quinta-feira, 22 de agosto de 2013

UM EXEMPLO A SEGUIR EM COIMBRA



As autoridades municipais de Madrid postularam que quem quiser exibir a sua arte nas ruas, incluindo naturalmente a música, e ganhar algum dinheiro terá de mostrar o seu talento e grau de execução numa audição prévia. Os candidatos que apresentarem um mínimo de qualidade terão direito a uma licença gratuita, durante um ano.
Há muitos anos que escrevo sobre este assunto. Em Coimbra a autarquia nunca procurou disciplinar esta importantíssima actividade de animação pública. A única preocupação que sempre esteve subjacente foi cobrar uma licença trimestral de cerca de 30 euros sem se preocupar com o mínimo de atributos por parte do prestador. Então, desde sempre, acontecia uma discriminação implícita: quem pagava esta verba eram sempre os melhores, aqueles que pela sua prestação primorosa, os que estavam preocupados pela ilegalidade e virem a ser incomodados pela Polícia Municipal (PM). Os outros, os que para além de não apresentarem um serviço minimamente digno e apenas contribuírem para a descredibilização da arte cénica das ruas, nada pagavam. Então, por não terem pago a dízima e só por isso, eram chutados como se de lixo se tratasse.
Há cerca de uma ano para cá, e desde a formação da “Orquestra de Músicos de Rua de Coimbra” em que, passando a presunção já que escrevo em causa própria, se chamou a atenção colectiva de que havia músicos de grande qualidade a exercer na via pública e era imperativo um outro olhar sobre estes artistas que não tiveram oportunidade de mostrar as suas valências em tempo considerado útil, passou a haver uma certa tolerância e uma maior sensibilidade por parte da PM, que detém o pelouro da fiscalização. Havendo algum choque, numa certa imposição de poder discricionário, acontece mais com alguns agentes de PSP, que, sem querer generalizar, continuam a tomar amostra pelo todo e sem ter em conta atenuantes.
Era bom que o executivo camarário, seguindo os passos madrilenos, se debruçasse sobre esta questão da performance pública e, de uma vez por todas, através de autorização, contribuísse para uma dignidade que se procura para quem mostra o seu saber nas ruas da cidade.



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