quarta-feira, 19 de novembro de 2014

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




Ana Soares deixou um novo comentário na sua mensagem "UM PAÍS DE CONTRASTE ABSOLUTO":




Retrato perfeito deste povo que nasceu neste recanto do mundo e que tinha tudo para ser feliz. Mas há sempre um mas!!!!
Ana


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SuperFebras deixou um novo comentário na sua mensagem "UM PAÍS DE CONTRASTE ABSOLUTO":


Amigo:

Já dizia um tal com nome de coisa rara hoje no nosso país, pois foram todos cegamente substituídos por alta e esguia raça Australiana: “o povo é sereno, é só fumaça, o povo é sereno!”
E tem sido assim com palavras mansas, trapaças e peçonhosas que nos têm mantido com as mãos nos bolsos, cabisbaixos, olhando a penumbra do nosso esqueleto na calçada lisa, arredondada por nove séculos a tropeçar constantemente, escorregando nos escarros de uma minoria ignóbil.
Mas o povo em si é bom! É o que diz quem nos visita. Continua a haver pão e vinho sobre a mesa, hospitalidade notada, especialmente nas nossas aldeias e nas camadas mais pobres. O mesmo posso afirmar eu, não porque conheça o nosso pais de lés-a-lés pois a maioria das viagens que fiz foram de vinte e oito tostões entre a paragem de autocarro ao fim da minha rua e o Largo da Portagem -não contando as vezes que as prolongava encavalitado na ré de um ou outro chiador eléctrico- mas porque fui criado na bondosa e bairrista Ribeira de Frades, aldeia que como ela acredito eram as demais, no Corvo, na Terceira, em Santa Maria, na Madeira e Porto Santo, no Alentejo, no Minho, nas Beiras e até nos Algarves. Ao emigrar encontro-o com a mesma postura, lutando diariamente em ofícios árduos, pois há trinta e seis anos os que emigravam não traziam canudos na cova do braço, como penosamente acontece hoje em dia, mas as calejadas, pelo cabo da enxada, mãos prontas para o que desse e viesse. E juntando à boa vontade o orgulho de ser Luso com o mesmo pão e o mesmo vinho marcando a diferença entre a vizinhança, esta que por aqui vem dos quatro habitados Continentes.
Então porque, como o diz um amigo meu de raça firme transmontana, somos uma “cambada de patos bravos"? Para mim, e a minha opinião só será válida se assim pensarem outros, a razão para a tal bipolaridade na nossa Nação está na leitura ou, melhor dizendo, na falta dela. Ler é viajar, comungar dos acontecimentos e descobertas que nesta pequena esfera, rodopiando e a velocidades vertiginosas nos transporta através do nada, vão acontecendo. Ler é minar luz. Luz mais valiosa que ouro, quente como a do Sol e aprazível como a da Lua. Ler é adquirir liberdade e a força necessária para a manter. Ler foi aquilo que me fez prometer o meu professor da escola primária, grande Mestre Pires lá do alto de Bragança, um ou dois dias antes de, com fato novo, ir à cidade para fazer exame.
O Estado Novo alfabetizou-nos mas, talvez pela dureza como o fez, não despertou em nós a leitura.
E isto com futebol e novelas não vai lá. Garanto-lhe.

Um abraço agradecido por o ler… (e) me deixar.

Álvaro José da Silva Pratas Leitão
Bradford, Ontário
Canadá

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