Como
introdução, recorrendo à história dos dias que passam a correr, o
Cine-teatro Messias, o emblemático edifício dos anos de 1950, que
durante muitas décadas esteve votado ao abandono e, numa visão
transcendental que se enaltece, em boa hora a autarquia mealhadense,
em 2001, decidiu abrir ao público depois de remodelar completamente
o edifício e o ter transformado num polo cultural de excelência
para o Concelho de Mealhada e de outros vizinhos.
Até
aqui, cantam-se loas à edilidade na terra do leitão. Mas,
naturalmente, como não há “bela sem senão”, começamos
a esmiuçar o seu desempenho e, se calhar, digo eu, há reparos a
fazer, ou melhor, reformular os conceitos que, a bem da comunidade,
devem ser alterados.
Tudo
começou no facto de, nos últimos meses, ter sido divulgada a
programação do Cine-teatro com o filme “BemBom”, que
retrata a história efémera da banda musical as Doce – entre 1979
e meados da década de 1980 -,
para os dias 23, 24 e 25
de Julho.
Quem
se dirigiu no Domingo, dia 25, para visionar a peça cinematográfica
bateu com o nariz na porta. Sem um aviso, quer na página do
município, na Internet,
quer na porta do cinema.
Ora
bem, à luz de uma tolerância que deve acompanhar sempre estas
coisas, vamos avaliar o que aconteceu com uma racionalidade
necessária. É grave? Não. Nada disso!
Então,
se não é grave , porque chamo o assunto à colação? Simplesmente,
por um lado, com um sentido crítico positivado, por outro, com uma
especulação marcada a ferro, podemos e devemos aventar sobre o que
aconteceu… para evitar a repetição.
E
começamos pela especulação. Por
que razão teria sido suspensa a projecção do filme? Em concreto,
não sabemos. Mas podemos tentar adivinhar que, eventualmente, a
afluência de público nos dois primeiros dias, 23 e 24, foi escassa
e, para evitar gastos desmesurados, por ordem superior, a última
exibição foi cancelada.
Está
certo? Por muito que custe a pessoas como eu que ia todo empolgado
para ver,
está correcto. Tendo conhecimento de um certo antecedente, como
poderia ser
o caso, não se deve esbanjar dinheiro público que, para os
contribuintes, é sangue que corre nas veias.
Então,
afinal, o que está mal - parece você, leitor, interrogar, já algo
confundido com o desenrolar da crónica.
E
eu, como é óbvio, respondo. O que está mal, digno de registo, é a
falta de comunicação prévia que
os serviços camarários deveriam ter apresentado e não fizeram.
Mas
há mais. Não vamos ficar por aqui. E para continuar preciso de
recorrer à minha alguma, pouca, experiência que detenho em
frequentar o Cine-teatro.
No
que toca à exibição de filmes, esta
actividade lúdica é altamente deficitária.
Nos
últimos dez anos, já assisti a alguns filmes com 7, 10 e 15
espectadores. Naturalmente que já vi a sala bem-composta, mas nunca
completa. Quero dizer que se deve acabar com o cinema nesta
categorizada sala? Nada disso. Nem pensar! Mas é preciso fazer
alguma coisa para
recuperar um costume que se perdeu, pelo menos no Concelho de
Mealhada. Mais abaixo
apresento o meu ponto de vista para esta lacuna que se desenrola por
o povo não acorrer a ver filmes comodamente
instalado e em ecrã gigante.
Porque
quanto a outros eventos, o empreendimento é quase auto-sustentável.
Sem descurar outras mostras, basta atentarmos que o teatro de revista
é sempre casa-cheia. Por exemplo, “Os
diálogos da Vagina”,
um triálogo narrado por três mulheres que vai acontecer em
Setembro, já está esgotado.
Voltando
à questão pendente sobre a pouca afluência de público ao cinema,
o que deveria ser feito? Simples, gratuitamente, com oferta de
bilhetes, levar os alunos do ensino básico e
até ao secundário a
assistir a filmes na mítica sala.
Para
tentar levar os seniores, talvez fazer um bilhete especial a partir
da idade de 65 anos. Outra premissa, no Dia da Cidade e, se calhar,
em outras datas de relevo, através
das juntas de freguesia, oferecer
bilhetes aos mais idosos.
Seja
o que for feito, é preciso fazer alguma coisa. Aposto que você, que
me lê, a última vez que foi ao cinema foi há mais de dez anos.
Estou errado?
E
porque razão não vai? Pode
dizer-me?
Em resposta posterior por parte do Município para repor a verdade, verifiquei que, contrariamente ao que escrevi, afinal, o filme "BemBom" tinha sido anunciado com projecção para as 16h00 de Domingo. Ou seja, como não vi, fui à noite e parti do princípio (errado) de que não tinha havido sessão no Domingo. As minhas desculpas.