Foi hoje, de manhã, sepultado no Cemitério de
Santa Clara o José Vieira. Nosso companheiro diário nestes becos e ruelas até
há poucos anos, enquanto viveu, o Vieira foi uma estrela sempre presente nas
nossas existências. Não deixou marca pela sua importância estatutária, era uma pessoa
humilde, mas era tão solícito que durante décadas fez parte das nossas
rotineiras vidas. Era uma espécie de tarefeiro de todos quantos trabalhavam no
comércio, patrões e empregados.
“Bimbo” de nascimento, com pronúncia do Norte, de voz palheta e
ríspida, teria vindo há muito tempo para Coimbra. Embora não confirmado, dizia-se
que estaria ligado à indústria do calçado e até teria fabricado muitos pares de
tamancos. Quem não o conhecesse bem, perante os seus modos ásperos, poderia ser
tomado do contrário da sua doçura. Pela sua inteira disponibilidade, era
adorado por todos, pelos que ainda por cá se mantém e outros que já se foram.
Se enquanto humanos, e actores deste teatro
que é a vida, desempenhamos sempre um papel, é legítimo que a nossa individual contribuição
e passagem fique registada. Para a família deste nosso amigo que agora partiu,
nesta hora de luto, em nome da Baixa –se posso escrever assim- os nossos
sentidos pêsames e um grande abraço solidário. Até um dia, Vieira.
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