Bom
dia Luís, A
luta e prevenção da droga desacelerou nos últimos anos, fruto de
austeridade excessiva que retirou dotação orçamental para este
problema, que estava a ser gradualmente reduzido, o que explica o já
visível aumento de problemas, incluindo consumo, associados com a
droga. No momento é preciso recuperar terreno e apostar, de novo,
num programa eficaz de informação e de prevenção. Mas também
perceber que aqueles que estão já numa espiral de droga precisam de
ser ajudados e retirados da rua. As salas de chuto assistidas,
dotadas de meios de encaminhamento dos pacientes para instituições
de desintoxicação, são uma das opções para esse objetivo. Devem
ser ponderadas em estreita ligação com as entidades regionais e
nacionais de luta e prevenção da droga, para que a sua criação,
localização e acompanhamento sejam eficazes. Nessa perspetiva, a
CMC, Câmara Municipal de Coimbra, deve colocar à disposição deste
objetivo os espaços e os meios suficientes, minimizando, na medida
do possível, os impactos na vida da cidade. Mas sem esquecer que
esta tem de ser um ação prioritária, numa cidade que trata bem os
seus cidadãos e quer receber bem quem nos visita.
Ontem,
no Jornal da Noite da SIC foi apresentada a Reportagem Especial “A
vida que não quero para mim”. Num trabalho a todos os
níveis digno de louvor, de tal modo que me atrevo a defender que
esta cobertura televisiva deveria ser passada nas escolas secundárias
nacionais, esta peça sobre a toxicodependência mostrou a nu as
várias fragilidades sociais, económicas e políticas dos
portugueses. Muitos parabéns à SIC por mais um espectacular
documentário, actual e de solução premente sobre a criação das
chamadas salas de chuto assistidas.
Para
quem viu, especulando, os sentimentos teriam sido divididos entre a
aceitação, o julgamento e a repulsa. Para quem
tem entes naquela triste situação de calamidade familiar, mais que
certo, perante o desenrolar das vivências desgraçadas dos
entrevistados, fosse homem ou mulher, os seus olhos viram-se
inundados de lágrimas e chorou. Para quem tem a felicidade de não
conhecer a realidade intramuros, cujo drama e tragédia se
desenvolvem dentro e fora, creio, a sua forma de estar foi a de julgar
os dependentes de opiácios como responsáveis pela vida que levam e
a terem de arcar com a sua consequência. Para os últimos, aqueles
que repudiam, a ligação entre a causa e a consequência foi a de
desonerar a causa e responsabilizar totalmente os aditos na
consequência. Por outras palavras, no seu entender, o Estado não
deveria gastar um cêntimo para acudir e estas pessoas, deviam ser
deixadas entregues à sua sorte e continuarem a injectar-se e a
morrer pelos recantos degradados e imundos das cidades.
Ficou
bem patente que estamos perante uma falta de coragem política dos
autarcas locais -para não lhe chamar cobardia. A lei que lhe dá
desenvolvimento é de 2001 e, pela sua aplicação prática, cabe aos
presidentes de câmara assegurar a sua prossecução.
Desde
2011 que escrevo sobre a realidade sentida na Baixa de Coimbra e
sobre a necessidade de ser implantada uma sala de chuto assistida.
Bem sabemos que a maioria quer que os toxicodependentes sejam
empurrados para o meio do mar, e logicamente ninguém quer uma
estrutura de apoio perto da sua morada. É sobretudo uma adversidade
de ordem educacional/cultural. A começar por mim, é mais fácil
entrar na condenação do que na análise do remédio da dificuldade.
Como alguém dizia na reportagem, não se está a ver a hemodiálise
ser feita no meio da rua e aos olhos de todos. Então por que, de uma
vez por todas, não se discute o assunto com frontalidade? Trata-de
escolher entre dois males: o maior e o menor. Estamos perante um síndrome social que, se não é possível solucionar de todo, se deve mitigar, pelo menos.
Os
edis, pelo receio de perder votos, preferem assobiar para o lado e
fazer de conta que este contratempo não existe. A questão é que
não é por este facto que o fenómeno desaparece. Provavelmente,
depois de ter estacionado, devido a vários factores, até tem vindo
a aumentar nos últimos anos -foi dito isto mesmo na reportagem.
Em
forma de editorial escrevi esta crónica precisamente porque estamos
a cerca de oito meses das eleições autárquicas em Coimbra. Já se
começa a sentir o acelerar dos motores dos candidatos ao pleito
eleitoral. Enquanto cidadão anónimo e independente -que ainda não
sabe onde vai depositar o seu voto-, gostava de saber o que pensam os
promitentes concursantes locais acerca deste assunto. Aliás, no seu
“caderno de encargos” para a cidade, deveriam
obrigatoriamente ter uma palavra a dizer, a favor ou contra, sobre a
execução das salas de chuto assistidas. Quantos dos já
anunciados vão aceitar o repto e mostrar a sua coragem?
(Não
há-de tardar muitos anos, por causa do esbulho desenfreado de
impostos, para se manterem abertas pequenas lojas nas cidades, vilas
e aldeias, o Estado vai ter de pagar. E, aponte-se, muito caro! Este
chupar até ao tutano, para além de todos os cidadãos contribuintes
saldarem com língua de palmo, só pode trazer tragédia)
“Italianos
descobrem que pagam “imposto sobre sombra” desde 1993”
Por
cá, num igualitarismo que dá jeito, os pequeníssimos, pequenos e grandes comerciantes pagam imposto sobre luz a 23
por cento de IVA. E, pela "vox populis", para os mais pequenos morrerem mais depressa,
as montras deviam estar acesas durante toda a noite para iluminar as ruas. Quem desse com um grande malho na tola de quem defende esta tese, e nunca fez nada, ainda era pouco.
E
mais: segundo as notícias, o preço da electricidade no mercado
ibérico de energia, entre 1 e 26 de Janeiro, aumentou 80 por cento.
A
notícia é de primeira página no Diário de Coimbra (DC): “Jaime
Ramos é o nome do PSD para a Câmara de Coimbra”.
Continuando a citar o DC,
“Jaime Ramos foi o nome apresentado como candidato a
presidente da Câmara Municipal de Coimbra, num plenário que juntou
mais de três dezenas de militantes concelhios do PSD”.
Depois
de um processo a todos os níveis indecoroso por parte de Passos
Coelho, secretário-geral do partido laranja, que, segundo a
imprensa, quis impor Álvaro Amaro para Coimbra -e este a fazer um
manguito e a preferir apostar no certo, como quem diz a Guarda onde
já apresentou publicamente a sua recandidatura-, eis como por
linhas tortas se chega direito ao objectivo.
Antes
de prosseguir vou fazer uma ressalva: conheço mal Jaime Ramos, o
outrora deputado à Assembleia da República e antigo Governador
Civil de Coimbra. O que, sendo assim, me coloca numa total posição
de independência no que vou escrever a seguir.
Se Coimbra não
precisasse, como de pão para boca, de uma alternativa ao actual "mayor" da cidade, Manuel Machado, Jaime Ramos, por uma questão de
dignidade, deveria mandar foder a ratificação da Comissão
Política Concelhia e não aceitar a mais que certa indigitação. O
problema é que, pelo interesse maior da cidade, pela necessidade,
esta questão deixou de ser pessoal para ser de cidadania. Ramos, ao
aceitar bater-se com o representante eleito pelo Partido Socialista
-que, aliás e salvo melhor opinião, foi sempre uma das suas ambições
políticas- corre o sério risco de vir a ser o próximo ocupante da
cadeira do poder na Praça 8 de Maio.
Goste-se
ou não da forma de ser de Ramos, tem de se reconhecer o seu valor
pela obra feita em Miranda do Corvo. E também pelaintrínseca
defesa da reposição da linha férrea do Ramal da Lousã. Mesmo com tantos interesseiros do Metro, e pelo seu protagonismo, louve-se, soube sempre manter a mesmaposição. Para quem
o conhece melhor do que eu sabe que este médico de carreira é um
pragmático. Pela sua forma de impor a sua vontade sobre o grupo, em
discussões, chega a ser autoritário, algo incomodativo, mas tem de
se lhe reconhecer o seu forte carisma de chefe.
Enquanto
munícipe independente, espero que, de facto, seja Jaime Ramos o
candidato pelo PSD à autarquia de Coimbra e que, sem ressentimentos
pela forma como foi destratado pela cúpula de Lisboa, aceite pelo
interesse de Coimbra. Pelo resvalar contínuo da política para a
mediocridade, precisamos de bons candidatos no próximo pleito eleitoral que se aproxima.
O
Diário as Beiras de hoje dá à estampa, em primeira página, a
divulgação da demolição e construção de um novo edifício
destinado aos serviços do Instituto Português de Oncologia, em
Coimbra, por 21,5 milhões de euros.
Na
última página do mesmo jornal somos surpreendidos pela foto e
afirmação do Ministro da Cultura: “Há muito património ao
abandono no país”.
Sem falsa humildade, às
vezes sinto-me um bocado estúpido. Já li estas duas notícias 299
vezes e não consigo perceber. Tenho a certeza, é mesmo défice. Só
pode!
Durante esta manhã -segundo uma testemunha- um dos vidros de uma das montras da desaparecida
sapataria A Elegante, na Rua Visconde da Luz, apareceu estilhaçado.
Escrito assim, e se considerarmos o vandalismo crescente na cidade,
poderíamos dizer: “a oeste nada de novo”. Mas se
acrescentar que a defunta rainha das sapatarias de Coimbra
encerrou em 2012 e há 5 anos que se encontra abandonada nos estados
escandaloso e miserável em que se apresenta hoje talvez a coisa
mude de figura.
Segundo
parece, por que já escrevi vários textos sobre este monumento à
incúria e à negligência, o novo adquirente do prédio em 2011- que
não conheço- acrescentou um novo piso sem projecto, sem licença e
sem autorização camarária e por isso mesmo foi embargado. Até
aqui, repetindo, “a oeste nada de novo”. O que vem a
seguir -ou melhor o que não vem por nada acontecer- é que choca. O
que resta da velha sapataria A Elegante são resquícios de uma
história comercial que deveria ser respeitada. Ou seja, ao que
parece e alegadamente, a coberto da ilegalidade do proprietário, os
serviços camarários abandonaram este assunto à sua sorte, e já lá
vão cinco anos. É óbvio que não é o único. A Baixa está prenhe
de monstros destes. Não sei se estou a ser claro, não estou a
defender que se passe uma esponja por cima do ilícito, mas quero
dizer que neste imbróglio, mesmo sobre o manto da lei e a sua
interpretação dar razão à Câmara, a situação não pode ser
mantida “ad eternum” e como se nada acontecesse. Quem está
obrigado a solucionar o problema é a administração, no caso a
edilidade, e não o proprietário imprevidente. Isto é, a autarquia
deveria sancionar e dar um prazo para executar. O dono não fez,
desobedeceu à ordem, neste caso, os serviços estão obrigados a
actuar com celeridade, seja com posse administrativa e demolição,
seja com coima, seja com outra medida legal qualquer. Embora
desconheça as prerrogativas do Código Administrativo, tenho a
certeza de que há lei para acudir a esta calamidade. Pelos vistos,
coragem é que falta. O que se passa é que, desde há décadas, esta
omissão é recorrente na zona histórica e tudo contribui para um comércio de rua em liquidação.
E tanto mais grave é que
este deixa-correr, por um lado, numa artéria principal com a
importância da Rua Visconde da Luz, é de um prejuízo
incontabilizável para o meio envolvente, por outro, seguindo
a psicologia social de que desordem gera desordem, na tese das
“Janelas Quebradas”, este desprezo pelo bem patrimonial,
para além de se estender a outros prédios vizinhos, leva a uma
vontade incontrolável de o destruir ainda mais. Não se sabe se a quebra da vidraça será resultado desta teoria.