terça-feira, 9 de outubro de 2018

EDITORIAL: A OPOSIÇÃO NÃO ESTEVE BEM A DEFENDER O FUTURO DA BAIXA

Resultado de imagem para oposição chumba residência para estudantes na rua do brasil, em coimbra
(Imagem do Notícias de Coimbra)







É por estas e por outras que, visando a alternância
do poder, a esperança num amanhã melhor cada vez
se perde mais no horizonte.

Segundo os jornais diários de hoje, ontem na reunião do executivo municipal, a oposição chumbou residência para estudantes na Rua do Brasil, no antigo edifício da EDP, ao fundo do Parque Dr. Manuel Braga.
Citando o Diário as Beiras, “Seis vereadores do executivo municipal de Coimbra chumbaram ontem o projecto de loteamento que previa a instalação de uma residência de estudantes ao início da rua do Brasil. A proposta apresentada pela empresa WPC Coimbra Unipessoal, LDA, indicava que, no antigo edifício da EDP, iriam surgir 349 unidades para alugar a estudantes universitários. O investimento previsto era de 20 milhões de euros e seriam repartidos por um fundo norte-americano e um fundo espanhol.
O motivo da discórdia prendeu-se com a proposta apresentada pelos serviços da autarquia e que dispensava o promotor do cumprimento de dotação de estacionamento. A existência, nas imediações de dois parques de estacionamento públicos foi uma das razões invocadas para a apresentação desta proposta (…). (…) O desaconselhamento do município para a criação de lugares de estacionamento ao longo do lote com frente para a via pública; o tipo de utilização pretendida (residência de estudantes) e a sensibilização que este tipo de equipamento teria para que os estudantes usassem transportes públicos são outras das referências dos serviços da autarquia e que foram, amplamente, explicadas por Sidónio Simões” (engenheiro do Gabinete para o Centro Histórico).
Sem pretender retirar competência à oposição, que com outra análise baseada em dados pode comprovar os factos e chumbou em bloco o projecto, tendo em conta a necessidade de alojamento de luxo para estudantes na cidade e acima de tudo a vinda de mais residentes para a Baixa com algum poder económico, não me parece que estivesse muito bem. Mesmo argumentando que o seu veto teve em conta somente a defesa do interesse dos munícipes. Sobretudo invocando a construção de estacionamento quando, em frente, estão dois parques públicos a pagar.
Podem a coligação Mais Coimbra, a CDU e o movimento Somos Coimbra argumentarem que o chumbo de uma proposta privada de vinte milhões se deveu à salvaguarda do interesse público mas custa a entender.
Levando em conta que a oposição no hemiciclo tem consciência do estado anémico em que se encontra o Centro Histórico, comercialmente, na hotelaria e desertificação de residentes, às vezes custa a compreender certas tomadas de posição por parte dos eleitos com assento parlamentar.
Só para exemplificar, recordo há cerca de dois anos e meio o voto de Pedro Bingre do Amaral, vereador em representação do movimento Cidadãos por Coimbra, que permitiu a aprovação de mais estacionamento para uma média superfície na margem esquerda na Guarda Inglesa – especialmente quando o discurso do seu agrupamento político era, na altura, a defesa do comércio tradicional. E mais: também em 2013 votou favoravelmente, por unanimidade ao lado dos seus compartes, o Estudo de Impacte Ambiental referente à instalação da nova grande superfície IKEA, no Planalto de Santa Clara, e que iria nascer sobre um terreno onde foram cortados ilegalmente sobreiros cuja lei prescreve a proibição de edificação durante 25 anos. Isto levou-me a escrever uma carta aberta ao vereador Ferreira da Silva. Ainda que justifiquem não convencem.
É por estas e por outras que, visando a alternância do poder, a esperança num amanhã melhor cada vez se perde mais no horizonte.
Afinal, a oposição quer ou não a revitalização da Baixa?




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