segunda-feira, 31 de agosto de 2009

PARA NILZA




Sei que segues o que escrevo
do outro lado do mar,
fazes-me sentir que devo,
continuar a versejar;
Não saberia o que fazer,
poucos são a apreciar,
não sabem que escrever
é dar um pouco e sonhar;
É mostrar a alma nua,
sentimento, fino e belo,
é pensar que prenda tua
faz -me príncipe em castelo;
Da sombra da minha rua,
envio uma rosa em fundo,
para mostrares à tua lua
o símbolo da paz no mundo;
Quem a leva é uma andorinha
que voa ao sabor do vento,
leva consigo a rosinha
tão cheia de sentimento;
Vai mostrar ao te prendar,
que a vida é para descobrir,
sonhar fundo em noite de luar,
estar só, angustiada e sorrir;
Pouco importa o lado do mar,
o que conta mesmo é o sentir,
é saber que vivemos para amar,
não para repudiar e mentir.

O VÍDEO DO DIA...

DEVERÁ A PROSTITUIÇÃO SER LEGALIZADA?




Segundo o Jornal de Notícias (JN) de ontem, “Alexandra Oliveira, investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, doutorou-se com uma tese sobre a prostituição de rua no Porto, e defende que esta actividade deve ser regulada como qualquer outra profissão”.
Continuando a citar o JN, à pergunta “Recusa a ideia de que o trabalho sexual é inerente explorador. Porquê?”. Responde Alexandra Oliveira: “Porque o que permite que este trabalho seja explorador é o modo como é exercido. Imagine uma imigrante que vem para a Europa. Quer trabalhar mas está ilegal: onde é que consegue inserir-se laboralmente? No mercado de trabalho informal, onde não tem quaisquer direitos assegurados. Isso permite a exploração. Uma imigrante ilegal a trabalhar como prostituta não pode sequer fazer queixa à polícia se for agredida ou roubada porque o que a polícia fará em primeiro lugar é tratá-la como imigrante ilegal; e há casos de polícias que, esquecendo a sua função, abusam de mulheres por saberem que elas não podem fazer queixa por estarem ilegais…é isso que permite que este trabalho seja explorado. Mas os polícias, quando vão fazer rusgas aos bares de alterne, por exemplo, se em vez de deterem as alternadeiras para repatriá-las obrigassem os empregadores a contratá-las como funcionárias que são, se a inspecção fosse no sentido de regularizar a sua actividade profissional, resultaria daí um benefício efectivo para aquelas mulheres. O discurso das autoridades –policiais, judiciais e políticas- é o da luta contra o tráfico e a exploração sexual, é aparentemente humanista, mas, na prática, trata estas mulheres não como vítimas mas como delinquentes”.
Extraindo algumas frases contextualizadas de Alexandra Oliveira, no vídeo inserido no JN online, “o que eu defendo, e também é defendido pelas associações dos trabalhadores de sexo, é que se encare o trabalho sexual (…) como uma profissão tal como as outras sem leis nem estatutos especiais. Deve ser regulado, neste caso em Portugal, de acordo com o Código Nacional das Profissões, e regulado como tal. (…) Poderem fazer descontos para a Segurança Social, poderem recorrer a um subsídio em caso de doença e, depois outras questões mais práticas, que é algo que muitas vezes elas chamam a atenção, como, por exemplo, uma coisa tão simples: elas têm dinheiro, e auferem dinheiro com o trabalho, e não conseguem, por exemplo pedir um empréstimo à habitação porque não têm uma folha de IRS para apresentarem no banco. (…) Acho que ainda há um estereótipo muito forte que associa a prostituição à violência, à exploração, à miséria, e isso é apenas uma pequena parte da realidade. (…) E quando se associa a prostituição a essas imagens tão negativas, a tendência é rejeitar a actividade. É tratá-las como vítimas e não respeitar as suas opções. E acho que esse desconhecimento leva a um posicionamento ideológico de grande rejeição da prostituição, impedindo de encarar as pessoas. Nomeadamente, pessoas, encará-las de forma humana, como se elas não existissem. O mais importante talvez fosse contribuir para a desestigmatização. Porque ao encararmos o trabalho como uma profissão acho que tendíamos a ver menos negativamente, ou a tendência podia ser no sentido de desistigmatizar a actividade”. Extracto da entrevista a Alexandra Oliveira ao JN, que defendeu uma tese na Universidade do Porto de que a prostituição deveria ser regulada como outra qualquer profissão.

Agora, entre o trabalho da especialista e o que eu penso, que, neste caso, embora irrelevante, seja um mero opinador, já há muito que vou no mesmo sentido, talvez fosse interessante saber o que pensa a prostituta de rua. E, para isso, nada melhor do que ouvir uma, e foi o que fiz.
A Etelvina –nome fictício- é uma bonita mulher de vinte e poucos anos. De corpo bem torneado, tipo “mignon”, de rosto esguio, fora da sua realidade diária, poucos diriam que esta “fame fatal” ocupa e recolhe os seus proveitos na mais velha profissão do mundo. Fala pouco mas bem. Sabe o que diz. Estudou até ao 7º ano.
“Ataca” nas ruas da cidade há já mais de um ano ao lado da sua mãe. Observando os seus olhos negros com atenção, nota-se nos seus traços de menina uma imanente tristeza: Etelvina praticamente não sorri.
Tem dois filhos. O primeiro foi dado para adopção. O segundo está institucionalizado. O destino da criança vai ser decidido pelo juiz neste próximo mês de Setembro. Talvez porque estivesse fragilizada, há semanas abordou-me na rua. Como sabia que escrevo para um jornal da cidade, veio pedir-me ajuda: “o senhor tem de ajudar-me…não me podem roubar a minha filha…não podem!”, dizia-me de lágrimas a correr pela sua cara triste. E o que precisa que eu faça? Interrogo. “Preciso que o jornal conte a minha história para influenciar o juiz”. Mas o jornal pouco pode fazer se a Etelvina continuar na rua. A única forma é você deixar esta vida, retorqui como pude. “E vou deixar. Em Setembro vou fazer um curso, nas Novas Oportunidades, e vou ter a minha casinha para criar a minha menina”, diz-me com a voz embargada e com um rio de lágrimas a correr. Ficou assente que eu faria o que pudesse. Para além disso, reforcei, conhecia duas associações especializadas em ajuda a prostitutas, quereria ela que eu apresentasse o seu caso? “Sim, se faz favor”, apela a menina. Tratei do assunto, expu-lo, mas ela não deu grande saída…”vou pensar”. E por ali ficou.
Hoje, à hora do almoço, passei novamente por ela. Como já pensava em escrever este texto, atirei-lhe: o que pensa a Etelvina da legalização da prostituição? Imagine que era considerada uma profissão igual a outra qualquer, não acha que o juiz, na decisão da sua filha agora em Setembro, olharia para si de outra forma? Interroguei. Abriu os olhos de espanto, como se fosse apanhada de surpresa, “a minha opinião é negativa. De pouco vale. Não se esqueça que esta profissão –como quem diz, atalha- é a mais antiga do mundo. As pessoas estão habituadas a ser assim. Olham para nós como as Madalenas pecadoras…está ver? O juiz jamais olharia para mim como outra igual dessas profissões reconhecidas das nove às sete. Entendeu? O mundo está feito assim. Se mudar –que duvido- já não vai ser no meu tempo. Acredite, pode escrever…”

A DEPENDÊNCIA DO MEU AMIGO ALBINO




Não é este o seu verdadeiro nome, mas vamos chamar-lhe Albino. Conheço este meu amigo há mais de vinte anos. É um grande comunicador. É jornalista de um grande jornal nacional. Acabei agora mesmo de forçar o meu amigo Albino a beber um café. Estava completamente embriagado. Não é para mim surpresa. Já outras vezes tomámos café nas mesmas condições, e, a todo o custo, evitando que ele ingerisse mais álcool.
O que me leva a desabafar é tentar, nesta espécie de solilóquio que é o escrever, tentar entender –sem jamais o conseguir- o que pode levar uma pessoa com um talento imenso a afundar-se no oceano etílico. Todos temos os nossos recantos de reclusão. Eu, por exemplo, quando estou triste, frustrado ou ressabiado, dá-me para escrever. Portanto, se também sou dependente de algo, logicamente que entendo o Albino…até certo ponto –por que tenho para mim, que todos dependemos de alguma coisa para continuarmos a sobreviver, a existir – é uma essencial necessidade antropológica-, seja ela, religião, futebol, tabaco, jogo, outras drogas, leves ou pesadas, sexo, escrita, trabalho, etc. Ou seja, compreendo a carência do Albino ter de mergulhar as suas dores de alma num poço sem fundo, que lhe corrói as entranhas. Só me custa a entender a escolha, no caso o álcool, que é destruidor da pessoa e de tudo o que está à sua volta, logo a começar na família.
O Albino, para além de escrever bem, é um homem de convicções. Solidário, amigo do seu amigo, sensível. Se preciso for, num desprendimento total, dá a camisa por alguém que nem conhece. Arrisca pela defesa de uma causa que, a seu ver, seja justa. Lembro-me de, na década de 1980, quando começaram a surgir as primeiras rádios independentes –chamadas de piratas-, O Albino foi dos primeiros a emitir desde o Grémio Operário, ali junto à Sé Velha. Sempre que havia que tomar uma posição ele estava lá. Tal como outros, a pena era a sua espada justiceira que, a seu modo, tentava combater as assimetrias de um mundo que é naturalmente injusto e díspar para quem não pode reivindicar. O problema dele, talvez o seu calcanhar de Aquiles, foi sempre o maldito álcool.
Hoje, ver o Albino, que é um homenzarrão de mais de 1,80 de altura, de camisa desfraldada, aberta, a mostrar o peito nu, a babar-se como um bebé de colo, com um discurso desconexo, deu-me uma profunda tristeza. O que podemos nós fazer por alguém que se perde e não quer ser ajudado? Apetece abrir-lhe a cabeça e colocar lá dentro uma mensagem de aconselhamento para fazer uma desintoxicação no Hospital de Sobral Cid. Deixa uma terrível sensação de vazio. É como se quiséssemos reter a água nas nossas mãos e, sem o poder evitar, ela esvai-se por entre os dedos.
Sei que um dia destes, se ele não fizer nada para mudar, vou perder o meu amigo Albino. Uma pena. Um homem com tanto talento, e tão generoso.
Mas o que se pode fazer? Nada. Absolutamente, nada. E isso é que dói. Se ele ao menos se abrisse. Eu bem tento, sempre que o encontro. Como é que vais, Albino? Como vai a tua vida? Não tenho lido os teus artigos no jornal. O que se passa? Mas o Albino disfarça, parece não perceber. Substitui a resposta por uma pergunta. “Queres escrever para o jornal? Queres uma coluna na última página? És o grilo falante (a consciência) da Baixa, destes comerciantes que todos os dias morrem um bocadinho. O que te leva escrever por quem não merece?”. Interroga-me ele em frases entrecortadas, talvez tentando compreender-se, em catarse, o que o leva a mergulhar as mágoas num cálice de brandy. Somos tão complicados. É mesmo difícil compreender os nossos actos, em estado de sobriedade, quanto mais…bêbado.
Merda para isto…estou frustrado…

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (CAVACO VETA UNIÕES...)




Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem ""CAVACO VETA LEI DAS UNIÕES DE FACTO"":

“Casamento forçado”

Coisas diferentes devem ser sujeitas a regras iguais? Esta é a pergunta que se impõe, quando se pensa no veto presidencial à nova Lei das Uniões de Facto. É fácil dizer que o PR é «reaccionário», «demodé», «conservador» — em Portugal, há falta de argumentos, poucos resistem a recorrer ao rótulo da moda, sempre à medida das suas conveniências. Mas isso não deve escamotear uma análise fria das questões que coloca esta tomada de posição que, a meu ver, até pressupõe uma visão bastante liberal, ao assinalar a necessidade de haver liberdade de escolha entre um regime mais flexível (uniões de facto) e outro mais rígido (o casamento). Pelo contrário, tornar igual aquilo que, por opção dos próprios, nasceu diferente, pode, isso sim, ser considerado retrógrado, além de evidenciar, ainda mais, a tendência crescente do Estado para interferir na vida particular de cada um. De resto, algumas imposições que leis supostamente progressistas têm determinado não podiam ser mais arcaicas. Veja-se, na lei vetada das uniões de facto, a obrigação de os dois membros do casal responderem «solidariamente pelas dívidas contraídas por qualquer deles» — e se for justamente essa uma das razões pelas quais um casal não deseja aderir ao casamento? Está condenado a ser uma espécie de pária — sem casamento, nem união de facto? Outro exemplo de péssima legislação é o novo diploma sobre o divórcio. Entre outras aberrações, institui a «compensação», na altura das partilhas, a quem «contribui manifestamente mais do que era devido para os encargos da vida familiar». O que é isso de «contribuir manifestamente mais»? Como é que se contabiliza a mudança de fraldas, as noites mal dormidas ou os prejuízos na carreira profissional? As consequências de muitas destas normas mal escritas, de duvidosa qualidade técnica e susceptíveis de várias interpretações não são só o aumento da litigância, mas, sobretudo, o risco de serem cometidos erros graves em matérias extremamente sensíveis para a vida das pessoas.
Toda a gente sabe que casamento e união de facto são coisas diferentes. Quem escolhe casar-se assina uma espécie de contrato público, sujeitando-se a um conjunto de direitos e deveres consagrados pela lei. Quem não está para isso, não se casa, assumindo também as consequências inerentes a essa decisão. Reconheço que a presente legislação deixa de fora a possibilidade de opção pelos casais homossexuais, o que é uma injustiça. Por essa razão só é coerente defender a existência de vários institutos, se todos tiverem igual liberdade de escolha — o que implica a extensão do casamento aos casais de gays e lésbicas. Mesmo assim, haverá sempre quem se considere lesado. O mundo não é perfeito, nem as leis devem ser feitas à medida de cada um. Mas não deixa de ser bizarro ouvir pessoas dizer que não querem casar, mas ficarem muito indignadas por esta lei não ter passado. Ainda não perceberam que ficavam casadas à força.

(Áurea Sampaio, in VISÃO nº 860, 27-08-2009 a 02-09-2009)

sábado, 29 de agosto de 2009

UM REQUERIMENTO ENVIADO AO MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

(RESPEITO PELOS MAIS VELHOS, PRECISA-SE -FOTO DE LEONARDO BRAGA PINHEIRO)


Ex.mº Senhor Dr. LUIS AMADO
Ministro dos Negócios Estrangeiros Português


ASSUNTO: NOTÍCIA DO SEMANÁRIO EXPRESSO


……. Luís Fernandes …….., portador do BI nº ……., comerciante, em Coimbra, morador no ………………….., em Coimbra, vem por este meio expor a V.Exª o seguinte:

1-Vem o Semanário Expresso online de hoje noticiar que “Avó Portuguesa é estrela no “YoTube”. Tratam-se de vários vídeos colocados neste site de uma velhinha portuguesa, de origem açoriana, que é filmada pelo neto e ridicularizando a anciã;

2-Acontece que a senhora de origem portuguesa, e vexada de forma execrável pelo familiar, segundo o jornal, não sabe a que fim se destinam as filmagens proporcionadas pela sua ignorância e provável iliteracia;

3-Penso que não há dúvida de que estamos perante um agravado abuso de confiança continuado, perante alguém –no caso é uma cidadã portuguesa- que não se saberá defender;

4- Pela dignidade desta cidadã nacional, pela dignidade dos portugueses e portuguesas pelo mundo fora, solicito a V.Exª para que interceda no “YoTube” para que tais vídeos venham a ser retirados daquele site;

5º-Ainda que o infractor, aqui neto da cidadã portuguesa, seja de naturalidade Canadiana, solicito que o Governo autóctone seja sensibilizado para estes desmandos de modo a poder repreender este abuso de um seu nacional. Solicito também que, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, os pais e restante família deste contraventor sejam notificados.

6º-Pela dignidade da alma portuguesa, nacional e internacional, pela dignidade desta anciã, espera o provimento desta demanda.

Com os melhores cumprimentos.

Coimbra, 29 de Agosto de 2009


(……. Luís Fernandes ……..)

(ESTA CARTA FOI ENVIADA, POR E-MAIL, AO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS)

O VÍDEO DO DIA...



FAÇAM O FAVOR DE TER UM BOM FIM-DE-SEMANA...PORQUE, NÃO HAJA DÚVIDA, A VIDA É MESMO CURTA. O PROBLEMA É QUE MESMO, NÓS, TENDO NOÇÃO DISSO, NÃO A APROVEITAMOS COMO DEVEMOS. SOMOS TÃO BURROS, NÃO SOMOS? NÃO FIQUE COM ESSA CARA...EU TAMBÉM SOU...

SÁBADO





Hoje é Sábado, dia de angústia minha,
é um buraco no caminho a contar,
é uma fractura na esperança levezinha,
um interregno num tempo a passar;
Todos param nesta estação da semana,
apanham o trem da fuga para a frente,
partem felizes, o aventureiro e o sacana,
misturados entre amálgamas de gente;
Querem viver o presente a escassear,
colocar uma pedra nos dias passados,
nas tristezas, nem é bom lembrar,
vamos mas é para a frente, entediados;
O comboio da vida está a encurtar,
já não pára em todas as estações,
gozar o fim-de-semana é salutar,
mesmo em apeadeiros de expiações;
No Sábado não há pressas na calçada,
não há ais do “aspirante” louco a gritar,
há solidão, em sombras, disfarçada,
de gente sozinha que quer amar;
Não se vêem nas portas das sapatarias,
os donos, de testas enrugadas, a pensar,
fazendo contas à vida, em cavalarias,
aspirando um tempo que não vai recuar;
Não se vê um comerciante embriagado,
afogando as mágoas na tasca do Baltazar,
arrumando o sofrimento, bem embrulhado,
está em casa, sentado no sofá, a pensar;
Por ser Sábado o infeliz faz de contente,
mostra alegria à sua Maria sem sentir,
mesmo que a alma chore, lhe doa um dente,
patrão desolado sabe que tem de fingir.

UM VÍDEO QUE DÁ QUE PENSAR



 Conta o semanário Expresso desta semana que “entre “sopinhas”, “papo-secos” e ralhetes de chinelo na mão, os vídeos da “Portuguese Grandmother” chegam a render mais de 80 mil visitas. O autor é Jeff, o neto de 19 anos que se dedica arreliar a avó açoriana para filmar e pôr no “YouTube”. O sotaque açoriano está sempre presente, uma vez que a família é oriunda dos Açores e está a viver no Canadá.”
“(…) O sucesso galgou as fronteiras do “YouTube” e a “portuguese grandmother” é já falada nos mais diversos fóruns e redes sociais. Só no “Facebook” tem mais de mil fãs, que deixam inúmeras mensagens a pedir mais vídeos e a dizer o quanto se divertem com a espontaneidade da avó. Espontaneidade essa que se deve, seguramente, ao facto de a senhora não ter a mais pequena noção acerca do sítio onde vão parar as imagens filmadas pelo neto”, extracto do jornal Expresso de hoje.


São tantas as indignidades que trespassam desta acção que nem sei por onde começar.
Começo talvez pelo abuso, pela exploração gratuita de uma pessoa –que no caso é uma avó portuguesa- que pela ignorância não sabe que está a ser ridicularizada mundialmente. E aqui, quanto a mim, a Embaixada Portuguesa no Canadá, constituindo-se assistente, deveria chamar a si este crime de abuso de confiança de um seu cidadão, através de exposição pública de imagem, que, provavelmente, pela idade e iliteracia, numa forma torpe, está a ser vexada por um fedelho que no mínimo deveria levar um par de bofetadas, filmar o correctivo, e colocar igualmente o vídeo no “YoTube”.
A seguir gostaria de “pegar” ao de leve neste “voyeurismo” patológico que assola a população mundial sem o mínimo pingo de vergonha. Se as pessoas não acederem ao vídeo este neto camafeu de certeza absoluta que não continuaria. Bolas!, não se trata de uma bela mulher que, plena do seu total conhecimento, mostra as suas traquinices. Trata-se, isso sim, de uma pessoa idosa, que resultado de uma cultura fechada que viveu, se expressa na forma que sente e sabe. Eu vi três vídeos. E o que senti é algo inexplicável. Visionar estas imagens é sentirmos estar a ser coniventes numa injustiça sem nome.
Por último, olhemos um pouco o procedimento deste jovem –que por acaso é de ascendência lusa, mas, para o caso, é irrelevante- e transmutemo-lo para a relação entre novos –os nossos netos ou filhos- e velhos. E o que pensamos? Estamos fornicados!!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O VÍDEO DO DIA...



PARA UM COMEÇO DE BOM FIM-DE-SEMANA...

UMA FOTO AO ACASO...



PATRÃO...PELAS RUAS DA AMARGURA...

UMA FOTO AO ACASO...




O MÁRIO...UM MENDIGO HABITUAL DESTAS RUAS ESTREITAS...

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE "EDITORIAL...)




Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "EDITORIAL: ESTA BAIXA QUE TODOS FALAM":

Madrid, 28 Ago (Lusa) -- Mais de 36 mil lojas encerraram no último ano em Espanha, ou seja, em média cerca de 100 por dia, afectados pelas quedas nas vendas que nem os elevados saldos realizados conseguiram ajudar, anunciou hoje a associação do sector.
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O balanço foi divulgado pela Federação Nacional de Associações de Trabalhadores Autónomos (ATA) -- classificação dada aos trabalhadores por conta própria ou independentes -- que antecipa mais fechos nos próximos meses.

Lorenzo Amor, presidente da ATA, disse aos jornalistas que a situação de muitos comerciantes é dramática e que os consumidores continuam a não comprar, "apesar dos maiores saldos de sempre".

Isto está maus em todo o lado, mas pelo menos estes têm números, existe alguma entidade interessada

O PROGRAMA DO PSD





Não será por acaso que o programa de governo do PSD, apresentado ontem, aponta directamente, em primeiro lugar, para a economia. Depois, subjacentemente, indica prioridades na política social, na justiça, na educação e na segurança.
Se atentarmos, as questões sociais, a justiça, a educação e a segurança, são pilares fundamentais da economia. Sem nenhum destes valores essenciais a funcionarem em pleno, jamais haverá relançamento económico.
Poderíamos considerar também a saúde, mas se entendermos a educação como um princípio de precaução para a boa-forma, logo, estará englobado no projecto dos sociais-democratas.
Muita gente estará de acordo que o desenvolvimento do país assentará num Estado que potencie a iniciativa privada, em que todos tenham as mesmas oportunidades. Haverá concordância que o futuro reside nos jovens e é preciso apoiá-los para que possam desenvolver os seus sonhos.
Muitos estarão de assentimento que a criação de emprego e relançamento da economia, fomentando o consumo, residirá nas empresas, públicas, semi-públicas e privadas. Mas essencialmente nestas últimas, onde quem arrisca, investindo, o faz por sua conta e risco, sem as costas largas do Estado. Ainda que não seja despiciendo falar das obras públicas a servirem de motor neste relançamento da economia nacional, seguindo a doutrina de Keynes, no plano Marshall, na reconstrução da Europa devastada pela 2ª Guerra. Porém, vários economistas, se têm mantido críticos acerca de seguir este modelo económico, considerando que vivendo nós em economia aberta não faz sentido. Estando os portugueses obrigados a concursos internacionais para grandes obras públicas, e tendo a circular uma moeda extra-estadual, para além de sermos quase dependentes do exterior, logo o macro-investimento serviria para relançar as economias dos países vizinhos. Mesmo considerando o relançamento do consumo privado, através de mais moeda a circular, através da criação de emprego, e uma vez que mais de 70% do que consumimos é importado, mais uma vez, também aqui, estaríamos a concorrer para o desenvolvimento externo. Ou seja, a micro-economia nacional sairia pouquíssimo beneficiada. Não seria assim se vivêssemos numa economia fechada. Penso, que o pensamento de muitos economistas, que defendem que Jonh Maynard Keynes está morto e enterrado, estará certo, ou, pelo menos, serão argumentos aceitáveis.
Voltando ao programa do partido laranja, a incidir na economia, vê-se que Manuela Ferreira Leite explorou bem as fragilidades da legislatura deste governo do Partido Socialista. Caso venha a ser eleita iremos ver o que dá. Vamos supor que, mais uma vez, as propostas não morrerão na praia, como os anteriores governos do PSD nos habituaram, e mais concretamente o de Durão Barroso, em 2002, que, quanto a mim, foi o político que mais destruiu a esperança do eleitorado social-democrata. Já não falo do período de Santana Lopes, que foi o “atravessar o deserto” do partido laranja.
Analisando a crise que devasta o país –depois de ver ontem uma reportagem na SIC, sobre o Algarve, fico com algumas dúvidas se será mesmo uma recessão transversal-, dá para ver que, verdadeiramente, temos um país a duas velocidades. Numa delas, a atravessarem mesmo dificuldades financeiras estarão as PME, Pequenas e Médias Empresas –e pequeníssima- e todos os assalariados a cargo destas estruturas patronais. Aqui é que reside a crise. Numa outra velocidade, a andar a toda a força, está todo o restante leque de trabalhadores dependentes ou por conta-própria do país. Estes, privados ou públicos, não estão a atravessar problemas financeiros. Pelo contrario: até estarão melhor. Uma vez que os seus proveitos se mantêm e os preços, devido à baixa procura, diminuíram.
Ora, quanto a mim –que, não preciso de dizer, não percebo mesmo nada de economia-, foi aqui que o governo falhou clamorosamente. Em vez de apoiar a montante as PME, e nomeadamente a pequena empresa, discriminando-a positivamente, isentando-a de impostos, só para manter os empregos normalmente familiares, virou o apoio para jusante. Ou seja, para os desempregados que ao longo dos anos foram caindo no desemprego pelo encerramento compulsivo destes grupos de empresas.
Mais ainda, e a compor o ramalhete: foi deixando cair a justiça –um pilar fundamental do Estado de Direito- no maior lodaçal de que há memória. Só indirectamente da sua responsabilidade. A decadência do estado da justiça já vem desde a década de 1980. Com o desmesurado aumento de consumo, e, logo a seguir, na década de 90, com a aprovação do Código do Consumidor, veio aumentar extraordinariamente a conflituosidade num país que, em estruturas judiciais obsoletas, não estava minimamente preparado para este “boom” de belicosidade. Para além disso, e para complicar, com novas formas de criminalidade, muito mais depurada, a nascerem todos os dias, através da Internet.
Com uma produção sistémica de leis quase diárias, que, em vez de informar, acabam por lançar o caos nos juristas. Com um sistema judicial demasiado formalista, e como se isso fosse pouco, tem ainda, a escola judicial, códigos obsoletos. A começar no Código Civil de 1967, de Antunes Varela que está desajustado do tempo presente. Ainda que ao longo das décadas tenha vindo a ser alterado. A seguir vêm os Códigos, Penal e de Processo, recentemente recriados, já nesta legislatura, a mostrarem-se completamente desadequados na prevenção a uma nova vaga de desvios criminais. Assentes obsessivamente em Direitos Liberdades e Garantias dos arguidos que ninguém entende, estes códigos, acabaram por serem contraproducentes, ou melhor, producentes de uma descriminalização e geradores de uma insegurança que atravessa o país de lés-a-lés.
Vem então a educação. Também aqui, igualmente, esta (des)educação já vem de longe, talvez a começar logo em Abri de 1974. E, sejamos honestos, todos temos responsabilidades. Nós pais, mal-preparados para educar os filhos da revolução –porque fomos mal-educados e mal-tratados por uns pais que não sabiam, nem podiam fazer melhor- sem termos noção dos nossos erros acabámos por ser coniventes nesta farsa em que se tornou a formação educacional da geração actual. Embora, saliente-se, também pelo pouco tempo que passámos a ter para os nossos filhos.
O actual ministério da Educação não é mais do que o resultado das reivindicações dos pais, que, a começar por mim, queriam tudo para os meninos. Num facilitismo atroz –da qual hoje já estamos a pagar com juros elevadíssimos-, criamos um monstro de direitos para os nossos filhos e apenas um degrau de obrigações. Claro que, alguém tinha de servir de bode expiatório, porque todos nós pais –incluindo eu-, sacudindo a água do capote, tínhamos de mandar a culpa para cima de alguém. E quem foram as vítimas? Nem é preciso dizer: naturalmente os professores.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ESCREVENDO POR ENTRE LINHAS...




Não me esqueço de ti…no teu aniversário,
quando foste ao médico por causa daquele edema,
cuja preocupação te mantinha virada ao contrário,
e nem um sorriso de alegria, ou mesmo uma poema,
te fazia encarar a vida, igualzinho, ao nosso canário;
Não me esqueço de ti…quando nem me olhaste,
quando partiste, enraivecida, cega de tanto odiar,
esqueceste o fruto do nosso amor, quase me cegaste,
confesso, fiquei louco, pensei mesmo em te matar,
fui à tua nova porta, para te ver, nem sequer me olhaste;
Não me esqueço de ti…antes de adormecer,
quando abraço a tua projecção materializada ao meu lado,
acaricio-a, dou-lhe afagos, é a ti que beijo, sem ela saber,
sinto-me mal, não gosto de mim, fico num tal estado,
que me apetece voar para os confins da terra, desaparecer;
Não me esqueço de ti…quando adormeço,
sou envolvido em memórias arrumadas na minha mente,
mergulhamos, corremos nas nuvens, é um miúdo que pareço,
tento agarrar-te, tu foges, na bruma do sonho que não se sente,
estou tolhido, grito, esperneio, sou um fantasma que desconheço;
Não me esqueço de ti…quando o café vou tomar,
olho a porta, como sôfrego com sede, na esperança de te ver,
entra uma, entra outra, não tem cheiro, sorriso, um pouco de ti,
abro o jornal, olho a porta, leio o jornal, e tua figura sem aparecer,
olho a televisão, o quadro na parede, nada te traz a mim;
Não me esqueço de ti…durante o dia, a trabalhar,
estou possuído pela tua imagem, o carisma, a tua lembrança,
preciso de te esquecer minha assombração, estou a transpirar,
tenho medo de morrer, de síncope, o meu coração balança,
que estranha forma de vida, esta, que me havias de arranjar.

O VÍDEO DO DIA...



Tenha um resto de bom dia...

EDITORIAL: ESTA BAIXA QUE TODOS FALAM





 Ontem, seriam para aí umas 20 horas, encontrei o Luís com o carro parado junto à sua loja, na Rua do Almoxarife. Nos últimos dias deste Agosto esteve encerrado. Pensei que estava de férias. Ontem, ao vê-lo cabisbaixo, de olhar triste, a transportar os seus artigos para a viatura, fiquei a saber que o Luís fechou de vez.
Pode até dizer-se que mais uma loja encerrada até nem será novidade. É verdade. Infelizmente não é. Mas se tomarmos em conta que este rapaz, o Luís, de vinte e poucos anos, empenhou ali as suas economias, arriscou, realizou o seu sonho de tentar ser uma pessoa independente, digna, que se recusa a viver à custa de subsídios do Estado, talvez dê que pensar, não?
E que faz o Estado, neste caso o Governo, pelo Luís? Apoia-o? Isenta-o de impostos, tentando evitar que ele seja mais um número a engrossar o desemprego? Nada. Perante uma pessoa que tem vontade de trabalhar, é novo, tem sonhos para realizar, quer casar, quer arrendar uma casa, quer ter a sua independência, quer ser auto-suficiente, o que faz o Estado, perante este Luís, que é o paradigma de outros milhares de Luízes pelo país fora? Abandona-o. Pouco lhe importa se este rapaz tem qualidades, pouco lhe importa se, com este falhanço, pode estar a condicionar todo um futuro de um grande empregador. É como se o Estado, em metáfora, lhe dissesse: “para que te estás a chatear? Vai mas é receber um qualquer subsídio. Nós pagamos”.
Ora, digam-me, que Estado é este que trata tão mal os seus cidadãos? Que em vez de incentivar o trabalho, a criação artística, o empreendedorismo, abandona-os à sua sorte? Que vai ser dos Luízes, iguais a este, com menos de 30 anos, e que, em princípio, deveriam ser os futuros empresários deste país?
Este caso é apenas uma ínfima amostra do que se passa no comércio, nos serviços, na indústria, na agricultura. Algo está errado neste absurdo procedimento.
Até ao fim do ano, aqui na Baixa, muitas lojas irão encerrar por impossibilidade de aguentar as despesas. O que esperará o Governo para desonerar, sobretudo, a pequeníssima empresa de impostos? Estamos perante uma política aterradora, uma purga, um genocídio, como falava há dias o presidente da Associação das PME, Joaquim Cunha, quando chamava a atenção para a perda de 150 mil empresários nos últimos quatro anos.
Só pode passar ao lado deste apelo quem nunca investiu nada. Quem nunca abriu um pequeno negócio. Só quem nasceu num berço de ouro pode criticar quem tenta fazer alguma coisa. Olhar os empresários pela bitola de um caso ou outro menos claro é tomar a árvore pela floresta.
A política empresarial do Estado está toda errada. Foi planeada para épocas áureas da economia. Para quem ainda não se apercebeu, estamos a atravessar uma crise brutal mundial e nacional. Os partidos políticos, sobretudo os que aspiram a serem governo têm de adaptar, quer o Código do Trabalho, quer as políticas salariais ao tempo que vivemos. Não é possível continuar a pagar a um funcionário 15 meses de salário (14 mais o mês de férias que não trabalha). Terá que se fazer um interregno, através da negociação entre patrões e sindicatos, na Concertação Social, para evitar o total descalabro da nação. Quando a economia ressurgir, então, nessa altura, voltar-se-á ao normal. Esta apatia, este “laissez-faire, laissez-passer” é um escândalo num país que conta com economistas que ocuparam cargos europeus e mundiais, e que, perante as evidências se calam, num egoísmo atroz.
Voltando à Baixa, é curioso verificar –ou talvez nem tanto- como nunca se falou tanto da centro histórico na imprensa local. São os articulistas, são os anónimos leitores que escrevem para os jornais, são os agora candidatos a cargos autárquicos. Mas, verdadeiramente, alguém está interessado em resolver o futuro da Baixa? Duvido. Aliás, no tocante aos partidários políticos, a maioria deles, conhecem a Baixa de há 30 anos, quando vinham acompanhar os seus familiares ao centro histórico. A partir daí nunca mais cá voltaram. Não sabem nada do que se passa aqui. Nem estão minimamente interessados em resolver seja o que for, ou a situação deste Luís ou outro qualquer.

AQUELE MOMENTO...




Quando passei naquela rua
mil ruídos coloridos, emergentes,
foi então que vi aquela imagem tua,
o teu cheiro fluído naquelas gentes;
O vento assobiava uma melodia,
as folhas, em bailado de ocasião
dançavam a toda a força do dia,
num amor cálido em contemplação;
Quem disse que só consegue amar
quem tem no peito um coração,
se a natureza está sempre a mostrar
que para gostar basta só disposição;
Pode amar-se um animal, um cão,
uma planta, um qualquer sobreiro,
uma pedra rasgada, pisada no chão,
um deus imaginário, um companheiro;
Todos amamos alguma coisa ou alguém,
quem não é sensível ao amor já morreu,
pode inventar razões e dizer que tem,
o coração ferido, fechado, tudo esqueceu;
Mas só esquece quem algo quer apagar,
da memória, em resquícios de farrapos,
ondas-choque que não se querem recordar,
armazenando tudo, mentalmente, em buracos;
Mas como obliterar aquele verão inesquecível,
que, como milagre, operou a transformação,
mostrando o tempo, uma realidade incrível,
fazendo de um velho uma criança de ilusão.

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE A BAIXA...)




Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "BAIXA: A VERGONHA QUE ENVERGONHA":

O seu artigo é de facto importante e diz o essencial do que se passa na nossa Cidade com a venda ambulante.
Permita-me que lhe diga, o problema não é dos ciganos, mas sim de quem dirige esta Câmara Municipal.
Então onde pára o Regulamento Municipal da Venda Ambulante, aprovado por maioria na Assembleia Municipal?
O principal promotor do referido Regulamento foi o então Vice-Presidente Engº. Pina Prata. É de facto irritante o actual Vice-Presidente Engº. Rebelo, porque está de malas aviadas, efectuar tão ridículas declarações sobre o assunto ao DC. Se estivesse calado seria melhor, para não dizer asneiras. Mas não, o Sr. fez um péssimo trabalho neste particular. Engraçado foram as declarações do Presidente da Junta de Stª. Cruz que disse "já escrevi várias vezes para os serviços da C.M.C. sobre este assunto". Afinal em que ficamos, o Vice diz uma coisa e o Presidente da Junta, diz exactamente o contrário. O engraçado, foi assistir a uma limpeza dos automóveis, inclusive com reboque, mas não foi essa a razão da não entrada dos Bombeiros, mas sim a venda ambulante. Hoje sim, a Policia Municipal, cumpriu com as suas atribuições e competências previstas na lei, mas no que toca ao cumprimento do Regulamento, está quieto porque pode ser complicado e aí mais calma.
Verdade que a venda ambulante, terá que existir, mas com dignidade e não como está acontecendo, isto porque o Sr. DR. CARLOS ENCARNAÇÃO, neste mandato usou a máxima "Quanto menos me chatearem melhor" e este assunto nesta altura para ele é melindroso.
Espero que Pina Prata, na próxima reunião de Câmara, tenha a coragem de levantar o problema, exigindo o cumprimento do Regulamento Municipal e por isso não deixar o Presidente assobiar para o lado.
O seu artigo é de facto como todos os anteriores, artigos de um comerciante que sente a Baixa num TODO.
Parabéns. Continue a escrever o que lhe vai na alma, pois só assim poderá abrir as mentes a estes Políticos de carreira, que mais não fazem do que arranjarem tachos para filhos, esposas de directores, noras, genros, sobrinhos, Presidentes de Junta da cor e dos que colaram cartazes na campanha.
Esta é a realidade nua e crua do que se vem passando. Vamos esperar, estou certo melhores dias se esperam.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O VÍDEO DO DIA...



ESTE VÍDEO, EXCELENTE DE UMA BELA VIOLINISTA, PRETENDE REPRESENTAR A MÚSICA QUE NOS QUEREM ENFIAR PELOS OLHOS ADENTRO...

BAIXA: A VERGONHA QUE ENVERGONHA







 Segundo o Diário de Coimbra (DC) de hoje, “As bancas de venda ambulante situadas na entrada da Rua da Moeda obrigaram ontem uma ambulância a contornar toda a Baixa de Coimbra e a ter que aceder à via pela Praça 8 de Maio.”
Continuando a citar o jornal, “O episódio não é singular e já em Abril de 2007 o Diário de Coimbra dava a notícia de uma viatura do INEM que se tinha visto impedida de socorrer um idoso na mesma rua. (…) Por seu lado, João Rebelo, vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), garante que depois do episódio de 2007 “não foi comunicada à CMC mais nenhuma situação semelhante”, extracto do DC de hoje.
Com franqueza, tenho de me conter. Estas declarações de João Rebelo põem-me os cabelos em pé. Será que o vice-presidente da autarquia, embora independente do partido, esquece que a regularização da venda ambulante fazia parte do programa do PSD à Câmara de Coimbra, em 2002? Será que também se esqueceu que, numa de “baralhar e dar de novo”, logo que este executivo tomou posse –na altura era então vice-presidente o agora candidato independente Pina Prata (PP)- alterou completamente o Regulamento de Venda Ambulante, para, segundo declarações, na altura, à imprensa, declarar mais ou menos isto: “é agora que vamos acabar com este cancro que nos envergonha a todos”.
Para além de estabelecer neste novo Regulamento que nenhum vendedor ambulante poderia estar a menos de, creio, 100 metros de uma casa comercial, entre outras premissas para não levar a sério, foram ao cúmulo de retirar os vendedores ciganos do largo da Maracha para os “arrumar”, como de lixo se tratasse, no terreiro em frente aos antigos Armazéns Amizade. Hoje, como se sabe, tudo continua na mesma para pior. Para pintar a manta em tons matizados, vem agora o senhor vice-presidente dizer que não sabia de nada. De nada, como? Está gozar connosco? Com todos? Com os comerciantes da Baixa, com os ciganos, com quem passa e se apercebe daquele escândalo que para além de envergonhar parece um mercado do terceiro-mundo.
Pode até parecer que sou mais “um”, que vem para aqui armado em defensor das minorias, dos pobres e dos desgraçadinhos. Nada disso. Para o bem e para o mal, leio muito –passando a imodéstia. O que me permite ter uma percepção e uma cultura política para não andar aqui a ver passar os comboios. Quem faz o favor de ler este blogue saberá que, embora com subjectividade, escrevo (pelo menos tento) com rectidão. Não me deixo dormir com cantigas de embalar meninos. Faço política mas é da verdadeira, daquela cujo húmus é a “polis”, neste caso a cidade, e mais especificamente a Baixa, onde trabalho. Abomino a “partidarite” e quem se vende para agradar à sua agremiação partidária.
Voltando ao caso em apreço, basta andar para trás para verificarem que já escrevi muitos textos acerca desta miséria da venda (des)ambulante –que até no léxico é o contrário, porque está parada. Quanto a mim, neste caso, os ciganos, tal como todos nós, foram torpemente enganados por este executivo. Exceptuando o poder executivo da Praça 8 de Maio, todos somos vítimas. E sobretudo os ciganos porque estão a vender em condições miseráveis. Claro que no meio desta injustiça, espertos como são, acabam por dar a volta à situação. Sabendo eles, os ciganos, que os políticos detestam peixeiradas –porque tem medo e são subservientes- exploram de uma forma que considero inteligente –um modus vivendi muito próprio das minorias- este lado vulnerável de quem apenas quer votos e distribui aquilo que não lhes custou nada a ganhar.
Sabe-se que os ciganos do “Bota-a-baixo” já vendem neste antigo Largo das Olarias há mais de vinte anos. Ou seja, todas as soluções possíveis e necessárias que se vierem a criarem –que já tardam- terá que se ter em conta os seus direitos. Logicamente que todos juntos, em feira, tipo semanal todos os dias, como a que se verifica, não podem continuar. Pegar neles, como se quis fazer em 2003, e colocá-los ao fundo do parque da cidade é lógico que é injusto, e nem eles aceitaram na altura, nem irão aceitar. Porque é assim: as soluções, quando aparecem –como esta em 2003- são sempre injustas, não levando em conta os prejuízos causados aos transferidos, e pretendendo agradar a uma classe. No caso, nessa altura, a autarquia, pela voz de Pina Prata, quase gratuitamente, pretendia agradar aos comerciantes –por inerência, nesta época, era vice da câmara e presidente da ACIC. Evidentemente que não deu em nada. Os fretes acabam sempre assim.
As medidas legais, quando justas, resolvendo equitativamente os problemas das partes em confronto, acabam sempre por ser aceites. Para isso é que existe a política, a nobre arte de negociar e tentar resolver os problemas de alguns a contento de todos.
Já o aqui escrevi várias vezes, se houver vontade política, em equacionar este assunto, será facilmente solucionável. Distribuam pela Baixa uns quiosques bonitos -como por exemplo o que está no Largo da Portagem, com o Sousa, vendedor de jornais- consigne-se um a cada um destes vendedores ciganos, exigindo-lhes uma renda e uma máquina registadora, e teremos o problema resolvido. Claro que estes quiosques deverão estar em pontos onde passe gente. Tenhamos, mais uma vez, atenção.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O VÍDEO DO DIA...



O CORVO -TRIBUTO AO MEU AMIGO DESAPARECIDO ANTÓNIO MELIC CERVEIRA...

BAIXA: O SONHO QUE A MORTE DESTRUIU









 Quem passa na Rua do Corvo talvez desconheça que mesmo ali ao seu lado está o mais bonito estabelecimento da Baixa e da cidade de Coimbra. Chama-se “Centrum Corvo”, a dois passos da igreja românica de Santa Cruz. É uma loja de artesanato.
Este estabelecimento, pensado e sonhado por um homem que já não está entre nós, e que tive o grato prazer de conhecer, com a sua decoração retro, com os seus móveis de 1900, com os seus ferros forjados de Coimbra, confere-lhe uma autenticidade e transforma-o no melhor exemplar único do comércio tradicional. Este “museu” que enriquece o centro histórico, sonho de um homem que depois de o concretizar viveu pouco, vai encerrar dentro em breve.
É o sonho que se desfaz de um inconformado com a vida, um apaixonado pela cidade, que, apesar da sua já alguma idade, a morte, sem ter atenção ao nefelibata, que vivia nas nuvens, no carrossel da montanha russa da utopia, pôs um ponto final. Este homem, o António Cerveira, que conheci e privei muito de perto, apostou tudo para perpetuar a memória do estabelecimento de mercearia que fora de uns seus primos naquele mesmo local por volta do início do século XX. Por entre fundas “tulhas” de açúcar e arroz ao quilo, entre o azeite vendido ao decilitro, e os rebuçados de meio-tostão, ali brincou, ali cresceu, dali já licenciado em medicina, partiu para Lisboa. Por lá andou até se aposentar.
Sendo dono do prédio, em 2000, adquiriu, por trespasse, o espaço comercial ao seu inquilino, que era, nessa altura, de venda de tecidos a metro. Fez obras de remodelação, restaurou os móveis originais, modernizou tudo sem alterar a traça antiga, foi ao pormenor de mandar fazer um corvo que existia na fachada do prédio por alturas do velho estabelecimento de mercearia fina.
Os planos deste homem de grande cultura, de sensibilidade ímpar, vinculado a tudo o que tivesse a ver com a memória, eram imensos. No Centrum Corvo podia encontrar-se artesanato de todo o país, desde a serra da Estrela, passando a serra de Montemuro, até ao sal da Figueira da Foz. Eram todas as artes em desaparecimento locais, desde a cestaria aos bordados de Almalaguês -onde foi buscar um tear manual e o mantinha a funcionar na loja, com a Amélia-, a louça pintada à mão –com um artesão a pintar ao vivo no estabelecimento, o Armando-, a olaria, com incríveis peças criadas no local –com o Victor Bizarro-, o grés –com obras da Carla Silva. A imaginação deste homem não tinha fim.
Quando morreu, em 22 de Julho de 2007, tinha uma estrutura turística montada. Com protocolos assinados entre o turismo de Coimbra e os vários hotéis da cidade, a prestação de serviços da Centrum Corvo iam desde passeios em roteiros turísticos pela cidade, até á degustação de produtos endógenos, desde doçaria regional, queijos e vinhos, de licores artesanais e chás. Para além da venda de cd’s com música coimbrã e livros de história, se o grupo de visitantes quisesse poderia ouvir música ao vivo, executada por um trio do grupo de cordas Alegro.
A maior infelicidade que podia ter acontecido à Baixa foi o desaparecimento do António Cerveira. Muito tinha a dar ao centro histórico. Infelizmente, para todos nós, o acaso não quis. Será que a Câmara Municipal de Coimbra vai deixar desaparecer o seu mais belo legado e exemplar do comércio tradicional? Eu sei que os herdeiros do meu amigo Cerveira, fundamentalmente, gostavam de preservar a memória do pai. Ou seja, manter o espaço, com todo o mobiliário antigo e vocacionado para fins turísticos. Não valeria a pena a Turismo de Coimbra, E.M., pensar no assunto e estabelecer ali um posto permanente?

A(S) FOTO(S) DO DIA...




O CARLITOS "POPÓ", UMA FIGURA CARISMÁTICA DA BAIXA, DA CIDADE DE COIMBRA, DO MUNDO...

BAIXA: "QUEM ME LEVA OS MEUS FANTASMAS?"








Há cerca de quatro meses, para comemorar o Maio de 1969, com uma exposição sobre o lema “A crise saiu à Rua” –um olhar sobre a Academia de Coimbra em 1969-, foram colocadas em vários pontos da cidade, e nomeadamente aqui na Baixa, vários bonecos retratados em figuras de madeira à escala humana.
Consultando a página do Turismo de Coimbra ficamos a saber que a exposição irá até ao fim do verão. Para além disso, diz-nos ainda que a apresentação é uma iniciativa daquela empresa municipal de turismo, com o apoio da AAC, Associação Académica de Coimbra.
Ora, comecemos pelo princípio, passando a redundância. A exposição teve impacto? Teve sim. Foi uma boa iniciativa para recordar a revolta estudantil, em 1969, em Coimbra, um ano depois do Maio de 68, em França? Foi sim. Quanto ao mérito da exposição a Turismo de Coimbra e a AAC estão de parabéns. Agora quanto à longevidade da exibição, sinceramente, tenho muitas dúvidas. Ou seja, neste parcial abandono de que aparentemente sofrem as figuras, dá-me impressão que o mérito alcançado no primeiro mês, pela longa mostra, está, agora, a ser consumido em lume brando. É de um absurdo mau-gosto eternizar na rua uma exposição, sabendo-se que os transeuntes, diariamente, serão quase sempre os mesmos.
Estou certo, leitor, que se já não pensou o mesmo, certamente, depois de ler este texto, vai concordar comigo. É demasiado tempo.
Ainda tentei entrevistar o senhor Joaquim (António de Aguiar), mas, por acaso, fui a má-hora: estava empenhado em contar todos os veículos que atravessam a Ponte de Santa Clara. Mesmo assim, ainda lhe atirei com a pergunta acerca do que pensava daquelas efígies humanas à sua volta. Não tenho bem a certeza, mas, em resposta, pareceu-me ouvir a canção do Pedro Abrunhosa: “Quem me leva os meus fantasmas, quem me salva desta praga, quem me diz onde é a estrada? Quem me leva…quem me leva?”…

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O VÍDEO DO DIA...



ENTÃO AÍ VAI...PARA ALEGRAR A MENTE...

A MARCA DO MEU CARRO FAZ ANOS



Pois é, o carro mais famoso do mundo faz 50 anos. Segundo a sapo-notícias, “Foi em 1959 que a British Motor Corporation lançou o primeiro mini –carro que viria a tornar-se um ícone em toda a Europa. Meio século depois, o estilo mantém-se, com um trago de nostalgia”.
E eu que o diga. O meu minizito –que foi mesmo o meu primeiro carrito, que foi lá que fiz umas malandrices que nem vos conto- está todo contente, por o irmão mais velho fazer meio século. Não chora de felicidade mas ruge que nem um leão na savana africana.
Obrigado pelos parabéns, que daí está a atirar. Ele diz que agradece. Que, infelizmente, como estamos em crise, não pode pagar nada. Mas que fica em agenda. Assim que a dita passar…vai ver. Aguarde, sim?

"CAVACO VETA LEI DAS UNIÕES DE FACTO"





Segundo o Sol online, “O Presidente da República vetou a nova lei das uniões de facto.
“Inoportuno” que em final de legislatura se façam alterações de fundo à actual lei e alertando para a falta de uma “discussão com profundidade” sobre a matéria. “Sem contestar a eventual necessidade de se proceder a um aperfeiçoamento jurídico das uniões de facto –um juízo que deve caber, em primeira linha, ao novo legislador- considera-se que, na actual conjuntura, essa alteração não só é inoportuna como não foi objecto de uma discussão com a profundidade que a importância do tema necessariamente exige, lê-se numa nota divulgada no “site” da Presidência da República” –assim conta o Jornal Sol online.
Vamos então por partes. Primeiro, embora habitualmente o meu amigo Aníbal –tenho de escrever assim que é para verem bem como sou “tu lá, tu cá” com o Presidente da República- me telefone a pedir a minha opinião sobre os vetos de decretos e leis fundamentais, a verdade é que nesta lei não me passou cartucho. Bom, mas isso até me deixa mais à vontade, porque quase em todas as anteriores não promulgações eu estive sempre de acordo com o meu amigo presidente.
Passando este primeiro argumento, como quem diz que vamos para o segundo, quero dizer que estou de acordo com o seu veto. E não tem nada a ver com o preconceito de ver os meus amigos Rui e o João de véu e grinalda. Nada disso. O problema –como quem diz, a solução dele- é deles, não meu. A mim não me incomoda nada. O que se passa com a vida dos meus amigos, vizinhos ou outros quaisquer é com eles.
Então, se não tem a ver com o preconceito, tem a ver com quê? Perguntou você? Eu respondo. É assim: numa sociedade portuguesa onde não se respeitam as diferenças de base, no caso a homossexualidade, fará algum sentido partir logo para o casamento gay? Isto não será começar a casa pelo telhado? Não se deveria, primeiro, educar as pessoas, em cidadania, a respeitar quem é diferente? Eu cá acho. Se o meu amigo presidente promulgasse esta lei o que iria acontecer? Uma chacota colectiva? Uma risota plena, num país que não se leva a sério e na educação ainda está para fazer a revolução?
Alguma vez, através da força, se conseguiram impor vontades? Eu que sou muito culto, modéstia à parte –obrigado-, não me lembro jamais de uma lei à força da sua força coerciva alterar um costume. Pelo contrário é o costume que é ratificado em lei.
Ora, a ser assim, se a praxe é fazer pouco e quase apedrejar os gays, como é que se pode partir, impondo à maioria, à força toda, para o casamento? Estão lerdos, ó quê? Se não estão, parece. Embora, volto a repetir, a mim pouco me importa o que o meu vizinho faça na cama. Aliás, até fico satisfeito se tem uma vida sexual satisfatória e plena, porque isso, para além de ser um direito, contribui e muito para a sua própria felicidade. Mas isso é o que eu penso, não é o que pensa a maioria, que são burros como portas –sem ofensa para ninguém, nem mesmo para o verdadeiro Portas, que gostam de meter o nariz em tudo, até na cama de um qualquer.
Pronto! Está dito. Estou de acordo com o meu amigo Cavaco Silva. Até agora, não houve um diploma vetado que discordasse dele. Só no caso do Estatuto dos Açores, pela forma dramática como ele apresentou a coisa é que não gostei, porque me fez sofrer imenso –até chorei, palavra. Pensei logo: ai Jesus!, que vem aí a terceira guerra mundial. Afinal era uns podereszitos de decisão que lhe estavam a retirar. Mas depois o meu amigo Cavaco vingou-se. “Catrapumba”! O santo Tribunal Constitucional, que não dorme em serviço, veio a dar-lhe razão e ele vingou-se. “Toma lá, Sócrates, que já almoçaste”, até parece que estou a ouvir o meu amigo a comentar com a sua Maria.

UM PAÍS DE BRANDOS COSTUMES






Enquanto estava a surripiar esta bela foto –“O cabrão que tirar o cadeado…”-, captada em Vila Real, ao meu vizinho do lado, o blogue “O Jumento”-, lembrei-me o quanto somos um povo cordato e respeitador do trabalho e de profissões alheias. Logo a começar por mim. Basta ver o modo como o refiro. A minha gentileza, o sorriso nos meus lábios, a subtileza no acto de furtar. Vê-se logo que sou mesmo um cavalheiro, pensa você. Pois sou. Ai, isso sou. Mas não se pense que sou caso único. De modo algum. Limito-me a seguir os nossos ancestrais no procedimento. Há de tudo. Há aqueles cavalheiros que escalam e visitam casas sem serem convidados, e, esquecendo-se, deixam lá dentro um cartão que os pode identificar. Se não tiverem cartões deixam um livro com um carimbo onde foi requisitado. Há também aqueles que fazem umas investidas mais agressivas e, no fim, pedem desculpa pelo acto. Há também outros que ao assaltarem um banco –copiando John Dillinger, recentemente passado no cinema com Johnny Depp- para além de não roubarem os clientes, se preciso for, ainda os ajudam.
Não haverá estudos sobre a matéria em Portugal, mas se os houver, de certeza absoluta que os casos de grande violência são a excepção. Há sim uma espécie de código de honra, como de “ladrão não bate a ladrão”. Se a isso for obrigado, pela necessidade, é sempre feito com luvas brancas de veludo para não magoar. No fundo andamos todos por cá ao mesmo. Embora, diga-se, futuramente a concorrência deverá descambar. É que começa a ser difícil de exercer esta profissão. Começa a não haver muito que roubar perante um país com tão grandes cérebros e vocacionado para tão nobre arte. Além disso, as pratas e os cordões de ouro já há muito que estão no prego. Começa mesmo a ser complicado exercer esta forma de vida. O difícil é largá-la. Está impregnada nos nossos ossos, já vem nos cromossomas, no tal cartão genético. Já há quem defenda que o governo deveria intervir legislativamente. Ora se as leis invadem tudo por que razão não há-de ser a “arte de furtar” legislada? É que começa a ser mesmo imperioso. A continuar assim até pode haver mortes dentro da classe. E até é fácil de dirimir este conflito: planeia-se o ano consoante a inicial do primeiro nome. Criava-se um novo PIDAC, Plano de Intrusão Dentro da Administração Central. A partir daqui, localmente, as autarquias fariam o resto. Estou certo, não estou? Pois estou. Ou há ordem ou comem só alguns.
Continuando a mostrar o cavalheirismo existente entre agressor e vítimas, somos mesmo um povo digno de nota “bom com distinção” dentro da universalidade. Veja-se este caso anunciado hoje na imprensa: “Espiões a caminho da administração pública”. Isto não é um miminho? Ah, pois é. Isto é que é delicadeza. O SIS, Serviço de Informações da República, e o SIED, Serviço de Informações Estratégicas de Defesa, agindo em conjunto para infiltrarem agentes não identificados na Administração Pública, antes de o fazer avisam. Sim, senhor! Depois estas más-línguas do costume vêm brandir ferros e coiratos contra quem é tão cavalheiro. Afinal estão a seguir à linha a “Guerra de 1908” de Raul Solnado. Está ou não está bem? Claro que está. O cavalheirismo deve estar em todos os actos administrativos.
Continuando a mostrar mais exemplos de delicadeza, atente-se nas três fotos de cima. Veja a primeira imagem, retirada aqui em Coimbra, de uma tabacaria, na Rua dos Oleiros, “ Senhor Ladrão, informo que não há nesta loja tabaco ou moedas”. Esta mensagem é linda. É da mais profunda solidariedade por quem anda no gamanço, trabalhando de noite, temendo assaltar um qualquer estabelecimento e não levar nada depois do esforço. Não é que tenha qualquer risco, nada disso. Hoje, ir ao barbeiro fazer a barba e ser cortado no pescoço envolve maior risco que assaltar uma qualquer loja de bairro. Não há perigo nenhum. De ser apanhado em flagrante, até dá vontade de rir. De se ferir nos vidros muito menos. Apanha-se um qualquer paralelepípedo e, atira-se, pronto! O desaire maior é não se levar nada. Ora, esta comerciante –porque é uma senhora, vê-se logo- trata logo de avisar os meliantes. Nesta mensagem é como se lhes dissesse: “ Não percam tempo aqui, isto já deu… já foi”. É ou não bonito? É mais: é divinal.
Vejam a segunda imagem que também roubei por aqui na net, “Senhor Ladrão” –mais uma vez o respeitinho por quem dobra a mola- “solicito que após furtar-me de novo ofereça o produto a mim mesmo! Comprar de novo no mercado legal custa muito caro e sei que o senhor vende baratinho. Prometo sigilo absoluto, pois não desejo ser preso por receptação de produto furtado. Certo da sua compreensão, aguardo. Tratar aqui. Obs. Favor não roubar a faixa!!!”. Ora –e esta…hem?, como diria Fernando Peça- aqui está o verdadeiro gesto altruísta de quem, pelo hábito, presumivelmente será roubado e, sem precedentes, num país católico, dá a possibilidade ao ladrão de ficar em paz com a sua consciência. É ou não encantador? Pois é. É nestes sinais simples que se vê a composição de um povo tolerante e compreensivo perante a desgraça normal que se abate todos os dias sobre a propriedade.
Passemos à terceira foto, que roubei num blogue aqui ao lado. Já disse. O que se lê lá? “O Cabrão que tirar o “cadiado” parto-lhe os cornos. Filho de Puta”. Lindo…lindo…de morrer. Isto é verdadeira poesia. Somos mesmo um país de poetas e prosadores. Mais uma vez, depara-se-nos aqui o respeitinho pelo próximo, a virtude de avisar quem anda a labutar arduamente. Sim, porque o dono desta propriedade poderia perfeitamente não dizer nada. Colocava-se atrás da porta, com uma caçadeira de canos cerrados e pumba! Lá ia mais um colega, um pobre trabalhador da noite para os anjinhos. Assim não. Numa pedagogia, elevada ao superlativo absoluto, esta próxima vítima adverte: “se vieres cá, parto-te os cornos, filho da puta”. É ou não é arrasadora esta frase? Pois é. Além de mais, numa mimética de igualdade, sem discriminação, ao apodar o próximo de tão elevados adjectivos, está a considerar o trabalhador da noite como um dos seus. Em silogismo, quer dizer que somos mesmo uma nação de “cornudos e filhos de puta”, sem ofensa para si que, aparentemente, parece estar a compreender alguma coisa do que estou a escrever, o que quero explanar aplica-se só para os “outros”. Estou a ser claro?
Somos ou não somos um país de brandos costumes?

sábado, 22 de agosto de 2009

O VÍDEO DO DIA...




MUITO BOM FIM DE SEMANA...ESSENCIALMENTE COM SAÚDE...

BAIXA: CHINESES RESISTEM À SEMANA-INGLESA




(ALGUNS TURISTAS OPTARAM POR SE SENTAREM NO CHÃO. REALMENTE É MELHOR ESPERAREM SENTADOS PELA ABERTURA DO...PANTEÃO NACIONAL)



É sábado, o relógio marca as 14H00. O sol, como a convidar à indolência, está a pique. Provavelmente estarão cerca de 30 graus. Na Rua do Corvo, uma artéria estreita, das mais emblemáticas do comércio tradicional, onde até há cerca de duas décadas estavam concentradas praticamente todas as lojas de tecidos a metro, talvez por estarmos em plena “silly season”, tem apenas um estabelecimento aberto a meio da rua: uma loja de artigos chineses.
Paralela a esta artéria, está a Rua da Louça –que já se apelidou Rua de Tinge Rodilhas-, assim chamada definitivamente, a partir de 1942, por deliberação camarária, por até meados do século XX ali estarem concentrados muitos estabelecimentos de louças. A partir dos anos de 1950, progressivamente, estes estabelecimentos foram dando lugar a uma grande heterogeneidade de comércios. Por volta de 70, do mesmo século, era possível encontrar ali todos os ramos de indústria e comércio, desde alfaiataria até pronto-a-vestir, armazéns de mercearia, de azeite, ferragens, ourivesaria, etc. Hoje, às 14 horas, se exceptuarmos o Pinto & Filhos que está também virado para a Praça 8 de Maio e uma tabacaria, nem um único estabelecimento estava aberto ao público.
Na praça 8 de Maio, um grupo de cerca de uma vintena de turistas, aparentemente, junto às portas da Igreja de Santa Cruz, parecem oferecer preces aos santos para que esta se abra. Em vão. Presumidamente todos partiram em semana-inglesa. Neste antigo Largo de Sanção estão abertas duas lojas de tabacaria. Prosseguimos para a Rua da Sofia. Estão abertas algumas (poucas) lojas dentro do shopping Sofia, incluindo a florista na entrada. A meio da rua está uma tabacaria aberta.
Recuamos e entramos na Rua Visconde da Luz. Aqui o cenário está composto. Estão abertos a Pétala, a Calzedónia, a Intimissimi, o Armazém Americano, a Pull and Bear e duas lojas à entrada do shopping Visconde, a Enjobonarte e a Trapos Woman.
Também, a seguir, na Rua Ferreira Borges, como a respeitar o autor do primeiro Código Comercial Português, vários estabelecimentos têm as portas abertas. Estão a Mango, a Papelaria Cristal, a Optimus, a Lanidor, a Charles, a Parfois, The Body Shop, a Capicua 303, a La Forêt, a Bijou Brigitte e, a meio da rua, uma loja de…chineses, recentemente aberta.
Na entrada do Arco de Almedina, estão abertas duas lojas, uma de artesanato, com o mesmo nome do arco, e o livreiro Ricardo.
Prosseguimos agora em direcção ao Largo da Portagem. Aqui, no largo do "mata-frades", estão abertas a Bertrand e uma loja de artesanato, a funcionar no antigo espaço do Novais.
Descemos as Escadas do Gato e entramos na Rua de Sargento-mor. Nesta artéria, a mostrar que também resiste, está o João, na Retrosaria Zig-Zag.
Na Praça do Comércio, hoje, por ser o quarto sábado do mês, está a decorrer a Feira de Velharias, conjuntamente com a Feira das Cebolas. Apesar de muito público aqui presente, só duas lojas mostram a vocação para o trabalho: a RR-maison e, nos antigos Marthas, uma loja de…chineses.
Vamos andando. Entramos na Rua Adelino Veiga. Tudo encerrado, excepto…uma loja de…chineses.
Vamos agora visitar a Rua da Sota…só a loja chinesa do Yan está aberta.
Entramos na comprida Avenida Fernão de Magalhães, só o Bazar Jiang está aberto…chinês, obviamente.
Cortamos à direita e entramos na Rua das Padeiras. Estão abertas a Orquídea Silvestre, a Júlia, uma loja de arranjos de costura e duas lojas de…chineses. Ali ao lado, na Rua da Gala, uma loja aberta…de chineses.
Prosseguimos agora para a Rua Eduardo Coelho. Duas lojas resistem estoicamente: a perfumaria Balvera e a representante dos sapatos da marca Ecco.
No Largo da Freiria, está aberta a loja de velharias e antiguidades o Encanto da Freiria.
Em jeito de balanço, pode dizer-se que até poderia ser pior. Sem contar com os chineses, estavam abertas 35 lojas.
Os estabelecimentos chineses, no total de 8, dentro do coração da Baixa, estavam todos abertos. Estes trabalhadores imigrantes, como a darem uma lição a quem estiver disposto a recebê-la, mostram que, de certeza absoluta, apesar do esforço físico, a semana-chinesa, de filosofia oriental, do ponto de vista social será mais rentável e gerará maior felicidade do que a semana-inglesa, ocidental, epicurista e virada para o ócio.
Cada um extrairá a conclusão que quiser. Eu extraio uma: temos muito que aprender com este ancestral povo. Digam lá o que disserem. Eles, chineses, não vêm para a Europa para aprenderem nada. Através da sua humildade –não falo de cor, conheço aqui vários-, através da sua elevada educação, do contentar-se com o que têm, com a sua entrega ao trabalho, enquanto instrumento para alcançar o prius da dignidade, mostram muito daquilo que realmente valem. Daqui, do meu cantinho de insignificância, vai um grande abraço de admiração para este povo oriental.
Quem não concordar comigo faça o favor de dizer o contrário, mas justifique. Não é dizer mal, gratuitamente, só por dizer.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009