sexta-feira, 30 de julho de 2021

BARRÔ: TEATRO NA ALDEIA

 




A peça teatral estava anunciada para hoje, às 21h00, no Largo da Capela, em Barrô. Sem aviso prévio, a apresentação foi mudada para o terreiro do Centro Recreativo. Não fossem uns telefonemas de quem se apercebeu da música durante a tarde, junto ao pavilhão, a avisar e, mais que certo, por desconhecimento, ninguém lá teria colocado os pés.

Estou em crer que a razão da alteração de última hora teria a ver com o necessário silêncio que, devido à passagem constante de automóveis, não teria sido conseguido se fosse realizada no Largo da Capela. Fosse por isso ou por outra qualquer razão, carece de explicação. De salientar que o cartaz de apresentação do município na página do Facebook foi alterado em cima da hora.

Quanto ao espectáculo, com uma primeira parte musical de cerca de trinta minutos protagonizada com interpretações de autores portugueses, como Carlos Paião, José Cid, Paulo Gonzo e Carlos do Carmo, pelo músico Francisco Saldanha, foi um momento de excelência que valeu pelo todo.

Em seguida foi mostrada a peça teatral “Piquenique no Front”, de Fernando Arrabal, autor brasileiro. Escrita há mais de quarenta anos, trata-se de uma sátira à guerra. A fazer lembrar o saudoso Raul Solnado e a “História da minha ida à guerra de 1908”, a encenação gira em volta de um piquenique feito em cenário de guerra, com o troar dos canhões e o metralhar das espingardas em fundo.

Quanto à representação pelo grupo cénico, pareceu-me bem desenvolvida e com boa actuação do grupo. Parabéns aos actores, que deram o seu melhor numa peça que, para além de ser fraca, é muito curta – teve uma duração de cerca de trinta minutos. Mesmo sendo inserida no chamado “Teatro do Absurdo”, onde são tratados aspectos inesperados de uma dessintonizada comunicação, que leva a reacções sem sentido e sem propósito, dos humanos na sua parte existencialista, esta dramaturgia não convence.


LUSO: POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

 

(imagem da Web)




Segundo os dados do Censos publicados pelo INE, Instituto Nacional de Estatística, entre 2011 – que tinha 2593 indivíduos – e 2021 – agora com 2284 recenseados -, a Freguesia de Luso perdeu 309 habitantes (-11,9%).

O Concelho de Mealhada, entre 2011 e 2021, perdeu 1070 moradores, correspondente a -5,2% da sua população.

Já sabemos que todos os concelhos vizinhos da Mealhada perderam residentes. Sabemos também que, globalmente, Portugal diminuiu o número de portugueses.

As perguntas que deixo no ar são:


A nível governamental:


- Estão a falhar completamente as políticas de incentivo à natalidade?

- Esta diminuição populacional deve-se, em parte, às mortes por Covid?

- O país, a nível de oferta de empregos, deixou de ser atractivo para os jovens?

- Portugal, com impostos directos e indirectos dos mais altos da Europa, com salários baixos e condições de precariedade, leva à desmotivação e deserção?


A nível local, Freguesia de Luso e Concelho de Mealhada:


- Estão a falhar políticas urbanísticas para a fixação de pessoas?

- Estão a faltar medidas empresariais que tragam novos investidores?

- Faz falta um gabinete para o investidor, onde tudo fosse tratado com celeridade?

- Está a faltar uma incubadora de pequenas empresas (Startup) apoiada?

- As mortes por Covid também contribuíram para esta diminuição?


Quer comentar?

quinta-feira, 29 de julho de 2021

BARÓMETRO DOS JORNAIS EM PAPEL PUBLICADOS NA BAIRRADA



Jornal da Mealhada (edição de 21 de Julho)


POSITIVO


A edição do Jornal da Mealhada (JM) desta quinzena, começando pela capa, com grafismo em cores entre o neutro e o colorido, assim como o interior do caderno recomenda-se e apresenta-se bem.

Gostei desta edição. Com uma entrevista a João Marques, candidato à Câmara Municipal pela CDU, e mais informação político-partidária diversificada às juntas de freguesia, parece ter acordado, finalmente, para as eleições autárquicas que vão ocorrer no próximo 26 de Setembro.


MENOS BOM


Continua a verificar-se a notória falta de articulistas/colaboradores a juntar aos existentes (poucos). Sobretudo, como já escrevi, que abarquem todo o espectro partidário onde persista o contraditório e o debate de ideias. O Concelho, vincadamente, sofre de disfunção política, ou seja, de uma iliteracia, uma ignorância acentuada. Esse trabalho de mensageiro, de levar esse conhecimento às bases populares, cabe por inteiro à imprensa local. O Jornal da Mealhada, ao, aparentemente, pretender desonerar-se da sua responsabilidade no esclarecimento político/público, para além de se se prejudicar a si mesmo, está a contribuir fortemente para a ignorância sistémica. Porque devemos interrogar: queremos um Concelho conhecedor do que se passa no seu seio, ou continuar a ter pessoas amorfas, sem opinião crítica, onde o receio de aparecer numa simples sessão de esclarecimento partidário que os possa conotar com a força política em causa é o prato do dia?

A nosso ver, erradamente, no interior do jornal continua a insistir na inserção de fotografias demasiado grandes e a ocupar demasiado espaço que deveria ser consignado a notícias. Para melhor clarificar, por exemplo, as entrevistas aos candidatos partidários, sendo igual para todos, deveriam ser propostas com um número máximo de caracteres. Isto é, por um lado, de modo a que o concorrente esteja à vontade para explicar o seu projecto de mudança, por outro, quando a entrevista é curta – como aconteceu ao candidato comunista, as duas páginas têm de ser complementadas com fotografias enormes do concorrente. Ou seja, sobram imagens e falta mensagem.

De zero a vinte, atribuo a esta edição 14 valores.


JORNAL DA BAIRRADA (edição de 22 de Julho)


Conforme nos tem habituado, pela grande qualidade jornalística, na diversidade de temas e lugares da Bairrada, ao longo dos últimos anos, continua a ser o ponteiro de uma bússola a apontar o Norte. Nada a apontar.

De zero a vinte, atribuo a esta edição 18 valores.




 

domingo, 25 de julho de 2021

MEALHADA: VER CINEMA POR UM CANUDO

 




Como introdução, recorrendo à história dos dias que passam a correr, o Cine-teatro Messias, o emblemático edifício dos anos de 1950, que durante muitas décadas esteve votado ao abandono e, numa visão transcendental que se enaltece, em boa hora a autarquia mealhadense, em 2001, decidiu abrir ao público depois de remodelar completamente o edifício e o ter transformado num polo cultural de excelência para o Concelho de Mealhada e de outros vizinhos.

Até aqui, cantam-se loas à edilidade na terra do leitão. Mas, naturalmente, como não há “bela sem senão”, começamos a esmiuçar o seu desempenho e, se calhar, digo eu, há reparos a fazer, ou melhor, reformular os conceitos que, a bem da comunidade, devem ser alterados.

Tudo começou no facto de, nos últimos meses, ter sido divulgada a programação do Cine-teatro com o filme “BemBom”, que retrata a história efémera da banda musical as Doce – entre 1979 e meados da década de 1980 -, para os dias 23, 24 e 25 de Julho.

Quem se dirigiu no Domingo, dia 25, para visionar a peça cinematográfica bateu com o nariz na porta. Sem um aviso, quer na página do município, na Internet, quer na porta do cinema.

Ora bem, à luz de uma tolerância que deve acompanhar sempre estas coisas, vamos avaliar o que aconteceu com uma racionalidade necessária. É grave? Não. Nada disso!

Então, se não é grave , porque chamo o assunto à colação? Simplesmente, por um lado, com um sentido crítico positivado, por outro, com uma especulação marcada a ferro, podemos e devemos aventar sobre o que aconteceu… para evitar a repetição.

E começamos pela especulação. Por que razão teria sido suspensa a projecção do filme? Em concreto, não sabemos. Mas podemos tentar adivinhar que, eventualmente, a afluência de público nos dois primeiros dias, 23 e 24, foi escassa e, para evitar gastos desmesurados, por ordem superior, a última exibição foi cancelada.

Está certo? Por muito que custe a pessoas como eu que ia todo empolgado para ver, está correcto. Tendo conhecimento de um certo antecedente, como poderia ser o caso, não se deve esbanjar dinheiro público que, para os contribuintes, é sangue que corre nas veias.

Então, afinal, o que está mal - parece você, leitor, interrogar, já algo confundido com o desenrolar da crónica.

E eu, como é óbvio, respondo. O que está mal, digno de registo, é a falta de comunicação prévia que os serviços camarários deveriam ter apresentado e não fizeram.

Mas há mais. Não vamos ficar por aqui. E para continuar preciso de recorrer à minha alguma, pouca, experiência que detenho em frequentar o Cine-teatro.

No que toca à exibição de filmes, esta actividade lúdica é altamente deficitária.

Nos últimos dez anos, já assisti a alguns filmes com 7, 10 e 15 espectadores. Naturalmente que já vi a sala bem-composta, mas nunca completa. Quero dizer que se deve acabar com o cinema nesta categorizada sala? Nada disso. Nem pensar! Mas é preciso fazer alguma coisa para recuperar um costume que se perdeu, pelo menos no Concelho de Mealhada. Mais abaixo apresento o meu ponto de vista para esta lacuna que se desenrola por o povo não acorrer a ver filmes comodamente instalado e em ecrã gigante.

Porque quanto a outros eventos, o empreendimento é quase auto-sustentável. Sem descurar outras mostras, basta atentarmos que o teatro de revista é sempre casa-cheia. Por exemplo, “Os diálogos da Vagina”, um triálogo narrado por três mulheres que vai acontecer em Setembro, já está esgotado.

Voltando à questão pendente sobre a pouca afluência de público ao cinema, o que deveria ser feito? Simples, gratuitamente, com oferta de bilhetes, levar os alunos do ensino básico e até ao secundário a assistir a filmes na mítica sala.

Para tentar levar os seniores, talvez fazer um bilhete especial a partir da idade de 65 anos. Outra premissa, no Dia da Cidade e, se calhar, em outras datas de relevo, através das juntas de freguesia, oferecer bilhetes aos mais idosos.

Seja o que for feito, é preciso fazer alguma coisa. Aposto que você, que me lê, a última vez que foi ao cinema foi há mais de dez anos. Estou errado?

E porque razão não vai? Pode dizer-me?


POST SCRIPTUM:

Em resposta posterior por parte do Município para repor a verdade, verifiquei que, contrariamente ao que escrevi, afinal, o filme "BemBom" tinha sido anunciado com projecção para as 16h00 de Domingo. Ou seja, como não vi, fui à noite e parti do princípio (errado) de que não tinha havido sessão no Domingo. As minhas desculpas.

MEALHADA: CARTA AO MEU AMIGO MUNICÍPIO

 



Caro amigo, Município.


Tenho reparado que os eventos, culturais e outros, paulatinamente, vão sendo apresentados nas páginas do Município e Mcultura. Às vezes, lá vai sendo recordado, mas, na maioria das vezes, a publicitação fica enterrada e esquecida nas calendas do tempo. Vou exemplificar melhor. No Domingo, dia 25, vai realizar-se a Feira do Porta Bagagens. Foi anunciada no dia 13 de Julho, ou seja, doze dias antes. Salvo erro, ainda vi outro anúncio à mesma alegoria, mas depois desapareceu. Como imagina, com tanto espaço de tempo, esquece facilmente.

Então, o que é preciso fazer nas duas páginas do município, no Facebook?

Durante os dias de semana, numa espécie de comunicado ao abrir as páginas, deveria aparecer a rubrica “Hoje vai acontecer na Mealhada”, seguido da lista de eventos do dia que irão acontecer, incluindo a programação do Cine Teatro Messias.

Quando o fim-de-semana começar a brilhar nos olhos de quem o deseja, mais propriamente na sexta-feira deve ser mostrado as realizações que vão ocorrer no Sábado e no Domingo.

Fui claro, meu amigo Município? É que assim a acontecer (se este meu texto for levado a sério) os munícipes estão permanentemente informados com a calendarização diária do que se faz.

Capiche”, meu caro amigo?


ADENDA


Na programação do Cine Teatro Messias, anunciada nas páginas enunciadas em cima, o filme "BemBom", com a história das Doce, Banda Musical das décadas de 70 e 1980, estava calendarizado para 23, 24 e 25 de Julho. As pessoas que se dirigiram hoje, 25 de julho, à noite, para visionar a peça cinematográfica deram com o nariz na porta. Que a Câmara Municipal, supondo que por falta de afluência de público, decidisse retirar o filme de cartaz, no limite, até se entende. O que não se compreende é a falta de comunicação. Os serviços não tinham obrigação de avisar o público? Não pretendo ser venenoso, mas parece que a Mealhada, com este tipo de postura, é o centro da província - sem pretender desvalorizar o interior do país.


POST SCRIPTUM:

Em resposta posterior por parte do Município para repor a verdade, verifiquei que, contrariamente ao que escrevi, afinal, o filme "BemBom" tinha sido anunciado com projecção para as 16h00 de Domingo. Ou seja, como não vi, fui à noite e parti do princípio (errado) de que não tinha havido sessão no Domingo. As minhas desculpas.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

MEALHADA: NÓS POR CÁ…

 



MEALHADA: NÓS POR CÁ…


SAIR MELHOR QUE A (EN)COMENDA


1 - A história que vamos contar começa no Dia da Cidade da Mealhada, comemorado em 13 de Maio, com a atribuição de Medalhas de Mérito a diversos munícipes ilustres radicados no Concelho. Entre os agraciados estava o comandante do Destacamento de Anadia da GNR que integra os Postos de Anadia, Sangalhos, Mealhada, Bustos e Oliveira do Bairro, Cláudio Lopes, capitão da GNR.

Manda o bom-senso que uma autarquia – e sobretudo quando é de pequena dimensão - nunca deve homenagear o cura (padre), o comandante da polícia, o director do hospital, o Chefe do Serviço de Finanças e o/a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), acima de tudo, se estiverem em exercício de funções. E porquê?

Vamos por partes. Porque no caso do presbítero, sendo um ministro da Igreja, e só a esta dever obediência, como contacta directamente com as gentes mais humildes, tomando conhecimento através do seu múnus das suas alegrias e tristezas, sendo um pastor de almas capaz de arrebanhar facilmente o povo que frequenta os templos da paróquia, deve ser um humanista de espírito livre e, se preciso for, ter a coragem de, nas suas homilias, denunciar atrocidades desencadeadas pelo poder político. Facilmente se vê a incompatibilidade de receber uma comenda pelo poder que tem por função observar e repreender discretamente. Se assim acontecer, se for condecorado, facilmente passa de pastor a ovelha servilista do regime.

Já com os outros elementos, nomeadamente o comandante da polícia, o director do hospital, o Chefe do Serviço de Finanças e o/a presidente da CCDR, por serem representantes de um poder fiscalizador autónomo entre eles e facilmente gerador de conflito, nunca devem receber uma comenda da entidade que lhes cabe supervisionar.

Pelas razões que se adivinham, se alguma destas entidades tiver sido louvada em sessão pública e for preciso intervir, quer a edilidade que concedeu o tributo, quer o agraciado que foi consagrado, por a sua independência ter ficado beliscada, fica limitada no seu âmbito de intervenção futura.

Prestes a saltar para o segundo ponto, já se vislumbra onde quero chegar. E não é só agora que escrevo sobre este manifesto conflito de interesses. Em 10 de Maio, com o título “Mealhada e os laureados no dia do município”, escrevi o seguinte:

Ressalvo que não tenho a honra de conhecer o digníssimo capitão, nem me move qualquer animosidade pessoal contra este senhor ou a força que representa.

Será que um elemento de uma polícia que, no activo, exerce fiscalização num concelho que lhe concede uma das mais altas distinções não poderá condicionar a sua independência e imparcialidade no seu desempenho? No limite, até acredito que não vai influenciar, mas que não fica bem, isso não. Nem a quem lha concede, nem a ele que a vai receber.


2 – Nas últimas semanas, paulatinamente, através das redes sociais, fomos tomando contacto com os lamentos de vários munícipes queixando-se de, por motivo de obras sobre responsabilidade camarária, numa espécie de “raid” diário, terem sido autuados várias vezes por agentes da GNR, por estacionarem em frente às suas casas em estradas municipais, aliás, onde sempre fizeram – sabe-se, naturalmente, que as aldeias não têm parques de estacionamento.

Perante esta alegada e desenfreada caça à multa, tendo os moradores feito chegar as reclamações à Câmara Municipal o que fez esta entidade representativa?


-Pediu uma audiência ao comandante do Destacamento de Anadia, capitão Cláudio Lopes (o agraciado no dia do município)?

- Fez uma exposição ao Ministério da Administração Interna, invocando excesso de zelo, abuso de autoridade?

- Pediu a intervenção da IGAI, Inspecção Geral da Administração Interna para avaliar o desempenho dos agentes de segurança?


Aparentemente nada disso foi desenvolvido.

Em contrapartida, no site do município, fomos confrontados com um comunicado onde se proclamava o seguinte:


A Câmara Municipal da Mealhada passou a ter competências no domínio do estacionamento público, mas os municípios pertencentes à CIM- Região de Coimbra (CIM-RC) estabeleceram protocolo com essa entidade para tramitação dos processos. Face ao número elevado de autos levantados em diversas aldeias do Município com constrangimentos ao tráfego, a Câmara da Mealhada explica que os munícipes não devem proceder ao pagamento da coima e devem aguardar pelo processo de contraordenação, no qual serão ponderadas as circunstâncias que motivaram a multa.”


3 – Ou seja, a câmara municipal, juntamente com a CIM, numa contra-procedência inexplicável, sendo uma entidade estatal incentiva os cidadãos a impugnar e a adiar o pagamento ao Estado.

Por outro lado, pasme-se, chamando a si os várias sujeitos processuais da justiça, neste intrincado de coimas leves, passou a ser advogado de defesa dos contraventores, advogado de acusação e juiz (em causa própria).

Não é preciso der bruxo para adivinhar que os autuados podem dormir descansados. Em princípio, em ano santo de eleições, vão ser todos amnistiados.

Mas há uma questão que se impõe: este procedimento de perdão cria um precedente vinculativo para o tempo que há-de vir. No futuro, como é que se vai fazer com as coimas relativas a estacionamento no Concelho?

Para o ano quem vai ser medalhado?


BARÓMETRO DOS JORNAIS EM PAPEL PUBLICADOS NA BAIRRADA




Jornal da Mealhada (edição de 7 de Julho)


POSITIVO


A edição do Jornal da Mealhada (JM) desta quinzena, começando pela capa com grafismo em cores vivas, apenas pelas cores, salta à vista no ponto de venda.

A nosso ver, erradamente, continua a insistir na inserção de publicidade em primeira página e a desvalorizar os títulos de “caixa alta”. Por muito rentável que seja esta ocupação com propaganda a produtos, a verdade é que se está a adiar puxar o quinzenário para cima, como quem diz, torná-lo mais acutilante na relação com o leitor em banca. Já o escrevi, a continuar com o mesmo formato parece mais uma publicação impressa do Intermarché.

O interior do jornal, em que se continua a apostar em fotografias demasiado grandes e a ocupar demasiado espaço que deveria ser consignado a notícias, está muito interessante. Diversificado e abarcando temas de sociedade e de política partidária, no Concelho e fora dele, está muito agradável.


MENOS BOM


Continua a verificar-se a notória falta de articulistas a juntar aos existentes. Sobretudo, como já escrevi, que abarquem todo o espectro partidário onde persista o contraditório e o debate de ideias. O Concelho, vincadamente, sofre de disfunção política, ou seja, de uma iliteracia, uma ignorância acentuada. Esse trabalho de mensageiro, de levar esse conhecimento às bases populares, cabe por inteiro à imprensa local. O Jornal da Mealhada, ao desonerar-se da sua responsabilidade no esclarecimento político/público, para além de se se prejudicar a si mesmo, está a contribuir fortemente para a ignorância sistémica. Porque devemos interrogar: queremos um Concelho conhecedor do que se passa no seu seio, ou continuar a ter pessoas amorfas, sem opinião crítica, onde o receio de aparecer numa simples sessão de esclarecimento partidário que os possa conotar com a força política em causa é o prato do dia.

Por outro lado ainda, a oposição com assento na vereação deveria ter, obrigatoriamente, uma coluna na edição do jornal para que pudesse apresentar quinzenalmente aos munícipes o que se passou nas reuniões de Câmara.

Por outro lado ainda, já o escrevi há quinze dias, está na altura de arrancar com entrevistas aos candidatos que se vão apresentar a sufrágio no próximo 26 de Setembro.


De zero a vinte, atribuo a esta edição 14 valores.


JORNAL DA BAIRRADA (edição de 8 de Julho)


Conforme nos tem habituado, a grande qualidade jornalística, na diversidade de temas e lugares da Bairrada, ao longo dos últimos anos, continua a ser o ponteiro de uma bússola a apontar o Norte. Nada a apontar.


De zero a vinte, atribuo a esta edição 18 valores.


domingo, 11 de julho de 2021

BARRÔ: A CDU OUVIU AS PESSOAS

(Foto surripiada, com a devida vénia, à página da CDU/Mealhada, no Facebook)



Conforme anunciado previamente com convite feito porta-a-porta, a CDU, Coligação Democrática Unitária, constituída pelo partidos PCP e PEV, à hora marcada, às 21h00, estava presente no Centro Recreativo de Barrô para ouvir os habitantes da aldeia sobre necessidades que entendessem elencar.

Esteve presente toda a equipa concorrente à Assembleia de Freguesia de Luso, liderada por Óscar Carvalho. Marcaram também presença o coordenador da CDU/Mealhada e o candidato à Câmara Municipal, João Marques.

Ao longo de mais de uma hora, num diálogo informal, Óscar Carvalho foi interpelando e tomando notas sobre o que faz falta para animar a malta da povoação de Barrô.

Os locais que responderam à chamada não deram por perdido o tempo despendido em prol da aldeia e pelo respeito que os visitantes naturalmente merecem e devem merecer.  

 

sábado, 10 de julho de 2021

MEALHADA: NÓS POR CÁ…

 

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



POLÍTICA… DOS POLÍTICOS


A cerca de dois meses e meio das eleições autárquicas, que irão ocorrer a 26 de Setembro, o ambiente ainda não aqueceu ao rubro. Pressente-se que todos os contendores, numa discreta actividade, como se estivessem posicionados numa guarita de atalaia, vão vigiando o que o opositor vai fazendo. Na mais pura diplomacia, vão oleando os motores e afiando as espadas. Adivinha-se no ar o cheiro a ferro e o sabor a sangue, mas, devido à “silly season”, período de baixa informação que ocorre no verão, talvez a notória escaramuça só aconteça muito próximo do Outono, que fará entrada a 22 de Setembro, quando as folhas das árvores se preparem para a metamorfose, a mudança do verde para o amarelo. Como o inimigo a abater é comum, é muito natural que, sem grandes facadas entre eles, a amizade reinante persista mesmo depois das hostilidades.


* Movimento Mais e Melhor (pelo Concelho da Mealhada): Liderado por António Jorge Franco, ex-vereador no período de 2005 a 2009, na presidência de Carlos Cabral, com um traquejo invulgar, percorrendo os caminhos de terra-batida, pedra e alcatrão de todos os lugares do Concelho, ouvindo os moradores, parece querer fazer jus ao ditado de que o primeiro a arrancar é o que tem maior chance de cortar a meta isolado.

Diga-se o que se disser, ambição não lhe falta. Num tratamento de proximidade entre os eleitores, Franco, sem rebuço nem entraves contraditórios, parece sentir-se à vontade e no seu meio.


* Juntos pelo Concelho da Mealhada: Comandado por Hugo Alves Silva, vereador sem pelouro no actual executivo, como se fosse um falcão e observasse o trabalho da concorrência sentado na Cruz Alta, no Bussaco, Hugo parece esperar o seu momento para se lançar ao ataque.

Como se quisesse transmitir à opinião pública que o seu “inimigo” ainda não foi nomeado candidato pelo partido e que o resto, os que andam à volta, são trocos de sumir, não parece apresentar grande preocupação com o tempo que começa a escassear para fazer passar a sua mensagem e chegar até ao lugar mais recôndito do Concelho.

As más línguas dizem que a sua modorra é incompreensível e já deveria ter iniciado o “vôo do Falcão”. E que quando acordar para a realidade, um dos seus opositores, não classificado como “perigoso”, passando pelos pingos da chuva, pode pregar-lhe uma enorme surpresa.


* Partido Socialista: Ainda sem candidato consignado, no entanto, tudo indica que vai ser Rui Marqueiro, o actual presidente da Câmara Municipal.

O busílis da questão é: porquê este arrastamento partidário na declaração do candidato?

Dizem as boas línguas que para Marqueiro, com um ego enorme embrulhado em falinhas mansas de humildade, esta eleição é como limpar o “cu a meninos”. Se é certo ou não, a verdade é que na última Assembleia Municipal o declarante afirmou que, para ganhar as eleições, o que contavam eram os partidos e pouco as pessoas. Adivinha-se que na sede rosa, na Mealhada, os seus correlegionários teriam torcido o nariz a tais afirmações.

Para as más-línguas, este aquecer da nomeação em lume brando é intencional. Sem que a lei o possa evitar, com os meios ao seu dispor e em melhor posição do que os concorrentes, vai fazendo a sua campanha à custa da autarquia. Sendo verdade ou mentira, de facto, vê-se que o anunciar de obras públicas parece chuva molhada de inverno. Que não se atrase nas apresentações e não adormeça na cadeira, porque o perigo espreita a qualquer esquina e o tempo começa a encurtar, dizemos nós, que não percebemos nada disto.


* Bloco de Esquerda/Mealhada: Apresentando como candidato à Câmara Municipal Gonçalo Melo Lopes, de 32 anos, parece colocar todos os ovos na reeleição de Ana Luzia Cruz e conquistar mais um deputado para lhe fazer companhia na Assembleia Municipal.

Sendo um partido de corte com a ordem estabelecida, acima de tudo, arrumando estereótipos e costumes feitos num tempo bolorento e seguidista, procura romper com ilusórias barreiras de vidro que continuam a limitar o ingresso na vida política. Como exemplos, veja-se a jovialidade de Gonçalo Melo Lopes e a inscrição de Ruben Madureira de Castro, como candidato à Junta de Freguesia de Vacariça, também muito novo, mas sobretudo com o seu corte de cabelo vanguardista e brinco na orelha. Quem não abriu os olhos de surpresa, que atire a primeira pedra.


*CDU, Coligação Democrática Unitária/Mealhada: Levando à frente João Pereira Marques como proponente à Câmara Municipal, a CDU, mostrando os obreiros que alimentam a máquina partidária local, sem descurar, passo-a-passo, vai fazendo o seu trabalho de bastidores. Num Concelho que, por ignorância, rendição ou cansaço, parece querer muito pouco da esquerda institucional, esta coligação também parece rendida ao sistema. No fundo, no fundo, contenta-se com pouco, bastando-lhe umas migalhas de poder, como quem diz, eleger representantes apenas para as Assembleias, Municipal e de Freguesia.


* Outros ilustres desconhecidos: Há quem diga que o CHEGA e o Iniciativa Liberal andam à procura de nomes para preencherem as listas. E se assim for, podem perfeitamente colocar-se na linha de partida para concorrerem. Se assim acontecer, tal como outros partidos minoritários, procurarão almejar somente a eleição para a Assembleia Municipal.


terça-feira, 6 de julho de 2021

CAMPANHA ELEITORAL EM MARCHA: “MAIS E MELHOR” ANDOU POR BARRÔ

 




António Jorge Franco, líder e cabeça de lista pelo Movimento Mais e Melhor (pelo Concelho de Mealhada) à Câmara Municipal, conjuntamente com elementos da sua equipa, andou hoje por Barrô.

Durante a manhã, com chegada às 10h00, ouviu moradores e tomou notas sobre algumas lacunas cujo preenchimento consideram essencial para melhorar a sua vida diária na povoação.

À tarde, pelas 18h00, agora com um plantel maior, percorreu, a pé, a aldeia de lés-a-lés. Disse quem viu que o candidato, demonstrando alguma humildade, confessou conhecer mal o povoado outrora reconhecido pela excelsa qualidade do seu barro e que deu lugar a duas grandes fábricas de telha e tijolo no Couto, ao cimo, a fazer fronteira com Vila Nova de Monsarros, antes e depois de 1970. Desde a limpeza nas ruas até à elevada qualidade do casario, disse a mesma testemunha que António Franco ficou deveras impressionado com o desenvolvimento marcante desta localidade, com cerca de uma centena de habitantes, situada entre a Mealhada e o Luso.

No fim da visita o concorrente à Câmara Municipal agradeceu aos presentes a disponibilidade e a cordialidade como foi recebido.


BARRÔ: O CENTRO RECREATIVO DEVE ABRIR PORTAS À CAMPANHA ELEITORAL




Para nomear as necessidades mais prementes da povoação, neste tempo de campanha eleitoral autárquica, fui convidado por duas forças políticas para falar em nome dos habitantes de Barrô,

Entendi que não o devia fazer a título individual. Primeiro, estou a viver, de facto, há pouco mais de um ano no lugar; segundo, para se falar em nome de alguém, em sua representação, devemos estar munidos de uma credencial ou uma ordem verbal de autorização.

Como se sabe, nenhuma destas situações se verifica. Daí fazer um convite à população para no dia indicado e às horas marcadas estarem presentes no Largo da Capela.

Ora, pensando melhor, Barrô detém no seu edificado patrimonial uma excelente infra-estrutura cultural, o Centro Recreativo de Barrô (CRB) que, entra outras valências, serve para receber todos os partidos e movimentos candidatos às eleições autárquicas no próximo 26 de Setembro. Ou seja, depois de solicitado, em nome de todos os moradores a direcção do CRB deve abrir as suas portas à mensagem política. Sem medo de ficar conotado com esta ou aquela força, é obrigação cívica disponibilizar o salão para sessões de esclarecimento.

 

sexta-feira, 2 de julho de 2021

MEALHADA: MEDIDAS SEM CONTA NEM MEDIDA (3)



Por estes dias, os munícipes do Concelho de Mealhada foram surpreendidos com três medidas – salvo melhor opinião, avulsas – que fazem arregalar os olhos por serem feitas em cima do joelho, atabalhoadamente, quase sem pensar.

Depois de comentar o Serviço de Transporte Flexível a Pedido (SIT Fexi) e o “Mealhada Porta a Porta”, que constitui o projecto de distribuir quatro mil ecopontos domésticos para recolha selectiva de vidro, papel e papelão e plástico e embalagens, para já, na cidade de Mealhada, hoje vou escrever sobre o novo sistema de bicicletas partilhadas, o “BipeBipe”.

Segundo a página do município no Facebook, “O processo é simples e gratuito: o utilizador deve registar-se, obter o seu cartão e, de seguida, pode usar as bicicletas. O cartão tem a validade máxima de um ano.

Neste momento, há duas as estações de parqueamento com bicicletas disponíveis: uma localizada junto à Câmara Municipal da Mealhada e outra junto ao Centro de Interpretação Ambiental, no Parque da Cidade da Mealhada. Para usar as Bipe -Bipe, o munícipe tem que fazer um registo - na secretaria da Câmara Municipal, no Posto de Turismo da Mealhada ou no Centro de Interpretação Ambiental - que lhe conferirá a atribuição de um cartão de utilizador que permite desbloquear a bicicleta nas duas estações de parqueamento. Cada utilização decorre por um período máximo de duas horas, seguido de 30 minutos de paragem obrigatória para nova utilização.

Enquadrado nesta temática da mobilidade e no âmbito da Pacto de Autarcas 2030 e na Estratégia de mobilidade sustentável da Região de Coimbra, surgem as BipeBipe, que integra uma estratégia de sustentabilidade alargada que abrange várias vertentes: o uso de sistemas que permitem a diminuição do consumo de recursos e o aumento da eficácia da sua utilização; a exploração do conceito multimodal de deslocações urbanas com a otimização da utilização da bicicleta (deslocações mais amigas do ambiente); a mudança de estilos de vida; o conhecimento; o avanço tecnológico; a melhoria da qualidade ambiental de todos os cidadãos (local e globalmente)”.



CRÍTICA



Nos últimos tempos, de Norte a Sul, em vários concelhos do país, fomos invadidos por duas modas aparvalhadas: os passadiços em madeira e a distribuição gratuita de bicicletas. Nos primeiros, nos passadiços, até se entende o seguidismo, é uma forma de valorização turística da zona onde são implantados e é um investimento, já que pelo seu atravessamento implica um pagamento.

Já na colocação de bicicletas não se entende muito bem – pelo menos eu tenho dificuldade em compreender. É um projecto que absorve grandes verbas, quer na compra de velocípedes, quer na construção de infra-esturas básicas, os parques de estacionamento e as chamadas ciclovias. E o que mais custa a aceitar é o facto de, para além de implicar grandes aplicações de capital em vias próprias para as duas rodas, sendo gratuito para os utilizadores, não se vislumbrar um retorno directo.

Pode até dizer-se que a intenção majorada é tentar motivar os munícipes, numa espécie de aprendizagem, a utilizar um transporte não poluente. Mas este argumento justifica tudo? Ou estamos perante um esbanjar de dinheiro público sem o devido cuidado?

E se houver acidentes em que o ciclista-utilizador for manifestamente culpado? De quem é a responsabilidade? As bicicletas vão ter seguro de acidentes pessoais? Não esquecer que nos últimos tempos morreram 20 pessoas que se deslocavam em bicicletas.

Tenho para mim que o Estado não deve dar nada sem receber algo em troca – a não ser quando se trata de medidas profilácticas, que sirvam para prevenir doenças, como por exemplo as vacinas contra o Covid-19. E quando dá, a doação deve ser geral e abstracta e não localizada, para não discriminar os cidadãos, quer em função da idade, ou outro factor.

Faz sentido oferecer passeios de bicicleta aos mais saudáveis, mais novos, e fazer pagar medicamentos aos doentes, mais idosos?

Em função deste meu pensamento, dá para ver que as bicicletas disponibilizadas na Mealhada favorecem, implicitamente, os moradores na cidade. Em contrapartida, discriminam os munícipes que habitam mais longe dela. Já não seria assim se a utilização fosse onerada.

A ver vamos, como diz o cego.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

MEALHADA: MEDIDAS SEM CONTA NEM MEDIDA (2)



Por estes dias, os munícipes do Concelho de Mealhada foram surpreendidos com três medidas – salvo melhor opinião, avulsas – que fazem arregalar os olhos por serem feitas em cima do joelho, atabalhoadamente, quase sem pensar.

A primeira, que comentei ontem, foi o Serviço de Transporte Flexível a Pedido (SIT Fexi), financiado pelo Fundo Ambiental, consiste num sistema contratualizado entre a Câmara Municipal e a Comunidade Intermunicipal (CIM) e os profissionais de táxis licenciados aderentes ao projecto.

Hoje vou escrever sobre o “Mealhada Porta a Porta”, que constitui o projecto de distribuir quatro mil ecopontos domésticos para recolha selectiva de vidro, papel e papelão e plástico e embalagens, para já, na cidade de Mealhada. Cada munícipe recebe em casa três contentores, de 120 litros cada: um de tampa amarela, para reciclagem de plástico e metal; outro de tampa verde, para papel e cartão; e um terceiro de tampa azul, para o vidro.

Segundo o site do município, “cada munícipe recebe em casa três contentores, de 120 litros cada: um de tampa amarela, para reciclagem de plástico e metal; outro de tampa verde, para papel e cartão; e um terceiro de tampa azul, para o vidro. O projeto tem como objetivo aumentar a quantidade de material reciclado recolhido e, consequentemente, a percentagem de reciclagem do Município, contribuindo para a economia circular e melhorando o seu desempenho ambiental. Desta forma, conseguir-se-á reduzir a quantidade de resíduos indiferenciados e os custos com o seu tratamento.

O "Mealhada Porta a Porta" está integrado na candidatura ao Aviso POSEUR-11-2017-22 e significa um investimento global superior a um milhão de euros, uma vez que inclui a aquisição de viatura para recolha seletiva de resíduos, bem como outras medidas como implementação de uma solução integrada para gestão dos resíduos na rede de ecopontos do concelho da Mealhada e a implementação de projeto-piloto de PAYT (pay-as-you-throw) em três freguesias do concelho.”



CRÍTICA:


Salvo melhor opinião, estamos perante uma medida completamente anacrónica, em contra-ciclo. Ou seja, quando a norma deveria ser, por um lado, a sensibilização geral para que cada cidadão produza a menor quantidade de resíduos sólidos e, por outro, que cada um seja responsável pelos seus detritos, com esta regra, o que parece dizer a Câmara Municipal aos munícipes? Em silogismo, exactamente isto: façam lixo à vontade no vosso lar que, para lhes retirarem o esforço de o depositarem no colector público e nos ecopontos mais próximos, os serviços até vão à vossa morada recolher os detritos.

Em paradigma, este padrão, a todos os níveis, financeiro, social, sem enquadramento habitacional, e ambiental, é um verdadeiro disparate. É dever de todas as pessoas separar os excedentes, sem dúvida, mas, como medida acessória, deve-se também obrigá-las a contribuir para a poupança de meios públicos e para o bem comum de, através do esforço individual, os transportar ao ponto de recolha comunitário mais próximo.

Do ponto de vista ambiental, repetindo o que escrevi em cima, é totalmente improcedente. Para além de conter efeitos contrários à motivação de moderar a produção de excedentes, é uma medida infantilizante e proteccionista. A bandeira da separação do refugo e os seus custos não chegam para moderar o disparate.

Do enquadramento habitacional, são depósitos demasiado grandes, que vão ocupar demasiado espaço e, por isso mesmo, estou em crer,  não serão aceites pela maioria.

Além de mais, é de prever muitos furtos destes instrumentos. São óptimos para as vindimas. Mas é preciso não esquecer que, em princípio, o munícipe funciona como seu fiel depositário, portanto, em caso de desaparecimento, responde por ele.

Do ponto de vista social, por ser demasiado grande logo pesado, será difícil de transportar por pessoas idosas.

No que toca aos custos financeiros é um desastre; basta pensar que, para começar, teve de ser adquirido um camião de recolha – que é um veículo especial, segundo afirmou o presidente da edilidade na última Assembleia Municipal. Para além disso, quantos funcionários vão ter de ser contratados? Citando o site da autarquia, para levar em frente esta ideia foi alocado mais de um milhão de euros.

E ainda mais, fará sentido a ERSUC – na qual a Câmara Municipal de Mealhada é accionista – continuar a recolher, ao mesmo tempo, os resíduos sólidos deixados nos contentores grandes que estão depositados na via pública? A continuar com o novo projecto, não seria mais lógico a autarquia ocupar-se também da recolha destes excedentes indiferenciados?

A ver vamos, como diz o cego.



(Da terceira medida anunciada com pompa e circunstância falarei em próximo apontamento)