sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O OUTUBRO VERMELHO DA BAIXA: MAIS UMA CASA QUE ENCERRA



O Mário das carteiras, na Rua Eduardo Coelho, era quase tão conhecido como a rua em que estava estabelecido. Digo “era”, porque encerrou portas no “Outubro vermelho”. Vou chamar assim a este mês pelas várias casas comerciais, aqui na Baixa, que encerram portas.
Há quase 25 anos que o Mário e a esposa desenvolviam a sua actividade comercial, a vender malas, carteiras e artigos de marroquinaria no número 19 da antiga Rua dos Sapateiros. Hoje, sem pompa nem glória, este comerciante, bastante lúcido, sem lágrimas visíveis, encerrou portas. Porque falei com ele, sei que o seu coração está negro de tristeza e, certamente, pulsa de ansiedade por não saber o que o futuro lhe reserva.
O Mário tem menos de cinquenta anos, mas, cheio de coragem, dizia-me: “se continuar aqui perco tudo, e, antes que isso aconteça, prefiro apostar…em nada!”

UM COMERCIANTE DA "VELHA CEPA" QUE PARTIU

(ERA AQUI, NESTE ESPAÇO, QUE O SENHOR BONITO DESENVOLVIA A SUA ACTIVIDADE)

Por ter sido chamado à atenção por um “amigo” anónimo, e porque me tinha passado despercebida –a notícia do seu falecimento, com foto, vem no Diário de Coimbra de hoje-, informo, com pesar, de que desapareceu do nosso convívio um comerciante, conhecido de todos, o senhor Alcídio Bonito. Tinha uma tabacaria, paredes-meias com a Hortícola de Coimbra, mesmo em frente ao BES, Banco Espírito Santo, na Rua Visconde da Luz.
Não preciso de dizer a todos que o conhecíamos o quanto a Baixa vai sentir a sua falta. É mais um “velho” comerciante que, sendo para todos nós um exemplo de humildade, se vai e deixa saudades.
Um grande abraço de solidariedade à família nesta hora de grande pesar.

AMANHÃ É O DIA DE TODOS-OS-SANTOS





Este ano, curiosamente, por efeitos da crise ou não, a verdade é que a Baixa da cidade, contrariamente a outros anos, têm poucas vendedeiras de flores. Exceptuando as lojas tradicionais de flores, não se vê mais ninguém a vender flores e velas. Nos anos anteriores, no dia de hoje, vésperas do dia de finados, a Praça 8 de Maio estava repleta de florido e odores perfumados.
Hoje, dia 31 de Outubro, é o dia das Bruxas. Com o tradicional pedido de “bolinhos e bolinhós”.
Como se sabe, de amanhã, dia de finados, até ao dia de São Martinho (dia 11 de Novembro) começam os tradicionais magustos de castanhas, acompanhados com jeropiga e água-pé e a prova do novo vinho

"REPÓRTER ESTRÁBICO": UMA NOVA LOJA QUE EMERGE NA CIDADE


(UMA FRASE PROFUNDA DO GRANDE ESCRITOR PERFILHADA POR ESTE ESTABELECIMENTO)

Ontem, dia 30, para gáudio de todos nós, abriu um novo estabelecimento na Baixa de Coimbra. Dedicado a noivas, “com bom artigo e acessível a todas as bolsas”, segundo uma das funcionárias, aí está a loja “Manuel Mota” para, sem medo, fazer face às dificuldades económicas que todos sentimos e, naturalmente, muito mais o consumidor. Este belíssimo estabelecimento está situado na Rua Visconde da Luz, mesmo ao lado do BES, Banco Espírito Santo. No lugar da antiga e saudosa “Nova Paris” e mais recentemente a “Máximo Duti”. Em sistema franchisado, a “Manuel Mota”, possui mais três lojas no país. Uma já em funcionamento há mais tempo em Braga e outra, que abriu recentemente, em Viseu.
Está bonita loja merece uma visita. Com muita franqueza, está um espectáculo. Muitos parabéns!
Como comerciante, nesta zona histórica, em meu nome pessoal, recebo-vos de braços abertos e desejo-vos as maiores felicidades.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

HISTÓRIAS DA MINHA ALDEIA (33): A NATÁLIA DO EMPALHAMENTO

(FOTO DA D. NATÁLIA MORAIS, GENTILMENTE CEDIDA PELO MEU AMIGO ALCIDES REGO)

(A CAPELA DA MINHA ALDEIA, BARRÔ)

Se falarmos aos mais novos numa indústria que, apesar de só recentemente ter desaparecido, e que, mesmo assim, ainda convive connosco, embora em pequenos resquícios de amostragem, certamente vão pensar que era impossível que fosse assim, na forma, e na substância, como vou contar. Poucos saberão, e acreditarão, que, num tempo de memória que, aos poucos, se vai esfumando, era perfeitamente normal revestir uma garrafa ou garrafão, com “traje de cerimónia”, durante 15 a 20 minutos de trabalho manual. Falo, evidentemente, como já viram, de uma profissão em acelerado desaparecimento: o empalhamento em vime de garrafas e garrafões.
Antes da “invasão” do plástico, que se deu, em pleno, há cerca de duas décadas, toda a indústria do vidro para engarrafamento estava ligada a esta arte ancestral. E falar desta profissão é falar da minha amiga Natália Morais, que mora em Barrô, a nossa aldeia comum, ali, como enclave, entre a Mealhada e o Luso.
Falar desta septuagenária é contar uma história de resistência, de adaptação à vida, com todos os altos e baixos. Falar com esta mulher de cara arredondada, maçãs do rosto avermelhadas, olhos vivos, e sempre com um sorriso encantador, é um gosto. É como uma rosa rara descoberta num jardim proibido.
Começou nesta arte tinha então 27 anos. Ainda que professe uma religião protestante, lembra-se, 1963, foi o ano em que foi eleito um novo Papa, em conclave, o cardeal Giovanni Battista Montini, que viria a tomar o nome de Paulo VI.
Chegou a ter 24 pessoas a trabalhar na sua pequena indústria. Do seu “atelier” saíam garrafas e garrafões empalhados para as firmas Barbosa & Almeida do Porto, para o Santos & Barosa da Marinha Grande, Para as Caves Messias, na Mealhada, Para as Caves Primavera, na Anadia e para tantos outros que nem lembra. Recorda-se, por exemplo, por alturas do Natal, era uma procura louca por causa dos cestos empalhados para colocar os brindes.
Na sua pequena oficina, em Barrô, em que, para além de nas feiras de artesanato ser uma das estrelas principais, hoje faz apenas pequenas encomendas. Reparo na destreza das suas mãos, calejadas pelo tempo. Parecem contorcer-se vigorosamente, como dois corpos enrolados um no outro. Como se tivessem vida própria, numa mistura de volúpia, em que não falta o gemer, dividido entre a dor e a carícia, das vergas manuseadas por esta deusa de artes e ofícios.
“isto, esta actividade, foi sempre muito dura”, refere-me, quase em segredo. “Acabou porque é muito trabalhosa e hoje já não há quem se queira esforçar. Sabes lá tu o que isto custa? Interroga-me com ar desafiador. Perante a minha total ignorância, começa a contar-me o brutal trabalho que dá “trabalhar” a verga até esta estar pronta para servir de capa protectora a um qualquer garrafão ou garrafa.
“Primeiro, é preciso cortar a verga em Novembro e Dezembro. Depois é preciso fazer o“embacelamento” (enterrar o vime na terra). Depois da Páscoa a verga começa a rebentar. É então altura de a retirar da terra e começar a operação da “esfola”. Esta “esfola” é feita com uma navalha. A seguir é preciso seleccionar toda a verga. A mais grossa num lado, a média para outro e a fina para outro ainda. Esta verga mais fina é para as asas e a média é para o “corpo” das garrafas e garrafões.
Depois de esfoladas à navalha, as vergas, são colocadas ao sol para secarem bem. Depois de seca é atada em molhos e guardada ao “enxuto” (resguardado das chuvas) para ser utilizada quando necessário.
Antes de ser empregue, tem de estar 24 horas dentro de água. Depois, a seguir, a mais grossa, é “rachada” (cortada) em três partes. Seguidamente, é passada na máquina de “5 escalos”. A primeira que sai, por ser fraca, não se aproveita”.
“Vês?, com este hercúleo trabalho, achas que alguém quer continuar esta arte?”. Realmente, creio que não, remato com toda a convicção.
Mais uma vez, aprecio o “bordar” laborioso da minha conterrânea Natália. É sem dúvida uma artista. Enquanto conversávamos as suas mãos nunca pararam. Em cerca de vinte minutos, das suas mãos, saiu um obra-prima.
Quando lhe pergunto porque continua na arte, uma vez que, presumivelmente, não dará nem para tomar o pequeno-almoço, responde-me, com aquele brilhozinho nos olhos que tão bem conheço nas pessoas enamoradas: “que queres? É a minha vida, é o meu amor, a minha paixão!”

MAIS TRÊS LOJAS QUE SE VÃO

(ESTA LOJA ESTÁ LOCALIZADA NA RUA SIMÕES DE CASTRO)

(ESTE CAFÉ ESTÁ LOCALIZADO NA RUA SIMÕES DE CASTRO)

ESTA LOJA, COM O NOME "O MUNDO DE CERIMÓNIA", ESTÁ LOCALIZADA NA RUA EDUARDO COELHO)

Confesso que, numa luta “inter-egos”, como quem diz entre o meu ego e o “outro”, alter-ego ou outra coisa qualquer, já me aborrece as constantes notícias “negras”, que não interessam a ninguém, que um deles, o meu suposto “eu”, teima em publicar aqui no blogue. É aquele meu “outro”, aquele meu lado pessimista e negro, que está sempre no contra. Palavra de honra, o meu “eu” (o bom), aquele que é optimista, moderado, e até tem umas saídas com graça, já lhe apelou para parar com isto. De nada valeram os meus argumentos de que as pessoas não querem saber de tristezas, importam-se lá elas se encerra uma loja ou um cento. Bem lhe disse que os leitores querem alegrias, mas, está bem abelha! Não quer saber.
Argumenta que pode ser que alguém com responsabilidades, perante a denúncia, num assomo de obrigação de responder perante os eleitores, ponha as mãos na cabeça e tome providências.
De nada vale eu dizer a este meu suposto outro lado que “eles” apenas estão preocupados consigo mesmo, num “umbiguismo” centralizado elevado até à quinta potência. Lá querem “eles” saber do futuro dos comerciantes de rua e o que irá acontecer às cidades, quando estas, vazias de comércio, se tornarem selvas urbanas, onde só vadiam os cães, quezilentos, pronto a morder no primeiro ser-vivo que aparecer. Empestados, com o seu aspecto assustador de feras, em figuras do melhor amigo do homem, cheios de crostas, macilentos, com os ossos, milagrosamente ligados entre si, mostrando transparências ambulantes da Segunda Guerra Mundial.
Como vêem, nesta “bipolaridade” do meu ser, sou mesmo obrigado a dar mais esta notícia ruim.
Bolas! O que eu não daria para ser despreocupado e não me preocupar com as coisas menos boas. O que eu não daria para me libertar do meu “outro” lado sombrio e realista. Cada um tem a sua cruz...

EDITORIAL





Como pode ser lido em apontamento anterior, antes-de-ontem, escrevi um texto com o título “Será a Baixa um caixote do lixo?”. Neste texto relatava a forma como foram descarregado uns sofás velhos, cerca das 11horas, na Praça Do Comércio, mesmo em frente à Igreja Românica de São Tiago. Cerca das 12,30, comuniquei à Polícia Municipal (PM) o facto e identifiquei a firma em causa. Como, cerca das 14,30, ainda não tinham sido removidos e porque esta empresa se situa junto à Estação-Nova, aqui na Baixa, desloquei-me lá e tentei fazer crer ao funcionário o desleixo e, para além da coima a que estava sujeito, o quanto este desplante representava em publicidade negativa para a empresa de móveis. O funcionário, para além de agradecer, disse que iria transmitir à gerência e rapidamente fariam a remoção.
Cerca das 20 horas tudo continuava na mesma. Ou seja, nem a firma em causa se importou minimamente, nem o agente da PM, com quem falei telefonicamente, aparentemente, pouco se importou –saliento que participei este caso à Câmara Municipal, através de e-mail, e na rubrica “e-munícipe”, onde identificava o agente da PM.
Agora repare; esta história poderia perfeitamente finalizar aqui. Mas não! Há mais. Cerca das 23 horas, alguém pôs fogo, presume-se que estudantes, segundo testemunhas ouvidas. Residentes na Praça do Comércio telefonaram aos bombeiros. Estes, julgando tratar-se de brincadeira, não apareceram e só mais tarde quando o fogo, por contágio ou não, passou para o lixo do Banco (Caixa Geral de Depósitos) existente naquela praça se incendiou e então tocou o alarme daquela instituição bancária, só então e finalmente vieram os bombeiros.
Resumo deste texto: felizmente não teve consequências a displicência da empresa e a omissão do agente da PM, mas se tivesse?
Deixo as restantes considerações para quem chegou até aqui.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

QUEM AJUDA AS CIDADES E O "BORDA D'ÁGUA"?






O “Borda d’Água” é uma respeitosa revista impressa e distribuída pela Editorial Minerva, com sede em Lisboa. Deverá haver poucos portugueses, sobretudo os mais velhos, que não conheçam “o Verdadeiro Almanaque” que desde a década de vinte, do século passado, ajuda todos os agricultores nas sementeiras e, ainda, com algumas dicas para tratar da “saúde” dos campos e prevenir doenças antes das colheitas.
Esta reputada Editora, que para além da edição do “Borda d’Água” também se dedica à procura de novos poetas e prosadores para editar, foi fundada em 1927 por Manuel Rodrigues e, segundo a revista, teve outros continuadores da obra, tais como, Artur Campos, João Domingues, Teixeira da Mota e agora a actual directora Célia Cadete.
O que me levou a escrever este apontamento foi o facto de hoje, cerca das 11horas, na Praça 8 de Maio, junto à Igreja de Santa Cruz, em Coimbra, andarem cerca de seis mulheres, algumas com crianças, presumivelmente, romenas, onde não faltavam os vários dentes de ouro, lenço na cabeça, saias compridas, e lengalenga em forma de caldo de culturas portuguesa e dos países de leste.
O que me chamou a atenção foi a forma de abordagem incomodativa, a maneira como se “colavam” aos transeuntes. Chegavam a arrastar-se, atrás dos passantes, cerca de 30 metros. O método de “abalroamento” era sempre o mesmo. Com vários almanaques do “Borda d’Água” na mão (algumas também com pensos), tentavam “impingir” a revista, quando as pessoas se mostravam desinteressadas no pequeno livro passavam à “pedinchisse” descarada, acompanhada por uma lamúria monótona, fastidiosa, numa lamentação de fazer chorar as pedras da calçada.
Reparei que algumas pessoas, sobretudo senhoras, para se verem livres destas “sarnas”, acabavam por parar e darem uma moeda.
Como todas ostentam vários maços de “Borda d’Água”, e depois de ter adquirido um, pensei para mim: será que Editora Minerva, de Lisboa, colabora com este “bota-a-baixo” da reputada revista? Sim, porque não é difícil de ver que esta venda agressiva –aliás, com legislação própria e proibida por lei-, inevitavelmente, a curto prazo vai “enterrar” o “Borda d’Água”. Vai daí, liguei para a Capital e falei com Tânia Angelino, funcionária da editora Minerva e proprietária dos direitos de autor da emissão da revista, dirigida aos agricultores e público em geral.
Segundo as declarações desta senhora, “o que se verifica é que os distribuidores, alguns sem escrúpulos, vendem a quem quer que seja, sem terem em conta as consequências para a obra registada. Nos últimos anos, já por várias vezes, têm-se verificado, inclusive, a contrafacção grosseira, em fotocópias agrafadas. “Há dois anos apresentámos queixa e ainda hoje estamos à espera de resultados”, ninguém se importa, é o país que temos, que havemos de fazer?”, conclui esta senhora em profundo desânimo.
Há dias, escrevi aqui, neste blogue, uma crítica ao procedimento da Polícia Municipal (PM) a incomodar uma exímia instrumentista de concertina, que, por sinal, estava legal e até lhes apresentou o devido licenciamento. Estes senhores PM, num gozo indecoroso, foram ao limite de lhe perguntar se ela, a Patrícia, a instrumentista, tinha livro de recibos para passar a quem lhe deixava uma moeda.
Então, neste continuado pressuposto, em que assistimos a várias ilegalidades, o que espera a PM para intervir? Ficamos todos à espera. Pelo que me toca, pelo sim, pelo não, estou sentado.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

HOJE FOI O DIA DA LATADA

(REPAREM NESTE MOVIMENTO, ÀS 15 HORAS, NA RUA DAS PADEIRAS, NA BAIXA)

A partir das 14 horas, e com início na Praça D. Dinis, realizou-se hoje o habitual cortejo da Latada.
A baixa, durante todo o dia, foi um efervescer de gente, na sua maioria estudantes.
Pensem só um pouco comigo. Este movimento, quase anómalo, não poderia ser quase todo o ano? Podia, sim senhor. E como? Quanto a mim, fácil. Em vez de construírem “Pólos” e mais “Pólos” nos arrabaldes da cidade, porque razão não fizeram ao menos um na zona da Baixa? E, ficando mais barato, até podiam ter aproveitado alguns edifícios que vegetam por aqui ao abandono.
Noutras cidades europeias, nomeadamente, em Itália, faz-se a saudável mistura entre estudantes e “futricas” (como quem diz, não estudantes), aqui não. Com a imbecilidade de tudo centralizar em grandes construções, acaba-se por se isolar uma “força”, que deveria ser fundamental para a revitalização desta e de outras zonas monumentais, e, o mais grave, é que não a aproveitam convenientemente.

"MEDIA MARKT NO ARNADO" (?)





Segundo o Diário de Coimbra, de hoje, “Ainda não é totalmente adquirida, mas apresenta-se como uma possibilidade consistente e apenas “presa” por duas questões, dado que o parecer da autarquia foi favorável. O Ministério da Economia e da Inovação remeteu, à Câmara Municipal de Coimbra, o processo para emissão de parecer para efeitos de aprovação da localização relativo ao pedido de autorização de instalação da Media Markt na Avenida Fernão de Magalhães no edifício, hoje em dia, ocupado pela Auto-Industrial –venderá o edifício à cadeia alemã (…)”.
Saliento que a Media Markt dedica-se ao comércio a retalho de electrodomésticos, equipamentos de informática, som, vídeo, fotografia e telecomunicações, além de música, filmes, software, consolas e acessórios.
Certamente que a minha opinião não será consentânea, mas aqui "descarrego" o que penso, e assim sendo, no extravasar dessa prerrogativa, manifesto o meu total contentamento se se vier a concretizar este projecto.
Em jeito de fundamentação, reforço que, neste momento, nesta zona monumental, é uma necessidade uma empresa que se dedique a equipamentos de informática. Para além disso, é óptimo que venham estabelecimentos abertos todos os dias, e das 10 às 24 horas.
Estou certo que alguém vai desfraldar a bandeira “de que esta média superfície vai acabar com o resto”. Eu penso o contrário. A sua implantação neste local, tal como a futura construção do centro comercial na Rua dos Oleiros, no espaço da antiga Triunfo, podem ser a Fénix representativas do renascer deste espaço nobre da cidade.
Vamos a isso. Demora muito? Espero que o executivo tenha em conta que este projecto é fundamental para a Baixa e, como outros antecedentes, não comece a “emprenhar” e os deixe fugir para outras cidades.

"REPÓRTER ESTRÁBICO": A DEGRADAÇÃO DA BAIXA E A FALTA DE POLÍCIA



(UMA IMAGEM QUE, PARA ALÉM DE TODAS AS JUSTIFICAÇÕES, DÁ QUE PENSAR)



( ESTE RAPAZ (O "ASPIRANTE") HABITUALMENTE NEM É VIOLENTO, MAS, COMO HÁ MAIS LOUCOS DO QUE ELE, QUE, APROVEITANDO-SE DA SUA FRAGILIDADE PSÍQUICA, VENDEM-LHE ÁLCOOL, E DEPOIS, QUEM O ATURA SOMOS TODOS)




(A MENDICIDADE É UMA CONSTANTE)



 Ontem, cerca das 11h15, quando decorria a homilia na Igreja de São Bartolomeu foi interrompida abruptamente pelo “Aspirante”. Segundo testemunhas presentes, com alguma violência. Este homem, inimputável, de demência presumida e notória, que vagueia pela Baixa, habitualmente não faz mal a ninguém mas se andar de “grão na asa” é um problema. Chega a mostrar os órgãos genitais em público. Diz quem viu, que, perante os presentes, quase gerou pânico. Inclusivamente o pároco teve de interromper a missa. Lá chamaram a polícia e, depois de uma espera, os agentes resolveram o problema.
Bem sei que “lá estou eu a bater no ceguinho”, mas, durante o dia, no perímetro entre as Ruas visconde da Luz, Ferreira Borges e Avenida Fernão de Magalhães, circulam por aqui apenas dois agentes da PSP em serviço. Como se sabe, durante a noite nenhum. Junto ao Banco de Portugal, durante o dia, está um agente permanentemente. Talvez se devesse questionar a permanência deste cívico junto deste banco institucional.
A Baixa, a começar na Praça do Comércio, é cada vez mais um espaço de desocupados. As ruas limítrofes estão pejadas de pedintes e de vendedores do “Borda-de-água, que, duma maneira incomodativa, abordam os passantes.
Não é possível fazer nada? Claro que seria se houvesse vontade política. Mas não há. Como outros já o disseram, a Polícia Municipal servirá apenas para multar e mandar rebocar as viaturas? Será que quem nos governa localmente não pensa que este Estado, em Estado-de-polícia, apático para questões prementes e educacionais, conduzirá, inevitavelmente, à revolta popular? As polícias, hoje, estão transformadas no braço armado de uma nação-judicialista, em o que conta é a multa, em detrimento da prevenção e formação de cidadãos mais tolerantes e bem formados.

"REPÓRTER ESTRÁBICO": SERÁ A BAIXA UM CAIXOTE DO LIXO?

(ESTA IMAGEM COLHIDA DEPOIS DAS 17,30, JÁ COM A NOITE A ESTENDER O MANTO)

(ESTAS IMAGENS FORAM CAPTADAS ÀS 14,15. AQUI SE PROVA QUE LAVOISIER TINHA RAZÃO -NADA SE PERDE TUDO SE TRANSFORMA. MAS, SÓ UMA PERGUNTA: QUE PENSARÃO OS TURISTAS DISTO?)



(ESTA DUAS FOTOS FORAM CAPTADAS CERCA DO MEIO-DIA)



Hoje, cerca das 11horas, uma conhecida firma de móveis, com sede junto à Estação-Nova, aqui na Baixa de Coimbra, segundo testemunhas oculares, foram entregar uns sofás novos a uma residência na Rua Eduardo Coelho. Certamente, porque o comprador exigiu o retorno dos velhos para o lixo, os “zelosos” funcionários daquela firma, entenderam que a Praça Velha, mesmo em frente a uma vetusta igreja Românica, a Igreja de São Tiago, era o local ideal para abandonar os velhos sofás. E, para desprezo de alguns, para ali ficaram abandonados.
Claro, saliento, que os comerciantes que viram descarregar estes fardos deveriam ter a hombridade de se dirigir aos (maus) funcionários da dita cuja firma de móveis –que, admito, provavelmente, nem terá culpa deste acto- e terem impedido a descarga. Mas não, num egoísmo absoluto, como estão sempre à espera que sejam outros a fazer o papel que lhes cabia a eles por inteiro, calam-se. Na hora em que deveriam intervir escondem-se. Depois, como “Marias-Madalenas”, passam a vida a lamentar-se “que a Câmara não faz”, “que os serviços de higiene (ERSUC) não funcionam”, “que ninguém se importa com a Baixa”, etc.
Se fossem mas é tomar banho para o Mondego, agora que a água está fria, é que faziam bem.

P.S- Na hora em que escrevo este texto, 12,30, comuniquei à Polícia Municipal este facto. No mínimo, esperava-se que obrigassem o detractor ambiental a fazer a remoção;
-Como às 14,30, tudo se encontrava na mesma fui à empresa em causa. Disserem que rapidamente iriam remover os sofás;
-Às 17,30 tudo continuava na mesma, conforme se prova por foto, o que quer dizer que nem a Polícia Municipal se importou minimamente, nem a empresa, que se está a "borrifar" para a Baixa, pouco ligou ao seu acto de desrespeito.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"REPÓRTER ESTRÁBICO": O CLIENTE MIL!



Esta tarde, cerca das 17 horas, no Mini-Preço, supermercado localizado junto à Estação-Nova, ouviu-se este grito de alerta: "CLIENTE MIL, CLIENTE MIL". Para quem não souber o que significa, explico que sempre que for detectada uma presumível intenção de furto, este é o sinal para colocar todos os funcionários daquela média superfície em alerta laranja, que, progressivamente, pode passar, ou não, a vermelho.
E foi o que aconteceu hoje, passou mesmo a vermelho. Um casal, presumivelmente, já entrado nos “entas”, com pouco bom aspecto, tratou de se aviar naquilo que necessitava. Só que, certamente, cometeu um erro: em vez de se servir dos carrinhos da superfície comercial, utilizou as mochilas, e, é claro, depois esqueceram-se de pagar na registadora. Quem viu, diz que foi uma correria. Todos os funcionários, mesmo os das caixas, abalaram a correr atrás do casal. E apanharam-nos.
O nosso “repórter estrábico” –sempre em cima do acontecimento- ainda correu, mas não pôde tirar fotos. O que viu foi o “casal-gamanço” ir “preso” para o gabinete da gerência. Ainda tentou entrevistar os arrojados “ladroeszecos”, e perguntar-lhes a razão do seu acto, mas só ouviu o homem dizer: “então aqui não é o Mini-Preço? Até pensávamos que nem se pagava nada!”
O “repórter” ainda tentou perguntar-lhes se temiam as consequências do furto, respondeu a senhora, com um extenso sorriso mordaz: “ó meu”!, de onde vens tu? É evidente que nada nos vai acontecer. Olha, “meu”, até aposto que a gerência desta unidade nem vai participar o furto. Topas?!”
À hora em que encerramos esta edição, pelo adiantado da hora, não conseguimos saber se foi mesmo feita, por parte da administração, a participação à PSP.

UMA IMAGEM BONITA



Porque fui acusado, injustamente, pelo meu “outro eu”, de só dizer mal, vou dar-vos uma imagem bonita e florida. A “Tulipa Negra”, esta loja de flores, fica na Rua Eduardo Coelho, mais conhecida por antiga Rua dos Sapateiros.
VOCÊ, QUE É HOMEM, HÁ QUANTO TEMPO NÃO OFERECE UMA ROSA À SUA MARIA? AI NÃO SE LEMBRA?! QUE VERGONHA, HOMEM DE DEUS! VÁ DEPRESSA COMPRAR UMA ROSA À “TULIPA NEGRA”, ANTES QUE ESGOTE NA LOJA, OU, E MAIS GRAVE, SE ESGOTE A PACIÊNCIA DA SUA "CARA-METADE".

O CROMO REPRESENTATIVO DA CIDADE

(CLIQUE EM CIMA DA IMAGEM PRA AUMENTAR. A SENHORA, DE ASPECTO DESAFIANTE, PARECE DIZER: "QUE DIABO!, PELO MENOS DUAS VEZES AO DIA ESTE RELÓGIO ESTÁ CERTO. QUEREM MAIS?!")



Há quem diga que o relógio da Estação-Nova, que há muito está parado, é o “no far niente” representativo da cidade. É a modorra, o “andar-parado” no todo nacional.
Sinceramente! É uma afronta! Que diabo, é apenas um relógio, entre tantos. É por causa destas e de outras “bocas foleiras” que a cidade nem anda nem desanda. Podem crer! Os culpados deste “status quo” são aqueles que andam permanentemente a dizer mal da urbe.
Numa independência transcendental, acuso o “escritor” deste blogue (que sou eu) e outros blogues da cidade Lusa Atenas, que, por me causarem tanto escárnio, nem vou citá-los. Fogo!, só sabem dizer mal. Onde é que isto já se viu?
Claro que, neste clima de “bota-a-baixo”, quem nos governa localmente, sente-se desanimado –é evidente-, “vão-se abaixo das canetas”, e depois não têm força anímica para fazer andar a cidade para a frente. Se fosse eu, no seu lugar, seria igual. Homessa! Sejamos justos!

FÉ NA VIRGEM


(O senhor Francisco, um bom homem, e comerciante na Rua Eduardo Coelho, deixando de acreditar nos homens, passou a apelar à Virgem)

Tudo indica que os comerciantes, ao serem alvo de constantes assaltos aos estabelecimentos, durante a noite, na Baixa, passaram a apelar à virgem Maria. Como deixaram de acreditar no Governador-Civil, no responsável pela protecção-civil (o presidente da edilidade coimbrã) e na Polícia de Segurança Pública, que durante a noite, nesta zona histórica, não tem um único agente a patrulhar a Baixa, viraram os seus apelos para o transcendente. Exceptuamos este período da latada, que teve, todas as noites duas carrinhas da Polícia de Intervenção, com cerca de 16 agentes, estacionadas junto ao Banco de Portugal. É caso para interrogar: serão os estudantes mais bárbaros que os assaltantes? Responda quem souber.

MAIS UM ASSALTO NA BAIXA: "ACUDAM! Ó DA GUARDA!"



Esta última noite, de Domingo para segunda, pelas 23 horas, o “Porta-Moedas”, um simpático estabelecimento de carteiras, na Rua das Padeiras, foi assaltado. Ainda inconclusivo, quanto ao montante furtado e em falta, no entanto, os prejuízos são avultados. Foi quebrado o vidro da montra e, em consequência dos estilhaços, foram danificados vários artigos em exposição.
Tudo indica que foram os residentes a afugentar o assaltante. Como era ainda cedo, cerca das 23 horas, o ribombar da quebra de vidros da montra, levou as pessoas da rua a gritar: “Acudam, acudam! ó da guarda!”
Evidentemente que quando a PSP chegou o meliante já estava a milhas.
Salienta-se, também, que o “modus operandi” é o mesmo utilizado numa casa de velharias há cerca de uma semana. Ou seja, o recurso a paralelepípedo, entrar e roubar o que estiver à mão.

domingo, 26 de outubro de 2008

A VIDA NUM SOPRO





Não sei se você nos últimos dias tem prestado atenção ao aumento de tiques que lhe estão a aparecer no seu modus vivendi. Se eu não estiver errado, estão a multiplicar-se mais rápido que parquímetros na cidade. Ainda não lhe aconteceu dar por si a ir verificar se tinha fechado a porta, quando há momentos o fizera? E, quando olha pela janela, do alto do seu 3º andar, e lá no fundo, no passeio, está um “gabiru” a olhar para o seu prédio. Num primeiro momento, você até desvaloriza e volta aos seus afazeres. Passado pouco tempo, lembra-se, volta à janela, e, para seu azar, lá está o personagem, no mesmo sítio e a olhar para si. Pronto!, está lançada a semente da dúvida e o medo acabou de entrar na sua habitação. Aquele homem está ali para controlar os seus movimentos. É isso! Só pode ser isso! Ainda há dias lhe contaram do assalto ao 5º B. Ainda ontem à noite, na SIC, noticiaram assaltos e mais assaltos em residências e comércios.
“Ai meu Deus, e se ele vier agora que estou só?”, interroga-se você, quase a entrar em pânico. Quase em delírio, olhando para o orgulho da sua vida, onde começa e acaba a sua existência, onde faz as suas viagens ao mundo da memória sem sair da sua casa, as suas pequenas coisas, os seus tarecos, como costuma dizer com ênfase, os seus bibelôs, aquele quadro a óleo que tanto lhe custou a pagar a prestações. Ai!, só pensar que pode ser separada desta pintura, sente um aperto no peito. Aquela paisagem simples, com a tosca casa, a fazer-lhe lembrar a casa de aldeia dos seus pais, onde em criança, tanto brincou com o “Manel”, o seu melhor amigo, cujo rasto perdeu, porque os pais, em busca de uma vida melhor, emigraram para o Luxemburgo, e, por lá, todos refizeram os sonhos, e cumpriram-nos, que, naquela aldeia da beira, seriam impossíveis de realizar.
No meio desta viagem, dividida entre a meninice e o medo, começa a pensar que, certamente “aquele ladrão” não vai querer bibelôs, nem quadros a óleo. Ele vai é querer as pratas e o ouro. Então dá por si a retirar as salvas do aparador, que, pelo tempo passado naquele sítio, já têm uma auréola de pó, e a arrumá-las debaixo da cama. A seguir, começa a juntar os anéis, os alfinetes e os fios de ouro que, duma forma anárquica, sem nunca lhe ter atribuído o seu real valor, andaram sempre espalhados entre a cómoda e a sua mesinha de cabeceira, e dá por si a levá-los à boca, como se estivesse prestes a separar-se deles, e dá-lhes um grande abraço, ternurento de saudade, em forma de beijo.
A transpirar completamente por todos os poros, vai à janela novamente, e…o individuo tinha desaparecido. Ufa! Que Alívio, pensa você com os seus botões. “Vou mas é dar uma volta, que este clima de medo é insuportável”, pensa, ao mesmo tempo que pega nas chaves do carro. Toma o elevador, chega ao rés-do-chão, está a transpor a porta principal, quando um pensamento a trespassa em forma de lança: “ai meu Deus, não fechei a porta de casa”. E, com o coração aos saltos, num retorno não programado, volta a tomar o elevador no sentido ascendente, sai no 3º andar, vai à sua porta e…está muito bem fechada.
Já na rua, anda uns passos em direcção ao seu automóvel e dá por si a pensar que mal fez em não ter adquirido garagem no interior do prédio. Na altura eram três mil contos o seu custo, paciência!, “o que não tem remédio remediado está”. Arruma o assunto e continua a andar em direcção ao carro. De repente, um calafrio percorre-a de alto a baixo, acaba de ouvir uns passos cadenciados atrás de si, e já há minutos. “Ai meu Deus, como é que pude não tomar atenção?!”, interroga-se você em suplício suplicante. Olho para trás? Não olho? O melhor é mesmo não olhar. E se ele estiver para me roubar o carro? “O melhor é passar à frente e não entrar no carro”, pensa, tomando esta decisão. Vai andando, pela rua, para a frente, em passo cadenciado, tentando aparentar uma serenidade que não sente. O homem continua atrás de si como se fosse a sua sombra. Já meio confusa, sem saber o que fazer, pára em frente à montra daquela loja de modas. Parece que você está a ver aquele fato de saia-e-casaco, mas só você sabe que nada vê para além da sua imagem reflectida no vidro, ao mesmo tempo que tenta adivinhar as reais intenções do seu perseguidor. Como deixou de ouvir os seus passos, olha para trás e, atarantada, vislumbra o homem a mais de cinquenta metros, a dar um beijo àquela miúda bonita que você já cumprimentou mais do que uma vez. Iam simplesmente encontrar-se na mesma rua.
Cheia de suores frios, de volta ao automóvel, toma o caminho do Shopping. Vai mas é ao cinema, que bem precisa de relaxar.
Depois de dar umas voltas no estacionamento, tentando ficar o mais aproximada possível da porta, lá conseguiu um bom lugar. Antes de sair do carro, olhou para esquerda, para a direita, para trás e para a frente, e só saiu quando aquele homem, que, a seus olhos, tinha ar suspeito, saiu da sua frente com o carro.
Antes de entrar no Centro Comercial, apertou a blusa, apalpou os bolsos, correu o fecho da carteira, tirou o anel de curso e o fio de ouro que sempre a acompanha e, finalmente, entrou nos corredores, em forma de ruas, que, pela crise ou não, tinham pouca gente.
Começou a ver as montras, tentando relaxar com técnicas de respiração, entrou na livraria e dirigiu-se à figura, em papel, de José Rodrigues dos Santos, parecia convida-la a apreciar o seu sexto trabalho editorial e novo romance histórico “A vida num Sopro”. Acabou por comprar o livro e fazer parte do número de oitenta mil leitores que já compraram este título. Quando estava a pagar na caixa, reparou naquele homem de olhar pregado no seu corpo. Estava tão baralhada que nem sabia se seria um olhar de desejos lascivos, de desejo, se estaria interessado em roubar-lhe a carteira. Ao que tinha chegado, já nem discernia aqueles olhares de abraço, de natural assédio masculino, de um qualquer homem, e que qualquer mulher conhece tão bem.
Apressou o passo e foi ao cinema. Depois de consultar os filmes em cartaz, decidiu-se pelo “Indetectável”, uma trama de computadores. Quando saiu de lá, vinha pior do que entrou. Se já levava medo agora trazia psicose.
A história tratava-se de assassínios em série programados por um ”hacker”, um “expert” em sistemas computadorizados que entrava na vida rotineira de qualquer um.

sábado, 25 de outubro de 2008

PORQUE É QUE A RELIGIÃO NOS TOCA TANTO?



A recente polémica dos “Gato Fedorento” no canal de televisão Sic, em torno do Sketch “Louvado sejas, ó Magalhães”, em que era caricaturada uma missa católica, e que deu um número recorde de queixas na ERC, Entidade Reguladora para a comunicação Social, é a razão deste apontamento. Numa análise simples, descomprometida, sem tomar posição, vou tentar fazer uma resenha, ainda que especulativa.
Como ressalva de interesses considero-me agnóstico, ou seja, é um sistema filosófico segundo o qual o espírito humano ainda se encontra impossibilitado de alcançar um conhecimento absoluto sobre certos fenómenos, como, por exemplo, a origem da vida. Não sei se este meu posicionamento sobre as religiões me confere ou não um afastamento que me permita uma conclusão lógica dentro de uma racionalidade necessária.
Antes de continuar, uma coisa o leitor pode ter a certeza, respeito integralmente os dogmas de fé de cada um. Diz o povo, em aforismo, que “a fé não se discute”. Eu discordo desta verdade popular. Tudo é discutível, desde que se respeitem os pontos de vista de cada um. Não discutir é aceitar uma dita verdade sem a contestar ou questionar. E só questionando, através de uma analítica, se enriquece o sentido da ordem das coisas, acredite-se ou não que seja divina (criacionista) ou pela evolução natural da natureza (Darwinismo), passando a redundância.
Como se sabe, este fenómeno de repulsa em aceitar a caricatura da fé, no país e depois do 25 de Abril, não é novo. Já aconteceu, salvo erro, no final da década de 1980, com um programa de Herman José, em que este caricaturava a Rainha Santa. No mundo, e ainda relativo aos católicos-romanos, houve há pouco tempo uma polémica com uma obra de arte, num museu italiano, em que aparecia um sapo verde pregado na cruz com uma caneca de cerveja numa mão e na outra um ovo, em que o Papa Bento XVI considerou esta representação artística uma blasfémia. Recentemente, em Israel, e ainda relativo ao Papa, este aparecia com uma cruz suástica nazi pintada sobre o peito.
Sobre o Islão, em 1989, é sobejamente conhecido o livro de Salman Rushdie, com o título “Versículos Satânicos”, em que causou controvérsia no mundo islâmico por ter sido considerado ofensivo ao profeta Maomé. Aquele autor foi condenado à morte pelo então Aiatola Khomeini, vindo, desde aí, a viver uma vida de reclusão com recurso a protecção policial.
Mais recentemente, um jornal dinamarquês publicou uma série de 12 cartoons representando Maomé. Um deles aparecia com uma bomba no turbante. Os funcionários do jornal e o seu “cartoonista” receberam ameaças de morte e tiveram também que receber protecção policial.
Então a pergunta que nos surge é o porquê desta susceptibilidade em relação à religião? Porque nos afecta mais esta crítica do que por exemplo sobre o nosso clube de futebol, sobre o partido político, sobre a nossa classe profissional?
Evidentemente que não tenho respostas. Nem este escrito tem a veleidade de as querer dar, quanto muito, questionar, polemizar, em suma, fazer-nos pensar sobre o assunto.
Poderei começar por analisar etimologicamente a palavra “religião” que deriva do latim “religio”, que significa prestar culto a uma divindade, ou ainda “religare”, “ligar”, fazer a ponte, entre o humano, nas crenças do sobrenatural, do divino, do sagrado, e o transcendental, com todos os códigos morais associados.
Desde os primórdios dos tempos que o homem sempre associou os fenómenos da natureza, como, por exemplo, as trevas, os relâmpagos e os trovões, a deuses e espíritos. Aqui, como noutras manifestações, o medo a imperar, com a relatividade ínfima do homem perante a grandiosidade absoluta dos actos e pela total incompreensão dos desígnios naturais.
Ao recuarmos no tempo, indo à história das civilizações, verificamos que eram politeístas, recorriam a vários deuses nas suas crenças, onde já nesse tempo se acreditava que, num balanço das suas vidas terrenas, após a morte, os maus, seriam punidos e não teriam “parança”. Contrariamente, os bons, aqueles que em vida foram minimamente aceitáveis, após o último suspiro, seriam recompensados através da atribuição do descanso eterno celestial.
Foram os hebreus, e após estes os judeus, que criaram a crença num Ser Supremo (Jeová), criador de todo o universo, e deram origem ao monoteísmo.
Posteriormente, há cerca de dois mil anos, surgiu o cristianismo. Esta religião nasceu na actual Palestina no século I. Esta região, então sob domínio do Império Romano, era o palco, fruto do seu tempo, de todas as atrocidades, em que a escravatura abundava. Foi então que, a pregar a paz, a harmonia, a crença num único Deus, e o amor entre os homens como linguagem simples, surgiu Jesus Cristo, um homem talvez comum mas com conceitos revolucionários para o seu tempo.
Não queria terminar sem falar nas religiões orientais, algumas mais antigas que o cristianismo, como, por exemplo, o Budismo, que, presumivelmente teria tido origem no Nepal cinco séculos antes do nascimento de Cristo.
Se você chegou até aqui deve estar a interrogar-se que, afinal, eu não apresento nenhuma conclusão. Pois não! Nem vou apresentar. Se precisa de alguma, será você a retirá-la deste texto.
De qualquer modo, sempre vou adiantando que é minha convicção que as religiões sempre existiram, existem, e sempre existirão, enquanto o homem for homem, ávido de conhecimento, que precisa de justificar tudo. É uma necessidade intrínseca e imanente à sua condição antropológica para “explicar”…aquilo que, implicitamente, não tem explicação.

A LOCALIZAÇÃO DO (NOVO) TRIBUNAL





Ontem, dia 24, o Diário as Beiras, “EM FOCO”, publicava um longo trabalho sobre a discussão do projecto do novo (velho) tribunal. Em título do jornal, “ACIC propõe três soluções para futuro tribunal de Coimbra”.
Como se sabe, há várias décadas que esta resolução se arrasta e, ao que parece, ainda sem luz ao fim do túnel. Os mais velhos lembrar-se-ão que, desde a última década de 60, aquele terreno paralelo ao actual tribunal, e que, em tempos, funcionou como estação de recolha dos velhos ronceiros eléctricos, sempre foi tido e achado como futuro complemento do antigo Colégio de São Tomás, mais tarde, e até aos anos de 1930, residência dos Condes de Ameal.
A partir do virar do milénio começou a ser ventilada a hipótese de ser construído de raiz um novo tribunal na margem esquerda e aí serem concentrados todos os vários Juízos Cíveis, Tribunal de Trabalho, Tribunal da Relação e os demais serviços directamente ligados à actividade judicial.
A primeira solução apresentada pela ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, é exactamente a realização do antigo projecto, ou seja, junto ao tribunal, na antiga recolha de eléctricos.
A segunda solução é no antigo DRM, quartel militar desactivado na Rua da Sofia. E a terceira solução é desviada um pouco para Norte, junto à Auto-Industrial. Propõe aquela associação comercial que o Estado adquira as antigas instalações da fábrica Ideal, “o que seria um contributo importante no sentido de requalificar aquela zona da cidade de Coimbra”, hoje bastante degradada, complementa aquela direcção empresarial.
Salienta-se, segundo o jornal, a convergência de várias entidades ligadas à justiça, entre elas, Daniel Andrade, presidente do Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados e António Marçal, secretário-geral do Sindicato dos Funcionários Judiciais, para a segunda solução, o antigo DRM, na Rua da Sofia.
Quanto a mim, e é uma opinião esparsa, que vale o que vale, das três decisões possíveis apresentadas, esta é a pior solução para a Baixa. Este espaço de cerca de 600 m2, implantado na zona mais nobre da cidade deveria ser aproveitada como catalisador, um motor de reacção, como modificador do actual estado anémico desta zona histórica da cidade. Ali, naquele espaço, deveria ser implantado um empreendimento que, obrigatoriamente funcionasse das 9 às 24 horas. Porque não um “El Corte Inglês”? Ou outro qualquer projecto, mas sempre que passasse pela convergência de pessoas durante todos os dias da semana. É um erro implantar ali um serviço público a funcionar de segunda a sexta, das 09 às 17 horas.
Além de mais, e até em contradição, ainda no mesmo jornal, a ACIC considera um erro crasso a construção do novo tribunal na margem esquerda, sobranceiro ao rio, porque “inutiliza um espaço privilegiado que, em qualquer cidade do mundo, seria aproveitado tão somente para lazer, recreio, restauração ou hotelaria”. Acrescenta ainda a ACIC que “um imóvel com aquela finalidade, com o seu horário próprio de um funcionamento, naquele local, só privilegiará, a partir de determinadas horas, a marginalidade”.
E, na Baixa, esta premissa não se aplica? Um dos maiores problemas actuais desta zona monumental é a desertificação nocturna, com implicações directas na segurança de pessoas e bens. Então, como pode esta associação defender esta solução? Além de mais, a meu ver, a optar por esta finalidade seria sempre um triste remedeio, uma espécie de paliativo para um doente em estado terminal.
A que se deve estas “vistas curtas” da ACIC? Pessoalmente tenho uma tese, mas não vou apresentá-la.
A Baixa precisa de grandes projectos que façam mexer com toda a sua superstrutura a bem dos residentes, que se espera que sejam cada vez mais, e dos poucos comerciantes que ainda vão resistindo neste mar tumultuoso.
Numa coisa a ACIC tem razão: o tribunal não pode sair da Baixa.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

UMA IMAGEM QUE NÃO (ME) COLA



Segundo sei, em Espanha proibiram este tipo de publicidade ambulante. Penso que por cá, na legislação, é omisso. Isto é, não existe lei regulamentar. A verdade, ainda que me seja difícil de explicar, não gosto de ver uma pessoa a passear-se pela baixa com estes cartazes. Dá-me logo que pensar que só lhe faltam as orelhas de burro para parecer que anda de castigo.
Considero que todo o trabalho, desde que vise o desenvolvimento social e não retire dignidade ao seu autor é aceitável socialmente. Mesmo quando possa atentar contra essa dignidade social, desde que seja praticado pelo seu autor, com plena consciência do seu acto, e sem exploração de outrem, também aceito. Estou a referir-me, concretamente, à prostituição. Se eu mandasse era uma das primeiras medidas em que interviria. Acabava com a hipocrisia social e legalizava-a.
Voltando ao homem do cartaz, quanto a mim, e seguindo a mesma coerência, se ele fosse o dono do negócio, não estivesse a ser mandado, aceitaria. Assim, confesso que me mete alguma confusão. É como se este trabalho estivesse ferido de indignidade. Ou, no limite, se calhar, parece que estamos no Brasil ou noutro qualquer país da América Latina. Não sei, há qualquer coisa que transcende a minha racionalidade nesta apreciação.

UMA IMAGEM BONITA...PARA A POSTERIDADE



O futuro das cidades, e do país, assenta nas crianças. Num tempo em que a multiplicação da espécie está em crise, por variadíssimas razões que não importam aqui, digam, ou pelo menos pensem, se não é bonito de ver nas Ruas da Baixa uma imagem como esta?!

ARRENDAMENTO SOCIAL

(UMA MUDANÇA EM TRANSPORTE SUI GENERIS)



Segundo o Diário as Beiras do dia 22 do corrente, mês de Outubro, ficou a saber-se que “A Câmara de Coimbra possui 858 habitações, que são cedidas segundo o regime de renda apoiada a particulares que apresentem dificuldades financeiras, não podendo ser arrendadas de forma arbitrária. A autarquia “é também proprietária de 29 espaços comerciais”, que são, na sua maioria, ocupados por estabelecimentos que “já existiam nesses prédios antigos ou por serviços públicos, acrescentou (Gouveia Monteiro). O vereador Gouveia Monteiro salienta que a autarquia não tem “património disperso” que possa ser cedido sem critérios de habitação social, já que nunca houve “uma política de aquisição sistemática de edifícios particulares”.
Ficamos todos contentes em saber o número de habitações camarárias, porém, quanto ao critério em que assenta “o regime de renda apoiada a particulares que apresentem dificuldades financeiras, não podendo ser arrendadas de forma arbitrária”…ficamos na mesma! Quem controla esse critério de particulares em dificuldades? E como são atribuídas? É por concurso? Por sorteio? Foi criada uma comissão para evitar a repetição dos casos da Câmara de Lisboa?
Ficamos sem resposta, que, aliás, deveria ter sido questionado pelo jornalista do jornal, no momento ou a posteriori.
De qualquer modo, e a talhe de foice, quem trabalha na Baixa, nos últimos tempos, tem constatado uma maior procura de residências para arrendar. Sabe-se que as poucas existentes rapidamente são ocupadas.
Continuo a achar que o pelouro da habitação deveria intervir mais directamente junto dos comerciantes para que estes, com andares superiores em mau estado e vazios, fossem convencidos a disponibilizar os seus locados.
Além de mais, na Baixa, existem várias entradas, com comércio, em forma de corredores, para andares superiores que se encontram completamente vazios. Estas entradas para os prédios, cujo acesso é único, algumas como tabacarias, venda de artesanato, retrosarias, etc.. Uma vez transmitidas para novo adquirente, deveria o pelouro da habitação fomentar a extinção do comércio existente e a sua entrega ao proprietário. Pode até parecer que não, mas estes pequenos comércios, hoje praticamente sem razão de existirem, constitui mais um óbice para que muitos andares se encontrem completamente desocupados.

"REPÓRTER ESTRÁBICO": HOMENAGEM AO REI





Decorreu hoje na Igreja de Santa Cruz uma homenagem a D.Afonso Henriques fundador de Portugal. Como se comemora no próximo Domingo o Dia do Exército, e sendo o Rei o seu Patrono, foi depositada uma coroa de flores no seu túmulo pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Luís Pinto Ramalho.
Não há certezas pelos historiadores mas parece que D. Afonso Henriques, que aqui teria nascido e morrido entre 1109 e 1185, juntamente com o seu filho D. Sancho I, repousam em túmulo, na Igreja Românica de Coimbra, desde, entre 1515 e 1520. Por ordem de D. Manuel I foram trasladados, por essa altura, para esta cidade, os seus restos mortais.
Ainda tentei entrevistar o Rei, mas tal não se tornou possível. Desde Julho de 2006, em que uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra tentou abrir o túmulo, que o Ministério da Cultura não deixa ninguém chegar perto da sua pessoa.
Mas está mal! E sabem porquê? Porque há muita coisa para esclarecer. Sobretudo, é preciso saber se, de facto, ele bateu na mãe, D. Teresa, ou não. Tudo indica que sim, pelo menos, na Batalha de São Mamede, sabe-se, andaram à “porra-e-à-massa”. Ora, assim sendo, se bateu na mãe, de certeza absoluta que também bateu na mulher. Continuando a especular, isso é violência doméstica. Se, por um lado, está explicada esta propensão que os portugueses têm para dar uns “sopapos” na cara-metade, por outro, seguindo o exemplo do juiz espanhol Baltazar Garzon, em que se propõe a abertura de uma investigação sobre as atrocidades de Francisco Franco, na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), aqui, no Condado Portucalense, o Ministério Público também deveria mandar investigar a violência doméstica do rei. A violência caseira é crime público, e, portanto, não me venham cá falar na prescrição e outras desculpas para a (má) acção do filho da mãe que se esqueceu que mamou o leite materno e depois, de engordar e crescer, chegou-lhe a “roupa ao pelo”. Ou há moralidade ou comem todos.