sexta-feira, 10 de setembro de 2021

UM HOMEM (IN)COMUM

 

(imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



UM HOMEM (IN)COMUM


O manto hipócrita da morte cai,

como a noite sobre o dia,

sempre que alguém se vai,

se de estatuto que amplia

a sombra dos que lhe chamam pai,

ninguém parece ver a hipocrisia,

a mentira travestida, que até abstrai,

transformar o triste finado com magia,

num santo homem, um exemplo, rezai,

o pobre olha para este teatro e desconfia,

é o politicamente correcto que nunca sai,

diáfano discriminador do poder que alicia,

eleva o poderoso e esquece o humilde, ai!

Triste sina daquele que em graça não inebria,

embrulhado no mais triste anonimato se achai,

nasce só, sozinho vai morrer sem companhia,

sem ser idolatrado, sem ser abençoado, pensai,

assim é o Homem na igualdade que o guia.

Sem comentários: