum que se transformou em rotina de andróides, ninguém se importa ou parece dar importância. Cada um, à sua maneira, olha para este claudicar do vizinho com alguma comiseração e sempre a pensar que, nos intervalos dos pingos de chuva, se vai safar. O resultado, nos últimos dois anos, é uma verdadeira catástrofe social. Num silêncio incomodativo, assiste-se a um paulatino desaparecimento à míngua.
Voltando à distribuição de rosas pelo candidato do PS, numa altura em que, como manto negro que se abateu sobre esta zona, a miséria assentou arraiais no Centro Histórico, é uma ofensa esta distribuição despesista. Sabendo todos que uma rosa é mais cara do que uma sopa, porque não ofereceu ele uma tijela com caldo e uma côdea aos comerciantes?
O mínimo, o que se esperava deste concursante à cadeira do poder da Praça 8 de Maio era contenção orçamental numa época de crise económica como a que estamos a viver. Até porque o que se aguardava deste candidato é que marcasse a diferença entre ele e o seu principal opositor, Barbosa de Melo, que, nos últimos dois meses, mais não tem feito do que anunciar obras pela cidade e suas freguesias. Bem se sabe que um e outro casos são intrinsecamente diferentes. Um, enquanto locatário a ocupar um cargo de representatividade colectiva, tendo obrigação de ser poupado, coibido nas verbas públicas que lhe são confiadas, endivida a autarquia para o futuro. Seja ele ou outro, quem vier depois que pague a factura. Nem que para isso se continue a aumentar taxas municipais sobre quem já nem dinheiro para se alimentar consegue. Outro, este de Manuel Machado, sabe-se que as verbas gastas com rosas ou são pagas pelo partido –e aqui já entram dinheiros públicos- ou pelos apoiantes ou pelo candidato. De qualquer modo, um cidadão, como eu, questiona-se como é possível continuar este forrobodó que indigna qualquer um mais atento.
Aliás, até vou mais longe, se o País está na indigência, se as autarquias estão assoberbadas em dívidas, o que faz mover tantos candidatos na sua direcção? Será apenas pela intenção de fazer melhor? Como cidadão que pensa nestas questões e minimamente informado lamento dizer: DUVIDO. Num cepticismo, num pessimismo que se me colou como uma máscara e que me transformou num tipo azedo e de maus modos, não acredito nos candidatos. Apesar disso, com um grande nó na garganta e sabendo que não remediarei nada, não me escusarei à participação de sufrágio. Vou votar no próximo domingo. E mesmo sabendo antecipadamente que tudo vai continuar igual, acredite-se, não votarei em branco.


2 comentários:

Anónimo disse...

Tenho pena que não tenha comentado o forró efectuado pela CDU na Praça 8 de Maio.
Admito que não tenha sabido.
Quanto teria custado a vinda do Vitorino e todo o aparato?
Talvez mais do que uma rosa.
Ai já não interessa o problema dos comerciantes.
E o PSD ou seja a Coligação ?
Procure ser isento.
Concordo consigo ao escrever que vai votar. Dever vivico.

Anónimo disse...

o vitorino ,como homem de esquerda,até talvez tenha vindo à borla...não acha...?