Começo por me apresentar,
espero que não me levem a mal,
estou na Praça, em pedestal, vou contar,
tudo o que daqui vejo; sou o Pai Natal;
Em projecto, fui criado pela ARCA,
pensado pelo Condomínio da Baixa,
prometeu pagar o Góis, diz o Gaspar, em ressaca,
“Eu?” Diz o Góis, “nem pensar”, arreganhando a tacha,
“sei que sou o homem da Caixa, mas dos pobres sem casaca,
não sou a Caixa Geral de Depósitos, que empresta com taxa”;
Sou um Pai Natal gigante, na minha sacola tenho lembranças,
tenho uma para o Encarnação, com laço e dentro duma lata,
embrulhada, em seda, cor de laranja, com afiadas lanças,
é uma carta de demissão deste, para oferecer ao Pina Prata;
Tenho outra prenda para o Mário Nunes, vereador da cultura,
é um disco de folclore, em vinil, com mensagem teatral,
os grupos de teatro da cidade dedicam-lha em rotura,
“Que vá para o Alasca, fique por lá, depois do Natal”;
Tenho outra, embrulhada, para o vereador Gouveia Monteiro,
vem da associação de Moradores do Ingote, são coisas sortidas,
tem o preço marcado, cinco euros, com pregão corriqueiro:
“Comprem, comprem, é barato, tem dois pesos e duas medidas”;
Rebusco no saco, tenho uma para o Castanheira Barros,
é uma chaminé, vem do Partido Social Democrata, vai ficar contente,
tem uma mensagem escrita: continua que em 2050 serás presidente;
Tenho outra para Sócrates, foi eleito, em Coimbra a personalidade do ano,
destronou Luís de Matos, na magia, deu cartas na levitação,
transmutou daqui serviços, ministérios, mandou tudo para o catano,
foi o novo Merlin da Europa, do moderno simplex, da globalização.
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