segunda-feira, 28 de agosto de 2023

A REUNIÃO DA CM DE MEALHADA QUE NÃO CHEGOU A SER: O CASO DO DIA

 




Estava o Marcelo pendurado na parede (salvo seja, como quem diz, em foto institucional) do Salão nobre da Câmara Municipal de Mealhada, com olheiras profundas, olhos semi-cerrados, sem conseguir disfarçar o ar de enfado, certamente a acusar os enormes esforços e canseiras que passou a percorrer as trincheiras da Ucrânia e a aprender a ler e a falar ucraniano em cinco dias, quando o maestro do grupo Coral Sinfónico Mealhadense, António Jorge Franco, levantando a batuta, e dando princípio ao ensaio, proclamou ao coro misto: “Bom dia a todos. Vamos dar início à Reunião da Câmara. Não sei se alguém quer tomar a palavra (…)”.

E Rui Marqueiro, no lugar de “baixo”, com uma voz mais grave, que antecedeu o actual regente na condução da música de câmara, pediu a palavra e disse ter tomado conhecimento de que havia uma irregularidade na convocação do ensaio. Ou seja, um dos seus colegas músicos, no caso, o “tenor” José Calhoa, que, sem precisar, se fizesse jus ao talento recebido à nascença, não recorria com frequência ao uso da técnica de “falsete”, não fora notificado dentro do prazo legal. Por conseguinte, retorquiu o “baixo” Marqueiro que, por esse facto, não continuaria no ensaiamento.

O chefe da banda, António Franco, que por vezes intermedeia entre o “tenor” e o “baixo” com a voz de “barítono” e é o compositor de todas as obras apresentadas à comunidade, pedindo desculpas, enfatizou que se, porventura, alguém se sentisse prejudicado seria o “tenor” José Calhoa, que, recebendo as pautas apenas na última Sexta-feira, não se queixou – e até brincou com a situação, segundo aflorou a senhora jurista Cristina, que assessora o grupo coral.

Quando se pensava que, apesar do abandono da sala do “baixo” Marqueiro, os trabalhos musicais iriam continuar, eis que o “falsete” Calhoa diz que, apesar de dar o dito por não dito, em solidariedade com o camarada também abandonava o teatro e não cantava nem piava.

Como um fogo de ignição causado por gasolina, também a “mezzo soprano” Sónia Leite, que é a voz intermediária entre o “soprano” e o “contralto”, e que na maioria das vezes faz “playback” nas actuações, abandonou o palco em respaldo com os demais.

Com os lugares vazios dos coralistas, mesmo assim com quorum para a orquestra continuar, pediu a palavra Hugo Silva, “baixo”, com tipo de voz grave, bem posicionada e sempre bem afinada, elaborou uma resenha histórica dos falhanços idênticos do último mandato do ex-regente Marqueiro.

Pediu atenção a “soprano”, que é a voz mais aguda e de longo alcance, Filomena Pinheiro. Aludiu a vice que a atitude de largar o lugar institucional “era uma birra, um número”. Pior do que isso era a falta de respeito para um lapso dos serviços; uma falta de respeito para com os técnicos desta Câmara, que, em equipa, durante tantos anos trabalharam.

E desabafou o “baixo” Ricardo Santos. Afirmando que “isto era brincar com quem trabalha”, isto não se fazia.

E estava realizada provavelmente a mais curta reunião camarária que não chegou a ser de sempre. Durou pouco mais de vinte minutos.


E MARCELO PARECEU TAPAR OS OLHOS


Mesmo a terminar a mini-sessão, pareceu-nos ver Marcelo Rebelo de Sousa (em formato institucional pregado na parede como Jesus Cristo) a levar uma das mãos a tapar os olhos.

O que teria acontecido para o mestre de cerimónias em viagens de longo alcance fazer este gesto?

Por termos ficado curiosos e clarificar o procedimento de aparente ocultação, usando os nossos canais pouco credíveis, contactámos e fizemos a seguinte pergunta aos serviços da Presidência da República:


Poderá V. Ex.ª justificar o gesto de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, de tapar os olhos no final da sessão que não aconteceu na Mealhada?


Resposta:


Encarrega-me Sua Ex.ª o Chefe do Estado, Professor, Doutor Marcelo Rebelo de Sousa de informar que tal movimento de surpresa teve em conta o rápido levantamento da cadeira por parte de Sua Excelência o Regente-mor, Eng.º António Jorge Franco, em direcção à funcionária e, em simbologia, lhe depositou um beijo na nuca.

O Senhor Presidente Professor, Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, fazendo analogia com o beijo de Rubiales na boca a uma atleta, e que está a causar um escândalo a nível mundial, temendo o pior, em solilóquio com seus botões, soletrou baixinho: “Ai, Santo Padre Francisco me valha...


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