Hoje, 15 de Dezembro, terceiro Domingo do mês, realizou-se a segunda edição da Feira de Velharias junto ao Posto de Turismo e ao Parque da Cidade.
Com cerca de uma dúzia de expositores instalados com banca, num dia soalheiro que prometia vendas de esperança, o espaço consignado pelo Turismo da Câmara municipal, para além de ser um local muito bem escolhido estrategicamente, esteve muito bem preenchido.
De salientar que no passado mês de Novembro, aquando da primeira edição, foi no segundo Domingo e passou sem ser notada. E escrevo esta nota porque não deveria ter acontecido, isto é, o arranque desta alegoria, sem grande publicidade, deveria ter sido mais bem planeada. Com isto não estou a querer dizer que a mudança do segundo para o terceiro domingo não fosse feliz e muito importante. Foi mesmo. E porquê? Pergunta o leitor. Simplesmente pela razão de simultaneamente no segundo Domingo se efectuarem duas mostras na proximidade: Curia e Águeda. Se a da Curia é de reduzida dimensão, já a de Águeda, pelo contrário, e que já vem de finais do século passado, é uma das mais célebres da zona Centro. Portanto, em suma, o terceiro Domingo para este mercado na cidade do leitão está bem e recomenda-se.
Antes de continuar, como ressalva, estive ligado à compra e venda de Velharias e Antiguidades nas últimas três décadas. E também fiz muitas feiras de rua. Por conseguinte, devido à minha experiência adquirida neste ramo ser relativamente consistente, esta pequena crónica pretende ser pró-activa e construtiva. O que vou acrescentar é mesmo um acrescento – passando o pleonasmo – para ajudar nalguma ou outra qualquer lacuna que constatei e se foram formando em conversa com alguns ex-colegas conhecidos que faziam parte dos vendedores.
Relembro que até há cerca de oito anos realizou-se uma pequena mostra junto à Igreja de Sant’Ana, paredes-meias com a velha praça de legumes, carne e peixe. Ao que parece, por falta de interesse do anterior executivo e desavenças entre tendeiros, a iniciativa, sem direito a epitáfio e enterrada em campa raza, viria a sucumbir por anorexia fisiológica.
Segundo julgo saber, agora, o responsável pelo reanimar desta festa de encantar os amantes de arte, com largo rasto e provas dadas na cultura conimbricense, coube a Joaquim Correia, técnico superior de turismo e ex-funcionário na casa da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra e contratado por este executivo mealhadense para injectar sangue novo no turismo bairradino.
O QUE DISSERAM OS VENDEDORES?
À minha pergunta como decorreu este segundo acontecimento, praticamente todos, referiram que, “embora tivesse muitos “mirones”, foi muito fraca em termos de transacções.”
Disseram também que é preciso que o município, neste dia de mercado, coloque uma placa de dimensão média na Estrada Nacional 1 e outra na que liga a rotunda ao Luso. A não acontecer assim, os automobilistas, quer para Norte, quer para Sul, Este e Oeste, passam sem se aperceberem da feira.
TRATAR BEM OS “ARTISTAS”, É PRECISO
Já o escrevi muitas vezes, os vendedores de Velharias e Antiguidades são artistas ambulantes que, vindos de longe, à custa do seu esforço e sem qualquer apoio, gratuitamente, vêm dar vida aos lugares habitados onde assentam praça. Como recompensa, em muitos casos, ainda são mal vistos e conotados como vendedores de ferro-velho.
Salvo melhor opinião, este recomeço na cidade é importantíssimo. A urbe, e freguesias adjacentes, mais virada para o palato pantagruélico, é pouco sensível às Artes e, para piorar, a maioria dos seus cerca de vinte mil habitantes do Concelho, olham para um livro como um burro para uma pauta de música.
O renascimento deste alimentar de alma pode e deve começar por visitas a esta realização. Por isso mesmo, não se abandone à sua sorte e ao Deus dirá.
A bem de todos, acarinhe-se estes mercadores para que o seu número duplique ou triplique e esta festa, que se pretende profícua, não morra à nascença.
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