quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

EDITORIAL: CM MEALHADA, A MAIORIA ESTÁ A PERDER O FÔLEGO?

 




Entrámos no novo ano, num novo ciclo temporal, passaram 15 meses desde a tomada de posse, a maioria, constituída pelo Movimento Independente Mais e Melhor e com um vereador do PSD em coligação, liderada por António Jorge Franco, como é natural, já perdeu o “estado de graça” – que habitualmente perdura apenas 6 meses – e mareia no grande oceano entregue à sua sorte e a contar com os seus próprios meios. Deixou de ser de bom tom culpar o antecessor pelo que está a correr menos bem.

Os eleitores que depositaram o seu voto confiando num futuro diferente, sempre ávidos por novidades, começam a coçar a cabeça de tédio e a contar o tempo encalhado na inércia.

Os dois marcos-padrão que simbolizam a nova era, o Mercado Municipal e as Piscinas Municipais, nem andam nem desandam.

Por outro lado, a saída de Gil Ferreira do Executivo veio estabelecer um enorme rombo na tripulação do navio-almirante. Ainda que se acredite piamente que bateu com a porta em busca de um mundo melhor, a ganhar mais, com um futuro mais interessante, e com menos agastamento, não se pode deixar de pensar que, tal como insinuou hoje em plena reunião de Câmara Municipal Rui Marqueiro, o líder da oposição e ex-presidente, algo teria ficado por dizer e a sua renúncia poderia ter tido, eventualmente, outras motivações.

Ao novo vereador, Ricardo Santos, que tomou hoje posse como sucedâneo de Gil, deseja-se muita sorte, porém, a caminhar no lastro do seu predecessor, como se adivinha, não vai ter vida fácil. Embora fosse até agora chefe de gabinete em apoio à presidência, para além da presumível inexperiência, terá de criar um novo percurso, sempre, com a sombra presente do ascendente e, inevitavelmente, vai ter de trabalhar em dobro para criar um carisma na defesa dos pelouros que lhe vierem a ser atribuídos.

Aparentemente, António Jorge Franco, agora mais seguro de si, deixa transparecer algum cansaço físico e psicológico. Esta dezena e meia de meses passados não têm sido fáceis, sobretudo com um Marqueiro acutilante e “sempre em cima”, e, como é óbvio, pelo atrito, provocam um intenso desgaste.

Mas nem tudo é mau para Franco, com a entrada de José Calhoa no Executivo, Marqueiro talvez por fadiga e ser obrigado a dividir o seu espaço de intervenção com este vereador, progressivamente está a tornar-se moderado na argumentação. É certo que, tal como hoje, sempre lhe vai escapando uma classificação de “incompetente”, mas, sem qualquer dúvida, está mais calmo e ponderado. Do ponto de vista dos eleitores, o grande político está muito melhor, por, finalmente, parecer ter compreendido que a assertividade e a cordialidade devem ser o timbre para uma melhor relacional argumentação política. Por outro, do lado do espectáculo, as reuniões perderam vida e foram se tornando mais amorfas, mas, a meu ver, é melhor assim por dar outra credibilidade ao exercício político.



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