sábado, 30 de janeiro de 2021

A MEALHADA EM CONTRA-CICLO COM O TRIBUNAL A REBOQUE

 





Esta semana fomos surpreendidos com a notícia da queixa-crime por parte de Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, contra Hugo Silva, vereador no executivo eleito pelo movimento Juntos pelo Concelho da Mealhada e líder da oposição.

Segundo o Jornal da Bairrada (JB), “Vereador da oposição referiu no ano passado, que “esfumaram-se dos cofres camarários quase três milhões de euros”. E agora responde à queixa-crime avançada pelo presidente da Câmara.”

Ainda citando o JB, a frase que gerou engulho era constitutiva do teor de uma carta enviada à Assembleia Municipal em Maio de 2020 e foi enquadrada seguinte texto:


Na economia sempre se recorreu a financiamentos, sempre se projectou investimento imediato antevendo receita futura, porque é no presente que a população retira partido da obra realizada deixando, normalmente, obra paga à geração seguinte e tirando partido da obra paga pela geração anterior.
Aqui aconteceu o oposto desde 2013, executou-se investimento em valores que baixaram aos 38% do orçamentado anualmente – numa média a 6 anos inferior a 50% – e ainda assim, neste mesmo período, esfumaram-se dos cofres municipais quase 3 milhões de euros em resultados negativos acumulados.
Ora, investir metade do que se orçamentou e ainda assim gastar mais 3 milhões do que se recebeu em 6 anos só poderia dar origem a um resultado desastroso.”


MAS HAVIA MESMO “NEXEXIDADE”?


Salvo melhor opinião, um leitor médio, apreciando todo o enquadramento da frase que causou polémica, facilmente apreende que todo o contexto envolve argumentos de luta política contra a gestão camarária e não na pessoa do autor da demanda por difamação/denúncia caluniosa. Naturalmente, daí, não resultando rebaixamento na honra e no bom nome do ofendido/queixoso, jamais poderá ser considerado insulto, uma vez que o enfoque é na organização política.

Por que motivo move Rui Marqueiro a acção judicial contra Hugo Silva quando a razão subjacente não convence?

É fácil de adivinhar. Fica barato, cria mal-estar enquanto durar a condição de arguido e dá sempre mácula no sombreamento político, sobretudo, nos munícipes menos informados.

Fica barato porque porque a autarquia, na qualidade de elemento da Fazenda Pública, está isenta de custas. Já o mesmo não se passa com o o visado Hugo Silva.

Cria mal-estar porque, numa sociedade conservadora onde, por um lado, o tribunal é considerado uma espécie de purgatório onde vão parar malfeitores, por outro, detém um peso institucional demasiado gravoso e elevado, a condição de arguido constitui um anátema, um opróbrio, uma vergonha social para uma pessoa de bem.

Mas, faz sentido a participação? Do ponto de vista jurídico, na qualidade de cidadão, é óbvio, é um direito que lhe assiste. Acontece que, dado o palco onde as palavras são proferidas e o enquadramento da “ofensa”, quem se queixa é o presidente da Câmara Municipal e não o sujeito. Salvo melhor opinião, logo a sua participação deve ser julgada improcedente.

Se a prova não fosse substantiva, basta lembrar as recomendações do Internacional Press Institute e o Observatório de Imprensa que há muito clamam contra a revogação do artigo 184º do Código Penal para crimes de difamação que envolvem funcionários públicos.

Atente-se também nas mais de vinte condenações de Portugal no TEDH, Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, em que estão em causa difamação/denúncia caluniosa, injúria, ofensa a pessoa falecida. Há muito que esta estrutura internacional de direito penal prega para que Portugal trate estas premissas de liberdade de expressão com mais ligeireza e as transforme, por exemplo, em contra-ordenação.

A meu ver, e aceito contraditório, o facto da Mealhada (e o concelho) andar em contra-ciclo talvez não seja completa surpresa. Afinal é uma cidade recente – desde 2003 – implantada no meio do país anquilosado, cristalizado no tempo, e com uma comunidade pouco interessada em questões políticas.

Para piorar, estes comportamentos fazem doutrina. Quando o tribunal é chamado para dirimir pequenos conflitos, que deviam ser civilizadamente resolvidos entre as partes, com recurso a denúncia anónima está tudo dito.


sábado, 23 de janeiro de 2021

AMANHÃ É DIA DE ELEIÇÕES

 




Se não estivéssemos a viver dias tão complicados e que tanto afectam as nossas vidas, amanhã seria o dia mais importante da festa anual em hora do mártir São Sebastião em Barrô, Luso, que se comemora no calendário litúrgico a 20 de Janeiro. Tal como em anos anteriores, a seguir ao almoço teríamos a procissão a percorrer toda a aldeia e à noite, no salão recreativo, haveria bailarico para distender as pernas e animar a alma.

Devido à pandemia, como só devemos sair de casa por questões de grande premência, só nos devemos deslocar para actos que consideramos mesmo inadiáveis.

E é o caso do marco participativo que, de cinco em cinco anos, é levado a efeito amanhã. Neste próximo Domingo, que é já mais logo, vai celebrar-se o dia do nosso voto, com a nossa participação, para eleger o próximo Presidente da República.

Esta eleição para eleger o Chefe do Estado, a par com as autárquicas, é a mais importante para decidir quem queremos no Palácio de Belém. Como sabemos, embora com poucos poderes decisórios, é um fiel da balança que, para o bem e para o mal, pode condicionar as nossas vidas nos próximos tempos, que se adivinham tão difíceis.

As razões que nos passam pela cabeça para não sairmos de casa são tantas e tão convincentes que, se não formos senhores de uma convicção inflexível pelo princípio da cidadania, somos facilmente vencidos pelo torpor, pela fadiga. Não nos deixemos subjugar pela preguiça.

Os argumentos a favor da desistência serão vários: amanhã vai ser um dia cheio de chuva – e eu estou tão bem sentado no sofá a ver televisão e a ver crepitar as chamas na lareira; o Governo até aconselha incessantemente o confinamento ao lar, vou sair de casa para quê? E se apanho o Covid-19? Para além disso, a eleição até já está ganha antecipadamente por um dos candidatos, o que interessa menos um voto? Estas eleições, tão diferentes das demais, é como um jogo de futebol entre uma equipa da primeira liga e outra da terceira; eu até sou monárquico e não me identifico com o sistema republicano; o que é que lá vou fazer?

Acontece que a sua participação é importantíssima. O voto é uma arma erguida contra o conformismo, contra o unilateralismo, contra o pensamento único que alguns nos querem impingir como verdade absoluta e imaculada. É um instrumento político, solene e dogmático, para termos esperança no amanhã de uma vida melhor.

Se todos arranjarmos uma qualquer desculpa como a enunciada, facilmente poderemos atingir uma abstenção superior a 70 por cento.

Não deixe que outros decidam por si. Para além de tudo, como todos somos exemplo, você está a ser um padrão para o futuro dos que o rodeiam, para os filhos, para os netos, para os vizinhos.

Vá votar amanhã. É mais fácil que uma vacina, não dói e, garantidamente, não provoca efeitos secundários.

Não se esqueça destas recomendações: leve esferográfica e máscara. Mais: o impresso de voto, por erro assumido, tem um primeiro concorrente, a começar de cima, que não o é. Os candidatos efectivos são apenas sete – e não oito, conforme aparece no boletim.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

FALECEU O MEU AZIMUTE

 





Juntamente com o meu tio, sem exagero, ela foi o ponteiro da bússola que me indicava o Norte. Foram importantíssimos numa fase essencial do meu desenvolvimento como é a adolescência.

Desde os meus tempos de menino, relembro a sua silhueta de mulher com porte fino, o seu ar exigente, e do seu sorriso aberto e sonoro.

Quando acabei a escola primária, foi ela que me ajudou a redigir uma carta endereçada a outro seu irmão e também meu tio para que este me arranjasse um emprego em Coimbra.

Quando já estava a trabalhar na cidade dos estudantes foram estes meus tios que me acolheram em sua casa. Em finais dos anos de 1960, era ela que comprava a roupa usada na vizinhança e a lavava de noite para eu vestir no dia seguinte.

Guardo bem fundo que nunca fui suficientemente agradecido por tudo o que foi feito por mim.

Parecendo ser movida por forças inexplicáveis, não me lembro de alguma vez ver a minha tia chorar. Tinha sempre uma resposta pronta e adaptável a qualquer situação.

Lembro-me sempre de, quando a laborar na sua casa, de a ver acompanhada de uma vassoura e um pano. Foi sempre uma moira esforçada; penso, utilizava o trabalho como uma escada para chegar ao Céu.

Neste 13 de Janeiro, um dia de Sol resplandecente num universo carregado de luto, a minha tia Cacilda partiu para a eternidade. Ao meu tio Artur, aos meus primos, a toda a família, nesta hora e data difíceis para todos, os meus sentidos pêsames.

Até sempre, tia Cacilda.



terça-feira, 12 de janeiro de 2021

LUSO: UMA FUSÃO EM CONFUSÃO

 




Conforme estava anunciado pelo município da Mealhada, impreterivelmente, ao bater das 18h00 na torre sineira da Igreja de Luso começou a video-conferência via Zoom para esclarecer os munícipes interessados sob a pretensa intenção da Sociedade Central de Cervejas (SCC) vir a fundir uma série de empresas do grupo de Vialonga entre elas a centenária Sociedade Água de Luso (SAL), fundada por Alvará Régio em 17 de Maio de 1895. Ou seja, a ser concretizada a intenção, a histórica SAL desaparece e dará origem a uma outra denominação comercial.

Começou por abrir a sessão online, aberta a quem desejasse participar – marcaram presença 56 assistentes -, Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada. Durante cerca de um quarto-de-hora este edil explicou à sua maneira o processo que agora se desenvolve. Disse também que só nos primeiros dias de Janeiro deste ano a autarquia a que preside tomou conhecimento deste assunto e que, uma vez que advogados da câmara não terão conhecimento suficientemente profundo em Direitos Administrativo e Comercial já se começou a consultar outros jurisconsultos mais especializados para se fundamentar um parecer mais bem consolidado.

Virando-se para Nuno Pinto de Magalhães, Director de Comunicação e Relações Institucionais da empresa Central de Cervejas, Marqueiro deixou claro que não confiava nas boas intenções e que, em nome do município, iria desenvolver esforços no sentido de evitar este “lesa-concelho”. Disse ainda o nosso economista que pouco ri que se houvesse um grupo de lusenses interessados em intentar uma acção popular a Câmara Municipal da Mealhada chamaria a si todos os custos.

Rui Marqueiro esteve muito bem… até ao momento em que, num lapso que me parece ser-lhe usual e peculiar, estragou tudo. Uma pena, digo eu, com toda a sinceridade. Mas mais ao fundo da página, em nota de rodapé, serei mais claro.

A seguir falou Nuno Pinto de Magalhães, da SCC. Com ar absolutamente angelical e convincente, rebatendo tudo o que fora dito antes, tentou por tudo vender a sua ideia milagrosa de que era óptima para todos, incluindo os trabalhadores da actual Sociedade da Água de Luso que, passando a transição, ganharão mais do que até aqui. Disse ainda que as Termas de Luso dão um prejuízo anual de 100 mil euros.

Depois pediu a palavra Hugo Alves Silva, vereador sem pelouro, eleito pela coligação do Juntos pelo Concelho da Mealhada. De forma assertiva, com educação e sem levantar a voz, chamando à colação que este assunto já fora discutido no Executivo em Junho de 2020, foi acrescentando que há vários meses que este assunto era do inteiro conhecimento do presidente e, atempadamente, não fora tratado como deveria ter sido - de facto, em Junho de 2020, o “Dinheiro Vivo onlineescreve aqui queA fusão das Águas de Luso é “projecto embrionário”.

A seguir falou João Carlos Silva, da Junta de Freguesia de Luso. Dissecando a resenha histórica da falta de cumprimento da SCC para o Luso, dizendo que a empresa nunca fez o que se tinha comprometido aquando da passagem do enchimento para a Vacariça. Disse ainda que a argumentação da empresa para mudar para outra sede de freguesia terá utilizado o argumento de que os camiões carregados não deveriam atravessar a vila. Afinal, arrendou as antigas instalações para uma empresa de camionagem.

Vamos aguardar pelos próximos capítulos. A procissão, como é costume, sem ninguém ligar nada, só agora vai sair do adro.


NOTA DE RODAPÉ


Pelo princípio do respeito pelo Estatuto da Oposição, o senhor presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Dr. Rui Marqueiro, em face da intervenção do senhor vereador da coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada, reagiu de forma intempestiva, deselegante e grosseira.

Na minha qualidade de munícipe renego completamente esta forma desrespeitosa de fazer política. A bem do concelho da Mealhada, haja um assessor da presidência, com coragem e dignidade, que chame atenção do chefe da edilidade para a forma destrambelhada como se dirige a um seu colega de bancada.

Como ressalva, declaro conhecer mal o aqui chamado vereador senhor Hugo Alves Silva. Portanto, sobre palavra de honra, declaro que esta minha declaração é apenas baseada no que lamentavelmente assisti.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

MEALHADA: A ENTREVISTA DO ALEGADO CANDIDATO (2)

 

  




Na última edição do Jornal da Mealhada (JM), de 6 de Janeiro, fomos brindados com duas entrevistas, uma a Rui Marqueiro, actual presidente da Câmara Municipal e presumidamente o próximo candidato pelo Partido Socialista (PS) e outra a Hugo Alves Silva, actualmente vereador no executivo, sem pelouro, em representação da coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada, e mais que certo o concursante que, nas próximas eleições de Outubro, se apresentará ao combate autárquico em representação do PSD – não se sabe se no próximo mandato 2021-2024 concorrerá sozinho ou, novamente, com os anteriores partidos, CDS/PP, MPT e PPM, que constituem a actual parceria do Juntos pelo Concelho da Mealhada.

Seguindo a ordem do JM, hoje apresento a análise da entrevista ao segundo visado, Hugo Alves Silva.

Em subtítulo, “Hugo Alves Silva, da Coligação Juntos Pelo Concelho da Mealhada, considera ter havido pouca obra do executivo atual, e entende que os munícipes não se identificam com o que tem sido feito a nível camarário no concelho”.

NOTA:

O empregar o termo “obra”, aparentemente, é em sentido figurado e não quererá especificar literalmente construção de betão. Quererá dizer, portanto, que, a olho nu, não se vislumbram grandes melhoramentos no concelho, quer a nível social, económico e político.

Trata-se de uma resposta “politicamente correcta” no âmbito da sua legitimidade como líder da oposição. Ninguém estaria à espera que Hugo Alves Silva (HAS) fosse dizer o contrário. O papel da oposição, ainda que por vezes possa ser entendido como exagerado para alguns, é fazer a denúncia pública do que entende como injusto para a comunidade e apontar fragilidades à maioria. Dentro do campo da retórica deve ser admitida como uma verdade conveniente que tem por objecto alcançar um lastro convincente.

******

Continuando, à pergunta do JM “Aquando da aprovação do Orçamento, acusou o Executivo de estar constantemente a adiar obras. Conta vê-las avançar em 2021?” retorquiu HAS: “Podia ir mais atrás na avaliação das promessas por cumprir, mas se disser que a obra e as promessas congelaram em 2016, todos conseguem perceber porque é que nem as Juntas de Freguesia disfarçam que não acreditam no executivo do próprio partido. As freguesias ficaram quatro anos praticamente sem obra das Juntas e do próprio município. Alguém politicamente sério acredita que quem não fez em sete anos vai agora fazer obra a nove meses das eleições? O orçamento 2021 arrasta as obras prometidas para o fim do mandato seguinte, ao mesmo tempo que a comunicação da câmara esconde esse facto. Vão tapar o sol com uma peneira e fazer qualquer coisa, mas obras e medidas para o desenvolvimento do concelho, eu não acredito”.

NOTA:

Nesta reação à pergunta formulada HAS viria a declamar a frase que contribuiria para incendiar os presidentes de junta do concelho e, em pelotão, virados para apoiar Marqueiro, todos a formarem em sentido: “(...) conseguem perceber porque é que nem as Juntas de Freguesia disfarçam que não acreditam no executivo do próprio partido”.

Salvo melhor opinião, mais uma vez este teor está no campo da filosofia política. Ainda que o líder da oposição possa entender este discurso com convicção, será sempre uma verdade/mentira para quem recepciona a mensagem. Logicamente, para os prosélitos da maioria será sempre uma tremenda aldrabice. Para os simpatizantes da coligação será sempre uma autenticidade. A posição ideológica do receptor perante o emissor será sempre condição “sine qua non” para a filtragem. Na realidade, nem um nem outro grupo estarão minimamente interessados na tal verdade. É a palavra do líder que conta para transformar uma simples frase vazia em “axioma”, verdade sem contestação. Daí tudo fazermos para desvalorizar e entender o foguetório dos representantes dos fregueses.

*****

Nova interrogação do JM: “Veem na construção de um novo edifício camarário uma prioridade para o novo ano?

Responde HAS: “É falso que o novo edifício seja uma realidade para 2021, na melhor das hipóteses virá aí um projecto e, eventualmente, um concirso público que ficará deserto à boa maneira de quem lança obras por preços abaixo do valor de mercado para poder adiar a sua execução. (…) Assumir mais de seis milhões de euros de investimento como fonte da solução para este problema é que me parece errado. (…) Estes mais de seis milhões vão resolver o problema do espaço mas não vão dar nova vida a toda esta zona.

NOTA:

Porventura, esta será a melhor explicação, que cava mais fundo, do líder da oposição e de maior abrangência entre os munícipes simpatizantes inter-partidos. Poucos cidadãos esclarecidos e responsáveis entenderão que se vá onerar o presente e o futuro de um município numa altura de tão grande crise sanitária/económica. Sobretudo com um projecto que, para além da comodidade, não trazendo qualquer retorno, é tudo menos um investimento.


domingo, 10 de janeiro de 2021

MEALHADA: A ENTREVISTA DO ALEGADO CANDIDATO (1)

 





Na última edição do Jornal da Mealhada (JM), de 6 de Janeiro, fomos brindados com duas entrevistas, uma a Rui Marqueiro, actual presidente da Câmara Municipal e presumidamente o próximo candidato pelo Partido Socialista (PS) e outra a Hugo Alves Silva, actualmente vereador no executivo, sem pelouro em representação da coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada, e mais que certo o concursante que, nas próximas eleições de Outubro, se apresentará ao combate autárquico em representação do PSD – não se sabe se no próximo mandato 2021-2024 concorrerá sozinho ou, novamente, com os anteriores partidos, CDS/PP, MPT e PPM, que constituem a actual parceria do Juntos pelo Concelho da Mealhada.

Seguindo a ordem do JM, começo pela análise da entrevista a Rui Marqueiro.

Em subtítulo, “Marqueiro admite que pode não se recandidatar, mas as denúncias de que tem sido alvo, e que o fizeram arguido num processo judicial, levam-no a pensar “ir ao combate”.

NOTA:

O que o actual presidente da Câmara Municipal quer dizer é: por um lado, está dependente do resultado da instrução do processo em que foi alvo por uma cobarde queixa anónima - palavras minhas. Isto é, se for dado provimento à acção a decorrer e intentada pelo Ministério Público, como quem diz, se o Juiz de Instrução não considerar as provas apresentadas pela defesa de Marqueiro e enviar o processo para julgamento e este não se realizar em 2021, continuando como arguido, é certinho que não se poderá candidatar.

Por outro lado, pelo pouco que sei, este economista é o único ás de ouro do PS local para a ir a jogo e, ao que parece, não haverá plano b. Como quem diz, em caso de vacatura, os socialistas estarão em risco de perder o seu bastião.

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Continuando a cruzar palavras do entrevistado, à pergunta se “O Orçamento Municipal para 2021 é o ideal ou o possível?”, a determinado ponto diz: “(…) Nunca precisámos de pedir dinheiro emprestado, mas neste momento temos de avançar com o novo edifício municipal. Aquele é de 1895 e já e colocam problemas de segurança. O anterior executivo tinha um projecto que ficava em 12 milhões de euros, sem nenhuma ajuda financeira” – como o anterior chefe da edilidade foi Carlos Cabral, seu correlegionário mas, ao que se diz, com pouco amizade a ligá-los, não deveria ter ficado muito contente pela ferroada. E prossegue Marqueiro, “sem querer insultar ninguém, é uma megalomania. Houve que encomendar um novo projecto e houve uma decisão: é em 2021 que vai avançar. Começámos por pedir dois milhões de euros e vamos, provavelmente, pedir mais, porque esta verba não chega. O edifício municipal será para servir várias gerações, porque terá esta geração de suportar tudo? Para isso é que pedimos dinheiro a médio e longo prazo”.

NOTA:

O valor deste anteprojecto, alegadamente, está orçamentado em 6 milhões de euros, isto se não derrapar.

Na última Assembleia Municipal transmitida por via Zoom, Marqueiro afirmou que, quem quisesse ver como estava depauperado o edifício municipal se prontificava a mostrar. Para entender esta necessidade absoluta, que pelos vistos endivida completamente o presente e o futuro do município, era bom que começasse já a marcar as visitas em grupo. E para fazer passar a mensagem é bom que seja bastante convincente.

Era bom não esquecer que a Câmara da Mealhada já esteve no top ten das autarquias com maior solvabilidade económica e a pagar a fornecedores a trinta dias. Esta coisa de fazer grandes "investimentos" sem retorno em obras, sem dinheiro e a onerar o futuro dos nossos netos, só cabe na cabeça de grandes estadistas iluminados.

Salvo melhor opinião, vale mais o executivo ser acusado de protelar obras do que o contrário, ou seja, de se endividar para mostrar betão e mais betão.

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À pergunta “pode garantir que, em 2021, haverá FESTAME?” respondeu Marqueiro:

(…) Não se consegue fazer um FESTAME com categoria sem ser a um ano de prazo. Os artistas têm uma agenda já preenchida com grande antecedência. Poderá haver um evento mais reduzido, mas não posso garantir que vai haver FESTAME”.

NOTA:

Salvo melhor opinião, é um erro insistir nas entradas gratuitas do actual projecto da maior festa do concelho.

É demagogia populista uma câmara municipal fazer grandes festas à custa do erário público. Bem sei que as entradas cobradas e o espaço ocupado por expositores provavelmente não chegarão para cobrir todo o orçamentado mas, no entanto, é obrigação aceitar essa cota-parte.

Os munícipes que frequentam estas festas têm obrigação de comparticipar nos custos. Aliás, é imoral que o montante seja distribuído por todos, por pessoas que não põem lá os pés.

Mais: uma alegoria em que não se dá importância às verbas de bilheteira jamais crescerá. Só damos valor ao que nos custa.

Coloque-se os olhos em Cantanhede e na sua Expofacic.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

DEBATES PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

 





Era Quinta-feira à noite. O tempo estava frio, mas o combate entre a musa da esquerda-”ligt”, Marisa Matias, e o John Derringer da direita pura e dura, André Ventura, prometia elevar as apostas. Ambos defendiam os opostos polos da sua existência missionária. Depois de um duro combate em que não faltou a troca de ganchos de “cobarde” e “vigarista”, a assistência em torno do ringue exultava de contentamento sempre que um contendor agredia o outro. No final dos combates regulamentares o árbitro, pusilânime, indeciso e sem saber o que fazer, hesitava em levantar o braço do vencedor.

Vamos ajudar o juiz da prova a decidir?

Quem ganhou, hoje, o debate entre Marisa Matias, deputada do Parlamento Europeu eleita pelo Bloco de Esquerda, e André Ventura, deputado na Assembleia da República eleito pelo partido Chega?


quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

DEBATES PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

 




Era Quarta-feira, mais ou menos a meio da semana, caminhava para o canal generalista SIC, a passo certo e descontraído, para mais um mandato sem grandes surpresas, o Presidente da República e candidato Marcelo Rebelo de Sousa.

As portas abriam-se automaticamente, os responsáveis da estação curvavam-se à sua passagem antevendo mais uma grande vitória, como nos anteriores confrontos.

Marcelo até abriu bem aquilo que parecia ser uma consagração. Com o seu ar paternalista e de abrangência social assim bem ao modo do Papa Francisco, quase que provocou emoção no outro candidato, um tal André Ventura, deputado e líder do Chega.

Eis que a coisa vai andando num certo ram ram, assim a ver quem era o futuro general das forças armadas da direita, quando, de repente, o verniz estalou e o restante tempo de antena foi penoso para o candidato que “já ganhou”.

Então não é que o Ventura, o triturador do sistema, puxa da sua direita e arrumou o “tio” Marcelo?

Porra, em princípio, não estou virado para votar no defensor da prisão perpétua, mas se houvesse mais debates assim, com franqueza, já nem sei o que escreva.

Foi bonito de ver, pá!


domingo, 3 de janeiro de 2021

CARTA ABERTA AO DIRECTOR DO JORNAL DA MEALHADA

 





Meu caro director do Jornal da Mealhada, senhor João Pega; na qualidade de assinante, dirijo-me, mais uma vez, no sentido de lhe fazer sentir a necessidade de mudança de linha editorial do quinzenário que dirige.

Embora já lhe tivesse manifestado particularmente através de mensagem o meu descontentamento pareceu-me que V. Ex.ª não deu particular atenção às minhas palavras escritas. Como acredito que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, sinto-me estimulado a persistir na minha intenção.

Como ressalva, repito o que já plasmei, não me move outro objectivo, ou interesse, que não seja o melhoramento do único órgão de informação escrita que se edita na cidade. Pode ter a certeza que se houvesse outro em concorrência esta missiva nunca aconteceria.

O periódico precisa muito de publicidade, muito mais de leitores, sobretudo assinantes para sobreviver. E este compromisso cabe a todos, particulares, empresários, profissões liberais e câmara municipal -, mas, em dobro, o concelho precisa muito mais deste órgão de imprensa. E aqui, para que esta reciprocidade funcione bilateralmente, o jornal, através da sua equipa, compromete-se a apresentar um bom trabalho a dois níveis: social e político. No social obriga-se a ser exigente nas qualidades noticiosa, informativa, imparcialidade, objectividade, formativo, de completa cobertura jornalística do concelho e vinculado aos valores e princípios democráticos.

Na parte política, da polis e partidária, a sua responsabilidade na distribuição do conhecimento intelectual e subsequente desenvolvimento comunitário é enorme. Se um órgão de informação local, ou regional, sendo de propriedade privada mas de fim público, falha esta missão os resultados para o presente e futuro serão catastróficos. Talvez sem termos noção dos efeitos nefastos, não cumprindo a sua função garantística, está a contribuir para uma sociedade amorfa, manipulável, acrítica, medrosa e abstencionista.

Denominado como quarto-poder, por outro lado, não se pense que uma publicação, pelo simples facto de ser propriedade privativa está isenta de ser escrutinada como os estruturantes três poderes restantes.

É evidente que é a minha opinião. E vale o que valer. Porém, não abdico dela. Ou seja, o Jornal da Mealhada, com a actual linha editorial, não serve bem o concelho.

E para a consubstanciar mais objectivamente, dei-me ao trabalho de fazer uma análise às últimas nove edições, relativas aos últimos quatro meses, respectivamente, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro. Isto é, avaliei o número de páginas que a sua/nossa publicação dedica aos lugares do nosso concelho, à cidade da Mealhada, à cultura, a outros concelhos limítrofes, nomeadamente, Cantanhede, Anadia, Penacova, Mortágua, Oliveira do Bairro. Examinei ainda o número de páginas com fotografias – cujo espaço deveria servir para falar das nossas aldeias e vilas em redor. Contei ainda o número de notícias sobre o espectro político no concelho:


Notícias sobre a Mealhada Outros lugares do concelho  Concelhos vizinhos

22 páginas                                 10 e ½ páginas                       46 páginas


Páginas só com fotos     Notícias a ver com o município              Cultura

21 páginas                           8 páginas                                           4 páginas


                                             Desporto

                                            24 páginas


Notícias sobre políticos partidários do concelho


PCP  Juntos concelho da Mealhada Bloco de Esquerda Juvent. Socialista

1 e ⅓ pág.                ⅓ de página               0 páginas                  ½ página


Fotos de políticos partidários do concelho


Executivo:


Rui Marqueiro       Hugo Alves Silva             Executivo em conjunto

3 fotos                            0                                               1


Assembleia Municipal


Não há qualquer fotografia, nem da presidente do hemiciclo, nem de qualquer deputado, nem qualquer presidente de junta de freguesia.


CONCLUSÃO


O que sobra em fotografias geográficas e paisagísticas, falta em retratar os representantes partidários. Este apagamento da identidade dos políticos é inadmissível. Em especulação, é como se os dirigentes do jornal, incluindo a proprietária Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, quisessem passar a mensagem de que não se querem envolver em política de partidos.


FALTA DE ARTICULISTAS


A falta de colaboradores conotados com o espectro partidário é simplesmente gritante, para não dizer escandaloso. Esta carência, como é óbvio, redunda no apagamento notório das forças em combate nas urnas eleitorais. Mais, cria a impressão de que, para além do partido no poder, não há alternância democrática.


MUDAR A PERIODICIDADE


Um jornal quinzenário, sobretudo da área noticiosa, perde completamente actualidade pelo tempo entre as edições. É urgente mudar a publicação para semanal -mesmo correndo o risco de atravessar a grave crise que passamos. Basta lembrar o Diário de Notícias, que há duas semanas regressou diariamente às bancas. Os bons títulos em papel nunca irão desaparecer.

Se preciso for para esta alteração, é preciso envolver a Câmara Municipal nos custos de edição. Se a autarquia apoiou os vários sectores de actividade, naturalmente, tem obrigação dobrada de, através da compra de uma ou duas páginas para publicação de deliberações municipais, participar activamente na restauração e prosperidade da imprensa local.


CRIAR UMA EMPATIA COM O LEITOR


É inadmissível que o Jornal da Mealhada (JM) não detenha uma página do leitor. Este corte, a persistir, pode ser-lhe fatal.


PUBLICIDADE


Salvo melhor opinião, apreendemos que no toca à angariação de publicidade o processo é incipiente, sem ideias e amador.

Ainda neste âmbito, mas de publicidade ao jornal, é preciso que, através de uma assinatura especial, o JM chegue a todos os estabelecimentos, de hotelaria, consultórios, empresas, lojas comerciais.


Pelo progresso do Concelho da Mealhada.


Atentamente


António Luís F. Quintans


sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

DUAS LÁGRIMAS POR CARLOS DO CARMO

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