sexta-feira, 25 de agosto de 2017

BAIXA: MEDIDAS DESPENALIZADORAS E A FAVOR DA REVITALIZAÇÃO (10)





Tendo em conta a continuada situação de aproveitamento político, de empobrecimento e desalento que as actividades comerciais tradicionais da Baixa de Coimbra atravessam, diariamente e até às próximas eleições autárquicas de 01 de Outubro, vou sugerindo medidas que, se houvesse vontade política, poderiam servir para atenuar a queda e o encerramento de mais espaços mercantis.
Estou a escrever p'ro boneco? É o mais certo!

    As ruas, largos e praças de maior densidade comercial e elevada passagem de transeuntes deveriam passar a contar com um painel interactivo, com som e imagem, onde, gratuitamente através de publicidade em tempo curto, passariam todas as actividades, comerciais, industriais e serviços em exercício na cidade. E mais, para além da publicitação dos espectáculos, de três em três horas seria editado um pequeno noticiário sobre realizações culturais no que aconteceria nesse dia. E ainda mais, estes painéis, com som num raio de cinco metros em redor, em directo, transmitiriam ao público as sessões da Assembleia Municipal e a primeira sessão aberta ao público do Executivo, assim como outras cerimónias de interesse público, como o dia da cidade, por exemplo.
    Com múltiplas aplicações, este sistema, no futuro, permite até substituir os vulgares e inestéticos outdoors em papel dos candidatos políticos, locais ou nacionais. Em tempo real, pode constituir um interessante meio de comunicação sobre ocorrências imprevistas e com necessidade de alerta público.


Há muitos anos que se escreve e fala sobre o défice de pouco se publicitar o que se faz culturalmente na cidade. As queixas mais sentidas batem na tecla de que a mensagem não chega ao receptor. Se há razão ou não, isso ficará sempre na apreciação subjectiva que cada um fizer. Uma coisa é certa, com a evolução da técnica e da informática em que o seu custo é cada vez mais reduzido, hoje é cada vez mais fácil de levar o conhecimento e chegar ao denominado “homem da rua”.
Penso que Coimbra está a dar os primeiros passos na publicidade interactiva. Creio que o único painel electrónico que foi implantado na urbe está na Margem Esquerda, ao fundo da Ponte de Santa Clara, e retrata apenas actividades culturais na cidade.
Tenho para mim que este género de comunicação destinada a vários públicos é o futuro e constitui a pedra de toque para chegar ao máximo de pessoas, citadinos e visitantes ocasionais -atingir todos, naturalmente, nunca virá acontecer.
Podemos imaginar os locais onde seriam colocados estes retransmissores na Baixa: Largo da Câmara Municipal, Rua da Sofia junto ao Tribunal, Largo do Arnado, Largo das Ameias, Largo da Portagem, a meio das Ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges. E na Alta: Escadas de Quebra Costas, Largo da Sé Velha e Largo Dom Dinis. Na margem Esquerda: zona do Centro de Congressos São Francisco.
Para além do que ficou escrito na introdução, repetindo, este tipo de “mensageiro”, em spots curtos de imagem e som, seria muito importante para publicitar toda a oferta comercial, industrial e de serviços que a cidade possui.
Valerá a pena pensar nisto?



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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

BAIXA: MEDIDAS DESPENALIZADORAS E A FAVOR DA REVITALIZAÇÃO (9)

(Fotos de arquivo)




Tendo em conta a continuada situação de empobrecimento e desalento que as actividades comerciais tradicionais da Baixa de Coimbra atravessam, diariamente e até às próximas eleições autárquicas de 01 de Outubro, vou sugerindo medidas que, se houvesse vontade política, poderiam servir para atenuar a queda e o encerramento de mais espaços mercantis.
Estou a escrever p'ro boneco? É o mais certo!


Aplicar de uma vez por todas o Regulamento Municipal sobre a Venda Ambulante


Se não houvesse tantos outros exemplos pelo país fora, a venda ambulante na Baixa de Coimbra poderia ser considerada o paradigma de um Estado falhado na falta de respeito para com os cidadãos por falta de aplicação de normas sociais aprovadas e que conduzem à sã convivência e desenvolvem a paz social. Num arrastar no tempo, com alterações regulamentares numa espécie de baralhar e dar de novo para tudo continuar igual, se não fosse trágico e insultuoso para quem trabalha nesta actividade por necessidade de sobrevivência, dava vontade de rir a bandeiras desfraldadas.
Mas avancemos para explicar melhor:

UM POUCO DE HISTÓRIA

Vamos recuar até ao final da década de 1990. Na Praça do Comércio, retirando o pintor Anildo Mota, que foi para outras paragens, hoje são sensivelmente os mesmos vendedores que por lá se mantêm. Já no antigo Bota-abaixo –área degradada que servia essencialmente para paragem de veículos que tinham por destino a Baixa- cerca de uma dezena de vendedores ciganos, agrupados em pequenas bancas decrépitas e miseráveis, faziam ali o seu negócio. Em 1998, Manuel Machado, então presidente da Câmara Municipal de Coimbra, em hasta pública, alienou parte do espaço à firma Bragaparques por, salvo erro, cerca de um milhão de contos. Com grande celeuma, a transacção realizou-se e nos nos dias que decorrem, naquele local, nos pisos inferiores e superiores, estão implantados um grande parque de estacionamento e a Loja do Cidadão.

UM CHUTO NOS CIGANOS

Em face da venda do terreno para a empresa de Braga, por volta de 2000, os vendedores ciganos que estavam licenciados foram colocados no Largo da Maracha, a cerca de meia centena de metros do antigo poiso e junto aos estabelecimentos de comércio. A sua instalação era tão desadequada e sem dignidade para todos que, pela anarquia e afronta, motivou várias queixas na autarquia por parte de comerciantes. Em 2001, nas eleições autárquicas, Manuel Machado, do PS, perdeu a autarquia para Carlos Encarnação, do PSD –este ganhou a edilidade em coligação com outros partidos e fazia parte do seu programa regular a venda ambulante. Encarnação tinha por vice-presidente Pina Prata, que à altura era, “ex-aequo”, também presidente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra. Com declarações do então homem forte da ACIC assim “é agora que vamos acabar com este cancro que nos envergonha a todos”, por volta de 2003 foi apresentado um novo Regulamento para a Venda Ambulante. De certo modo era uma medida avulsa que, unicamente, tinha por objecto agradar aos comerciantes das lojas que não viam com bons olhos a venda bruta no Largo da Maracha. O prescrito era tão tão inovador, tão vanguardista, que, por exemplo, estabelecia que nenhum vendeiro sem poiso certo poderia estar a oferecer os seus produtos a menos de cinquenta metros de uma loja instalada e a cem de uma igreja. A intenção era claramente mandar os vendedores ciganos para o fundo do Parque Manuel Braga. Como é óbvio este absurdo teve a total oposição dos ditos. Mais uma vez para remediar com retalhos das vidas destas pessoas, com o argumento de se calcetar a Rua da Louça e o Largo da Maracha, “empurraram-se” para o espaço apertado junto ao antigo Armazém Amizade, na esperança de que, como aquele canto era junto dos contentores de lixo e mal-cheiroso, acabassem por desaparecer. Mas o tiro saiu pela culatra a quem o disparou. Estes vendedores, que em analogia são como os gatos e têm mais de sete vidas, de um recanto desprezado, com o pregão “é só cinco euros, menina! Compre! Compre!” acabaram por marcar a sua fronteira e revitalizar toda a área envolvente. E por lá se mantêm ainda hoje.

PROMESSAS E MAIS PROMESSAS AO QUILO

Sem nunca ser implementado o Regulamento para a Venda ambulante, a longo de doze anos de vigência social-democrata, volta e meia, lá vinha anunciado nos jornais de que desta vez é que era, ou seja, finalmente a venda ambulante iria ser novamente regulamentada e cumprida. Em Novembro de 2008, o Diário as Beiras anunciava em título: "PSP e (autarquia) põem ordem na venda ambulante do Bota-abaixo”. Enquanto os comerciantes instalados sorriam destes avanços para inglês ver, os visados pelas medidas encolhiam os ombros.
Neste meio tempo, numa insensibilidade sem limites, a violar os princípios da segurança e a desenvolver o vínculo precário, os vendedores da Praça do Comércio estão desde 2003 a revalidar as suas licenças de três em três meses. Será este relacionamento, entre edilidade e um qualquer licenciado, sério e admissível? Antes das eleições, em Outubro de 2012, pelo executivo liderado por Barbosa de Melo, da Coligação por Coimbra, foi anunciado que iriam ser instalados novos quiosques na Praça do Comércio. Até hoje tudo continua na mesma como a lesma. Do novo projecto nada de novo.

O PS É DIFERENTE... MAS IGUALZINHO

Em 22 de Junho de 2015, no executivo camarário, foi analisado um novo Regulamento Municipal das Feiras, Venda Ambulante e da Restauração ou Bebidas Não Sedentárias. Já passaram dois anos e, para não variar, tudo continua igualzinho.
É agora, depois das eleições em Outubro, que se vai acabar com esta vergonha que escandaliza e contribui para a degradação da Baixa?
Pode ser que sim! Talvez com a ajuda da padroeira da cidade, a Rainha Santa Isabel, e coadjuvada pelos Pastorinhos. Sem grande fé, como quer Santa Isabel, quer os santos Pastorinhos precisam de mostrar serviço, pode ser que a coisa avance. Vamos aguardar.


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QUANDO O PARLAMENTO EUROPEU É CONSTITUÍDO POR PESSOAS DE MAIS BOM-SENSO QUE O HEMÍCICLO PORTUGUÊS

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




Está nosso ADN estar sempre à frente. O problema é que é tudo um faz-de-conta e, como sempre, quem se lixa é o mexilhão, como quem diz o “povinho”.


É proibido pagar mais de 3 mil euros em dinheiro vivo a partir de hoje”

Foi esta terça-feira publicada em Diário da Republica a alteração legal que proíbe pagamentos em dinheiro vivo acima de três mil euros. Limite para particulares não residentes fica em 10 mil euros”.

BAIXA: OS ANIMAIS TAMBÉM SE ATIRAM NO VAZIO





Cerca das 10h30 de hoje, na Rua da Gala, um cão de grande porte, mais que certo da raça Serra da Estrela, ter-se-á jogado de uma varanda do primeiro-andar e morreu. Segundo Paulo Dias, o seu dono e cuidador, visivelmente consternado pelo acontecimento, “provavelmente o animal terá tentado içar-se por cima do varandim em ferro forjado para caçar um qualquer pássaro e, sem noção do espaço, atirou-se em busca de uma morte certa”.
Paulo Dias e a mulher Sónia Margarida formam um casal humilde e habitam aquele locado, com frente para as Ruas da Louça e da Gala há uns tempos. O Paulo exerce o seu múnus na Praça 8 de Maio a vender castanhas desde há alguns anos e a Sónia, por vezes, vende bolos de Ançã junto à Loja do Cidadão. O mastim agora finado, de pêlo bem cuidado e gordo, foi sempre bem tratado. Encontrar diariamente o Paulo a passear o animal preso numa trela à noite nas ruas e ruelas da Baixa foi sempre uma rotina que podemos testemunhar.
Por constituir um caso insólito, juntou algumas dezenas de pessoas.
A PSP tomou conta da ocorrência. Durante cerca de meia-hora os agentes aguardaram que os restos mortais do animal fossem trasladados para o Canil Municipal.


quarta-feira, 23 de agosto de 2017

BAIXA: MEDIDAS DESPENALIZADORAS E A FAVOR DA REVITALIZAÇÃO (8)

(Imagem da Web)



Tendo em conta a continuada situação de empobrecimento e desalento que as actividades comerciais tradicionais da Baixa de Coimbra atravessam, diariamente e até às próximas eleições autárquicas de 01 de Outubro, vou sugerindo medidas que, se houvesse vontade política, poderiam servir para atenuar a queda e o encerramento de mais espaços mercantis.
Estou a escrever p'ro boneco? É o mais certo!


Criação de um grupo de trabalho para estudar a instalação urgente, na Baixa, de uma sala de chuto assistida.


Em surdina, há muitos anos que a toxicodependência na Baixa ocupa uma boa parte das notícias diárias e conversas entre residentes, comerciantes, trabalhadores indiferenciados e polidores de esquina. Resultado de uma degradação social, em premissas repartidas pela conjuntura económica local e nacional, habitacional -numa degradação acentuada do edificado ao longo de décadas-, geracional -se levarmos em conta que os baixos rendimentos dos agregados familiares do centro histórico pode constituir factor de propensão para a adição- de desertificação -quanto menos forem os residentes mais serão notados os fenómenos de toxicodependência- e político -considerando que esta zona de antanho, sem planos de pormenor, sem se saber o que se quer fazer para o futuro, remendando aqui e cosendo acolá sempre no limite, está entregue a si mesma há mais de quarenta anos. A Baixa está para Coimbra como Conímbriga está para Condeixa. É um símbolo histórico, que todos aparentam gostar muito, que todos parecem conhecer bem, mas morto -e que Deus o conserve. Os que mais apreciam estes legados do passado são os turistas internacionais que, colocando as mãos à cabeça, perguntam como é possível todo este abandono, esquecimento e degradação monumental.
Os toxicodependentes tal como os alcoólicos -embora os primeiros, sobretudo em Portugal, sejam parcelas de uma soma de décadas recentes-, cultural e socialmente, são um reverso escabroso que todas as famílias “bem constituídas no tabuleiro societário” sempre tentaram ocultar. Os denominados “drogados”, uma espécie de caruncho familiar que paulatinamente vai carcomendo a super-estrutura doméstica, foram sempre o lado negro, o fantasma da miséria presente e futura, a vergonha de grandes nomes sonantes, de uma colectividade assente em frágeis alicerces de estacas. Não admira, por isso, que o estigma não perpassasse para o cidadão comum, sem vínculo sanguíneo para com o toxicómano, da mesma forma e o encarasse como virulento emissor de uma doença transmissível. Um “lixo” societário cuja responsabilidade de ser expurgado, varrido, cabe sempre aos outros, às autoridades administrativas, desde que não se criem depósitos à nossa porta ou se avistem da vidraça da janela. Foi sempre considerada uma clientela indesejável.
Na Baixa, desde há quarenta anos, tem sido sempre assim. Se nas primeiras décadas de 1970/80, devido à grande densidade populacional e movimento da zona, praticamente não se dava por eles, com o nascimento de novas centralidades citadinas, com esvaziamento habitacional e comercial, progressivamente, de ano-para-ano, estão cada vez mais junto a nós, a injectar-se. Enquanto houve Rua Direita -santuário de todos os pecados e cemitério de vivos-mortos- e zona envolvente andaram por ali numa espécie de almas penadas em campo de concentração.
Muito bem apoiados por estruturas como a Cáritas e outros -cuja população moradora nunca se interessou pelo bem-fazer destas instituições e tratou sempre com desprezo e distância- os viciados, ingerindo a dose fora de vistas, andaram sempre escondidos por entre becos e ruelas esconsas e casas abandonadas.

EM NOME DO METRO, DA AMBIÇÃO E DA DESGRAÇA

A partir de 2002, com o argumento de ser aberto o canal para a passagem do Metro Ligeiro de Superfície, a Empresa Metro Mondego, recorrendo algumas vezes à ameaça de expropriação, foi comprando todo o género de imóveis que pudessem impedir o seu desígnio de monstruosidade ciclópica. Foi assim que se encerraram dezenas de actividades, habitacionais, comerciais e de serviços. Largas dezenas de residentes, nascidos e criados na área, que não aceitaram dinheiro foram transferidos para bairros da periferia. Como é de calcular, ficaram os desenraizados, os sem laços e sem teto, agora com menos abrigos para, sem dar nas vistas, fazerem o “caldinho”.
Para piorar ainda mais, há cerca de três anos foram murados alguns acessos a becos na zona do Terreiro da Erva. E, como seria de prever, diariamente os toxicodependentes, injectando-se em plena luz do dia, estão a invadir cada vez mais o espaço urbano, até há pouco considerado limpo.

ENTÃO? VAMOS DEIXAR CORRER O MARFIM OU CRIAMOS SOLUÇÕES HUMANITÁRIAS?

Sabe-se que estamos perante uma falta de coragem política dos autarcas locais -para não lhe chamar cobardia. A lei que lhe dá desenvolvimento à criação de Salas de Chuto Assistidas é de 2001. Pela sua aplicação prática, cabe aos presidentes de câmara assegurar a sua prossecução. Em Lisboa e no Porto o assunto já está em discussão. Ter medo de o debater nada resolve. Inventem-se novos conceitos. É preciso acabar com esta hipocrisia social. Já temos muitos mártires.
Por tudo o que se escreveu, é urgente a criação de uma Sala de Chuto Assistida na Baixa.


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terça-feira, 22 de agosto de 2017

BOM DIA, PESSOAL...

BAIXA: MEDIDAS DESPENALIZADORAS E A FAVOR DA REVITALIZAÇÃO (7)






Tendo em conta a continuada situação de empobrecimento e desalento que as actividades comerciais tradicionais da Baixa de Coimbra atravessam, diariamente e até às próximas eleições autárquicas de 01 de Outubro, vou sugerindo medidas que, se houvesse vontade política, poderiam servir para atenuar a queda e o encerramento de mais espaços mercantis.
Estou a escrever p'ro boneco? É o mais certo!


    Reactivar os pinos de obstaculização do trânsito em zonas da Baixa de acesso condicionado.

Foi em 1999, no anterior magistério de Manuel Machado, actual presidente da Câmara Municipal de Coimbra, que, com um custo de implantação de 16.000 contos, 80 mil euros na moeda corrente, os pinos começaram a funcionar... mal, muito mal. Talvez este investimento camarário devesse servir de caso de estudo. Ou seja, como uma boa ideia, um fantástico plano, por uma deficiente logística (organização) de apoio e, depois, por “ciumeira” política da oposição acaba abandonada como monumento ao esbanjamento público e sem qualquer utilidade.
O projecto foi concebido para evitar o acesso de automóveis, durante uma parte do dia e evitar o estacionamento anárquico, a zonas consideradas comerciais e pedonais. As horas interditas aos veículos iam desde as 10h00 até às 20h00. As restantes, desde as 20h00 até às 10h00 da manhã o acesso ficava livre à circulação de veículos, quer de moradores, quer de carga e descarga para os estabelecimentos comerciais. Tudo começou (mal) pela entidade que estava encarregada de fazer cumprir o horário dos “pilaretes”. Umas vezes faziam levantá-los mais cedo, outras vezes mas tarde, outras vezes ficavam inertes sem serem levantados. Para complicar, algumas vezes os pinos levantaram e apanharam automóveis precisamente no momento em que passavam no local. Para complicar ainda mais, alguns comerciantes, habituados a fazerem o que lhes apetecia, sem regras, trataram de fazerem tudo para sabotar o sistema. Desde chaves falsas que faziam descer e subir os “piretes”, até serem destruídos para provocar a sua ineficácia, a tudo se assistiu.
Entretanto, em 2001, sendo deposto Machado (PS) e subindo ao pódio da cadeira máxima da autarquia Carlos Encarnação (PSD), havia no ar (pressentia-se) um certo clima próprio de uma pós-revolução. Isto é, em corte horizontal, tudo o que tivesse tido origem no “ancien regime” cheirava a mofo e era para acabar -aconteceu o mesmo com o Elevador do Mercado, obra considerada identitária do “machadismo”, que esteve avariado e abandonado durante anos. E foi assim que, passados dezassete anos -mesmo até depois da retoma do poder em 2013 por Machado, certamente por este edil estar velho e cansado-, este projecto dos pinos, que deveria estar a funcionar em pleno, jaz abandonado e sem qualquer prestabilidade.
Mas não se pense que Manuel Machado foi diferente e não pagou na mesma moeda. As câmaras de video-vigilância pública, que custaram ao erário público cerca de 150 mil euros, implantadas no reinado de Encarnação, numa história de insegurança, e para prevenção de assaltos, em Dezembro de 2008, estão inoperacionais há muito tempo e sem que o actual pretor urbano se importe muito. A vingança pode servir-se fria, o problema não reside na temperatura mas nos chamados danos colaterais. Como se calcula, as vítimas destas guerras partidárias são os operadores comerciais, a carne para canhão neste tabuleiro inclinado.
Voltando aos “piretes”, mesmo sem necessitar de mais apêndices de valorização, basta lembrar o que aconteceu agora em Barcelona para verificar o quanto pode ser importante para a segurança colectiva.
Para o desenvolvimento da Baixa, seja este executivo PS que fique ao leme dos destinos de Coimbra ou outro que lhe tome o lugar, manda o bom-senso colocar em funcionamento os pinos.


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