O DESCAMINHO DO CAMINHO DE SÃO TIAGO

No último mês foram colocadas em vários locais da Baixa, no chão, uns quadrados em latão dourados com uns traços a representar um relógio de Sol e com a palavra “Coimbra”. Sabe-se, porque foi noticiado na imprensa local, estes marcos sinalécticos pretendem sinalizar o “Caminho de Santiago” –para quem não souber, o Centro Histórico possui um templo, a Igreja de São Tiago, na Praça do Comércio, cujo início de construção foi em 957 e reedificada nas últimas décadas do século XII, e que era paragem obrigatória para os romeiros com destino a Santiago de Compostela. Mostrar o caminho histórico na cidade velha, até aqui, tudo normal. O que deixa de ser normal, a meu ver, é, sabendo-se a procura de metais por parte dos polidores de esquinas e guardadores da coisa alheia, o facto de o elemento identificador ter sido em metal amarelo. Não poderia ter sido em pedra, por exemplo?

Ainda há bocado escrevi aqui que, nesta noite passada, andaram a furtar cabos de fibra óptica. Ora, não é preciso ser espertalhaço para adivinhar o que vai acontecer às ditas placas aplicadas na calçada. É certo que, presumivelmente estarão protegidas pelo Santo, São Tiago, mas, tendo em conta o seu âmbito larguíssimo de protecção a tantos caminheiros que andam por aqui, como eu, sempre a acender velinhas, lá pode o milagreiro estar vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas a vigiar os quadrados? Se calhar, para fazer corrente, o melhor mesmo era começarmos todos a rezar para que não aconteça o pior.