terça-feira, 6 de setembro de 2016

Ó COSTA, ÉS UM ARTISTA, CARAGO!

(OFEREÇO ESTA MINHA COMPOSIÇÃO AO PRIMEIRO-MINISTRO ANTÓNIO COSTA)




Segundo o Campeão das Províncias, a Assembleia Geral da Metro Mondego, constituída pelos accionistas da sociedade, entre os quais as autarquias da zona envolvente pelo transporte sobre carris e o Estado, realizada hoje em Coimbra pariu um pato bravo. Depois de um melro -saído da cartola de José Sócrates-, e em seguida de um coelho -truque de mágica usado por Passos-, desta vez foi um popular pato que deu à luz hoje na reunião de accionistas.
Não se sabe muito bem se a vinda deste animal de criação terá alguma coisa a ver com o facto de os conimbricenses serem patos, exageradamente crédulos, e continuarem a acreditar nos políticos que nos governam.
O que dá para ver é que a deliberação de hoje, saída do Governo, a prometer a contratação de um estudo ao Laboratório de Engenharia Civil (LNEC)  para a avaliação da concretização do projecto do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) tem algo de “dejá vù”. Não vimos isto mesmo, o empurrar com a barriga, já no tempo dos anteriores primeiros-ministros?
A avaliação, que deverá estar concluída até ao final de Janeiro de 2017, vai aprofundar, entre outros aspectos, as análises de custo-benefício e “consolidar a estrutura de financiamento do SMM” (Metro de superfície), com vista à sua candidatura a fundos da União Europeia”, citando o Campeão.
Por volta de Outubro de 2017 temos eleições, não temos?
Claro que este facto é pura coincidência. É evidente que o Governo liderado por António Costa não está a insultar a inteligência dos conimbricenses, não senhor! É lógico que não nos está a chamar parvos. Nada disso! Cá para mim, que nem sou muito inteligente, gostava mais de uma desculpa assim do tipo da “Segunda Circular”: conflitos de interesses. Era mais giro. Mas, pronto, na impossibilidade de se arranjar uma explicação mais terra-à-terra, aceitemos esta. Votemos no PS em 2017, que talvez, quem sabe, nessa altura se crie uma nova comissão para avaliar o passado-presente e mais que futuro transporte ferroviário para a zona da Lousã.
I love your style, Costa! Gosto de ti, meu santo das ideias esquecidas convertidas em esquecimento. És o meu herói, carago!

UM TEXTO QUE GOSTEI DE LER...

RUI RAMOS, RETIRADO DO JORNAL ONLINE OBSERVADOR)





RUI RAMOS


"Não temos só um problema económico, mas também político: só a UE limita neste momento o poder do governo em Portugal sobre uma sociedade cada vez mais envelhecida, empobrecida e dependente.
António Costa promete restituir à função pública os salários com que José Sócrates ganhou as eleições de 2009. Eis a sabedoria política que resume a actual governação: é possível mandar no país desviando todos os recursos para os que dependem do Estado: quem tiver do seu lado os funcionários, os pensionistas, os subsidiados, os parceiros, os protegidos e os instalados, não precisa dos outros, dos jovens, dos activos, dos independentes, de todos os que em Portugal estão por sua própria conta. Primeiro, porque os dependentes do Estado são suficientemente numerosos e motivados para formar um bloco eleitoral decisivo, e previsivelmente inclinado para quem estiver determinado a sacrificar o resto da sociedade a seu favor, como se viu em 2009; depois, porque faz sentido esperar que, sendo as vantagens da dependência tão óbvias, esta se torne um ideal social, de modo que, para quem está de fora, o objectivo não seja mudar o sistema, mas um dia ser admitido nele.
Mas dir-me-ão: isso talvez seja assim, mas o governo faz questão do défice orçamental. Sim, é verdade: um governo e uma maioria parlamentar que se propunham ser julgados pelo crescimento da economia, esqueceram-se entretanto da economia e do seu crescimento, e esperam ser avaliados pura e simplesmente pelo cumprimento da meta do défice combinada com a UE. Uma contradicção? Só aparentemente. O valor do défice é uma questão de sobrevivência, na medida em que é a condição de acesso ao dinheiro europeu que, através da dívida pública, permite manter o sistema sem apertar ainda mais o garrote fiscal. O governo e a sua maioria parlamentar todos os dias maldizem a UE, mas dependem totalmente da Comissão Europeia e do BCE, e nada fazem para diminuir essa dependência. É este o mecanismo da dependência em Portugal: quanto maior a dependência da população em relação ao Estado, maior a dependência do Estado em relação às instituições europeias.
Ao fim de dez meses deste governo, todos os indicadores que foram tradicionalmente usados para condenar a “austeridade da troika” entre 2011 e 2014 pioraram ou pelo menos não melhoraram: a taxa de crescimento do PIB, o investimento privado e o público, o desemprego, e veremos o que aconteceu à emigração. É, em grande medida, o resultado da desapiedada concentração de recursos num Estado que os usa para fins políticos: não para investir ou melhorar serviços, mas para manter o máximo de dependentes com as maiores regalias possíveis. Basicamente, voltámos à situação dos anos que antecederam o resgate de 2011. A dívida do Estado e das empresas públicas, que tinha diminuído, voltou a crescer. Porque é que as mesmas políticas haveriam de ter resultados diferentes?
Toda a gente já sabe que temos um problema económico. Mas quem sabe que também temos um problema político? Não é possível imaginar a liberdade política sem cidadãos independentes e uma sociedade civil forte. Mas o açambarcamento de recursos pelo Estado reduziu a independência da classe média a um ideal sem futuro. Só os juros e o petróleo baratos compensam, por enquanto, o assalto fiscal. Se acrescentarmos a isso o enfraquecimento das grandes instituições tradicionalmente autónomas (Forças Armadas, Universidade, Igreja), ou a descapitalização das empresas, a conclusão é óbvia: o único freio e contrapeso dos governos em Portugal já não está dentro do país, mas fora. Só a Comissão Europeia e o BCE, na medida em que condicionam o financiamento do Estado, limitam neste momento o poder governamental sobre uma sociedade cada vez mais envelhecida, empobrecida e dependente. E é por isso que tudo isto, tanto como um problema económico, é um problema político."

BOM DIA, PESSOAL...

ESTA NOITE TOCOU À LIMPEZA PÚBLICA






Ao alvorar do dia, por volta das 07h00, algumas ruas da Baixa, na zona do Largo da Freiria, foram lavadas a jato de água.
Se o contrário, asfalto muito sujo, é notícia, naturalmente, pelo equilíbrio necessário, uma acção de limpeza também o deve ser. Por isso mesmo dou conta do facto.
As queixas sobre a sujidade nas vias públicas, ruas, ruelas e becos, são imensas -acusando os serviços de inoperacionalidade-, de tal modo que até foi assunto há cerca de três semanas na reunião do executivo.
Eu que escrevo sobre esta “doença” colectiva, que alastra há vários anos na sociedade portuguesa, gostava de ver iniciativas camarárias, sobretudo no verão, no sentido de colocar, por exemplo, desempregados oriundos dos centros de emprego nas ruas a sensibilizar os residentes e transeuntes para a necessidade de se respeitar o espaço público, que é de todos.
É evidente que tudo deveria começar no berço, na educação, mas, está de ver que os mais velhos são piores que as crianças e só se conseguirá alguma coisa através de uma formação teimosa e coadjuvada com coimas. É uma dor de alma verificar que, em qualquer parte do país, um(a) fumador(a) que esteja a fumar arremessa a pirisca para o chão. Se se estiver a comer sentado num banco de um qualquer jardim público, poucos são os que se levantam para depositar os detritos no espaço reservado. É uma necessidade absoluta fazer alguma coisa para que se alterem os (maus) hábitos de muitos portugueses. É evidente que só com disciplina rígida, elevando a coragem de aplicar coimas, se conseguirá alterar este estado caótico.
É lógico que o problema não será transversal a todas as cidades e vilas portuguesas -algumas que conheço, sobretudo para sul, são um bom exemplo para as restantes a norte.
Já para não relembrar a vizinha Espanha. Os seus centros histórico, talvez em maioria, são um quadro de honra para a Europa.
Quando me lembro da limpeza urbana vem-me logo à ideia um acontecimento que guardei na memória. Em 1980, creio, na primeira visita à China de um chefe de Estado português, coube a Ramalho Eanes fazer as honras da casa lusa. Então, numa visita, acompanhado de pessoal da imprensa, um dos jornalistas portugueses acabou de fumar e mandou o filtro para o chão. Imediatamente um agente chinês obrigou o prevaricador a ajoelhar e apanhar o resto do cigarro e colocar no reservatório apropriado -não tenho a certeza, mas esta notícia foi narrada no desaparecido “O Jornal”.
Como está de ver, passados mais de 35 anos, continuamos os mesmos porcalhões.







segunda-feira, 5 de setembro de 2016

OUÇA-SE PEPE MUJICA

"SE PORTUGAL NÃO SAI DO EURO ESTÁ CONDENADO, DIZ NOBEL DA ECONOMIA"

Joseph Stiglitz, Nobel da Economia de 2001, no World Economic Forum em Davos, 2009.



"O Nobel da Economia Joseph Stiglitz defendeu que o melhor caminho para Portugal será sair do euro, já que se permanecer na moeda única irá ter dificuldades no futuro.
“Acho que a Europa, como um todo, devia começar a pensar num divórcio amigável com alguns países, para estes pensarem em formas para lidar com a saída. Não será um processo imune a dificuldades.Custa mais a Portugal ficar do que sair do euro“, disse o economista em entrevista à Antena 1.
Segundo Joseph Stiglitz, caso Portugal permaneça na moeda única “está condenado”, salientando que a Europa “não tem, nem vai ter condições políticas para fazer as mudanças necessárias” e, como tal, aconselha os portugueses a sair do euro.
“Acho que cada vez é mais claro que ficar é mais custoso do que sair“, referiu, lembrando que a ideia de ficar tem sido defendida “com base na esperança de que haverá uma posição mais suave na Alemanha”.
No entanto, Stiglitz clarificou que as políticas de austeridade prescritas pelos alemães “vão continuar mesmo que a teoria económica e até o Fundo Monetário Internacional (FMI) demonstrem, claramente, que a austeridade nunca irá funcionar“.
O economista lembrou que a saída do euro daria a Portugal condições para “crescer, criar emprego e um processo de restruturação da dívida“, sublinhando que, “apesar de ser duro”, uma vez a “dívida estruturada, a moeda cresceria”.
Joseph Stiglitz, professor na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, foi distinguido com o Nobel da Economia em 2001."
ZAP / Lusa

MACHADO, SABE-LA TODA, PÁ!

(Foto do jornal Campeão das Províncias)





Hoje, segunda-feira, durante a manhã, com pompa e circunstância, Manuel Machado, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, acompanhado de vários vereadores, apresentou à imprensa, visando o público, os cinco novos autocarros adquiridos para engrossar a frota dos SMTUC, Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra. Os veículos, da marca Temsa, tem uma lotação de 107 lugares, cada, e estão apetrechados com rampa de acesso a cadeira de rodas.
Durante todo o dia, como peixe fresco a secar ao Sol, as cinco viaturas, por vezes acompanhadas de motoristas, estiveram expostas no terreiro em frente à Câmara Municipal.
Pode ler a notícia completa, aqui, no Campeão das Províncias.

UM ESTRANHO PERFUME NO AR

Sabemos que todo o procedimento, individual ou colectivo, -mesmo o “dolce far niente”, agradável ociosidade, ou a negação da própria política- a começar na educação e acabar nas opções ao longo da vida, redunda em acto político, na polis, cidade, burgo que persegue uma perfeição inalcançável. Somos sempre um resultado, positivo ou negativo, da escolha ideológica dos que nos precederam e dos que, influenciando, nos acompanham na relação entre o cidadão e o poder instituído.
Ora, a ser assim, quer dizer que Manuel Machado, mesmo que não fizesse este foguetório todo em torno da compra dos novos autocarros, não deixava de estar a realizar um acto político. Mas, fazendo alarde noticioso do seu feito, o presidente da autarquia transforma uma mera acção de tesouraria, de Deve e Haver, em notório acontecimento público.
Pode interrogar-se: não pode fazê-lo? Claro que pode. Se na política ainda houvesse alguma ética, mais que certo, esta declaração de compra e venda não seria apresentada assim, com todo este show off, mas com uma simples notícia em jornal.
Podemos ainda perguntar: e os que o antecederam foram diferentes no estilo? Não senhor, se não foram piores -lembro a questão do Metro ligeiro de superfície-, utilizando as mesmas armas de propaganda panfletária, foram iguais. E aqui é que reside o húmus da questão, muda a cor mas não muda o procedimento. Ou seja, baralha-se (indo a votos) para tudo continuar na mesma. A sensação de vazio é enorme. Perde a política, perde a cidade, perdemos todos.
Está de ver que o cheiro a eleições anda no ar.