sábado, 20 de outubro de 2018

A BAIXA COMERCIAL VISTA DA MINHA JANELA





Numa curiosidade digna de registo - e para nos fazer pensar - o
supermercado MiniPreço, junto à Estação Nova, passou a praticar
um horário diário intensivo entre 08 e as 23h00, incluindo Domingos
e feriados.”

Depois de dias grandes, cheios de luz e cor, muito ruído do matraquear no asfalto, cheiros intensos e variados, estamos no Outono. Agora que o fluxo de turismo é menor na cidade, e a língua portuguesa recupera novamente o seu exclusivo papel de charneira, por entre becos e ruelas, como sói dizer-se, entramos na época do defeso. Se é certo que nem sempre foi assim, noutros tempos o Dezembro natalício era o respigo, o recuperar do que não fora colhido, agora, numa dinâmica que se impõe devido a uma concorrência desenfreada, a compra e venda tradicional, numa monotonia de continuidade linear, deixou de contar com fases altas.
A partir deste final de Outubro, até Março, seguir-se-ão cinco meses de penar, de modorra, falta de energia e motivação, e de uma incómoda acalmia para o comércio de rua.
Ainda que, aparentemente, a Baixa continue igual – com muitas e demasiadas lojas encerradas – a verdade é que, sem que demos por isso, aceleradamente a paisagem comercial está a mudar. As lojas mais antigas estão a desaparecer vertiginosamente. A diversidade que caracterizou a zona, com ruas identificativas de sectores económicos, e a que fomos habituados, está a desvanecer-se. No seu lugar surgem sombras nubladas de um passado cheio de história.
Para exemplificar, até há cerca de uma dezena de anos, só a Rua Eduardo Coelho detinha 15 sapatarias – nos nossos dias, nem uma resta nesta via estreita. Em contraste, hoje a Baixa apresenta na sua totalidade 16 negócios dedicados à venda de calçado.
Outro exemplo, espaços comerciais consagrados a ferragens eram mais de uma dúzia. Neste momento, em queda acentuada, só três resistem com muita dificuldade.
Apesar disso, a procura de espaços comerciais para arrendamento, desde que a preços moderados, continua em alta. É facto que são pequenos negócios sem grande investimento inicial e mais dirigido ao turismo. Por outro lado, acarretando-lhes alguma vulnerabilidade, sem grande poder económico e sem experiência. Como se imagina, numa alternância continuada, o seu tempo de vigência não vigorará mais de um ano. Nestes projectos, mormemente dirigidos por jovens, ressalta uma enorme necessidade de trabalhar.
Ao que se diz, mais duas lojas de artigos chineses vão abrir proximamente, uma na Rua do Corvo e outra na Rua da Louça.
Por larga maioria, continua a assistir-se a um cada vez mais reduzido horário semanal por parte dos lojistas. Percebe-se a razão pela desmotivação, mas, mesmo assim, não podemos deixar cair os braços.
Numa curiosidade digna de registo - e para nos fazer pensar - o supermercado MiniPreço, junto à Estação Nova, passou a praticar um horário diário intensivo entre 08 e as 23h00, incluindo Domingos e feriados.

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