quarta-feira, 4 de setembro de 2013

E PARA REVITALIZAR A BAIXA NÃO VAI NADA?




 Encerrou esta semana uma das lojas da marca Capicua, mais concretamente na Rua Ferreira Borges. Para complementar, gostava de lembrar que nesta loja de roupas, agora extinta, funcionou, neste mesmo espaço, o Café Arcádia –para quem não souber este café, encerrado em 1992, salvo erro, foi um dos mais importantes ícones de revitalização da Baixa coimbrã. Conheci muito bem este estabelecimento e dou-me bem com o seu antigo dono e também proprietário do edifício: José Maria Cerveira. Foi neste desaparecido espaço de memória e de tertúlias que Adolfo Rocha, mais conhecido como Miguel Torga, teria escrito muitas das suas obras. Relembro também que este poeta e escritor era amicíssimo de José Maria Cerveira e companheiros de grandes caçadas –um dia destes, porque tenho tudo gravado em conversa com José Maria Cerveira escreverei estes momentos marcantes para o antigo gerente do Café Arcádia. Foi um lugar importantíssimo na cidade durante cerca de meio-século. Por insensibilidade camarária, no final do século passado, este fantástico café apagou-se sem um pio, ou grito de revolta. Nessa altura, a meu ver, a edilidade deveria ter tido uma conversa com o meu amigo José Maria no sentido de o fazer ver que o Café Arcádia deveria continuar em actividade na Baixa. Ou seja, tentar sensibilizá-lo para que o arrendamento que se seguisse fosse de café. E até nem seria difícil de obter tal pretensão porque as câmaras municipais têm, e já nessa altura também tinham, um instrumento de defesa de actividades culturais e podem acionar este instrumento jurídico classificando o negócio de relevante interesse municipal –o que, na prática, inviabilizava a mudança para outro ramo diferente, como veio a acontecer aqui.
Ora o que me leva a escrever esta crónica é que o executivo camarário actual deveria, com urgência, falar com o proprietário deste desaparecido café e tentar motivá-lo a reanimar o velho espaço, tal como aconteceu com A Brasileira mesmo ao lado. Claro que a edilidade já não possui os recursos de classificação de interesse municipal, mas, conhecendo como conheço José Maria Cerveira, acredito que tal vontade seria possível.
O que esperam os serviços culturais da cidade para terem uma conversa com o José Maria do Arcádia, como assim era conhecido nas décadas do século passado?

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