sábado, 21 de julho de 2018

BAIXA: COMPORTAMENTOS PARA COMERCIANTE REFLECTIR

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




É Sábado, o relógio marca 12h50. Apesar de faltarem dez minutos para o fecho do horário afixado no vidro da montra, a pequena loja de artigos de miudezas tem muitos clientes a serem atendidos pelos vários funcionários. O olhar ostensivo para o pulso, acompanhados de alguma ansiedade e com algum enfado manifestado num arfar de esgotamento, manifesta bem a simpatia que estes empregados denotam por quem lhes vai comprar, leva lá o seu dinheiro e, com essa comparência, mantêm os seus empregos.
Neste vaivém, um dos fregueses em pergunta de retórica profere: “por que é que vocês não estão abertos na tarde de hoje, Sábado?”. A funcionária, como se fosse picada por um insecto ou a pergunta fosse um insulto, respondeu: “abertos ao Sábado de tarde? Para quê? No Natal estivemos cá e não tivemos pessoas a comprar!”. O inquiridor, numa passividade notória mas adivinhando-se o que pensaria, não respondeu.
Faltavam alguns minutos para as 13h00 e a porta de acesso ao estabelecimento foi fechada. Os muitos clientes, como compreendendo que estavam a mais, começaram a acelerar e a dirigir-se para a caixa e fizeram uma pequena fila. O primeiro pagador deu o cartão Multibanco para pagamento da conta. Depois da tramitação de inserção na máquina, a funcionária, sem qualquer sensibilidade, falando alto e de forma que todos ouvissem, proferiu: “não tem saldo!”. O freguês, algo embasbacado respondeu: “não pode ser! Por favor, tente outra vez!
Um pouco a contragosto, como se estivesse contrariada, a mulher voltou a inserir a tarjeta na ranhura. Novamente, um pouco com ar vitoriosa, proferiu no mesmo tom de voz: “não tem saldo!”. As pessoas na fila, num silêncio opressor mas de conluio, entreolharam-se. O cliente, rendendo-se aos factos, disse: “estranho, mas não há problema pode pagar com este!” -entregando outro e liquidando a despesa.
Passados poucos minutos depois das 13h00 a loja estava vazia. Na paz dos anjos, todos foram em busca de um almoço retemperador. Adivinha-se que os funcionários desta loja não perderam um minuto a pensar no que tinha acontecido neste fim-de-semana no seu local de trabalho. Por parte dos clientes que quase foram enxotados por terem tido a ousadia de fazer compras uns minutos antes do encerramento, é natural que este caso os deixassem a pensar: mas haverá mesmo crise na Baixa da cidade?

1 comentário:

Anónimo disse...

Ai, ai.... Escrever cem vezes no quadro: "a culpa da crise da baixa é dos centros comerciais""a culpa da crise da baixa é dos centros comerciais""a culpa da crise da baixa é dos centros comerciais""a culpa da crise da baixa é dos centros comerciais"