domingo, 31 de outubro de 2021

BARÓMETRO DE UM JORNAL EM PAPEL PUBLICADO NA BAIRRADA

  



Jornal da Mealhada (edição de 27 de Outubro)


MENOS BOM


Até à penúltima edição, quinzenalmente, eram editadas 24 páginas.

A partir daí, incluindo esta que escrevo, o jornal foi reduzido para 16.

A que se deve este encolhimento?”



Seguindo a mesma bitola de há quinze dias, esta última edição apresenta-se muito fraquinha, Graças a Deus.

Esta publicação apresenta-se assim: com duas páginas, novamente a falar da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada (SCMM) – que, lembramos, é a proprietária do título –; mais uma sobre Geriatria, escrita por uma técnica da SCMM; mais duas centrais com uma entrevista a Ricardo Pocinho, presidente da ANGES, Associação Nacional de Gerontologia Social; mais duas com pouco texto e muitas fotos a escrever sobre a Secção de Ballet do Hóquei Clube da Mealhada e “Memórias da Retirada”, um episódio referente a várias peças teatrais, co-realizadas pela Câmara Municipal e a Companhia Caixa de Palco, concernentes “a alavancar a memória da Batalha do Bussaco, 29 de Setembro de 1810”; e na última página, novamente com mais imagens do que fotos, anuncia-se que a “Associação do Carnaval da Bairrada vai a votos” e a “BiblioMealhada de regresso à estrada”.

Outras duas sobre a tomada de posse e distribuição de pelouros aos novos eleitos para a Câmara Municipal.

Uma página divida em metade para Anadia e outra metade para Mortágua. E ainda uma sobre Desporto.

Nas páginas 10 e 11 são mostradas três crónicas, duas de colaboradores e uma institucional da DECO, sobre direitos dos consumidores.

Ou seja, dá para perceber que a maioria dos artigos são para “encher chouriços”. É como se não havendo outros assuntos para escrever, metem-se conteúdos só para preencher as páginas. Pode até nem haver, pelo menos ao alcance dos nossos olhos, mas para se trabalhar o contínuo interesse dos leitores e assinantes e manter um jornal vivo e acutilante, como pesquisador de ouro, é preciso ir procurá-las. E em cada aldeia que forma o conjunto do Concelho, ouvindo os locais, estou certo, haverá muita recomendação para fazer ao governo local. Não se procura a participação política? Vamos a isso! Notoriamente, a meu ver, a SCMM não está interessada em fazer deste título uma marca resplandecente no universo jornalístico, no mínimo, em toda a Bairrada. Salvo melhor opinião, parece que a preocupação é poupar nos custos, colocando de lado a qualidade noticiosa de um Concelho que não detém outro meio informativo em papel. E se assim não fosse, como entender a diminuição de páginas no caderno? Até à penúltima edição, quinzenalmente, eram editadas 24 páginas. A partir daí, incluindo esta que escrevo, o jornal foi reduzido para 16.

A que se deve este encolhimento? O Concelho teria minguado? A mudança política para um tempo mais e melhor (espera-se), de maior esperança, terá alguma coisa a ver com isso?

É certo que vai havendo alterações, como a de modificar o identificativo, que agora é uma pena a simbolizar um olho, mas isso serve pouco para um leitor que, felizmente, é cada vez mais exigente.

Nascesse na cidade outro semanário e a proprietária acordava do seu longo sono letárgico.

Vale a pena pensar no que está acontecer?


(P.S: A página do jornal no Facebook continua desactualizada)


De zero a vinte, atribuo a esta edição 12 valores.


sábado, 30 de outubro de 2021

COIMBRA: PARTIU A ROSARINHO



Sem avisar, partiu hoje para a última viagem sem retorno a Maria do Rosário de Andrade Pinto Teixeira, de 65 anos, reconhecida e tratada com carinho pelos amigos como simplesmente “Rosarinho”.

Desde 1989 e até cerca de 2010, aquando do encerramento, o seu estabelecimento de mobiliário antigo, antiguidades e artes plásticas, o Brique à Braque, na Rua Alexandre Herculano, em Coimbra, foi uma espécie de embaixada de acolhimento para os pintores mais importantes da urbe mondeguina. Nas “vernissages”, inaugurações das exposições de arte, onde não faltava o suculento tentador aperitivo e taça de bom champanhe, encontrávamos a fina-flor, o “jet-set” da elite coimbrã.

Rosarinho, com a sua classe de anfitriã e de “marchand”, negociador de arte, movia-se por entre os convivas com o à vontade de uma libelinha em torno de pétalas em flor. De timbre de voz grossa e bem colocada, havia nela uma qualidade imanente, uma espiritualidade perceptível para aproximar pessoas.

Após o encerramento do estabelecimento junto aos Arcos do Jardim, com o tempo a escoar-se, foi com alegria que vimos que se estabeleceu novamente com antiguidades e velharias na Baixa da cidade, na Rua do Carmo, em Junho de 2018. Mas, em boa verdade, a sua saúde já estava um pouco debilitada. Encerrou há cerca de um ano.

Cerca das 14h30 deste Sábado cinzento e chuvoso, perante meia centena de amigos e familiares, na Igreja de São José foi bonito de ver e ouvir o elogio fúnebre apresentado pelo pároco da catedral. Não que fosse muito direccionado à sua vida pessoal, mas, socorrendo-se de uma leitura bíblica, o presbítero, com o seu pensamento plasmado na religiosidade cristã, soube tocar os presentes acompanhantes num momento tão interiorizado como é uma cerimónia fúnebre.

Em meu nome pessoal e em nome da cidade, aquela cidade que é composta por todos nós, actores que a marcam e público que assiste à sua passagem, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames a toda a família.

Até sempre, Rosarinho.

 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

EDUCAÇÃO: TEMPOS PASSADOS, TRABALHOS DOBRADOS (3)

 




A disciplina é a mãe do sucesso” - Ésquilo



A disciplina na escola pública ou privada “consiste na conduta dos alunos num ambiente escolar, sendo que esta deve agir consoante as normas preestabelecidas pela instituição de ensino. Um aluno indisciplinado é aquele que não segue as regras estabelecidas pela escola” - in Significados.com.br.

A Disciplina está para a educação/formação como a Cortesia está para a Simpatia/Empatia. A educação sem disciplina, em metáfora, é como um automóvel sem travões, leva tudo à frente, sem tomar em conta uma necessária análise auto-crítica que leva à contenção para cada obstáculo que se lhe depara.

Pegando nas teses filosóficas de Rousseau (século XVIII) e Hobbes (século XVII) – em que se discute se o homem nasce bom e é a sociedade que o impele para o mal, corrompendo-o, ou o seu contrário -, qualquer das teorias, já que falamos de bondade, bem contraditadas, são admissíveis. Já quando se fala de disciplina, estou certo, ninguém discorda de que os humanos vêm ao mundo completamente indisciplinados e, para o bem e para o mal, a posteriori, de fora para dentro, são-lhes incutidas as normas societárias vigentes.

Normalmente, quando se fala de Disciplina, inevitavelmente, vem à memória o Serviço Militar Obrigatório, que deixou de ser imperativo em Portugal em 2004, como indesejável e de experiência abominável, sobretudo para os mais novos, que defendem o serviço voluntário - de salientar que um recente estudo do Instituto de Defesa Nacional veio mostrar que os maiores de 45 anos defendem novamente a implementação do Serviço Militar Obrigatório.

Penso não haver estudos a comprovarem que a falta de incorporação obrigatória para todos os mancebos na casa dos vinte anos durante três ou seis meses veio contribuir largamente para uma sociedade mais libertária, displicente e incumpridora das suas obrigações cívicas, legais, morais e éticas, mas não custará admitir que existirá uma relação directa.

Tenho para mim que os políticos responsáveis pela Educação Nacional, que constituíram os Governos após-25 de Abril e até hoje, mesmo os de direita, confundiram sempre disciplina com autoritarismo. E esta troca de conceitos, para além de espalhar uma doutrina endémica e nociva de normas comportamentais à comunidade, incentivando a confusão entre direitos e obrigações, tem sido trágica para a comunidade. É assim que, nos últimos 45 anos, temos vindo a assistir a um esvaziar de tudo o que são competências. Por momentos, pensemos no esboroar de autoridade das polícias – com um demasiado abrangente leque Constitucional de Direitos, liberdades e Garantias – e dos professores, apenas para relembrar a calamidade que se vai avolumando perante os nossos olhos.

(CONTINUA)


TEXTOS RELACCIONADOS


Educação: Tempos passados, trabalhos dobrados (2)

Educação: Tempos passados, trabalhos dobrados (1)

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

A AMARGA DESCIDA DO PEDESTAL

 



Cruzámo-nos numa rua da cidade. De máscara descartável a proteger o nariz e a boca, olhos colados no chão, ou não me viu, ou fazendo de conta que não me conhecia, nada disse. Cada um de nós, em sentido oposto seguiu para o seu destino. Por momentos, entre o sim e o não, hesitei em cumprimentar: bom dia, Dr…

Fiquei-me pela negação da saudação. Afinal nem tenho assim tanta confiança para a insistência e poderia interpretar-me mal na minha sinceridade. Ainda ensaiei um virar à retaguarda. Algo nele me impressionou e chamou a atenção, levando-me a um segundo olhar. Talvez fosse a carga de tristeza que parecia carregar num corpo cansado e rosto enrugado, de quase septuagenário. Pelas costas, enquanto se afastava paulatinamente, apreciei os seus ombros descaídos, um casaco comprido de mais para a altura daquele corpo, aparentemente flácido pela fadiga do tempo. As calças vincadas clássicas de sarja pareciam enterrar-se pelo chão adentro. Se eu fosse psicólogo apostaria que aquele homem anda profundamente deprimido. Mas porquê? Podemos interrogar? Sim, podemos, mas eu não tenho resposta. É certo que posso especular.

Afinal, digo eu, não será fácil deixar de ser o centro de atenções de uma cidade pequena, com o telefone sempre a retinir, desde o raiar da manhã até ao cair da tarde, e se calhar também de noite, e de repente, numa reviravolta imprevisível, o silêncio, como manto que tudo cobre, envolve tudo em redor.

Os que pareciam tão amigos até aí, que zumbiam em redor como moscardo em volta de uma tigela de marmelada, de repente, como se fossem varridos por forças metafísicas, desaparecem na multidão de novos desconhecidos. De um momento para o outro, o sentimento de imprestabilidade e o desânimo dá vontade de desistir de tudo. Até aí era tudo lisonja e agradecimentos, agora parecem destilar ódio. As pessoas, num calculismo feroz, só ligam quando detetam poder de decisão.

Se é certo que o hábito não faz o monge, também é correcto afirmar que sem hábito não há monge. Um e outro, numa metamorfose perfeita, como máscara social, colam-se à pele como transplante. E quando se tem de despir a ilusória vestimenta, por acaso, sentimo-nos nus. É como se voltássemos a ter de aprender a andar.

Depois, para piorar, esta queda do Governo socialista, veio complicar tudo. No fundo da alma, lá bem no fundo, no âmago, ainda teria esperança de ser nomeado presidente para aquele tal lugar importante. Agora, com o executivo governamental em vias de ser demitido pelo Presidente da República, lá se foi a expectativa.

Vamos com calma, sim, Dr.?


quarta-feira, 27 de outubro de 2021

BAIXA DE COIMBRA: CHEGOU A INFANTARIA

 




Estava o dia a fazer a cama para se ajeitar e a noite a impor a sua ronda, ali na zona da Rua Eduardo Coelho, a artéria comunicante entre duas praças históricas, uma onde D. Afonso Henriques passa pelas brasas para esquecer a ruindade da mãe e outra onde a Inquisição experimentou a primeira caixa de fósforos para assar um herege em lume brando no Pelourinho, faltariam p’ra aí poucos minutos para as 19h00 de hoje, foi quando se ouviu um grito feminino de espanto: “há quanto tempo, senhores polícias! As saudades que eu já tinha de vos ver da minha janelinha!

Era “menina” Efigénia, uma solteirona já entradota, que passa os dias e as noites pregada à vidraça na expectativa vã de avistar um uniforme. Por aqui, toda a gente sabe do segredo que já foi: o seu fascínio por fardas.

Quando era mais nova, para seu deleite, havia os grumetes que trabalhavam para os hotéis, e desapareceram. A seguir vieram e foram-se os guarda-noturnos. Diz-se até, no diz-que disse, que um deles até morreu esticadinho nos seus braços mas consoladinho. Para sua tristeza, há muitos anos que os agentes da PSP, como fumaça numa tarde de verão, desapareceram também desta zona. Daí perceber-se a alegria encaracolada em descarado assédio feito pela velhota.

Compreende-se perfeitamente a perplexidade. Quando foi a última vez que se viram na Baixa vários grupos, em par, de agentes da PSP? Até eu, que já sou velhote, quase tão idoso como a Efigénia, e, por mais esforço mental que faça, não me lembro.

Mas isso não interessa nada. O que importa é que o Miguel, o proprietário da Peixaria Pinguim, que já foi assaltado seis vezes este ano, finalmente vai conseguir pregar olho durante a noite inteira.

Durante quanto tempo vamos vê-los por cá? Não sei, nem vou querer saber, enquanto o pau vai e vem folgam as costas


EDUCAÇÃO: TEMPOS PASSADOS, TRABALHOS DOBRADOS (2)

 



A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces.

(Aristóteles)



A Educação é o processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, princípios e valores, crenças e hábitos, ou metodologia de efeito formativo progressivo, quer através do ensino, pedagogia, quer por experiências pessoais adquiridas ao longo da vida que enriquecem de forma saudável e harmoniosa o intelecto, o psicológico e o emocional. Diz-se no vulgo que os pais educam e a escola forma.

A instrução, sobretudo para os progenitores, que sem programa para seguir à letra, numa junção de resultados positivos e negativos, foi sempre uma agulha de dois bicos. Uma das pontas , mais estática, indica para o passado do educador, impondo ao discípulo as suas práticas adquiridas na infância e ao longo da vida. Outro bico da agulha aponta para o futuro. Esta vertente, mais dinâmica, quase sempre influenciada pela cultura do presente, coadjuvada pela leitura e visionamento de imagens virtuais, num igualitarismo planeado e endémico, tende a ser seguidista e alinhada pela formatação social.

A Educação, na sua implementação, tem tendência a acompanhar os sistemas políticos. Se se vive num regime autoritário, mais que certo, a maioria penderá para um nível austero e petrificado nos princípios; se se vive num sistema aberto, democrático, sempre com a grandeza liberdade como bandeira, os valores vão mudando consoante os programas de esquerda ou direita dos governos.

É assim que a geração nascida nas décadas de 1950/60 e que em Abril de 1974, tinha à volta de vinte e menos anos é a última fornada saída do Estado Novo – como se sabe,

um regime autoritário de influência ditatorial europeia.

Conforme me sinto inclinado a indicar, seria de supor que esta estirpe, gerada e criada numa época de grande carência e austeridade, incutisse nos seus filhos a mesma linha educacional intransigente. Mas aconteceu o inverso. Numa reviravolta causada pela Revolução de Abril, estes pais vieram a oferecer e a dar tudo aos seus herdeiros o que não tinham recebido. E porquê? Podemos interrogar? Por vários motivos. Um deles é que, provavelmente, seria uma geração mais esclarecida que seus pais, mais crítica e de construção mental mais prolixa, com uma visão mais alongada do que os seus geradores. Outro, o espírito da ascensão do novo sistema político, mexendo na economia nacional com aumento de salários imposto por lei trouxe uma nova esperança no amanhã – não esquecer que a curto prazo esta desregulação salarial atirou-nos para a bancarrota e intervenção do FMI, em 1982. De repente, por decreto, os portugueses sentiram as carteiras recheadas como nunca tinham visto. A subsequência deste manto diáfano financeiro, no imediato, foi projectar para os filhos uma vida diferente, para melhor, quer em comodidades domésticas, quer numa aposta num ensino que os levasse até à Universidade – possibilidade que a muitos lhes fora negada.



(Continua amanhã)


terça-feira, 26 de outubro de 2021

EDUCAÇÃO: TEMPOS PASSADOS, TRABALHOS DOBRADOS (1)

 

(imagem da Web)




Com o título “A estranha aberração de uma escola silenciosa”, a crónica, bem escrita, surgiu na rede social Facebook e, como alarme social que alastra e ameaça, depressa tomou conta de muitos. Ou não fossem as crianças o futuro da humanidade – e o texto falava de três premissas que preocupam todos: a “escola”, “as crianças” e “a disciplina”.

Bom sejamos honestos, no caso da disciplina não é bem assim. Olha-se para este sub-produto fundamental da educação e formação humana como uma exigência para os filhos dos outros, os nossos, nomeadamente as crianças, não é muito necessária, “o amor vence tudo”, diz-se por aí.

Voltando a caso concreto que me levou a escrever esta “estória”, conta-se de uma penada: uma escola do primeiro ciclo no Luso, ali no sopé da grande Mata Nacional do Bussaco, onde na Guerra Peninsular, em 1810, o marechal Massena perdeu as botas e levou um pontapé no traseiro, os alunos, entre os seis e os dez anos, para saírem do estabelecimento de ensino público ao cair da tarde e serem entregues aos pais, são obrigados por duas funcionárias a fazê-lo em silêncio e de forma ordeira, em fila indiana. E enquanto não serenarem os ânimos não saem. Por sua vez, os avós e pais, enquanto não houver calma no grupo, chegam a esperar 15 minutos pelos petizes.

Ora, contando com uma algazarra digna de nota e recebendo em troca um silêncio sepulcral na saída dos miúdos, o subscritor, indignado, considerando que “A escola não é isto. A escola deixa viver. A escola deixa que as crianças sejam crianças e esta não está a deixar ser.”

Ajuizou ainda que este tratamento, e estou a citar, como tipo exército”, a “procissão das velas”, um velório”.

Antes de pedir a sua opinião, leitor, posso adiantar que, de entre 147 comentários e 53 partilhas que se manifestaram contra o ditatorial relacionamento entre adultos e gaiatos, apenas um comentador, por sinal professor, se manifestou a favor do método aplicado pelas duas funcionárias da escola de Luso.

O que pensa disto? Está correcto? É um tratamento impróprio para as inocentes crianças? O que lhe parece?

(Continua amanhã)


segunda-feira, 25 de outubro de 2021

MEALHADA: O IMPREVISÍVEL RUI MARQUEIRO

 





Em campanha eleitoral nestas últimas autárquicas, Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal de Mealhada e recandidato pelo Partido Socialista, deixou no ar que se não ganhasse as eleições para a Câmara Municipal da Mealhada não tomaria posse como vereador.

Perdeu mesmo as eleições para o movimento Independente Mais e Melhor. No dia da transferência, com promessa de outorga e assinatura dos novos membros do executivo, indo contra todas regras de saber perder, não esteve presente na passagem do ceptro. Em vez disso, fez o segundo da lista, José Calhoa, durante mais de quinze minutos, ler uma meia-dúzia de explicações para o motivo de ter perdido o pleito e mais uma dúzia também sobre o que ficou por fazer.

Cá no meu cantinho, comentei com os meus botões: Bolas, Ruizinho, isto nem parecem coisas tuas, homem de Deus! Continuas a criar tabus. O primeiro foi o anúncio da recandidatura. Foram meses e meses a fazer sofrer o pessoal. Nos becos e ruelas da cidade, em zumbidos que pareciam o vento a soprar, não se falava de outra coisa: “O Marqueiro vai ou não vai ser candidato?

Contra todos os prognósticos maioritários, que se inclinavam a que iria escolher o sofá e com os sobrinhos sentados à sua volta, Ruizinho, de Antes, forte e feio, anuncia o imprevisível: Sou candidato.

E eu, no intervalo de uma cavadela para pôr umas alfaces na horta, pensava comigo: o homem tem mesmo pinta. Apesar do mau ambiente à volta, Marqueiro inspira, respira, enche o peito de ar e parecia dizer: pensam que se livravam de mim facilmente, não era? Pois estão bem enganados. Vão ter mesmo de me gramar!

E eu, encostado ao cabo da enxada, a pensar no homem, parecia adivinhar um sorriso de vencedor no rosto do velho matreiro. E, mais uma vez, admirei o espírito de luta do teimoso guerreiro.

Aquando da tomada de posse, fiquei a saber que o velho lutador tinha pedido “uma licença sem vencimento” por vinte dias. E pensei comigo: mais uma vez, meu velho calcorreante das escadas do município, estás a gozar connosco. Vais tomar posse, uma ova! Queres lá saber do lugar de vereador! Estás é à espera que o Governo se decida a nomear o novo presidente da Fundação Mata do Bussaco!

Como se estivesse outra vez pronto a driblar os meus dotes de presciência, adivinhação, Marqueiro tomou mesmo o lugar que lhe cabia por direito no executivo.

A pergunta que se segue é: no caso de não pronúncia na instrução sobre a acusação anónima, Ruizinho vai levar o mandato de vereador da oposição até ao fim?

Algo me diz que a acusação do Ministério Público vai cair – e, com franqueza, gostava mesmo. Nenhuma queixa anónima, sem identificação do autor, deveria ser considerada. E para mais: a intenção do cobarde denunciante, que era apear Marqueiro da cadeira, já foi conseguida. Para quê mais sofrimento? Não chega já?

Gostava mesmo de ver o velho resmungão de sorriso sarcástico a continuar a representar a oposição na bancada do PS/Mealhada.

Com toda a honestidade, faço votos que tudo corra bem.


sexta-feira, 22 de outubro de 2021

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA

 

(imagem do Correio da Manhã)



Na qualidade de comerciante na Baixa da cidade há várias décadas venho por este meio expôr a V. Ex.ª o seguinte:

Esta noite passada, de 22 de Outubro, seguindo um hábito nocivo que já vem de longe, onde, por exemplo, este ano decorrente uma só loja já foi arrombada seis vezes, mais um estabelecimento Comercial foi assaltado na Rua Eduardo Coelho.

Num momento de tão grande vulnerabilidade económica como se está a viver, de uma vez por todas, é urgente tomar medidas para que os empresários estabelecidos não continuem a sofrer na carne a displicência de quem tem obrigação de zelar pela proteção pública. Refiro, responsabilizo e aponto o dedo ao Comando Distrital da PSP de Coimbra pela omissão.

Obviamente, no papel de incumbente máximo da Proteção Civil no Concelho, como “colaboracionistas” nestes atentados à riqueza privada, culpo também os presidentes da autarquia pelo deixar andar. Só para lembrar, nos últimos vinte anos, 2001-2021, com a passagem de três chefes autárquicos que não deixaram memória, senti-me na obrigação de intervir várias vezes na edilidade, na tentativa de sensibilizar os órgãos autárquicos para uma solução deste problema que atenta contra a liberdade cidadã. Debalde, a resposta foi sempre, o passar a bola para o lado. Isto é, a Câmara passa o ónus para a PSP, esta escuda-se em índices de criminalidade, que, sobre a óptica do comando desta polícia, são sempre baixos para impor uma operação mais musculada. Depois da instalação das câmaras de videovigilância, em 2008, numa tentativa vã de abafar os protestos, passaram a ser estes instrumentos de gravação a arcar com as explicações para os crimes contra o património. Claro que, sendo estes meios de vigília que apenas resultam a jusante – depois do crime consumado -, pela pouca eficácia no raio de cobertura, nunca resolveram o problema de insegurança que se vivia e vive actualmente na Zona Histórica.

O que é preciso mesmo, e de uma vez por todas, é que seja implantado um percurso de vigilância com agentes da polícia a patrulharem a pé durante a noite – e até admito que seja feito pela Polícia Municipal.

Como deve estar recordado, em 11 de Maio deste ano, no lugar de vereador da oposição, questionou o então presidente da autarquia, Manuel Machado, sobre a insegurança que se vivia na Baixa de Coimbra. Poucos dias antes tinha sido subscrito um Abaixo-assinado com dezenas de assinaturas e levado ao conhecimento da Câmara Municipal. Machado refutou a sua descrição catastrófica e afirmou que a Baixa é segura. “Sublinhou que as câmaras de vigilância, agora com novos equipamentos, estão em fase de testes e sob supervisão da Polícia de Segurança Pública e que garante a proteção de dados.” - noticiado, na  altura, pelo jornal online Notícias de Coimbra.

Com as câmaras em funcionamento e, como se vê, pouco a evitar as violações, espera-se um novo encarar a segurança.

Empossado recentemente, e tomado o lugar de presidente de todos os conimbricenses, Dr. José Manuel Silva, espero sinceramente uma outra forma de solucionar este preocupante problema. Como sabe, a segurança interna é um pilar estruturante da Democracia. Sem esta determinação, sem esta garantia de auto-confiança, a economia local, para além de minguar, não avança. De pouco valerá clamar publicamente que queremos uma Baixa mais e melhor para todos, moradores, comerciantes e turistas, se não houver condições para trabalhar.

Vai ser diferente dos seus antecessores, não vai, Senhor Presidente?


António Luis Fernandes Quintans

(Comerciante na Baixa da Cidade)


TEXTOS RELACIONADOS (CLIQUE EM CIMA)


"A insegurança na Baixa de Coimbra - 2007

"Baixa: A desgraça da Graça" - 2007

"Baixa de Coimbra: KO ao 14º assalto" - 2007

"A insegurança (só) preocupa comerciantes da Baixa" - 2008

"O Contrato Local de Insegurança" - 2008

"Foi aprovada a videovigilância" - 2008

"Este presidente não me serve" - 2008

"Vencido ao 14º assalto" - 2008

"Baixa: uma história de insegurança" - 2009

"Baixa: Depois de portas arrombadas preocupações dobradas" - 2009

"É preciso atacar os assaltos a montante" - 2009

"O que dizem os jornais sobre a vídeovigilância na Baixa?" - 2010

"Uma ressaca de um assalto" - 2010

"Baixa: última hora" - 2010

"Um ano de falsa vídeovigilância" - 2010

"Hoje fui à Assembleia Municipal" - 2010

"Porque fui chatear quem estava sossegadinho?" - 2010

"Perfumaria Balvera assaltada" - 2011

"Editorial: O vai e vem da insegurança" - 2016

"Editorial: Uma pontuação de merda" - 2017



quarta-feira, 20 de outubro de 2021

CÂMARA MUNICIPAL DE MEALHADA: RECOMENDAÇÕES

 

(Imagem do Diário de Coimbra)




Uma das medidas apresentadas no Manifesto Eleitoral do Movimento Independente Mais e Melhor, a força política que veio a ganhar as eleições para a Câmara Municipal, era: “outra forma de relação entre representantes e munícipes.”

1 - Fazendo jus à promessa eleitoral, tomo a liberdade de sugerir ao executivo algumas mudanças no relaccionamento entre poder e governados.

A primeira tem a ver com as duas reuniões mensais camarárias. Como se sabe, ao abrigo do Regimento em vigor, Artigo 15º- 1, “A primeira reunião de cada mês é pública, sem prejuízo de a Câmara poder deliberar que se realizem outras reuniões públicas”.

Ora, não faz sentido continuar a permitir que apenas um dos dois plenários seja participado com munícipes. A nosso ver, o Regimento deve ser alterado e as duas sessões ordinárias mensais devem ser realizadas de portas abertas ao público.



2 – Espera-se que este executivo concretize uma velha aspiração de vários partidos políticos, ou seja, a transmissão integral e directa, via streaming ou outra, de todas as sessões.



3A publicação das actas, como princípio de transparência e clarificação dos actos, não deveria ultrapassar nunca os vinte dias – quinze para aprovação da anterior mais cinco dias para a sua redacção e publicação online.



4Como princípio de segurança jurídica, e salvaguarda de um município mais competitivo para captar investimento, deveria ser regulamentado um prazo máximo para aprovação de projectos urbanísticos. Ultrapassada essa data última seria aplicado o deferimento tácito.



5 – Ignorando as razões, não se sabe o que levou os executivos anteriores, de 2013-2017 e 2017-2021, a não cumprir com a “publicidade das deliberações” na Lei 75/2013, de 2 de Setembro, no artigo 56º, que diz o seguinte:


Artigo 56.º

Publicidade das deliberações

    1 - Para além da publicação em Diário da República quando a lei expressamente o determine, as deliberações dos órgãos das autarquias locais, bem como as decisões dos respetivos titulares destinadas a ter eficácia externa, devem ser publicadas em edital afixado nos lugares de estilo durante cinco dos 10 dias subsequentes à tomada da deliberação ou decisão, sem prejuízo do disposto em legislação especial.
    2 - Os atos referidos no número anterior são ainda publicados no sítio da Internet, no boletim da autarquia local e nos jornais regionais editados ou distribuídos na área da respetiva autarquia, nos 30 dias subsequentes à sua prática, que reúnam cumulativamente as seguintes condições:


    a) Sejam portugueses, nos termos da lei;
    b) Sejam de informação geral;
    c) Tenham uma periodicidade não superior à quinzenal;
    d) Contem com uma tiragem média mínima por edição de 1500 exemplares nos últimos seis meses;
    e) Não sejam distribuídas a título gratuito.
    3 - As tabelas de custos relativas à publicação das decisões e deliberações referidas no n.º 1 são estabelecidas anualmente por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da comunicação social e da administração local, ouvidas as associações representativas da imprensa regional e a Associação Nacional dos Municípios Portugueses
    ”.

Isto é, a autarquia deveria publicitar num jornal de âmbito local todos seus actos até trinta dias da sua feitura – no caso, como se realizam duas reuniões mensais, logo, por inerência, duas publicações subsequentes.

Adivinha-se que esta obrigação legal de 2013 tenha a ver com uma encapotada ajuda à imprensa local – estamos a falar de cerca de dois mil euros mensais.

Mas, se for assim, que seja. Termos uma imprensa forte não deve ser só um desígnio público, acima de tudo, deve ser uma obrigação do Estado contribuir para manter este pilar da liberdade, estruturante de informação para a cidadania, vivo e interventivo na sociedade.

Ora, como a autarquia pode escolher o jornal, ou jornais onde se inclui o online Bairrada Informação, para publicitar as suas deliberações, pode muito bem entrar em negociações com a Santa Casa Da Misericórdia da Mealhada de, na sua qualidade de proprietária, renovar o Jornal da Mealhada e tornar as suas publicações semanais.

Vale a pena pensar nisto?



CÂMARA MUNICIPAL DE MEALHADA: A IMPLEMENTAÇÃO DOS TRÊS “SSS”

 



Na Carta aberta aos Munícipes elaborada em campanha eleitoral pelo Movimento Independente Mais e Melhor, força que ganhou a Câmara Municipal, uma das frases redigidas prescrevia o seguinte: “Contamos com o seu apoio para, em conjunto, iniciarmos a mudança que se impõe no Concelho da Mealhada”.

Correspondendo ao apelo, na qualidade de fundador deste espaço digital, declaro apoiar a pretensão exarada pelo actual presidente da autarquia, António Jorge Franco. Igualmente, esta disponibilidade aplica-se também na relação profícua com a junta de Freguesia de Luso, na pessoa do seu presidente Claudemiro Semedo. Prometo que os nossos reparos, ou recomendações, serão sempre acompanhados de um espírito positivo e na direcção de lembrar o poder local das necessidades que apontarmos a favor do bem comum. Claro que para conseguir este objectivo, numa teimosia reiterada, seremos uma espécie de carraça a defender as nossas convicções – e se preciso for, marcaremos presença assídua nas reuniões do Executivo e sessões da Assembleia Municipal.

Gostaríamos de ser encarados como compartes, parte da parte, e não como “bota-abaixistas”.

A denunciar problemas, como princípio que nos move desinteressadamente, estaremos do lado da solução, e baternos-emos por ela até ao limite.

Gostaríamos muito de saber que o presidente, na sua apresentação aos funcionários da edilidade, em todos os serviços de contacto com público, transmitisse uma mensagem de três “SSS”: Simpatia, Simplificar, Solucionar.

Há um problema, aparentemente irresolúvel apresentado por um munícipe? Na procura de uma solução rápida e eficaz – naturalmente que não passe ao arrepio da Lei -, que seja o valor sempre presente no pensamento do funcionário público. Sabemos que em todas as profissões há sempre uma ovelha ronhosa que mancha a corporação. Porém, é preciso o envolvimento de todos, para que o mau comportamento de um não extravase e faça crer que todos são iguais à amostra.

É preciso convencer os serventes da coisa pública da casa municipal de que são a infantaria, a tropa que está na frente e, como embaixador de boa-vontade, dá a cara por todos, incluindo os políticos eleitos por quatro anos. Um bom soldado projecta a sua competência no povo, um mau militar contamina todo o corpo de comando.

Vale a pena pensar nisto?


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

MEALHADA E A POSSE DOS MEMBROS AUTÁRQUICOS: O RESSABIAMENTO DO PASTOR

 





1 - Conforme é obrigação legal e princípio protocolar, neste dia 18 de Outubro, pelas 10h30, num Salão Nobre a rebentar pelas costuras com tanta gente presente, tomaram posse os novos membros para os órgãos autárquicos, respectivamente, para a Câmara Municipal, para a Assembleia Municipal e para as juntas de freguesia.


2 - Não fora o bom serviço prestado pelo jornal online Bairrada Informação, que transmitiu em directo e gravou a cerimónia, quem não esteve presente não teria qualquer hipótese de, em diferido, visualizar as imagens do maior programa solene que uma autarquia pode oferecer aos seus munícipes. Para esta publicação digital o nosso muito obrigado.

Numa acção estranha a todos os níveis, é de ressaltar pela negativa a não transmissão do acto social na página do município, no Facebook.

Não sei o motivo, mas suponho que seja um (mau) costume que já vem de trás. Num momento importantíssimo para o Concelho, como é a investidura de um novo governo local, seria bom que o (novo) presidente da Câmara Municipal, António Jorge Franco, chamasse a si a necessidade de reformular a página oficial da edilidade.

Como se sabe, a comunicação de uma instituição é o “catalizador”, o dispositivo que reduz as emissões poluentes, o instrumento que permite ao público avaliar com alguma objectividade o trabalho desenvolvido.

E como primeira medida – e supondo que o até aqui director de comunicação está de saída -, deveria tornar este sítio formal como um espelho de tudo o que se projecta e realiza na Câmara Municipal, como também todos os eventos culturais que acontecem no Concelho. Desde a festa em honra do santo padroeiro até à romaria mais eclética, tudo deveria ser apresentado diariamente ao alcance de um clique. Quem acedesse à página, logo a abrir no cabeçalho, ficaria imediatamente a saber do que “vai acontecer hoje no município”. Incluindo a publicitação de véspera e no dia de todas as reuniões oficiais, fosse na câmara Municipal, na Assembleia, ou até outras descentralizadas que venham a acontecer – e com o cuidado de desblindar estes editais para permitir espalhar a informação por outras páginas no Facebook e chegar ao máximo de cidadãos interessados.

Sem esquecer, naturalmente, a transmissão de todas as sessões através da Internet.


3 – Começo por confessar que, independentemente de nada nos ligar a nível partidário, até tinha alguma admiração por Rui Marqueiro, o presidente cessante que, durante muitos, mas muitos anos, bem para uns, mal para outros, esteve à frente dos destinos dos mealhadenses. Tenho para mim que a política é um jogo de poder alternativo, uma moeda de dois cunhos: neste mandato ganha um, no próximo pode ser, ou não, o que perdeu agora. Por isso mesmo, os eleitores devem celebrar a vitória do vencedor, mas sem ostracizar, desprezar, os que perderam, porque, na curva do próximo mandato, se pode dar de chofre com eles.

Claro que não é apenas uma medida calculista, é também o respeito devido a quem, de forma heroica, se bateu pelos seus ideais – que, em resultado global, acaba por ser em prol do desenvolvimento. Mas é preciso não esquecer uma premissa importante: os que perdem, de modo digno e altruísta, aceitando a derrota, num gesto nobre e de grandeza intelectual, devem curvar-se perante o vencedor.

Ora, o que assistimos hoje por parte de Rui Marqueiro, ao não comparecer pessoalmente na passagem de poder para outros intervenientes, foi simplesmente indecoroso. Para além do azedume que parece mostrar para com os vencedores, é um acto indigno de um ex-chefe de uma edilidade. Em silogismo, é um desprezo para com todos os eleitores que, no seu entender, renegaram e oficializaram a sua derrota na urna. Para além de mais, esta acção menor, quer se queira quer não, chamusca o Partido Socialista.

Bem tentou a agora deputada à Assembleia Joana Sá Pereira lavar o procedimento de Marqueiro com sabão Clarim, porém a bofetada estava dada e os danos feito estragos colaterais incomensuráveis.

Lamentável, Dr. Rui Marqueiro. Bem podia guardar para si o ressabiamento que lhe vai na alma. Com sinceridade, o Senhor, na despedida de funções autárquicas, não merecia o mal que fez a si próprio.


domingo, 17 de outubro de 2021

BARÓMETRO DOS JORNAIS EM PAPEL PUBLICADOS NA BAIRRADA



Jornal da Mealhada (edição de 13 de Outubro)


POSITIVO


Com uma capa insípida, com pouca graça, a publicação do Jornal da Mealhada desta quinzena apresenta-se sem grande rasgo. É como se o jornalista principal, João Pedro Campos, estivesse de férias e a edição fosse, em remedeio, editada por pessoas alheias à feitura do quinzenário.

É uma edição praticamente dedicada à Santa Casa da Misericórdia da Mealhada (SCMM). Desde uma página de publicidade ao 115º aniversário da IPSS, Instituição Particular de Solidariedade Social, com outra página inteira às valências oferecidas por esta casa, até mais três páginas de entrevista ao padre Rudolfo Leite. Não se discute a qualidade do diálogo transcrito e realizado por Martha Mendes ao presbítero. O que se levanta é o tamanho que a conversa ocupou no jornal: três páginas. Por outro lado, não podemos esquecer que Rudolfo Leite é, ao mesmo tempo, capelão da IPSS e vice-director do JM. Foi dose dobrada.


MENOS BOM


Consta-se que esta edição, para além de duas participações sobre Alimentação e Saúde, não tem artigos de colaboradores.

Num momento em que o novo executivo local está prestes a tomar posse, seria lógico umas palavras, em jeito de especulação, sobre o encargo que a nova equipa vai enfrentar. Por exemplo, nomear e elencar as necessidades mais prementes que o executivo liderado por António Jorge Franco deve tomar como primeiras medidas.

Sabendo que neste tempo omisso – período que vai da eleição até à tomada de posse – os munícipes estão ansiosos por notícias urgentes sobre obras que se arrastam na sua aldeia, no seu bairro, na sua rua, o periódico devia saber criar empatia, fazendo a ponte, colmatando e preenchendo essa inquietação.

Como já escrevi nestas crónicas opinativas, um quinzenário, numa época em que o metralhar diário de notícias é ao minuto, concorre contra o tempo – que funciona como apagador do que foi “caixa” – e, das duas uma, ou mostra ser muito bom, procurando artigos inéditos e ainda não noticiados por outros concorrentes, ou então transforma-se numa espécie instrumento vazio de informações locais. Num tempo em que o digital, em detrimento do papel, está a tomar conta da informação, o JM parece assobiar para o ar. Basta dizer que a página online do jornal desta semana ainda não foi actualizada. A meu ver, e salvo melhor opinião, o site deveria ter uma pessoa nomeada para, a toda a hora, manter o sítio informado.


De zero a vinte, atribuo a esta edição 13 valores.


JORNAL DA BAIRRADA (edição de 14 de Outubro)


Conforme nos tem habituado, pela grande qualidade jornalística, na diversidade de temas e lugares da Bairrada, ao longo dos últimos anos, continua a ser o ponteiro de uma bússola a apontar o Norte. Nada contra a referir.


De zero a vinte, atribuo a esta edição 18 valores


 

sábado, 16 de outubro de 2021

MEALHADA: VELHA PRAÇA/NOVO MERCADO

 


(imagem do Jornal da Mealhada)



Segundo informação aqui recolhida, numa destas travessas da Internet que, tal como se dizia antigamente que todos caminhos vão dar a Roma, tudo vai ao encontro do conhecimento,em Portugal existem 350 Mercados Municipais, dos quais apenas 37 são geridos por entidades privadas ou comissões de vendedores, estando a gestão dos restantes 313 a cargo das Autarquias”.

Ainda continuando a citar, Os mercados municipais são estruturas tradicionais de comércio retalhista de proximidade presentes em praticamente todo o território nacional, com a excepção de 16 dos Concelhos.”

E comecei com esta introdução para escrever sobre a popular “praça”, que se realiza todos os Sábados na Mealhada.

Hoje, véspera de Domingo, fosse por estarmos a meio do mês ou não, pareceu-me com pouca afluência de clientes. Mesmo assim, na diversidade de oferta, verificavam-se vários negócios.

Como se sabe, com a conclusão do novo mercado junto do Complexo Desportivo da Mealhada, e que teve um custo de edificação de mais de dois milhões de euros, o velho sítio de transações junto da Igreja de Sant’Ana está dar as despedidas.

Para os mais distraídos, a transferência deste local para outro decorreu da obrigação de entregar aquele terreno à Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, proprietária do lote onde se insere a catedral que venera a Santa.

Em boa verdade, a construção de outra instalação para o efeito era mesmo uma necessidade premente. O chão em terra-batida do velho popular, salpicado por cordas e ferros a esmo que sustentam os toldos, para protegerem os artigos dos vendedores das intempéries, faz do visitante um caminhante frequentador de labirintos.

Como já temos lido, se isso importa alguma coisa, a questão é saber se a localização da nova estrutura em termos de centralidade é a melhor. É sempre uma discussão longa e sem fim. Se é certo que a nova estrutura foge ligeiramente do centro da urbe, é também passível de ser uma boa zona, uma vez que vai constituir um incentivo para um novo polo de desenvolvimento comercial para toda a área envolvente.

Se vai ser um sucesso para os clientes e expositores? A seu tempo se verá. Mas, visto por fora, apresenta-se com boa pinta, moderno e atractivo.


PÔR OS OLHOS NA VIZINHA


Diz-nos a prática que nem sempre a modernidade é sinónimo de êxito garantido. E posso falar de uma experiência que conheço bem: o Mercado Municipal Dom Pedro V, em Coimbra. Reconstruido e inaugurado em 2000, substituindo até aí condições improprias para consumo, constata-se, no entanto, que depois da operação plástica, progressivamente, foi sendo abandonado pelos compradores e, em consequência, pelos vendedores. Agonizante há mais de uma década, de tal modo foi assim que a autarquia conimbricense, numa última tentativa de recuperação, tal como tem acontecido em outros similares, concessionou parte do espaço a uma empresa privada para lhe puxar as orelhas para uma nova vida.

Claro que, com objectividade, não podemos atribuir totalmente a culpa à requalificação. Em 2000 havia duas grandes superfícies comerciais - com espaço de cupação superior a 2000m2. Em 2021 há sete grandes áreas. Por outro lado na periferia da cidade, como cogumelos, cresceram as médias áreas comerciais - entre 400 e 2000m2 -, uns e outros com estacionamento gratuito.

Por parte da classe política gestora da cidade, dando de barato o pequeníssimo comerciante numa bandeja de latão, a troco da promessa de novos empregos – que na prática se mostraram maioritariamente precários – para agradar a um eleitorado de vistas curtas, licenciando tudo o que era grande, afectaram um equilíbrio comercial que, por ser absolutamente necessário para a (con)vivência de pequenos e grandes tendeiros, nunca mais terá arranjo. Falar dos custos económicos destas medidas arbitrárias na contribuição da desertificação, nem valerá a pena. São incomensuráveis.

É também uma certeza, o consumidor de hoje, muito mais egoísta, sem laços de fidelidade à amizade e fiel ao princípio de “amigos, amigos, negócios à parte”, pouco se importando com a sobrevivência dos mais necessitados, é totalmente diferente daquele de há vinte anos. Por outro lado, cada vez mais comodista, apenas olha para o seu umbigo nas conveniências pessoais.

Por outro lado ainda, maioritariamente a clientela destes mercados tradicionais é formada por pessoas acima dos “cinquenta”.

Isto para dizer que, o novo executivo e vindouros, se não houver cuidado com o licenciamento de novas superfícies comerciais para a cidade, tal como o que se verifica na vizinha Coimbra, este novo investimento, não por força da sua localização, mas por más decisões em contrário ao interesse comum, podem ditar a sua morte e transformar este empreendimento em mais um “elefante branco”.

Vale a pena pensar nisto?

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

MEALHADA: NÓS POR CÁ… UM TEMPO VAZIO

 

(Imagem do Diário Imobiliáro)



Como se estivéssemos num limbo, estado de indefinição ou incerteza, parece que o mundo à nossa volta parou. Por um lado, como se ainda não interiorizássemos o que aconteceu ao nosso presente político e estivéssemos a remoer os acontecimentos, por outro, como se estivéssemos inertes, expectantes em relação ao futuro. Ou, se preferirmos uma metáfora, é a época de afiar as espadas e olear as armas no recolhimento oficinal para o novo combate que se avizinha a passos largos.

O motivo, sabemos bem, foi a queda do antigo regime socialista implantado no Concelho há mais de trinta anos, e liderado por um carismático de nome Rui Marqueiro. Como numa roda, que roda em movimento livre e imprevisível, o poder que foi deixou de ser e passou a ser anti-poder.

De repente, desapareceu aquele odiozinho de estimação que marcava o dia-a-dia das Redes Sociais. Como o escuro manto diáfano da noite, que submerge a luz solar do dia, deixamos de ser bombardeados pelas mensagens das forças políticas, na Internet, na via pública em outdoors, pelo som estridente saído de altifalantes transportados em automóveis. De um dia para o outro, 26 para 27 de Setembro, numa metamorfose, o Facebook tornou-se um companheiro dócil e vazio de ameaças por parte de alguns comentadores mais eivados de fanatismo.

Hoje, damos uma volta pelas diversas páginas mais interventivas da zona e, retirando alguma publicidade e notícias sobre animais perdidos ou para adopção, não há assunto nuclear para debater.

Como já é público e notório, no próximo dia 18, o novo executivo liderado por António Jorge Franco tomará posse. E a partir daí, com o novo governo local a ser escrutinado a todo o momento, com todas as respostas em cima da mesa, tudo voltará à normalidade.

Já sabemos que o Movimento Independente Mais e Melhor (MIMM), chefiado por António Franco, num universo de sete possíveis, elegeu três vereadores – o Partido Socialista outros três - e, por isso mesmo, para governar mais descansado, Franco estabeleceu um acordo após-eleições com a coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada, que elegeu Hugo Silva para o executivo.

Como é normal, não se sabe em que linhas se cose esta aliança estratégica. Será que Hugo Silva vai ter um pelouro atribuído, e ficar a tempo-inteiro?

Que departamentos vão ser distribuídos pelos eleitos em representação do MIMM?

Vai ser criado o pelouro da Cultura, sem ser agregado a outro?

Vai ser institucional, de facto, a figura do Procurador do Munícipe de Mealhada? Lembramos que, apesar do Regulamento ter sido publicado em 15 de Março de 2019 no Diário da República, nunca foi levado à prática.

Vai ser contactada a empresa Infraestrutas de Portugal, para haver um comprometimento mais interessado e vincado na requalificação da Estação Ferroviária da Pampilhosa?

E a fusão das Águas de Luso, intentada pela Central de Cervejas em economia de escala com outras marcas, e que tanta tinta fez correr no ano passado? Como vai ficar? O conflito vai ser dirimido em tribunal, ou vai ficar em “águas de bacalhau”?

E Rui Marqueiro, o anterior presidente, que, salvo erro, em campanha eleitoral nunca foi claro se, em caso de derrota, assumiria o seu lugar na vereação, vai tomar posse, ou passa o seu lugar a José Calhoa, o segundo da lista? Se for investido, durante quanto tempo vai permanecer? Até ser colocado num lugar de prestígio, como, por exemplo, a presidência da Fundação Mata do Bussaco?

E os Serviços Administrativos da Câmara Municipal vão, ou não, ser reestruturados? É normal, sempre que muda a presidência, haver uma mexida nos serviços, por vezes, com novos Chefes de Divisão.

Tudo respostas que após o dia 18, e a seu tempo, veremos satisfeitas. Aguardemos, portanto!

terça-feira, 5 de outubro de 2021

BARÓMETRO DOS JORNAIS EM PAPEL PUBLICADOS NA BAIRRADA




Jornal da Mealhada (edição de 29 de Setembro)


POSITIVO


Esta edição, como não poderia deixar de ser, foi ocupada com os resultados das eleições autárquicas no Concelho e homólogos vizinhos, ocorridas no passado dia 26 de Setembro.

Com as lacunas habituais que aqui tenho reiteradamente vindo a apontar, a falta de colaboradores a comentar a actualidade, no momento a grande surpresa no Concelho da Mealhada, isto é, a vitória e ascensão no panorama político do movimento Independente Mais e Melhor, liderado por António Jorge Franco (o novo presidente da Câmara Municipal), o apear do Partido Socialista, historicamente “implantado” com cimento e ferro há mais de trinta anos, com o ex-presidente Rui Marqueiro a perder o cadeirão do poder, e a queda da coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada, que detinha três vereadores no executivo e, agora, apenas elegeu um, nomeadamente, Hugo Alves Silva.

Mesmo assim, sem favor, apresenta-se uma publicação bem conseguida. Foi recuperada e ampliada a rubrica “Na Rede”, passando de coluna a página.


MENOS BOM


Não vou escrever sobre o que me pareceu menos bom nesta edição. Invertendo o azimute, a agulha, deixando de apontar o presente, vou virá-lo para o futuro. É óbvio que já escrevi tanto do mesmo que o que vou plasmar não será nada de novo.

Mais uma vez vou chamar a atenção para a importância do momento político que o Concelho da Mealhada está a viver. A esperança está ao rubro na busca de um amanhã melhor, ou pelo menos diferente. Os eleitores, maioritariamente, votaram na mudança. Pois apoiemos todos a alteração desejada de governo local.

Se é correcto dizer que, em metáfora, se trata de uma renovação parcial da casa, é também certo que é neste momento de transformação que todos os munícipes e órgãos estruturantes, sem excepção, devem colaborar, ou pelo menos não colocando o pau na roda, com a nova equipa vencedora. Se comportamento gera comportamento, o novo executivo será sempre o resultado de um respeito recíproco entre governantes e governados.

E um destes pilares que deve contribuir para a divulgação e clarificação do que se vai fazer é o Jornal da Mealhada. Se anteriormente já se pedia um novo olhar mais holístico, uma visão integral sobre os fenómenos, agora pede-se muito mais ainda sobre uma mais ampla cobertura noticiosa das reuniões do Executivo, sem esquecer a oposição. Naturalmente que é a altura ideal para o jornal passar a ser semanário, e a publicar uma página inteira dedicada às reuniões camarárias, não esquecendo a intervenção pública dos munícipes.

Quanto maior for a amplitude jornalística do título, maior será a sua respeitabilidade, independência e neutralidade.


De zero a vinte, atribuo a esta edição 14,5 valores.


JORNAL DA BAIRRADA (edição de 30 de Setembro)


Conforme nos tem habituado, pela grande qualidade jornalística, na diversidade de temas e lugares da Bairrada, ao longo dos últimos anos, continua a ser o ponteiro de uma bússola a apontar o Norte. Nada contra a referir.


De zero a vinte, atribuo a esta edição 18 valores.