sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

JAZZ AO CENTRO RESPONDE





Ontem escrevi a crónica Uma esplanada polémica na Baixa(clique em cima para ler). Por, atempadamente, não ter sido possível ouvir a direcção do Jazz ao Centro Clube, hoje recebi a comunicação que se segue –com um agradecimento ao José Miguel, presidente desta colectividade.


Caro Luís,
Em nome da Direcção do Jazz ao Centro Clube, da qual sou Presidente de Direcção, desde Agosto de 2013, gostaria de lhe prestar alguns esclarecimentos que, porventura, poderão elucidá-lo acerca do Jazz ao Centro Clube, nomeadamente, acerca da actividade que esta Associação Cultural desenvolve desde que adquiriu o trespasse do Salão Brazil, em Agosto de 2012.
Creio que o Luís saberá muito sobre a história do JACC, tendo inclusivamente acompanhado os primórdios da sua actividade e, como cidadão informado e atento, como sempre demonstrou ser, acredito que seguirá (pelo menos ao longe) os vários acontecimentos que têm marcado a vida desta Associação.
O meu mail tem apenas o objectivo de lhe dar a conhecer mais pormenores, para que qualquer argumento que seja apresentado na salutar discussão sobre a esplanada ou o papel e importância da actividade do JACC na cidade, haja factos concretos por perto.

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1. O Jazz ao Centro Clube é uma Associação Cultural Sem Fins Lucrativos, nascida em Coimbra, em Abril de 2003, numa altura em que a Cidade acolhia a iniciativa Capital Nacional da Cultura;

2. O processo que conduziu à sua formalização foi encabeçado por Pedro Rocha Santos, entusiasta e principal dinamizador das actividades do Clube, mas foi acompanhado por mais de 3 dezenas de homens e mulheres, sobretudo de Coimbra, mas alguns também de outros pontos do país;

3. Nos primeiros anos de actividade, os apoios do Município de Coimbra foram dirigidos, sobretudo, à produção e programação, por parte do Jazz ao Centro Clube, dos Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra. Estes apoios à produção e programação do Jazz ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra mantiveram-se por parte dos vários Executivos camarários, até 2012.

4. A partir de 2005, o JACC iniciou um processo de expansão da sua actividade, primeiro através da edição da revista jazz.pt, que teve edição impressa de 2005 a 2012, depois com o Portugal Jazz - Festival Itinerante de Jazz (2007-2011), com a editora JACC Records (2010- ), com o XJazz - Ciclo de Jazz das Aldeias do Xisto (2012- ) e numerosas outras parcerias de programação, com entidades muito diversas, de Norte a Sul de Portugal;

5. A partir de 2006, altura em que a Associação já tinha sede na Baixa de Coimbra (no Adro de Baixo, atrás da Igreja de S. Bartolomeu), a Associação começou uma trajectória de profissionalização. Em 2007, altura em que o apoio da Câmara Municipal de cifrava em 30.000,00€, o Jazz ao Centro Clube tinha 3 colaboradores a tempo inteiro e já era apontada uma das Associações mais dinâmicas do País, na área da música. A partir dessa altura e dado o seu trabalho de promoção e divulgação da cultura musical, passou também a gozar (se bem que nem em todos os anos) de apoios pontuais por parte da Direcção Geral das Artes;

6. No biénio de 2011/2012, e apesar do esforço feito na qualificação e dignificação dos seus recursos humanos e das muitas actividades levadas a cabo de Norte a Sul do País, a situação do Clube passou por momentos extremamente complicados, dados os poucos recursos disponíveis;

7. Foi nesse estado de imensa fragilidade, mas de trabalho árduo em várias frentes que, em Agosto de 2012, surgiu a possibilidade de o Jazz ao Centro Clube adquirir o trespasse do Salão Brazil, espaço onde, desde 2006, realizava já diversos concertos parte do programa do festival de jazz, mas não só (de resto, o Luís já tinha dado conta dessa dinâmica noutros textos do seu blogue);

8. Apesar de não ter sido possível obter qualquer tipo de apoio público para a sua aquisição* - pese embora o Executivo Camarário da altura ter reconhecido a importância fundamental do Salão Brazil, enquanto edifício capaz de potenciar a revitalização urbana, em pleno coração da Baixa - a Direcção do JACC avançou para a aquisição do trespasse e respectivos investimentos na adaptação do espaço para que servisse os propósitos de funcionar enquanto espaço cultural de apresentação de música ao vivo. Sem meios próprios, o JACC recorreu à banca e a empréstimos privados, de pessoas próximas do Clube que, desde a primeira hora acreditaram na importância do Salão Brazil para o enriquecimento cultural da cidade de Coimbra e, também, no exemplar do papel que a Cultura e as Artes podem desempenhar na revitalização e dinamização do Centro Histórico;

9. Desta forma, e a custo de um trabalho árduo por parte de vários colaboradores - mais uma vez, encabeçados por Pedro Rocha Santos - em três anos (2012-2015) o Jazz ao Centro Clube reforçou o seu papel como estrutura cultural de enorme relevo na cidade de Coimbra, sobretudo por via da sua participação nas plataformas culturais LINHAS CRUZADAS (com O Teatrão, a Casa da Esquina e o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, no biénio 2013-2014) e na plataforma LINHAS (sem O Teatrão, em funcionamento no biénio 2015/2016);

10. Nos últimos anos, houve um aumento efectivo do financiamento público ao JACC, o que significa que, por exemplo, em 2016, o financiamento público ao programa artístico e educativo do JACC (por parte das Câmaras Municipais de Coimbra, Lousã, Miranda do Corvo, Penela, Vila Nova de Poiares e da Direcção Geral das Artes) representa cerca de 38% do valor global das receitas do JACC. Longe de qualquer subsídio-dependência, os apoios públicos servem para o JACC colocar no terreno mais de 300 atividades por ano e apoiar dezenas de artistas, sobretudo no campo da música;

11. Vale a pena dar alguns exemplos desta atividade, referindo-nos somente ao primeiro trimestre de 2016:
- 34 concertos no Salão Brazil [https://www.facebook.com/Salaobrazil/?ref=hl];
- 11 actividades do seu Serviço Educativo [https://www.facebook.com/ServicoEducativoJACC/];
- 2 lançamento de trabalhos discográficos: Chibanga Groove c/ Brahima Galissa e STAUB 4tet [www.jacc-records.com];
- manutenção e actualização diária da única revista online dedicada ao jazz em Portugal [www.jazz.pt];
- atividades nos Municípios de Miranda do Corvo, Vila Nova de Poiares, Lousã e Penela;

12. Trabalham, hoje em dia, no Jazz ao Centro Clube, 5 colaboradores a tempo inteiro, todos eles profundamente empenhados com a actividade cultural e o seu potencial de transformação das comunidades.

13. O JACC é, apesar do seu estatuto de Associação Cultural Sem Fins Lucrativos, um sujeito passivo de IVA e, somente enquanto detentor de um estabelecimento de restauração e bebidas, paga IRC (tendo obviamente os dois CAES, referentes à actividade não lucrativa e à actividade lucrativa).
* A Câmara Municipal de Coimbra acabou por, ainda no ano de 2012, aprovar um apoio extraordinário à estrutura do Jazz ao Centro Clube, que se cifrou nos 10.000,00€ (dez mil euros), cerca de 8% do investimento global na aquisição do trespasse e nas obras de adaptação do edifício.

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Ao contrário do que é referido no seu post, o edíficio d'A Camponesa não foi adquirido pelo JACC, mas sim por investidores privados. Existe, efectivamente, uma ligação próxima desses investidores ao JACC, fazendo um deles parte dos órgãos sociais da Associação.
O JACC está, hoje como sempre, profundamente empenhado com o destino da comunidade à qual pertence.
No caso concreto da polémica que se está a desenrolar em torno da esplanada, achamos que o debate é positivo e que todos, sem excepção, devem expressar a sua opinião e fazer valer os seus interesses. Nesse aspecto, este processo é exemplar, independentemente do seu desfecho!
Concretamente, a postura do JACC face à implantação da esplanada, é de total respaldo ao projecto, sem perder o sentimento de solidariedade com os vizinhos comerciantes do Largo do Poço que acham que a esplanada lhes poderá ser prejudicial.
A discussão é bem vinda e todos devem dar o seu contributo. 
Pela nossa parte, acreditamos que as diferentes opiniões acabaram por confluir numa opinião consensualizada. Para isso, será necessária mais discussão e que se mostre (como acredito que acontecerá) que a implantação da esplanada trará benefícios a todos.

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Com os meus melhores cumprimentos,
José Miguel

JACC - Jazz ao Centro Clube
[t] 239 837078 | [mail] geral@jacc.pt | [tlm] 913085648
www.jazz.pt | www.jazzaocentro.pt | www.jacc-records.com | www.facebook.com/Salaobrazil


2 comentários:

Anónimo disse...

Eu tenho muita pena, mas fazem mais falta à baixa esplanadas, bares e associações como o Jazz ao Centro, do que lojas de vestuário. A baixa já não vai ser o que era, nunca mais, com o hábito medieval de ruas para sapatarias, outras para vestuário e tascas “típicas” pelo meio. Em qualquer outra cidade das dimensões de Coimbra, as “baixas” são feitas de espaços de bares, cafés, animação noturna com música e comércio, em partes iguais. E esplanadas. Muitas.
Não sou comerciante, mas “apenas” coimbrinha e cliente, com muito interesse em passear na minha velha baixa, não apenas para ver montras de lojas mal iluminadas e cheias das mesmas coisas.

Anónimo disse...

Sou frequentadora assídua do Salão Brazil e conhecedora do magnifico e arduo trabalho que o JACC tem desenvolvido em prol da musica.
Também já beneficiei das sardinhadas nos santos populares,na esplanada colocada no largo do poço, que tanta animação e pessoas chamou ao local, desconhecido da maioria dos conimbricenses.
Uma esplanada, pertença da Camponesa que será da responsabilidade de investidores privados, será de certeza uma mais valia para o Largo do Poço, pois aos comerciantes não basta ter umas montras visíveis mas sim quem as veja, quem visite e pare naquela área e a esplanada irá certamente movimentar e alegrar a praça, que é tão pouco frequentada e onde nunca vi crianças a brincar.