quarta-feira, 3 de setembro de 2014

UM POEMA SOLTO

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



De tempos-a-tempos, tenho um tempo que me apetece montar em cima do Sol e fugir,
dou uma volta, volta e meia, vou acima, venho abaixo e tenho o mesmo ângulo de visão,
penso numa terra distante com muito calor, talvez Sul de Espanha, Brasil, quero partir,
imagino-me a abrir a mala, encho-a de recordações, aquelas que tocam o meu coração,
deixo os sonhos que não realizei, ou levo-os comigo no peito para ainda tentar cumprir?
Tomo o trem do vento, vou à boleia, a nadar pelo mar, ou subo nas asas de um falcão?
Vou sozinho, com o meu alento angustiado, ou levo uma companhia que me faça sorrir?
E se escolher parceria, quem vai querer acompanhar um ajuntador de palavras, artesão?
Talvez anunciasse no jornal: “homem de meia-idade, cabelos prateados, alma para florir,
procura menina ou senhora, de meia-idade, disponível para lavrar no campo uma paixão.
Vou, não vou? Interrogo-me sem cessar. Olho para trás, estou amarrado por fios a fingir,
sinto, preciso de voar, subir, subir, e aconchegar-me numa nuvem, tirar os pés do chão,
é tarde! Será? Ainda a noite é uma criança, a aurora ainda vem longe, preciso de dormir!

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