quinta-feira, 30 de junho de 2022

EDITORIAL: O ESTADO COMATOSO DOS DOIS MAIORES PARTIDOS NA MEALHADA

 





As eleições autárquicas na Mealhada, realizadas em 26 de Setembro de 2021, foram demolidoras para os dois maiores maiores partidos, abrindo uma grave crise nas suas concelhias.

O Partido Social Democrata (PSD), na oposição do executivo, até à data do sufrágio com três vereadores, perdendo dois, viria a eleger um único, Hugo Alves Silva, o cabeça de lista e, na altura, presidente da estrutura local – que, numa coligação negociada posteriormente, viria a integrar e a formar maioria no elenco do novo vencedor António Jorge Franco, à frente do independente Movimento Mais e Melhor.

Para muitos simpatizantes e filiados esta junção foi encarada como o “princípio do fim”. Argumentavam (e argumentam) que o “dormir com o inimigo” leva ao desaparecimento identitário do ADN de um partido que, não devendo nunca ser subalternizado e andar a reboque, deve apresentar-se sempre como alternativa de poder.

Essa oposição interna, sobretudo de descontentamento a Hugo Alves Silva, levou a eleições na concelhia em Abril deste ano. Foi eleito presidente da Comissão Política, Bruno Coimbra, actualmente deputado à Assembleia da República eleito pelo círculo de Braga.

A verdade é que, passados três meses desta nova equipa tomar posse, a laranja mecânica, aparentemente, não apresenta melhoras. Os entendidos na matéria diagnosticam à secção mealhadense o “efeito Rui Rio”, que consiste em, criando expectativas elevadas, prometer muito à entrada e aquando da saída deixar um lastro de desgosto e desmotivação muito piores do que encontrou. Há quem lhe chame vulgarmente “entrada de leão e saída de sendeiro”.

Por seu lado, Hugo Alves Silva, com pelouro na vereação, percorre empolgado, empenhado e com distinção, o seu caminho a solo e vai marcando o terreno para a próxima legislatura militar na equipa de António Franco.


E O OUTRO PARTIDO, QUAL É?


Outro grande partido de poder que se estatelou ao comprido nas eleições passadas foi o Partido Socialista (PS). Foi de tal aparato o trambolhão que, passados nove meses, ainda não saiu do divã psicanalítico e da terapia que visa restituir e firmar a sua identidade perdida.

Há quem diga que o choque sofrido foi de tal modo brutal e traumático que os seus representantes no executivo e na Assembleia Municipal ficaram com sintomas de bipolaridade. Ora estão em cima, e acusam a torto e a direito, assim como uma efusiva alegria e contentamento, ora estão no fundo, tristes e cabisbaixos, sem força anímica para fundamentar as acusações.

Um exemplo recente foi a queixa contra Carlos Cabral, presidente da Assembleia Municipal, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro, em que não consubstanciaram as infracções apontadas e o epílogo foi o arquivamento.

Há também quem afirme que o PS/Mealhada, depois de ser apeado do cadeirão, com um desnorte acentuado, ficou apático e que não responde a estímulos, provocações e acusações, venham elas de onde vierem, sejam de António Jorge Franco em particular, sejam do Movimento Mais e Melhor (MMM).

Senão vejamos: em 28 de Maio o MMM acusou declaradamente o presidente da Comissão Política do PS/Mealhada de perseguição ao presidente da Câmara Municipal.

Por parte do visado na acusação viu-se ou leu-se alguma refutação do partido? Nada.

Neste último 22 de Junho, ufano e garboso, o MMM veio a público publicitar a sua vitória conquistada à oposição, no intento de tentativa frustrada de manchar o presidente da Assembleia Municipal.

Quer nos jornais, quer nas páginas ligadas ao partido leu-se algum comunicado a justificar, de certo modo, a derrota nos preliminares do tribunal? Nicles.

Esta semana, foi nomeado Guilherme Duarte, socialista e ex-vice-presidente da autarquia “leitonense”, durante um ano e meio presidente interino, como indigitado para gerir os destinos da Mata Nacional do Bussaco. Alguém leu algum comunicado de contentamento pela nomeação (merecida) do seu correlegionário? Nem um pio.

A bem da Democracia participativa, esperemos que os dois partidos, PSD e PS, recuperem depressa desta recaída psíquica.

Vamos lá a arrebitar, pessoal! O concelho precisa, mas precisa mesmo, de vocês!


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