domingo, 25 de julho de 2021

MEALHADA: VER CINEMA POR UM CANUDO

 




Como introdução, recorrendo à história dos dias que passam a correr, o Cine-teatro Messias, o emblemático edifício dos anos de 1950, que durante muitas décadas esteve votado ao abandono e, numa visão transcendental que se enaltece, em boa hora a autarquia mealhadense, em 2001, decidiu abrir ao público depois de remodelar completamente o edifício e o ter transformado num polo cultural de excelência para o Concelho de Mealhada e de outros vizinhos.

Até aqui, cantam-se loas à edilidade na terra do leitão. Mas, naturalmente, como não há “bela sem senão”, começamos a esmiuçar o seu desempenho e, se calhar, digo eu, há reparos a fazer, ou melhor, reformular os conceitos que, a bem da comunidade, devem ser alterados.

Tudo começou no facto de, nos últimos meses, ter sido divulgada a programação do Cine-teatro com o filme “BemBom”, que retrata a história efémera da banda musical as Doce – entre 1979 e meados da década de 1980 -, para os dias 23, 24 e 25 de Julho.

Quem se dirigiu no Domingo, dia 25, para visionar a peça cinematográfica bateu com o nariz na porta. Sem um aviso, quer na página do município, na Internet, quer na porta do cinema.

Ora bem, à luz de uma tolerância que deve acompanhar sempre estas coisas, vamos avaliar o que aconteceu com uma racionalidade necessária. É grave? Não. Nada disso!

Então, se não é grave , porque chamo o assunto à colação? Simplesmente, por um lado, com um sentido crítico positivado, por outro, com uma especulação marcada a ferro, podemos e devemos aventar sobre o que aconteceu… para evitar a repetição.

E começamos pela especulação. Por que razão teria sido suspensa a projecção do filme? Em concreto, não sabemos. Mas podemos tentar adivinhar que, eventualmente, a afluência de público nos dois primeiros dias, 23 e 24, foi escassa e, para evitar gastos desmesurados, por ordem superior, a última exibição foi cancelada.

Está certo? Por muito que custe a pessoas como eu que ia todo empolgado para ver, está correcto. Tendo conhecimento de um certo antecedente, como poderia ser o caso, não se deve esbanjar dinheiro público que, para os contribuintes, é sangue que corre nas veias.

Então, afinal, o que está mal - parece você, leitor, interrogar, já algo confundido com o desenrolar da crónica.

E eu, como é óbvio, respondo. O que está mal, digno de registo, é a falta de comunicação prévia que os serviços camarários deveriam ter apresentado e não fizeram.

Mas há mais. Não vamos ficar por aqui. E para continuar preciso de recorrer à minha alguma, pouca, experiência que detenho em frequentar o Cine-teatro.

No que toca à exibição de filmes, esta actividade lúdica é altamente deficitária.

Nos últimos dez anos, já assisti a alguns filmes com 7, 10 e 15 espectadores. Naturalmente que já vi a sala bem-composta, mas nunca completa. Quero dizer que se deve acabar com o cinema nesta categorizada sala? Nada disso. Nem pensar! Mas é preciso fazer alguma coisa para recuperar um costume que se perdeu, pelo menos no Concelho de Mealhada. Mais abaixo apresento o meu ponto de vista para esta lacuna que se desenrola por o povo não acorrer a ver filmes comodamente instalado e em ecrã gigante.

Porque quanto a outros eventos, o empreendimento é quase auto-sustentável. Sem descurar outras mostras, basta atentarmos que o teatro de revista é sempre casa-cheia. Por exemplo, “Os diálogos da Vagina”, um triálogo narrado por três mulheres que vai acontecer em Setembro, já está esgotado.

Voltando à questão pendente sobre a pouca afluência de público ao cinema, o que deveria ser feito? Simples, gratuitamente, com oferta de bilhetes, levar os alunos do ensino básico e até ao secundário a assistir a filmes na mítica sala.

Para tentar levar os seniores, talvez fazer um bilhete especial a partir da idade de 65 anos. Outra premissa, no Dia da Cidade e, se calhar, em outras datas de relevo, através das juntas de freguesia, oferecer bilhetes aos mais idosos.

Seja o que for feito, é preciso fazer alguma coisa. Aposto que você, que me lê, a última vez que foi ao cinema foi há mais de dez anos. Estou errado?

E porque razão não vai? Pode dizer-me?


POST SCRIPTUM:

Em resposta posterior por parte do Município para repor a verdade, verifiquei que, contrariamente ao que escrevi, afinal, o filme "BemBom" tinha sido anunciado com projecção para as 16h00 de Domingo. Ou seja, como não vi, fui à noite e parti do princípio (errado) de que não tinha havido sessão no Domingo. As minhas desculpas.

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