quarta-feira, 10 de outubro de 2018

CARTA-RESPOSTA A JOSÉ MANUEL SILVA

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Meu caro Dr. José Manuel Silva.
Começo por lhe agradecer as suas alegações na Página da Câmara Municipal (Não Oficial) em defesa da posição que tomou o seu grupo parlamentar no chumbo do projecto para residência estudantil nas antigas instalações da EDP, ao fundo do Parque Dr. Manuel Braga – e aqui confesso, com toda a sinceridade, a minha enorme admiração pela sua frontalidade, pela humildade em reiterado discurso directo de comunicação escrita, de vir a terreiro arguir e justificar actos do seu mandato de edil.

I

Depois dos elogios vamos às hostilidades. Sem pretender dar lições de ética e filosofia, começo lhe dizer que, mesmo praticando humildade qualquer um pode ser arrogante – eu sou mestre nesta amostra. E, a meu ver neste caso, o caro eleito, enquanto cabeça de lista de um movimento político, parece apresentar-se com alguma superioridade moral. Isto é, como se a oposição, pelo simples facto de o ser, fizesse tudo bem e não devesse ser escrutinada. Como sabe melhor do que eu, à oposição no executivo camarário não lhe chega ser do contra. Ou seja, como se transportasse um estandarte de pureza espiritual iluminado por Deus, tudo o que faça tem cobertura de aprovação na colectividade. Acima de tudo tem de parecer atenta, sobretudo eficiente, ao que se discute nas questões de cidade no hemiciclo. Em tomadas de posição na abstenção, aprovação e chumbo, pelo seu desempenho, tem de convencer os eleitores de que a salvaguarda do interesse público transcende a mera conveniência e ambição partidária de alcançar o poder. Porque é minoritária, e muitas vezes o Estatuto da Oposição não é respeitado, a dificuldade em levar a sua mensagem ao público é duplamente um obstáculo. No entanto, mesmo neste mar encapelado, as regras são como se apresentam e é assim que, se quer constituir alternativa ao poder vigente, terá de se mostrar melhor do que quem ocupa a cadeira municipal.

II

Vamos ser objectivos: o trazer à colação e comparar o caso em apreço com a aprovação da Torre do Arnado e o Túnel da Solum -que, salvo erro, foram aprovados no mandato de Mendes Silva, em finais da década de 1970 – não me parece argumento sério e a levar em conta.
Sejamos claros: se o executivo liderado por Manuel Machado não tem nem mostra ter qualquer estratégia para a recuperação e revitalização da Baixa, a verdade é que, dentro das limitações que enunciei por ser minoritário, também não vejo um plano director para o Centro Histórico no movimento Somos Coimbra (mSC). Não chega escrever que a Baixa, comercial, hoteleira e residencial, é uma preocupação. Quero mais do que isso!
Por exemplo, só para exemplificar: o mSC é a favor ou contra a instalação de mais grandes superfícies na cidade? Gostava de saber. Isto, porque ao ler as declarações em cima fiquei em dúvida. Vou relembrar-lhe o que escreveu:

(…) Ou no investimento em supermercados, de que Coimbra não precisa, como o recente e escandalosamente instalado na Guarda Inglesa?”

E mais em baixo:

(…) Ninguém fala no facto do Partido Socialista estar deliberadamente a bloquear o investimento do IKEA, uma loja âncora que atrairia diariamente milhares de pessoas a Coimbra e à margem esquerda, dinamizando também o comércio local?”

O que pretende o mSC fazer da Baixa? É a favor ou contra a vinda de mais residentes?

III

Num dos comentários refere o seguinte:

O movimento Somos Coimbra sugeriu à Câmara e ao promotor que, se genuinamente pretende investir em Residências de Estudantes, em vez de se fomentar a especulação imobiliária intensiva, com enormes volumetrias, aposte na recuperação de prédios degradados da Baixa para essa mesma finalidade.”

Em que se baseia para classificar este investimento como especulativo? Tem conhecimento de alguma informação que não é pública? Quer fazer o favor de partilhar connosco esse dado?

Estando num sistema de economia de mercado, acredita, por acaso, que algum investidor vai deixar cair um projecto e direccioná-lo para outro objecto só porque é aconselhado por um movimento político com assento no executivo?

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