sexta-feira, 31 de julho de 2015

VALE A PENA VISIONAR ESTE VÍDEO




Aaron Russo, empresário de entretenimento, produtor de cinema e diretor, como ativista político, antes de morrer de câncer [morto em 2007], recorreu a plena e definitiva consciência própria para ser mais um delator dos segredos políticos da chamada e conhecida Nova Ordem Mundial [besta].” – LEIA MAIS AQUI

EU JÁ SABIA!

ASSALTO À MÃO DESARMADA EM PERSPECTIVA

PÁGINA DA BAIXA (IV)






IMAGEM E EDIÇÃO: ALEX RAMOS
LOCUÇÃO E REALIZAÇÃO: LUÍS FERNANDES


A PÁGINA DA BAIXA

AVALIAÇÃO DO NOSSO PROVEDOR DO LEITOR


PONTOS FORTES DESTE VÍDEO:

-O mostrar que a Baixa, apesar da crise económica, move-se e, na sua dinâmica, avança para o futuro em busca de uma nova identidade. A abertura de novos estabelecimentos é a prova disso mesmo.
-O mostrar o empenho da Câmara Municipal de Coimbra na reimplantação das papeleiras na via pública.
-A forma como, sem receio de abrir a alma, olhos-nos-olhos, a empresária Isabel Silva se dirige ao presidente da edilidade, Manuel Machado, e fala sobre o que entende que está mal. A Baixa necessita muito de outros comerciantes como a Isabel Silva. Um modelo a seguir. Uma salva de palmas para esta mulher de garra.
-A desinteressada e fantástica realização do Márcio Ramos (mais conhecido como Alex nos meios video-gráficos) e a merecer, pelo público, um segundo olhar e pelo director do blogue um enorme agradecimento. Se bem que, até aposto, mais que certo estará a ser vilmente explorado pelo realizador.

PONTOS FRACOS:

-O entrevistador continua a precisar urgentemente de uma professora de comunicação. Enquanto não surge a hipótese, pelo implícito amadorismo, pelo tartamudear constantemente, pelo trocar palavras de significado diferente, pela imagem anafada e de carroceiro, pedimos desculpas aos nossos leitores/ouvintes/espectadores.
Em minha opinião, Esta amostra de “pivot” deveria deixar estas aventuras e continuar na escrita ou, sei lá, se calhar, dedicar-se à hotelaria. Esta aventura não é para ele. A falta de competência é gritante. Mais, está a tirar o lugar a quem sabe fazer. Cada cliente (leitor do blogue) que consegue chegar ao fim do vídeo a gramar o emplastro de amostra de jornalista deveria ter direito a uma ginjinha de Óbidos, em copo de chocolate, na loja Coisas e Sabores, na Praça 8 de Maio.
-Para um melhor trabalho futuro, é necessário contratar uma especialista em caracterização. Tanto quanto sei, o requisito essencial é que seja boa, muito boa, e para todo o serviço. O ar simplório do entrevistador é gritante. Valha-nos Deus! Acabem com isto depressa! Este tipo destrói a Baixa toda! Não havia necessidade!


TEXTOS RELACIONADOS

"A Página da Baixa (III)"
"A Página da Baixa (II)"
"A Página da Baixa (I)"

quinta-feira, 30 de julho de 2015

CARTA A UM QUALQUER LÍDER PARTIDÁRTIO



Meu caro político partidário, espero que esta minha carta o vá encontrar de boa saúde e sobretudo com uma voz límpida, sem rouquidão, para a campanha eleitoral que está a viver intensamente, na busca de um lugar ao sol e eu, contra a minha vontade, tenho de gramar.
Escrevo-lhe, meu caro, para lhe dizer que, embora ainda estejamos no princípio da romaria, já não aguento o forrobodó. Faz-me lembrar uma feira onde se vende tudo e mais alguma coisa e o pregador, de microfone ao peito, grita para o quem quer ouvir: “não paga cinco, não paga três, só paga um! Mais, se comprar, ainda leva mais isto, mais aquilo e aqueloutro!”. Acontece que já tenho a casa cheia de tudo que, como o feirante, me quer despachar. Por outras palavras, a sua propaganda barata não me convence mesmo que me ofereça um Audi A6.
Já estou farto, pá! Estou esgotado psicologicamente, pá! Não consigo aguentar a sua lengalenga de vendedor de seguros, mentiroso compulsivo. Veja se entende, você já me enganou há cerca de quatro anos, lembra-se? Comprei-lhe uma apólice onde me prometia segurar a minha vida em caso de infortúnio. Ora o que fez? Não só infernizou o meu viver como, depois, não garantiu a minha sobrevivência. E repare, não pense que estou a escrever visando apenas o primeiro-ministro, enquanto chefe do governo, estou a visá-lo a si também, enquanto líder de um partido de oposição. Onde estava você quando o meu amigo Daniel, empresário, se suicidou? O que fez você pelo meu amigo Manuel e a família quando perderam a casa e, depois de uma vida de trabalho, foram colocados na rua como cães danados? Que, como sabe, estes animais de quatro patas têm mais protecção declarada do que os humanos que caem em desgraça. Onde se encontrava você quando o meu amigo comerciante, o Francisco –o nome é irrelevante-, depois de perder tudo o que angariou durante uma vida de trabalho pediu as insolvências da firma e particular e hoje vive de ajudas?
E agora, depois de nada fazer por quem ainda trabalha neste país –sim, por quem trabalha, porque você defende mais quem nada faz- vem pedir-me outra vez o voto? Só se eu fosse parvo! Para não ouvir e ver a sua imagem –porque só a sua visualização me causa turbulência nas vísceras-, se eu pudesse, já que não consigo evitar a sua presença visual, saía daqui para não voltar. Veja se entende: só visibilizar a sua figura, para além de me tirar do sério, irrita-me de sobremaneira. Para mim, você é um contorcionista social, um ser abjecto, que faz tudo para alcançar e concretizar os seus mesquinhos interesses. Para si, Portugal é um meio de alcançar os seus desmesurados intentos interesseiros e jamais um fim como deveria ser se você fosse um político de quatro costados, como deveria ser. Você é um aprendiz de feiticeiro que, sem rasgo nem criatividade, agora, volta a empregar as mesmas mistelas, as mesmas mezinhas para convencer um povo atrasado, mesquinho, bacoco, que gosta de ser enrabado por uns meninos de coro, sem história e sem classe, e que gosta de embandeirar em arco.
E sabe o pior que me pode acontecer? O que desencadeia a minha frustração e me faz roer as unhas? É que na feira posso sempre desviar caminho para não me cruzar com o vendedor barato, mas consigo, mensageiro de ideias vazias, trauliteiro de promessas vãs, não consigo evitar a sua ubiquidade. Se desligo a televisão, você está no computador, se me afasto da Internet você está na rádio, se apago a telefonia você está nas ruas em cartazes gigantescos. Você é uma praga maléfica, um vírus, que não pára de me atazar o juízo. É certo que, por vezes, somente para me livrar de si, apetece-me comprar tudo o que me quer impingir de uma vez só. Mas desisto porque acho que não vai resolver nada. Você, como ser mutante, multiplica-se até ao infinito e vai continuar a azucrinar a minha cabeça.
Sabe uma coisa? Se eu fosse mal-educado, ou mal formado, mandava-o foder! Acontece que sou um tipo humilde e, por isso mesmo, como não sou dado a impropérios, olhe: vá bugiar!

BOM DIA, PESSOAL...

POIS!!

PENSAMENTO DO DIA (4)





“A dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e consciência” –Marquês de Maricá.
O que faz mover o mundo é o interesse. A procura do proveito individual, na maioria das vezes, faz de nós predadores, frios soldados capazes de esmagar o outro com a biqueira da bota. Onde melhor podemos avaliar a forma de cada um proceder é numa relação bilateral de compra e venda. Enquanto compradores, como se ficássemos desprovidos de moral e ética e como se a consciência dos nossos actos estivesse suspensa, num vale tudo sem nos preocuparmos com o opositor, esmiframos o vendedor até ao tutano. Numa primeira fase, que pode demorar décadas, vangloriamo-nos e sentimo-nos ufanos dos feitos e do talento brilhante para a negociação. Numa segunda etapa, inevitavelmente, um dia –porque tomaremos o lugar do outro, ou não- sentiremos o remorso de um caso ou outro, no passado, em que ultrapassou os níveis da decência e do calculismo despudorados. É este sentimento de culpa que no último terço da nossa vida poderá fazer de nós seres incessantes em busca da luz interior do perdão e da redenção.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

UM HOMEM TAMBÉM CHORA

(Foto de Alex Ramos)



O Edmar na última entrevista sobre o encerramento do A. Loureiro, L.ª.
Veja aqui. E mais aqui.

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...





Daniel deixou um novo comentário na sua mensagem "EDITORIAL: UM VULCÃO CHAMADO BAIXA":


A
rua da Sofia teria muito mais a ganhar se fosse completamente pedonal. Bastava esta alteração para ver os turistas a circularem por lá. Se a isto juntarmos a requalificação do Terreiro da Erva, núcleo museológico/exposições no espaço ocupado pelo centro comercial da Sofia, centro de documentação 25 de Abril, etc., então a diferença seria enorme.
Ao contrário do que alguns fazem crer, o trânsito que lá passa não acrescenta valor nenhum à rua da Sofia, é só poluição, mais nada.

BAIXA: MAIS TEMPO PARA O "QUIMBOIO"



A pedido de manter a sua identidade na sombra, a declaração de indignação chegou-me assim:

“Vindo de Lisboa, cheguei hoje a Coimbra no comboio Intercidades. Como é de norma desci em Coimbra B, na denominada Estação Velha. O meu lugar calhou na ponta mais longitudinal do trem. Quando vinha a aproximar-me do atravessamento da linha reparei que no lado oposto a ligação para Coimbra A, para a Estação Nova, estava já em andamento e sem esperar pelos passageiros da composição vinda da capital. Aguardei cerca de quarenta minutos pelo transporte seguinte.
Não é a primeira vez que isto acontece. É sempre igual com os comboios especiais, seja Intercidades, Alfa, ou outro qualquer. Diria até que é sempre assim. Durante os meses do ano faço várias vezes este trajecto. Poderia aventar-se que eu, apesar dos meus 65 anos, até tenho problemas de locomoção e este facto poderia ser a consequência directa da ligação ferroviária não esperar por mim. Acontece que, como você sabe –porque me conhece bem-, sou ligeiro no andar e rápido no pensar. A composição acessória espera cerca de pouco mais de um minuto. Esta anomalia, num desrespeito pelos passageiros que viajam na CP e num desprezo absoluto pelo desenvolvimento da Baixa de Coimbra, a gerência da maior empresa de material circulante português, aparentemente, está a marimbar-se para todos.
Falei com um responsável na Estação de Coimbra B sobre este procedimento lesivo e a resposta que ouvi foi que “era assim porque ninguém reclamava.”
Chego a pensar que há má-fé neste contrato de transporte promovido pela CP. Sabe em que baseio a minha razão? É que o bilhete que me vende em lisboa prescreve “Coimbra B” e não “Coimbra A”. Quero dizer que, com esta omissão deliberada, é como dissessem: aguenta o dissabor por que não pagaste para ser transportado até à Baixa da cidade.
O que acha você desta forma de trabalhar dos Caminhos de Ferro Portugueses?


(Texto enviado para a direcção central da CP)

PENSAMENTO DO DIA (3)





No provérbio popular, costumamos afirmar que é a excepção que confirma a regra. Nada de mais absurdo, parece-me. Se há uma isenção, uma desobrigação do cumprimento da norma, logo a unidade do todo é posta em causa. Pelo contrário, a excepção desconfirma o preceito. O princípio basilar, de direito, que norteou a sua essência fica fragilizado. A questão é: pode-se prescindir a exclusão da obrigação? Não, não pode. A limitação é a aceitação da desigualdade. Sendo todos diferentes entre aparentemente iguais, só a ressalva minora a dificuldade do desigual e o torna mais próximo do igual. O que veio promiscuir o conceito da excepção é o seu recurso para a generalidade. Isto é, sem causa declarada, o que deveria ser ordinário passou a ser especial, contribuindo este abuso para o abandalhamento da regra.
No social: no grupo há sempre alguém que se distingue pela negativa e pela positiva. Quando a singularidade é negativa há uma projecção maléfica para o todo. Ou seja, pelo caso individual, o grupo pode ser chamuscado e, muitas vezes, confundido negativamente e gerando falsos apriorismos.
Quando a diferença individual no grupo é positiva, visando o bem, a acção salva o todo. Esta excepção, pela moral e ética, transcende o acto isolado e, pela envolvência superior, faz-nos acreditar na bondade e que caminhamos no bom sentido do aperfeiçoamento humano.

BOM DIA, PESSOAL....

terça-feira, 28 de julho de 2015

SÓ PARA COMPARAR E VERIFICAR O NOSSO DESTINO

Trabajadores franceses



“Francia eleva el salario mínimo de sus trabajadores a 1.425 euros.”
Leia mais aqui.


“El Consejo de Europa constata que el salario mínimo español no garantiza una vida digna.”
“El Salario Mínimo Interprofesional (SMI) en España, después de la subida de 3,30 euros aprobada el pasado 23 de diciembre, es de 648,6 euros brutos al mes. Como ya sabían muchos españoles, esa cantidad "no garantiza un nivel de vida digno", según ha denunciado el Comité Europeo de Derechos Sociales del Consejo de Europa, que ha evaluado el cumplimiento de la Carta Social Europea y de su protocolo adicional”.Retirado de aqui.

PENSAMENTO DO DIA (2)




Gostamos de desempenhar o papel de vítima. Contrariamente ao de opressor –que motiva raiva, ostracismo e desprezo-, ser vítima é ser o centro de atenção geral. Cria dentro de nós um sentimento de infelicidade e desgraça que, se por um lado entristece e nos esgota, por outro, faz emergir forças até aí desconhecidas que nos elevam e superam o próprio estado de vitimização.
Sendo a sociedade o berço gerador da injustiça que origina e dá destino ao padecente, é esta mesma colectividade que o transforma em modelo de virtude e, a posterior, faz dele o arquétipo da opressão, da selvajaria humana. Aludindo à boa acção individual, desencadeia a pena, a caridade, e apela para a conversão universal. Sem vítima não haveria escritores, poetas, heróis, santos e o humano, mesmo sendo tanto quanto é, seria ainda muito mais brutal.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

CARTA AO MERITÍSSIMO






Meritíssimo, Excelência, Eminência, Magnificência, Magnífico, Senhoria, Eminência Revendíssima, Vossa Santidade, Vossa Majestade, Sereníssimo Juiz de Direito, Carlos Alexandre espero que esta minha carta o vá encontrar de boa saúde na companhia de, calculo, resmas e resmas de processos mediáticos. Imagino que, com tanta preocupação, nem come, nem dorme, nem realiza o gostinho especial que todos os homens comuns fazem –quero dizer, sonhar, obviamente. Faço votos para que V. Excelência, em paradigma como na literatura montado num cavalo branco e de espada em punho, vença o mal e tenha um final feliz. Às vezes dou por mim a pensar no nosso vizinho Baltazar Garzon –não sei se está a ver, é aquele fulano todo emproado, tipo artista de Hollywood, juiz de instrução que ficou conhecido por emitir mandados a tordo e a direito e acabou no banco dos réus. Vossa Senhoria já está a entender a minha preocupação. Se lhe remeto estes apartes é porque não quero que lhe aconteça o mesmo. Embora não o conheça pessoalmente admiro a sua temperança e arrojo em se abalançar para a luta contra o crime.
É verdade! Com a conversa a fluir, até esqueci de me apresentar: Toino, nascido em Várzeas e criado em Barrô e actualmente morador no Beco da Paroleira.
Continuando, Eminência, escrevo-lhe esta cartita porque ouvi e li a notícia de que V. Magnificência tinha aferrolhado o “dono disto tudo”. Aqui no Beco da Paroleira tem sido uma escandaleira por causa do seu despacho. Não queira Vossa Santidade saber que, perante a sua avisada ordem de serviço judicial, este pessoal, que é mais burro que o meu Silvano, deu em lhe chamar tudo do pior. Dizem que Vossa Eminência não teve tomates para engavetar o “já foi” e metê-lo numa cela. Num sussurro incomodativo, esta gentalha cá do beco, que é do pior que se pode imaginar, pregam aos sete ventos que a sua decisão de manter Ricardo Salgado em prisão domiciliária desde sexta-feira no âmbito do processo BES é profundamente discriminatória, sobretudo levando em conta o engaiolado 44. No meio de uma biscada e um copo de três, comentam por aqui os críticos de opinião fácil à boca cheia que o facto do “insonso” estar apenas impedido de sair de casa por motivos que não sejam graves e inadiáveis, como deslocação para um tratamento médico ou para um velório ou funeral de pessoa próxima fere altamente o princípio da igualdade –eu não sei o que isto quer dizer, mas vendo-lhe pelo preço que comprei.
Quem está pior que uma barata é a menina Maria da Purificação, representante das beatas do Beco da Paroleira. Nem sei se o caso não seguirá para o tribunal constitucional eclesiástico. Só queria que o senhor assistisse ontem à reunião. Olhe que, se não me engano, Deus teve de tapar os ouvidos perante tantos nomes feios que lhe chamaram –aviso já que evita de me convocar como testemunha que eu nego tudo. Embora eu seja agnóstico e não ponha os pés na igreja nem no dia do santo padroeiro, não quero problemas com o padre Sebastião. Que ideia peregrina foi a sua de proibir o “Salgadinho” de, lá em Cascais, ir à missa ao Domingo?
Também o Jaquim do fito, o nosso campeão da malha, está furibundo com a sua medida de coação de colocar quatro agentes da PSP, distribuídos por quatro turnos de seis horas cada, a controlar a rotina diária do homem dos cofres-fortes. Diz o Jaquim que é um gasto desmesurado para um produto que desvalorizou completamente e já não vale um cêntimo. Também não percebi onde quer ele chegar com este arrazoado. Mas também não interessa nada.
Fique Vossa Majestade descansado que, embora exemplar único, mora cá um inteligente -que por acaso sou eu- que percebeu tudo de ginjeira. Vi logo que, perante as nossas prisões terceiro-mundistas, sem uma sanita decente, como é que um traseiro daqueles, mimoso e habituado a ter música clássica no compartimento e se calhar limpador de cus automático, poderia ir para um presídio comum e igual ao do 44? Bolas, é uma questão de dignidade! Entendo perfeitamente! Mas e conseguir explicar isso tudo a estes brutamontes?!

PENSAMENTO DO DIA (1)




É tão difícil ser como somos. Apresentarmo-nos aos outros como queremos ser. Todos defendemos a verdade, mas, perante a pureza dela, essa realidade pura e dura, preferimos a mentira. A verdade dói, magoa, fere a alma. Somos mentirosos não pela essência mas pela necessidade. É única forma de sobreviver num universo de faz-de-conta onde cada um não pode ser o que quer ser mas antes o que os outros querem que sejamos. Vivemos num mundo de sombras onde cada um busca um modelo de requinte inexistente. O desenvolvimento tecnológico é, por um lado, a tentativa de transformar o esforço físico em facilidade tornando o pensamento raquítico, por outro, projectando a supremacia no andróide pela desistência da perfeição humana.

BOM DIA, PESSOAL...

domingo, 26 de julho de 2015

A BOA MORTE DO LOUREIRO






IMAGEM E EDIÇÃO: ALEX RAMOS
LOCUÇÃO E REALIZAÇÃO: LUÍS FERNANDES



TEXTO RELACIONADO

sexta-feira, 24 de julho de 2015

APAGOU-SE O BRINCA DA NOSSA MEMÓRIA






Devagar, devagarinho, como se fosse a natureza a modificar a paisagem, e sem que praticamente déssemos pela alteração, o panorama urbano na Rua Visconde da Luz alterou-se de um dia para o outro.
Depois de mais de meio-século entre nós, sem um ai, sem um aceno de despedida, encerrou a ourivesaria Brinca. Em processo natural de renovação, morre um para dar lugar a outro. Todos já sabemos que é assim mesmo, mas que deixa um sabor amargo lá isso deixa. Ver desaparecer esta velha e mítica ourivesaria é como perder um objecto sagrado e que fazia parte de nós, do nosso quotidiano e do nosso imaginário. Era na sua parede que estava um enorme relógio que nos remetia para os anos de 1950 e que curiosamente –a par com o da Estação Nova- apenas estava certo duas vezes ao dia. Em paradigma, como a mostrar que a Baixa está em mudança e já não tinha lugar nesta nova dinâmica -o inerte contador de tempo estancou nas 9h55 e assim se manteve durante décadas, creio- como velho guerrilheiro, a querer dizer que antes morrer que aceitar os novos tempos comerciais e dali só mesmo para a tumba.
Quem veio substituir a velha loja de venda de artigos em ouro e prata é a MultiÓpticas, uma reconhecida marca de lentes que não precisa de apresentação. Com cinco pontos de venda na cidade, nomeadamente nas grandes superfícies e Retail’s Park’s, esta é a sexta loja e a primeira na Baixa. Com bolo e velas a preceito e funcionários muito simpáticos, a abertura do novo estabelecimento aconteceu neste sábado, 25 de Julho.
Uma grande, mas grande, salva de palmas para quem parte sem pompa nem circunstância e um desejo de boas-vindas para quem vem ocupar o mesmo espaço. Muita vida e felicidade para os que desistem por força de circunstâncias variadas. Muita vida e felicidade, igualmente, para quem vêm de novo e aposta nesta zona em novos conceitos. Estou em crer, escolhem a Baixa porque acreditam que, como eterno retorno às origens e previsível mudança de costumes que está a bater à porta, historicamente aqui, nestas ruas de antanho, nasceu a mercantilização e o futuro está a começar hoje.





CHEGARAM AS PAPELEIRAS ÀS RUAS LARGAS




Depois de mais de um ano de ausência, sem serem recebidas à entrada pelo presidente da Câmara, Manuel Machado, chegaram as tão desejadas papeleiras às vias largas da calçada, Ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges. É sempre assim, quando estão na função são maltratadas e desprezadas e ninguém lhes liga. Só quando desaparecem da vista e a falta é notada é que então chovem cobras e lagartos sobre a origem do desaparecimento. 
Sem se despedirem de ninguém, há cerca de um ano e meio, partiram sem uma única explicação. Para uns, aventava-se que, correspondendo ao apelo do primeiro-ministro, Passos Coelho, teriam emigrado em busca de uma utilidade melhor e mais dignificada. Para outros, constava-se que, pelo desrespeito dos porcalhões que em vez de colocarem os detritos no seu interior mandavam-nos para o chão e também pela brutalidade como eram tratadas por todos, algumas vezes ao pontapé, entraram em depressão profunda e tiveram de meter baixa para recuperação. Fosse assim ou assado, a verdade é que estão boas c’mo milho. Apresentam-se como novas, com ar robusto e como tivessem vindo de férias.
Agora, numa dignidade e um reconhecimento que lhes são devidos, espera-se, no mínimo e até porque a altura se enquadra, uma festa de boas-vindas como deve ser. No que toca à minha prestação de cidadania, prometo estar presente ao acto solene e dar notícia na “Página da Baixa”, à borliú, sem subvenção e sem pedir um anúncio em publicidade, porque, nestas coisas e como já tenho propaganda a mais, sou muito desinteressado.


PENSAMENTO DO DIA...




“Uma história triste agrada sempre. No seu sentido mais profundo, a vida é bela e alegre. Todos nós tivemos já a experiência disso milhares de vezes. Provas sobre provas de que não há primavera sem flores, nem outono sem frutos. Mas, apegados como estamos à aparência de tudo, esquecemos a voz do profundo, e ouvimos deliciados o som da superfície. Temos o vício da tristeza.”

Miguel Torga in Diário (1946)

BOM DIA, PESSOAL...

PÁGINA DA SEMANA




IMAGEM E EDIÇÃO: ALEX RAMOS
LOCUÇÃO E REALIZAÇÃO: LUÍS FERNANDES


A PÁGINA DA BAIXA


AVALIAÇÃO DO NOSSO PROVEDOR DO LEITOR


PONTOS FORTES DESTE VÍDEO:


-O mostrar que a Baixa, apesar da crise económica, move-se e, na sua dinâmica, avança para o futuro em busca de uma nova identidade.

-O mostrar o mau desempenho da Câmara Municipal de Coimbra na recuperação do seu (nosso) património. Se é certo que este deixa-correr já vem de longe, há décadas, não é menos importante salientar que a edilidade deve dar o exemplo. Se calhar, sacrificando alguns projectos que dão mais no olho, este executivo deveria fazer mais o trabalho de sapa, de base, e, com isso, mostrar que, de facto, está empenhada na revitalização do imobiliário e da Baixa no seu todo.

-A desinteressada e fantástica realização do Márcio Ramos (mais conhecido como Alex nos meios video-gráficos) e a merecer, pelo público, um segundo olhar e pelo director do blogue um enorme agradecimento. Se bem que, tenho dúvidas, não sei se não estará a ser vilmente explorado pelo realizador.


PONTOS FRACOS:


-O entrevistador continua a precisar urgentemente de uma professora de comunicação. Enquanto não surge a hipótese, pelo implícito amadorismo, pelo tartamudear constantemente, pedimos desculpas aos nossos leitores/ouvintes/espectadores. Em minha opinião, Esta amostra de “pivot” deveria deixar estas aventuras e continuar na escrita ou, sei lá, se calhar, dedicar-se à pesca à linha. Esta cavalgada não é para ele. A falta de competência é gritante. Cada cliente (leitor do blogue) que consegue chegar ao fim do vídeo a gramar o emplastro de amostra de jornalista deveria ter direito a uma sandocha de carapau em molho de escabeche na Toca do Gato, nas escadas do Gato.

-Para um melhor trabalho futuro, é necessário contratar uma especialista em caracterização. Tanto quanto sei, o requisito essencial é que seja boa, muito boa, e para todo o serviço. A remuneração é a perder de vista. Isto é, a pagar quando se puder. Tem de ser aplicada no que faz e tudo feito com amor. Aceitam-se inscrições em carta fechada e com a melhor proposta. É obrigatório ser rica e que possa subsidiar este projecto. O ar simplório do entrevistador é gritante. Valha-nos Deus! Não havia necessidade!

quarta-feira, 22 de julho de 2015

EDITORIAL: UM VULCÃO CHAMADO BAIXA

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




Para quem andar mais atento, nota-se na Baixa, incluindo a margem esquerda, na zona do Convento Velho de Santa Clara, uma intensíssima movimentação comercial.
Por um lado, há vários estabelecimentos a encerrar porque não aguentam as despesas. Embora se conste que alguns mais antigos, com funcionários de décadas, vão cerrar portas no final do ano –num hábito já meu conhecido, confrontados com esta hipótese, os comerciantes não assumem-, sabe-se que são os mais novos com implantação de meses e um com menos de dois anos os mais sacrificados. Associando a alguma inexperiência comercial, estes, com rendas impossíveis de aguentar, são os mais expostos. Assiste-se a deslocalizações sistemáticas. Sempre em busca do menor valor de renda a pagar. Estou a lembrar-me de um comerciante que, no espaço de um ano, já mudou três vezes. Mas há mais nesta situação. Como a evitar um final drástico e a tentar prolongar um fim que se adivinha, num contorcionismo compreensível, a procura de espaços baratos continua na mira de muitos aflitos. Mas não há lojas acessíveis na Baixa –quando escrevo “baratos” quero dizer entre os 100 e os 250 euros. Os valores assim praticados só se encontram em zonas sem qualquer movimento de transeuntes, as chamadas zonas mortas. E que ninguém quer.
Falando de novos contratos, para as lojas de rés-do-chão, os preços operados, neste momento, nas ruas largas da calçada, Ferreira Borges e Visconde da Luz, variam entre os 1250 e os 3000 euros. Para os primeiros-andares oscilam entre os 450 e os 1000 euros. Nas ruas estreitas de movimento, por que nem todas são iguais, os arrendamentos andam entre os 400 e os 1500 euros.
Por outro lado, talvez devido ao grande incremento do turismo, com a recente classificação de Património Mundial, pela Unesco, a procura de espaços comerciais é intensa. No geral, é como se sentisse que aqui o futuro está ao alcance um piscar de olhos. É como se andassem fluídos no ar a mostrar que as coisas vão mudar a breve-prazo -consta-se que o “Burger King” está prestes a obter luz verde para se instalar na Baixa.
Falando de turismo, numa discriminação inconcebível e num paradoxo, continua a verificar-se que a Rua da Sofia –a antiga rua dos colégios e que  mereceu a máxima distinção da Unesco- não tem fluxo de turistas. Já escrevi sobre este assunto. A Câmara Municipal e a Universidade de Coimbra, enquanto motores ligados ao progresso turístico, têm obrigação de se debruçarem sobre esta questão, que é fundamental para o comércio e hotelaria nesta histórica via larga. O que está a acontecer parece uma anedota só aceitável nesta cidade. Quero dizer, a organização mundial classifica uma rua como a mais importante para ser visitada e o que se constata é que somente as zonas protegidas, envolventes e limítrofes, é que estão a ser beneficiadas com a proclamação universal. Está certo acontecer uma coisa destas?
Continuando, verifica-se que a procura comercial é, na maioria das vezes, feita por gente nova, sem experiência, que, a todo o custo, procura um trabalho como rendimento que lhe permita fazer face à vida. Tal como já escrevi várias vezes, com um enorme respeito por estas pessoas, sem que haja alguém que se importe, as tragédias estão ao virar da esquina e ao alcance de um olhar.
Não é preciso ser economista para verificar que, apesar de se pensar regularizado pelo tempo, estamos a assistir a um continuado “Subprime” no arrendamento comercial. Ou seja, mesmo sabendo de antemão que os valores pedidos são arriscados e mesmo até incobráveis a médio-prazo, os proprietários, colectivamente seguros de uma rentabilidade imediata de curto-prazo, baseiam a sua estimativa de retorno esperado do investimento, por um lado, na precariedade da economia, por outro, numa hipotética recuperação das actividades económicas. Não é difícil de ver quem é a vítima. Também não é preciso ter um telescópio para ver que faltam regras que cerceiem estes abusos. E como? Evitar, por exemplo, que um estabelecimento comercial se mantenha fechado mais do que seis meses. E quando reabrir, no mínimo, estar em funcionamento seis meses também. O que é que as autarquias têm feito para resolver este problema? Como a lei do arrendamento não contempla esta situação, pouco ou nada. Ou melhor, recorrem ao único instrumento possível: sobrecarregar com IMI, Imposto Municipal sobre Imóveis. Mas, provando que não funciona e não demove os senhorios, tudo continua na mesma e igual.
Num desprezo total pelo desenvolvimento, em algumas ruas da cidade, há lojas encerradas há mais de uma década. Nem arrendam nem fazem nada para lhe dar utilidade –porque é preciso não esquecer que o que esteve na génese destes empreendimentos foi sempre o seu objecto, a sua utilidade social. Um estabelecimento pode ser propriedade particular –que se deve respeitar- mas tem agregada uma responsabilidade colectiva na criação de riqueza. É aqui que a renovação do Novo Regime de Arrendamento Urbano falhou completamente. O legislador estava completamente preocupado com o aumento de rendas e a transmissão –que até aí era feita desordenadamente, beneficiando os inquilinos e esquecendo os interesses dos donos dos prédios- mas não deu atenção, por intenção ou não, à conveniência social.
Por outro lado ainda, a edilidade coimbrã detém vários edifícios em ruína nesta parte velha e nem ata nem desata. Como quem diz, nem os recupera nem vende. Em casa de ferreiro espeto de pau, poderia dizer-se.





FALECEU O SENHOR REGÊNCIO



Para muitos que o conheciam, fomos todos surpreendidos hoje pela notícia da morte de Fernando Carlos Regêncio Lopes.
Durante muitos anos, em final da década de 1990 e princípio do novo século, o Fernando Regêncio, que agora parte do nosso convívio sem avisar, foi o gerente do banco BCP, na Praça do Comércio –agência já extinta- e agora denominado de Millennium Bcp. Era um homem acessível, de trato simples e cordato, que, na altura, enquanto cliente da entidade bancária que ele representava, conheci relativamente bem. Sempre tive o maior respeito e, enquanto funcionário, deixou-me sempre uma boa impressão. No seu desempenho de funções, talvez pela sua calma e assertividade, fiz sempre analogia da sua pessoa com um embaixador.
Em nome da Baixa, se posso escrever assim, à viúva Maria Fernanda Regêncio – ex-funcionária da Câmara Municipal de Coimbra e já aposentada-, filhas e restante família, neste momento de sofrimento, para todos, recebam um enorme abraço de apreço pelo seu familiar agora desaparecido. Os nossos sentidos pêsames.

UM CONCEITO INTERESSANTE NA BAIXA

(Foto de Alex Ramos)



Perante dezenas de pessoas, no antigo espaço do Salão Azul, foi ontem inaugurada a “HCC Store”, na Rua Ferreira Borges e número 155.
Num conceito novo que tenta congregar esforços na divulgação do artesanato ao vivo, no modo de mostrar como se faz, a ideia é, associando três empresas nos custos de exposição, nomeadamente as marcas Herança do Passado, Capitolina e Chronospaper, tornar mais acessível o conhecimento das artes ancestrais.
A Herança do Passado é uma associação onde as tecedeiras de Almalaguês, em tear manual, continuam a criar peças espantosas como colchas, toalhas e outras recriações históricas.
A Capitolina é uma marca criada em 2014 e direcionada para a moda feminina.
A Chronospaper–Notebooks teve até agora  o estúdio de encadernação de livros e ponto de venda de artigos em papel, livros de notas e sebentas, na Praça do Comércio –no antigo espaço da Casa Bonjardim. Depois desta abertura, na antiga praça velha vai manter somente a oficina de encadernação.
No “HCC Store” o cliente pode encontrar artesanato de Almalaguês, artigos para decoração variados, acessórios e roupas para mulheres, livros de notas e artigos em papel manufacturados. Numa artéria considerada de corredor turístico e de excelência, as criadoras deste projecto, que são três mulheres, estão optimistas e acreditam que esta concepção, pela divisão conjunta das despesas de funcionamento, vai operar muito bem.

PENSAMENTO DO DIA...




“Tenho a impressão de que certas pessoas, se soubessem exactamente o que são e o que valem na verdade, endoideciam. De que, se no intervalo da embófia e da importância pudessem descer ao fundo do poço e ver a pobreza franciscana que lá vai, pediam a Deus que as metesse pela terra dentro.”

Miguel Torga, in Diário (1940)

terça-feira, 21 de julho de 2015

CONVERSA LAPALISSIANA




“Passos: Lula “nunca me veio meter nenhuma cunha”
“O primeiro-ministro português garante que Lula da Silva nunca lhe pediu para meter qualquer "cunha" ou para dar "um jeitinho" a favor da Odebrecht no processo de privatização da EGF.” –In Jornal online Observador

Mas, ó senhor dos Passos de Coelho, diga-me lá: não é verdade que um Lula só pode mesmo meter uma lula e nunca uma cunha?

A CONSPIRAÇÃO




Não percebo, sinceramente, a razão de não ter sido incluído nas listas de deputados à Assembleia da República pelo Partido Socialista. Digo e escrevo sempre bem –mesmo que pense o contrário do secretário geral, António Costa. Até no afiar de espadas. E Costas há muitos mas como o de Lisboa são raros.
Mesmo que considere que o António José Seguro é um beirão de têmpera e, ao não aceitar ser incluído nas listas, deu uma lição de moral e ética ao seu sucessor não o elogio para não desagradar ao Costa. Faço tudo para ser amigo do peito do presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, o gerente disto tudo –e até já fiz uma promessa de ir a Fátima e rezar a Nossa Senhora se ele for para ministro e ceder o seu lugar a outro. Bem sei que ele era da linha segurista mas eu não sou tipo de rancores. E sempre estive ao seu lado. Faço tudo para estar sempre de acordo com Machado. E até defendi que lhe fosse erigida uma estátua. Ainda agora quando ele se insurge contra as declarações do primeiro-ministro, Senhor dos Passos Titubeantes, a declarar que está programado transferir serviços do tribunal para o antigo Hospital Pediátrico, estou completamente ao lado de Machado. Os amigos são assim. Ele é o meu ícone urbano, carago! –é certo que às vezes ele torce o nariz aos meus apoios, mas isso, para aqui, não interessa nada.
É verdade também que, apesar de já ter feito umas reclamações na Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos contra as Águas de Coimbra, é preciso ver que nunca pretendi atingir o chefe, o meu ídolo Pedro Coimbra. Gosto deste homem, é um homem de sucesso –é por isso mesmo que estou sempre, sempre, noite e dia, ao seu lado. Se fosse um simples militante de base não lhe ligava nenhuma. Uma pessoa safa-se é com os importantes. Dos simplórios não reza a história.
Gosto de Carlos Cidade, o número três na autarquia, e até já escrevi várias vezes que gostava de o ver na cadeira mais alta da Praça 8 de Maio –tenho de confessar que estou à espera de um lugarzito de assessor mas, como sou humilde, qualquer um me serve desde que dê um rendimento de mil euritos.
Já fui mais amigo do que agora de Helena Freitas, a número um na lista à Assembleia da República e escolhida pelo grande Costa. As nossas relações de amizade estavam um bocado esfriadas, como quem diz no congelador, mas agora, agora que sei que vou ouvir a sua voz doce no hemiciclo, já me passou tudo. I love you Helena. Sou um tipo completamente desinteressado. Razão tinha a minha mãezinha quando dizia: “ai Toino, Toino! És tão desligado! Nunca há-des ser deputado da Nação, carago!”
Porque será que não fui incluído na lista? Sou um gajo bem-parecido e até tenho boa lábia! Na minha rua sou o maior da cantareira! Isto só pode ser mesmo conspiração! Não consigo entender este desprezo pela minha pessoa! Nem me admira! Os bons, como eu, ficam sempre na prateleira!

PENSAMENTO DO DIA

(Imagem da Web)



“Em Portugal, as pessoas são imbecis ou por vocação, ou por coacção, ou por devoção.”


Miguel Torga in Diário (1946)

BOM DIA, PESSOAL...





"Morreu o compositor da música "Always On My Mind"


"Wayne Carson, compositor de vários sucessos musicais, incluindo "Always On My Mind" cantado por Elvis Presley, morreu na segunda-feira aos 72 anos." 

(Retirado do Jornal de Notícias)

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O QUE É QUE SE PASSA COM OS NOSSOS FILHOS?





Neste Sábado, último, a RTP Informação passou uma reportagem inserida na rubrica “Linha da Frente”, realizada em Setembro de 2014 no Algarve, com o título “Noites Loucas”. O vídeo, com cerca de trinta minutos, mostrava como, sobretudo os jovens, nacionais e estrangeiros, se enfrascam até caírem redondos no chão.
Se é certo que, maioritariamente mas não todos, aos 20 anos somos partidários de experiências arrojadas no fio da navalha, aos 40 já olhamos para o que fizemos uma vintena de anos antes com distância e aos 60 já colocamos as mãos na cabeça perante os jovens que fazem o mesmo que nós fizemos. Mas, parece-me e correndo o risco elevado de ser tomado como velho, nas últimas décadas, estamos a assistir a um acentuado resvalar pelo cano, para o facilitismo do álcool e das drogas.
Os Estados, mais propriamente os governos, em nome de uma intocável liberdade individual dividem-se entre o deixar fazer –desde que esta liberdade não fira a do próximo- e um regredir, um voltar atrás nesta permissão, tornando-se cada vez mais paternalistas e invasores até de uma decisão íntima que, se estivéssemos perante pessoas de vontade responsável, deveria ser considerada atrofiadora.
Então, perante esta ambiguidade de critérios, o que estará certo? No primeiro preceito, em nome da tal liberdade intrínseca, devem os Estados deixar, sem interferir, que cada cidadão escolha o seu próprio caminho, mesmo que a sua estrada seja de perdição no consumo de drogas? Porque, pensemos, qual é a norma? Desde que ninguém se sinta prejudicado e não se queixe de um comportamento lesivo de interesses, uma pessoa, mesmo em processo auto-destrutivo que vai mais tarde implicar uma despesa brutal ao Serviço Nacional de Saúde, entre os lamentos de “ai coitadinho!”, dividindo as opiniões públicas entre a simpatia, a compaixão e o desprezo, vai passando pela colectividade como se fosse invisível. Na rectaguarda destes disfuncionais, perdida e sem saber como lidar com estas psicopatias, está sempre a família. Numa moral algo duvidosa de bode espiatório, em que se responsabiliza por uma educação deficiente, é para esta célula que se reporta a culpa do comportamento desviante. Mas, perante a opção deliberada do libertino –vamos chamar-lhe assim-, não querendo ele qualquer tipo de ajuda, o que pode fazer a família se não assistir impotente a este processo de destruição? E mais uma vez a interrogação: o que se pode fazer para evitar um destino inevitável, que é a morte a médio prazo? Deveriam ser criados, ou não, mecanismos legais para evitar este epílogo anunciado? Deveria a lei ser mais restritiva ou nem por isso?
Depois, temos de ver que estas questões que tocam a liberdade individual são sempre analisadas à luz da ideologia. Para a direita, tudo assenta na educação de uma autoridade perdida da família e, a seu ver, o Estado deve apostar na formação de adultos, recuperar o domínio e ter mão pesada para os incumpridores. É frontalmente contra o casamento homossexual e considera uma aberração. O divórcio é considerado um atentado à prole e no aborto em qualquer circunstância ofensa à multiplicação da espécie.
Para o centro –se é que existe-, que assenta numa ambiguidade dividida entre os opostos com uma perna na direita e outra na esquerda, liberal e mais crente na responsabilidade individual mas nem por isso a ponto de lhe dar corda solta, dá com uma mão e retira com a outra. No divórcio vai de arrasto pela teoria esquerdista e no aborto diz “nim”. O casamento homossexual é um espinho cravado na santa aliança. Umas vezes defende a identidade e liberdade individual para, a seguir, pugnar por medidas intrusivas que entram na exclusiva esfera pessoal.
Já a esquerda aposta tudo na liberdade de cada um. Considera que é um direito adquirido à nascença sem discussão. Cada cidadão é pessoa de dignidade e livre de optar pelo que quer beber, fumar, inalar e injectar. É assim que a teoria marxista-leninista defende a total liberalização de todas as drogas, leves e pesadas. O casamento homossexual e a co-adopção são regras elementares numa sociedade heterodoxa e não amarrada a dogmas religiosos.
Entre todas as opiniões formadas, a meu ver, pelo arrastar cada vez mais da sociedade para os comportamentos desviantes, deveríamos retirar a cabeça da areia, fazendo de conta que nada acontece, e discutir abertamente este problema. Pensemos nisto!