(Foto do Diário as Beiras)
Maria –vamos chamar-lhe assim- trabalha na Idealmed, uma moderna unidade
hospitalar de Coimbra, privada, ali paredes-meias com Coselhas –um subúrbio da
cidade e que, por curvas e contra-curvas da estrada principal, dista sensivelmente
cinco quilómetros até à sua casa de morada na Baixa. O seu horário de labor em
muitos dias de uma qualquer semana do mês vai até às 23h00. Como não tem
transporte público –e muito menos dinheiro para manter um automóvel- Maria
percorre este caminho sempre a pé, faça chuva, Sol, ou nevoeiro. Aos domingos, durante todo o dia, também não
há autocarros dos SMTUC, Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de
Coimbra, e a esta Maria, que poderia ser Madalena ou Etelvina, não lhe resta
outra escolha do que colocar os pés ao caminho. Já por duas vezes teve
tentativas de assalto, conta-me no meio de uma lágrima vadia que tenta romper
por aqueles olhos de sofrimento encapotado.
Segundo o Diário as Beiras, esta semana,
Manuel Machado, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, assinou um protocolo
de cooperação com a Universidade de Coimbra, na pessoa do Magnífico Reitor João
Gabriel Silva, para a implementação de uma nova linha mini-bus a ligar o Parque Verde e a Alta Universitária e para que
os visitantes possam deixar os seus automóveis junto ao Mondego.
Com isto não quero dizer que este novo projecto não seja importante para a cidade. O que quero dizer é que dar tudo para quem passeia –sobretudo numa zona bem servida de transportes públicos- e nada dar para quem trabalha, para quem luta e sofre para sobreviver de cabeça erguida, parece-me, há uma indecente discriminação negativa que atenta contra a liberdade individual. Talvez valesse a pena perder um minuto para pensar nisto!
Com isto não quero dizer que este novo projecto não seja importante para a cidade. O que quero dizer é que dar tudo para quem passeia –sobretudo numa zona bem servida de transportes públicos- e nada dar para quem trabalha, para quem luta e sofre para sobreviver de cabeça erguida, parece-me, há uma indecente discriminação negativa que atenta contra a liberdade individual. Talvez valesse a pena perder um minuto para pensar nisto!
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