sábado, 28 de novembro de 2020

BARRÔ: O PRESÉPIO JÁ ENCANTA

 




Quando bateram as doze badaladas de hoje na torre sineira do santuário de Barrô, pelas mãos hábeis dos membros da comissão zeladora da capela, constituída por Edite Pedro, Luís Santos e António Amorim, coadjuvados pela esposa de António Amorim, a Lucinda, e José Abrantes e a esposa Irene, tal como nos últimos anos, depois de organizarem o presépio, foram ligadas as iluminações natalícias em torno da ermida e no pinheiro, de cerca de seis metros, que foi erigido em honra de todos os moradores da aldeia, para acender a vela da esperança neste período deste ano tão deprimente e incaracterístico.

Dentro da pequena catedral, no altar, São Sebastião, o padroeiro, perante este acto que visa arredar a angústia e a tristeza, pareceu perder o ar de sofrimento e, por momentos, mostrou um sorriso de ciúme.

Em baixo, no átrio, as imagens da família sagrada, fitando o menino Jesus com mil cuidados, não tinham olhos para o que se passava à sua volta. Embora se diga que São José, de rosto enigmático e fechado, mostrava dizer: “bolas, este confinamento e recolher obrigatório veio lixar tudo. Se tivesse mais tempo tinha construído um curral mais acolhedor. Espero que o Menino Jesus não apanhe o maldito vírus”.

Já os três Reis Magos, Gaspar, Belchior e Baltazar, de ar muito compenetrado, aparentavam serenidade. 

O anjo da Anunciação, de asas abertas e a abençoar o momento, numa posição de reflexão, parecia recordar-nos que todo o conjunto da representação da natividade foi oferecido por um bem-feitor. Já os animais, talvez preocupados com a falta de pasto, tratavam de encher a barriga enquanto havia.

O povo, protegendo-se do malefício epidémico nas suas casas, só aos poucos, nos dias que se anunciam para breve, virão ver e apreender a simbologia do Natal, sobretudo deste que sendo tão diferente dá saudade do tradicional.


EM NOME DA RENOVAÇÃO


Ao que se julga saber, 2021 é ano de renovação ou alteração de propositura para novos zeladores dos templos. Conforme é hábito as nomeações são feitas pelo padre da paróquia. Como se sabe, o anterior vigário de Luso, Carlos Godinho, deu lugar ao padre Rudolfo Leite.

Ora, aproveitando o momento da passagem da pasta, o novo presbítero, promovendo a mudança, devia incentivar a remodelação e apresentação de novas listas, que, a nosso ver, deveriam ser compostas apenas por mulheres. As pessoas, a bem do interesse comum e da revitalização dos lugares habitados, por sua livre iniciativa, deveriam dar primazia a outros e não se deixarem eternizar nos lugares.

Salienta-se que esta proposta não visa mostrar qualquer insatisfação perante as comissões que cessam o seu período de vigência. Nada disso. O que está em causa é, com a sua indisponibilidade voluntária de continuarem, mostrarem que estão dispostos a dar lugar a outros, a novas ideias, a novos projectos que conduzam a mais interação entre residentes.

Sejamos crentes ou não, estamos certos, todos estão de acordo que a(s) igreja(s), no seu religare entre humanos e o metafísico, é também a ponte fundamental que liga todos os nativos, independentemente da sua classe.

Precisamos de pessoas de coração aberto ao servir humilde, seja a Deus, seja aos terrenos, que propaguem o bem e o espalhem como folhas ao vento, mas sem beatice. Residentes que, sem interesses pessoais de protagonismo, estejam permanentemente ao serviço da comunidade.

Vale a pena pensar nisto?


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