sexta-feira, 30 de novembro de 2012

UM CONVITE IRRECUSÁVEL

(Imagem da Web)

 Vou começar por dizer que este convite do senhor director da revista C, Adão Mendes, sobre o lema "se eu mandasse", veio mesmo a propósito. Ainda ninguém sabe, mas tenho andado a matutar em apresentar a minha candidatura independente à Câmara Municipal de Coimbra. Vamos lá ver, não é que tenha qualquer dificuldade em divulgar o programa, o problema maior será escolher os meus apoiantes de peso. Até estou a ver, quando anunciar o meu propósito, vão atropelar-se para serem os primeiros. Como eu os entendo! Não é todos os dias que aparece um aspirante ao trono assim como eu. Modéstia à parte, com pouca e naturalmente, sou bem-apessoado; bom falador, que só utiliza palavras nossas, portuguesas e não alinha em estrangeirismos de importação; bom vendedor, vendo qualquer ideia, mesmo até que seja péssima. E quanto à honestidade? Ai Nosso Senhor dos Aflitos nos valha, não há ninguém assim. Já se vê, portanto, que a minha concorrência vai abalar a super-estrutura da cidade. Sim, porque eu vou revolucionar tudo. Não brinco em serviço. Vou mostrar a todos que este pessoal da política partidária, ao pé de mim, utilizando analogia animal, é uma pulga, entendendo que serei um elefante, está de ver!
Bem sei que o leitor está a arder de curiosidade para saber o que vou mudar. Peço-lhe alguma contenção nessa ansiedade, que estas coisas de planos futuristas exigem ponderação. Sempre vou adiantando que, aqui na Baixa, tendo em conta a situação do comércio e sobretudo o desânimo que atravessam os becos e vielas, irei tomar uma série de medidas. A primeira, e imediatamente após tomar posse, ordenarei a revitalização das fachadas de todos os edifícios que se encontram decrépitos. O coração da urbe não pode continuar a conviver com estes fantasmas. A seguir vou desonerar os licenciamentos de toldos e publicidade nas lojas comerciais. Estão completamente descaracterizadas sem estes adereços privados, e ambos são essenciais à sua regeneração. Os primeiros, os toldos, protegem os transeuntes das condições climatéricas adversas e os segundos são a identidade e o espírito tradicional. Tenho muito mais ideias para agitar as águas do Mondego, mas vamos com calma, sim?

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