terça-feira, 30 de setembro de 2014

"OS TRABALHADORES DO COMÉRCIO DE COIMBRA ESTÃO FARTOS DE VIVER MAL!"



São 14h00 no relógio da torre sineira da Igreja de São Bartolomeu. A dois passos, junto ao pelourinho, chama a atenção uma viatura Ford Fiesta, de passageiros, com dois altifalantes no tecto a debitarem canções de Zeca Afonso. Penduradas nas janelas, várias bandeiras representativas da CGTP e do CESP, Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, emergem do interior do automóvel. Em redor da viatura, no total, cerca de meia dúzia de mulheres ostenta bem alto o estandarte do sindicato. Algumas distribuem panfletos com a mensagem que as move e justificação para estarem ali. De um lado do folheto salta á vista o título: “OS TRABALHADORES DO COMÉRCIO DE COIMBRA ESTÃO FARTOS DE VIVER MAL!! Os baixos salários arruínam o comércio e serviços –CONCENTRAÇÃO DE DIRIGENTES E DELEGADOS SINDICAIS DO COMÉRCIO”. No verso outro cabeçalho faz incidir os olhos: “ACIC continua com postura de não querer negociar coisa nenhuma”. Logo a seguir pode ler-se: “ A ACIC continua com a postura de não querer negociar, contribuindo para a agonia do comércio e de quem dele vive. (…)”
Fui ouvir a coordenadora do CESP, Andreia, e comecei com uma interrogação: esta concentração aqui, precisamente neste local, não é inocente, pois não? Respondeu a representante do CESP: “Não, de facto, não é por acaso que escolhemos a Praça do Comércio. É mesmo intencional! A direcção da ACIC nega-se a reunir connosco para discutir o Contrato Colectivo de Trabalho. Estamos há um ano à espera de resposta. Desde 2009 que não há actualização. Só para comparar, a diferença salarial entre Coimbra e Aveiro é de 100 euros a mais para os trabalhadores da cidade dos ovos-moles. Os nossos associados da Lusa Atenas estão a passar por imensas dificuldades. Sabemos também as agruras que o pequeno comércio está atravessar mas, não havendo aumentos e sem poder de compra, patrões e funcionários acabam todos mal. 
Tudo isto redunda em complicações várias. Embora esta concentração seja apenas para dirigentes e delegados sindicais estamos cientes das contrariedades. Veja, por exemplo, enviámos a comunicação à imprensa, por “press release”, de que estaríamos aqui a reivindicar o que é de justiça e, como vê, nenhum dos diários se deslocou cá. Diga-me, isto não é informação geral? Este desligamento dos jornais, mesmo que não seja deliberado, acaba por ilegitimamente apagar o nosso esforço e, com esta sonegação de notícias, estão a fazer o jogo da associação que, para todos os efeitos, representa o  patronato.”

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