segunda-feira, 30 de maio de 2022

MEALHADA: HOJE HOUVE REUNIÃO DE CÂMARA MUNICIPAL

 

(imagem do jornal online Bairrada Informação)



Quem com ferros mata, com ferros morre.

Se tivesse tido apoio quando fui acusado,

agora, a minha posição seria outra”,

Rui Marqueiro.


Na parede traseira do Salão Nobre da Câmara Municipal, em retrato institucional, Marcelo Rebelo de Sousa, o vigilante da democracia, parecia algo preocupado. Grossas ondas de inquietude na fronte e no rosto pareciam inundar o seu semblante normalmente resplandecente. Paralelamente, a República ao lado, em imagem de terracota, parecia fazer apelos à calma. O que é se passaria de tão anómalo? Interrogava um passarinho no parapeito da janela.

O relógio da Igreja Matriz da Mealhada acabara de bater as nove badaladas. Como se o ambiente estivesse impregnado de ansiedade e todos os presentes cheios de pressa em despejar o que lhes inundava as almas, António Jorge Franco deu início à terceira reunião ordinária deste mês de Maio.

Pegou na palavra Gil Ferreira, o vereador da Cultura, e general Hill no filme “Terra Queimada” recentemente passado entre nós sobre a última invasão napoleónica de 1810/11. Como se dirigisse as tropas contra os franceses usurpadores e saqueadores da dignidade nacional, começou por referir a “baixíssima qualidade de jornalismo”. A “baixa campanha da CMTV é o uso da política rasteira composta por insinuações, com o único objectivo de fragilizar o presidente da Câmara.

E continuou o vereador: “não é preciso ser professor de jornalismo para ver que isto é reles. Aqui há gato! Os indicadores indiciam que o denunciante é um vereador aqui presente: o doutor Rui Marqueiro.

Na parede, Marcelo, como se pretendesse tapar os ouvidos, parecia apelar a Nosso Senhor Jesus Cristo para que a sessão não culminasse em chapada. E Deus, como se estivesse ao seu serviço, fazendo-lhe a vontade, acalmou os ânimos “injectando” serenidade na sala.

A esta acusação sem rede respondeu o ex-presidente da autarquia nos últimos oito anos que não tinha nada a ver com a denúncia feita ao programa televisivo. “o que aconteceu foi eu ter recebido um telefonema de Ana Leal a perguntar se eu conhecia bem o engenheiro António Franco; se sabia onde morava e sabia do facto de ele viver com uma senhora. Respondi que não sabia. A jornalista perguntou se eu conhecia alguém que conhecesse. Indiquei uma pessoa, mas antes perguntei se poderia dar o seu contacto. Eu não tive nada a ver com isto!”

A terminar a sua intervenção, Gil Ferreira propôs à mesa um voto a repudiar a “crónica da semana passada”, como quem diz, tudo o que se passou e serve de mau exemplo para o concelho.

Antes da votação, declararia Marqueiro: “eu voto com silêncio.

Em seguida passou-se à votação e… total unanimidade, todos votaram a favor e contra os ventos gerados na cidade e ampliados pelo canal de cabo.


OUTRAS DECLARAÇÕES PARA CONSTAR EM ACTA


Sobre a bomba de deflagração caída no meio político, disse Franco: (para atestar a verdade) “podem pedir uma certidão à junta de Freguesia de Casal Comba; podem pedir à Escola de Viseu. Isto não se faz a ninguém!

Sónia Leite, vereadora da oposição em representação do PS, disse: “manifesto a minha repugnância com a forma como foi noticiado.”

Luís Tovim, colega de carteira dos vereadores da oposição, enfatizou: “repudio completamente a forma como foi desenvolvida.

Filomena Pinheiro, vice-presidente da edilidade, reafirmou: “número encomendado! Revela uma frieza, mal-estar da pessoa que passou a informação. Tem de ser alguém muito infeliz. Aquilo fragiliza-nos a todos. Espero que um dia estas pessoas paguem pelo que fizeram.”

Hugo Silva, vereador da coligação em apoio à maioria, retorquiu: “está tudo dito. Não tenho nada a acrescentar. Mas a questão humanitária é muito importante. Se preciso for, eu e a minha mulher testemunhamos de que situação marital não se verifica. Temos de estar preparados para tudo!

Rui Marqueiro, de certa maneira contestando o que foi dito, rematou: “se há alguém que sofreu de atentado fui eu! Se alguém foi vítima de barbárie fui eu! Vou trazer aqui a forma como tenho sido tratado.

É muito provável que tenha de abandonar a vida política, pela minha saúde e da minha mulher.

Juro que não vi o programa da CMTV. Apenas recebi, por mensagem, uma notícia da revista Visão.

Quem com ferros mata, com ferros morre. Se tivesse tido apoio quando fui acusado, agora, a minha posição seria outra”, concluiu Rui Marqueiro.

Neste período dedicado ao desabafo, foram apresentados e aprovados dois votos de pesar e de reconhecimento a dois homens que muito contribuíram para o progresso das suas terras, respectivamente, Carlos Cidade, por Coimbra e José Castelo Branco de Moura, ex-autarca da freguesia da Pampilhosa.


E ENTROU O PERÍODO DA ORDEM DO DIA


Sem pontos de agenda que mereçam relevância, depressa se chegou ao fim da convocatória propriamente dita.

Não sem que antes se apanhasse uma outra frase mais irónica de Rui Marqueiro : “eu hoje não estou para me aborrecer. Tenho a tensão alta…

Mas, apesar da velocidade furiosa, ainda se “empancou” no ponto 7, Alteração da Estrutura Orgânica Municipal. (sobre este assunto, escreverei uma outra crónica sobre o que me parece estar na base desta mudança) Estava em causa novas Unidades Orgânicas em substituição da Divisão de Comunicação e da Cultura e Turismo.

Sobre este tema, diria Marqueiro: “extinção da Divisão de Cultura e Turismo?… Trata-se do “assassinato”, entre comas, da Chefe de Divisão. Eu estou contra.

Respondeu ao repto Gil Ferreira: “é redundante ter a Cultura e o Turismo fundidos no mesmo sector. Não entro nesse raciocínio, que é para afastar pessoas.

Disse Franco: “estamos limitados a 15 Divisões. As alterações serão feitas sempre que necessárias. Não serão escolhidas pessoas por simpatias, ou pela cor dos seus olhos, mas sim pela sua competência. A Câmara é de todos, não é de um ou de outro.

Reitera Marqueiro: “a casa faz-se pela estrutura…”

Os senhores estão aqui há sete meses e apresentam agora uma mixoriquice malfeita…”

De aqui a dias faço 70 anos, e já não me comem por tolo. Passei 18 anos na Câmara Municipal, já ninguém me engana…

Marqueiro para Hugo Silva: “o senhor não sabe nada de política autárquica…

Este ponto 7 seria aprovado por maioria, com os votos contra dos três vereadores do PS, e para enviar à Assembleia Municipal para ratificação.

E pronto! Como a descrição já vai longa, desejando as melhoras a todos, ficamos por aqui.

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