sábado, 31 de janeiro de 2009

UM COMENTÁRIO RECEBIDO




Boa tarde;
Corria o ano de 1963 e eu com os meus 13 anos, fui trabalhar para a Sapataria Modelo,então propriedade de Romeu & Costa, Ldª. Este foi o meu lº emprego. É com muita tristeza que constato o fechar desta LOJA, que tanto deu a ganhar àqueles Senhores. Passou depois para "António Santos Costa". Não seria possível a estes Senhores ou seus legais representantes, dar uma mão ao amigo JAIME, para se evitar esta desgraça?!!!. É triste ver uma pessoa trabalhadora e honesta ir por água abaixo, sem ninguém lhe dar a mão para o evitar, mas como vivemos num mundo cão, eis a realidade nua e crua. Para ti, amigo JAIME, recebe deste amigo um grande abraço assim como te peço para que tenhas força para ultrapassares esta tragédia. Fico muito triste, para agorar nos meus 58 anos, ver terminar o meu lº emprego.
Autorizo, se entenderem a publicação desta mensagem.
Alcino Simões - 31/01/2009

(NOTA DO ADMINISTRADOR DO BLOGUE: NÃO SEI SE O NOSSO AMIGO COMUM, O JAIME, IRÁ LER ESTA SUA MENSAGEM TOCADA DE SENTIMENTO. EM MEU NOME PESSOAL, MUITO OBRIGADO. É BOM SENTIR QUE HÁ PESSOAS PREOCUPADAS COM O DIA DE AMANHÃ DE COLEGAS QUE, DURANTE ANOS, FIZERAM PARTE DA NOSSA VIDA COLECTIVA E URBANA. MAIS UMA VEZ, MUITO OBRIGADO PELO GESTO. UM ABRAÇO)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

FALAR PARA A VIRGEM




Cavaco Silva, presidente da República Portuguesa, foi hoje a Fátima, à abertura do Congresso da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social e voltou a mostrar, mais uma vez, o seu desagrado em relação à nova Lei do Divórcio, promulgada a 21 de Outubro de 2008.
Lamentou como se legisla em Portugal e referiu que alertou os portugueses. Referiu ainda que “a maioria dos casos de novos pobres está relacionada com situações de divórcio”.
Como ressalva de interesses até concordo que a promulgação desta lei foi extremamente lesiva para o futuro do país.
Mas, olhe lá, ó senhor presidente –não precisa de se dar ao incómodo de responder- não foi o senhor que promulgou a lei? Se estava com dúvidas porque não pediu a fiscalização preventiva e a enviou para o Tribunal Constitucional, por exemplo? De que lhe vale, agora, o arrependimento? Chorar sobre o leite derramado serve de alguma coisa?
Ah!, já sei. O senhor não estava a falar para os portugueses. Estava a apelar a Nossa Senhora de Fátima para que esta peça ao Tribunal Constitucional a fiscalização sucessiva da lei.
Não se preocupe, a gente espera. Quem sabe com a ajuda dos Pastorinhos a coisa se resolva.

A BELA E OS MONSTROS





Antes de mais, para entenderem a minha “dislexia” visual, tenho de confessar que sou um pouco lerdo. Então, depois desta ressalva, talvez já se entenda porque não consegui compreender o que fazia ontem, nos dois canais, a SIC e a RTP1, a Doutora Cândida Almeida. Eu sei. Isso eu sei, estava a ser entrevistada. Mas, acerca de quê? Como se entende, não podia falar dos processos em concreto porque estavam em segredo de justiça. Então qual o interesse em entrevistar a directora DCIAP, Departamento Central de Investigação e Acção Penal? Seria pela sua beleza? Lá que é bonita, isso é verdade. E o nome “Cândida” -alvura, inocente, pura, ingénua- tem tanto a ver com a sua pessoa. Há quem diga que os nomes definem as pessoas. Pode até nem ser assim, mas, neste caso, o padrinho acertou em cheio. É um paradigma do aforismo popular.
Como mulher bela, com toda a sua candura, gostei dela. Quanto ao objecto da sua ida às televisões, creio que era perfeitamente desnecessário.
Não sei, é o que acho, mas eu sou muito lerdo. Eu avisei…

QUE MAIS NOS IRÁ ACONTECER?



Nós somos assim. Os portugueses precisam de ter sempre um grande assunto nacional para esquecer os pequeninos problemas, os “comezinhos” lá de casa. É uma espécie de “saco das marradas” para onde viramos todas as nossas frustrações. Assim esquecemos aquela maldita dor ciática que não nos larga, os queixumes constantes da “cara-metade” de que nunca vai ao cinema, ao teatro, e/ou muito menos dar um passeio ao fim de semana.
É assim, como numa viagem fantástica, que mergulhamos no insucesso do Sporting, na crise directiva da académica, na crise económica e financeira que nos assola. Esta sim! É um verdadeiro assunto entorpecente. Apaga tudo à sua volta. Até a “Maria” e os nossos filhos, sempre tão reivindicativos lá em casa, como se tomados de verdadeiro sentido de Estado, se calaram e, à noite, colados à televisão, ouvem, absorvem, e deglutam os efeitos colaterais do alarmismo social que atravessa o país de lés-a-lés.
Agora, nos últimos dias, como passe de mágica, foi-se a crise e veio o caso Freeport do primeiro-ministro José Sócrates. É culpado, não é? A PGR anda a reboque das autoridades inglesas? Foi o tio, foi o primo, foi a mãe? Deve demitir-se? Vai ser demitido pelo presidente da Republica? Vai haver eleições antecipadas? Há opiniões com soluções para todos os gostos. Independentemente do apuramento dos factos, este folhetim caiu que nem uma luva no clima económico, temporal de frio, chuva e depressão crónica colectiva pela falta de sol.
Ninguém fala, ninguém pensa que, no momento presente, em que tanto se precisa de estabilidade política, acontecer uma crise governativa, como a que está à vista, era a prenda que menos precisávamos de receber.
Não sei se há ou não “mãozinha silenciosa” neste processo, nem tal coisa me preocupa. Não me cabe a mim opinar. O que sei é que este assunto, de suspeição sobre o primeiro-ministro, não poderia vir em pior altura. Mesmo sem o demonstrar, declarando que cabe aos tribunais arguir a culpabilidade ou inocência do visado, a verdade é que a oposição em bloco, desde a esquerda à direita do PS, todos esfregam as mãos de contentes. Prevendo eleições antecipadas, como ratos perante o queijo, já antevêem a divisão do suculento repasto. Os problemas do país, esses vão ficando adiados. Enquanto dura esta novela, com entrelaces e passes de malabarismo, envolvidos em teia, as empresas vão despedindo pessoas, vão encerrando, e até chegar a nossa vez vamos seguindo passo-a-passo todas os tramas desenvolvidos na televisão.
Isto não é uma Nação com problemas graves para resolver é um país de novelas. Que mais nos irá acontecer?

BAIXA: UM PROTESTO COMERCIAL NA ESCURIDÃO DA NOITE



Nos últimos meses, quem à noite tem passado pelas ruas da Baixa de Coimbra verifica que são imensas as lojas com as luzes das montras totalmente apagadas.
Não é preciso pensar muito para ver que estamos em presença de uma poupança forçada, uma vez que os comerciantes do comércio tradicional já cortaram tudo onde podiam poupar. Numa ordem arbitrária, começaram no corte de publicidade, na assinatura de jornais, a seguir no despedimento de funcionários, no corte de telefone fixo –há muitas lojas que já não têm telefone-, durante o dia no apagamento de lâmpadas desnecessárias e consideradas supérfluas e agora no apagamento nocturno de luzes das montras -pelo menos pensava eu que assim era.
Há cerca de um mês, em conversa com o presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, Carlos Clemente, acerca deste assunto, chamava a minha atenção para este facto. Considerava este autarca que este acto de completo apagamento de montras era algo miserabilista por parte dos comerciantes. Transmiti-lhe algumas conversas que tinha tido com alguns colegas e este tinham-me perpassado a sua impotência perante este facto. Ou seja, era imperioso poupar a todo o custo. Um até me interrogou em provocação: “pagas a minha luz? Se pagares eu deixo tudo aceso”. É lógico que entendi e fiquei sem argumentação.
Quando passei esta informação a Carlos Clemente, ele próprio não entendeu e exclamou: “bolas!, se não podem acender um projector acendam ao menos uma lâmpada de poupança. Isto transmite demasiado uma ideia miserabilista da Baixa. Além disso, propicia um ambiente óptimo para os assaltos”, remata o edil, representante dos fregueses de uma das freguesias da Baixa.
Porém, hoje, ao comentar uma notícia, no Diário as Beiras, de um encerramento de mais uma loja na Baixa, em conversa com um comerciante, o Jorge Eliseu, com um estabelecimento de carteiras na Rua das Padeiras, para minha surpresa, fiquei a saber que, sub-repticiamente, está em marcha uma revolta silenciosa, no calor da noite, que, segundo as suas palavras, há cada vez mais comerciantes a aderir: “se ninguém se importa comigo, eu tenho que me preocupar com a iluminação social das ruas da cidade? Como eu, está fulano, sicrano e beltrano a fazer a mesma coisa -citando-me os nomes que olvido. Depois do encerramento das lojas desligamos todas as luzes. Pode ser que assim, quem manda, veja o nosso empobrecimento diário, a nossa tristeza e revolta pelo abandono a que estamos votados”, conclui o Jorge Eliseu.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O JUMENTO DO DIA

(MARINHO E PINTO, BASTONÁRIO DA ORDEM DOS ADVOGADOS)

Fazendo um Deve e Haver, um acerto de contas entre todas as frases mais polémicas de Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos advogados, confesso claramente que o “Haver” pesa muito mais. É um homem com coragem, disso, penso, ninguém duvida. Além de mais, afirma publicamente o que a maioria pensa mas não diz. O problema é a facilidade com que ele dispara “generalidades” sem depois provar.
Certamente haverá quem diga que, no lugar que ocupa, tem todo o direito de dizer o que pensa. Outros dizem que não, e que exagera. Apesar de ter alguma dificuldade em pender para um dos lados, acabo, ligeiramente, só ligeiramente, como fiel de balança, a inclinar-me para esta segunda hipótese.
Agora a polémica está instalada em recentes declarações à TSF, em que o Bastonário afirmou que “os polícias vão aos escritórios de advogados, sem que haja qualquer suspeita sobre eles, unicamente para recolher elementos que possam interessar a algumas investigações, o que constitui uma prática própria de estados terroristas”.
Em resposta, o DCIAP, Departamento Central de Investigação e de Acção Penal, garante que houve mesmo mandado emitido por um juiz.
Mesmo apreciando Marinho Pinto, penso que extrapola o lugar para que foi eleito, e, por tanto disparar antibióticos, as forças a quem se destinam, naturalmente desenvolvem anticorpos e acabam por não serem molestadas minimamente.

Já agora, a talhe de foice, deixo as dez frases mais polémicas de Marinho Pinto publicadas pelo JN:

“Há pessoas que ocupam cargos de relevo no Estado português que cometem crimes impunemente”
DN, 27 de Janeiro de 2008

“Um dos locais onde se violam mais os direitos dos cidadãos em Portugal, é nos tribunais”
SIC Notícias, 27 de Junho de 2008

“98% dos polícias à noite estão nas suas casas. É preciso haver polícias na rua à noite fardados”
PÚBLICO, 27 de Junho de 2008

“Há centenas ou milhares de pessoas presas (em Portugal) por terem sido mal defendidas”
PÚBLICO, 27 de Junho de 2008

“Vale tudo, seja quem for que lá esteja, desde magistrados a outros juristas, não se pode falar em justiça desportiva, mas em prevalência manifesta de interesses e de poderes”
RTP, 8 de Julho de 2008

“Eu não discuto com sindicatos. Os sindicatos querem é mais dinheiro e menos trabalho”
RTP, 10 de Julho de 2008

“Alguns magistrados pautam-se nos tribunais portugueses como os agentes da PIDE se comportavam nos últimos tempos do Estado Novo”
RTP, 10 de Julho de 2008

“Estão-se a descobrir podres que eram inimagináveis há meia dúzia de meses. E não é por efeito da crise. É por efeito da lógica do próprio sistema. Parece que o sistema financeiro só funciona com um pé do lado de lá da legalidade”
JN, 28 de Dezembro de 2008

“Uma senhora que furtou um pó de arroz num supermercado foi detida e julgada. Furtar ou desviar centenas de milhões de euros de um banco ainda se vai ver se é crime”
JN, 28 de Dezembro de 2008

“Pelos vistos nenhum banco pode ir à falência”
PÚBLICO, 30 de Dezembro de 2008

A 404 DONNA ENCERROU



A 404 DONNA foi uma loja de pronto-a-vestir até ontem. Situada na Praça do Comércio, pegada ao também extinto estabelecimento TRAJE, resistiu até que pode. Ontem encerrou. Na porta, bem visível, um papel branco anuncia: ARRENDA-SE.
Por impossibilidade de poder falar com o proprietário, não sei exactamente os motivos, mas presumo que não serão muito diferentes de quem encerra. Ou seja, as poucas pessoas que transitam na Baixa e as poucas vendas aliadas à conjuntura económica pouco favorável.
Infelizmente, começa a fazer parte da paisagem urbana as montras entaipadas.
Como serviço público ou não, vou noticiando aqui no blogue todos os encerramentos que se dão e aberturas de novos espaços comerciais que acontecem. Como também já o escrevi, para mal de toda a zona histórica os encerramentos pesam mais na balança. Continuo a teimar nestes anúncios. Tenho esperança que quem decide e manda neste país –nomeadamente o Governo, através do Ministério da Economia- tome consciência de que este estado de lassidão não pode continuar. É preciso medidas de urgência para salvar os empregos familiares associados a estas pequenas lojas. Estes “pequeníssimos” comerciantes, normalmente com um quadro de pessoal de duas pessoas (marido e mulher) precisam de apoio urgente para que não encerrem os seus parcos meios de subsistência e caiam na mais ultrajante indigência.
Basta sermos um pouco egoístas: as cidades precisam das lojas abertas, a bem da segurança e vivencia comunitária. É difícil de ver isto?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A IDADE DA INOCÊNCIA




Há dias, mais concretamente na segunda-feira, dia 26 do corrente, o Director Nacional Adjunto da Polícia Judiciária do Porto, João Batista Romão, em entrevista ao Jornal de Notícias (JN), punha o “dedo na ferida”: “Há uma explosão de jovens a praticar crimes”. Complementava a entrevista peremptoriamente, de que “há cada vez mais jovens a enveredar pela delinquência”.
Ontem o Diário as Beiras, na rubrica “Portugal Centro”, contava que, em Anadia, vários garotos foram apanhados a furtar bicicletas. Continuando a citar o jornal, “Três miúdos com idades compreendidas entre os 13 e 15 anos, foram surpreendidos na tarde de sábado passado, no interior de uma fábrica de bicicletas em Sangalhos. (…) disse a mesma fonte policial, os três jovens “já tinham ido à empresa noutros dias”. Aliás, entre os dias 11 e 24 de Janeiro os rapazes terão ido à empresa “quatro vezes e terão retirado bicicletas e acessórios”. Mas, e para além destes três jovens, outros dois, com as mesmas idades, “já tinham estado na empresa e também foram identificados”, referiu ainda a mesma fonte”.
Se recuarmos até 2006, certamente, lembramo-nos da morte daquele transexual, de nome Gilberta, no Porto, ocasionada pela agressão gratuita de vários menores de uma instituição de Reinserção Social.
Penso que é ilustrativo o cenário futuro que se avizinha a médio e a longo prazo. Os encarregados de educação, por vários motivos, que não vou escalpelizar aqui, ou não querem, ou se sentem impotentes, ou devido à vida dos nossos dias não podem chamar a si a educação dos seus filhos. Como se sabe –já muito se escreveu sobre isso- delegam essa tarefa na escola. Esta, por sua vez, com a instabilidade crescente que a mina na resolução dos seus próprios problemas internos, não está em condições de chamar a si essa tarefa –que, quanto a mim, não lhe cabe por inteiro: a escola forma através da aprendizagem intelectual, ainda que não seja totalmente despiciente com a formação cívica, mas as bases desta educação cabem aos pais.
Ora, assim sendo, o que podemos esperar dos jovens? Sem querer parecer dramático, naturalmente, cada vez mais violentos e com uma sensação imanente de impunidade, como referia João Romão ao JN.
Perante este quadro, que de inocência não tem nada, o que fazer? Continuar a “chorar pelos cantos”, com lágrimas de crocodilo, culpando ora o sistema (a cultura), ora os professores, ora os pais? Ou, pelo contrário, admitamos que está na altura de nos deixarmos de paternalismos bacocos, pegarmos os “bois pelos cornos”, e, juridicamente, o legislador, tem obrigação de solucionar este grande problema social. E como? Pergunta-se. Uma das medidas fundamentais é baixar a idade da imputabilidade (16 anos), como quem diz baixar a idade da responsabilização perante a justiça.
Ainda há dias, responsáveis pelos Institutos de Reinserção Social vieram a público chamar a atenção para o ambiente de insegurança que se vive naqueles centros.
Claro que os obsessivos defensores de Direitos Liberdades e Garantias acham que esta proposta é um disparate. Mas convém lembrar que a Grã-Bretanha está a tomar medidas musculadas contra a delinquência juvenil.
Não referirei os Estados Unidos, que mandam para a prisão crianças com pouco mais de 10 anos. Não é este exagero que defendo. Mas, perante o que se assiste, faz todo o sentido baixar a fasquia da idade da inocência.

"CONTINUA "MORTO" DOIS MESES DEPOIS DE TER "RESSUSCITADO"




Segundo o Jornal de Notícias de hoje, “Um funcionário Público de Coimbra queixa-se de continuar “morto” dois meses após “ressuscitar” na Caixa Geral de Aposentações, organismo onde vai exigir o pagamento dos custos adicionais para o subsídio do funeral da mãe.”
“Qual não é o meu espanto quando, segunda-feira, na Loja do Cidadão de Coimbra, peço uma certidão de nascimento e quem me atende diz que estou como “falecido”, declarou à Lusa Nelson de Jesus Cabral”.

Sinceramente!, isto pode lá ser notícia de jornal? Onde é que está admiração? E depois apresentam estas coisas como fenómenos do Entroncamento.
Jesus Cristo não continua morto mais de dois mil anos depois de ter ressuscitado?

OS HOMENS NÃO SE MEDEM AOS PALMOS




Nesta foto do Diário as Beiras, Seabra Santos, magnífico Reitor da Universidade de Coimbra, parece um menino, no bom sentido da palavra, a mostrar que os homens não se medem aos palmos.

Por outro lado, ao ver este “menino” no meio dos dois “gigantes”,na passagem do testemunho da presidência da AAC, de André Oliveira para Jorge Serrote, veio-me à ideia o magnífico filme, “que está aqui num multiplex, num dos dois cinemas perto de si, “O estranho caso de Benjamin Button”. Vão ver este filme, é espectacular. Tem diálogos e monólogos com uma profundidade de se lhe tirar o chapéu.

O JUMENTO DO DIA

(PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS)


O Partido Comunista Português (PCP), com Jerónimo de Sousa à frente desta organização partidária, e depois de Carlos Carvalhas, teve-se uma leve esperança que o partido se tornasse menos dogmático na sua ortodoxia marxista-lenista, deixada pela cartilha paternal de Álvaro Cunhal. Infelizmente, para todos, para os próprios filiados (ou pelos menos para aqueles que o reconhecerem), para todo o espectro político-partidário, para o país, nada mudou. É um partido petrificado, onde a história recente do mundo nada ensina nem faz mudar de opinião.
O que está a acontecer com o presidente da Câmara Municipal de Sines, e depois do que aconteceu recentemente com uma deputada no parlamento, é uma vergonha. Quando é que este partido entende que não é dono das pessoas que concorrem a cargos elegíveis com o apoio do partido? Era altura do PCP entender que os eleitores votam nas pessoas e não cegamente nas organizações partidárias.
É com pessoas “tesas”, como Manuel Coelho, presidente da autarquia de Sines –que, contrariamente às orientações comunistas, recusa demitir-se-, que as coisas mudam. Pode ser que, assim, com esta posição extremada de Manuel Coelho, o PCP entenda que não estamos numa sociedade centralizada.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

EDITORIAL: A CULTURA DO SUCESSO




Comecei a trabalhar no comércio em 1973. Durante uma década, como empregado, assisti, como testemunha, à ascensão fulgurante do comércio tradicional. Assisti ao erigir de grandes fortunas pelos então “patrões à antiga”, onde a exigência de vender a todo o custo era o lema. Alguns deles, pessoas sem escrúpulos, passavam por cima de tudo e todos para atingir os seus objectivos. No geral, todos sabiam que eram uns crápulas. Mas mesmo assim eram admirados e tratados com deferência e respeito.
Quando morreram, há cerca de uma década, para além de imensos prédios e terrenos, deixaram aos seus filhos descendentes várias lojas na Baixa da cidade com várias dezenas de funcionários, alguns deles com quarenta anos de casa. Hoje, muitos destes outrora herdeiros ricos, estão na falência e já encerraram quase todas as lojas do grande império construído pelos seus pais. Para além de trágico, não deixa de ser curioso, metaforicamente, é como se o destino, embora já na segunda geração, fosse tomado de consciência dos actos perpetrados arbitrariamente, se tornasse justiceiro, e se encarregasse de “espalhar ao vento” a riqueza que, embora sem olhar a meios, tanto levou a construir.
Infelizmente, não são só estes “meninos nascidos em berço de ouro” que estão insolventes. Quase todos os meses assistimos à falência de alguém, da nossa rua ou de um beco próximo, que durante muitos anos primou connosco. Tomávamos café no mesmo sítio. Encontrávamo-nos na rua à mesma hora e, de vez em quando, trocávamos uma graça “picada” acerca do clube de futebol. Cada vez mais, no nosso meio comercial, são cada vez menos os rostos nossos conhecidos.
Por cada comerciante que cai, com a sua loja a encerrar, a nossa rua fica mais deserta e triste e a zona histórica, outrora a “jóia da coroa” da cidade, já de si desertificada, fica mais pobre e entregue aos menos de menos, que, cada vez menos, têm forças para poder resistir.
Sobretudo há dois anos para cá, como árvores de grande porte que se abatem no meio da floresta, os comerciantes vão caindo…mas sem estrondo. As árvores, pelo menos ao cair, fazem um grande barulho. Os homens-mercadores, como se atacados por um vírus dizimante, caem em silêncio. Ninguém se importa. Um pouco em exagero, em juízo de valor, é como se os restantes pensassem que “enquanto vai ele não vou eu”, ou então pensam: “caindo ele, é menos um que fica e agora vou vender mais”. Há aqui demasiado egoísmo associado. Se não, como entender esta apatia dos poucos que ficam e vão resistindo?
Ontem “caiu” o Jaime. Sem pompa, sem glória nem circunstância. Pensam que alguém se importou? Ninguém. Antes de falar com ele, falei com alguns colegas vizinhos acerca da tragédia que se abateu no seio do meu amigo Jaime. E o que ouvi da boca de muitos deles? “Não teve juízo. Ele serve para ser empregado, jamais para patrão. Não tem orientação. Tem o que merece”. De ninguém ouvi uma palavra de compreensão e de desvalorização para o desastre que se abate sobre a cabeça do Jaime. De ninguém ouvi uma palavra de apreço, ou dizer que o que lhe aconteceu é fruto da crise que vivemos e que todos, como roleta russa, estamos em fila. A maioria dos comerciantes, para além de narcisista, é sádica. Não perdoam o insucesso…desde que calhe aos outros. E se falo nisto é porque noutras situações idênticas o comportamento dos colegas é igual.
Não deixa de ser curioso porque na morte de alguém, que poderia ter sido um traste em vida, já se perdoa tudo. É como se fosse lavado com água-benta e, depois de morto, tudo lhe fosse perdoado e passasse a ser a melhor das pessoas que passou por este mundo. Neste culto da morte, creio, para além de cultural, tem muito de medo obsessivo associado. “Não venha o maldito incomodar a gente depois de morto. Pelo sim pelo não, o melhor é perdoar-lhe. Não vá o diabo tecê-las”, pensa o povo, enfaticamente.
Mas, insisto, por que somos tão intolerantes perante o insucesso de alguém?

UM COMENTÁRIO RECEBIDO



l u i s = deixou um novo comentário na sua mensagem "ENCERROU O JAIME":

É realmente triste. Também revoltante. Observei os últimos dias de portas abertas do "77", tive a oportunidade de observar ontem também o momento em que o espaço ficou "oco". Assim como igualmente observei o olhar do Sr Jaime, indescritível... A noite, coincidia com o momento: estava frio, muito frio. Faltam as palavras para descrever o que se sente a ver situações destas. E saber que outros "77's" estão em vias de fechar por aí, e nós a ver sem nada poder fazer. Não devia ser assim. Dói continuar a ver a baixa neste estado. Àparte deste caso em particular - obviamente não desvalorizando a situação social, ninguém deveria ser obrigado a fechar desta forma as portas! - não querendo ser mal interpretado com estas palavras, digo que deveria ser como o natural rumo das coisas: uns morrem, outros nascem. O principal problema é que na baixa, poucos nascem. Mas vão nascendo, com partos algo difíceis mas vão. Haja esperança!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

ENCERROU O JAIME




  O Jaime esteve estabelecido mais de vinte anos em sapataria. Começou a actividade por conta própria no Centro Comercial D. Dinis, em Coimbra. Ali permaneceu mais de uma década. A seguir, há vários anos, ficou com uma sapataria na Rua Eduardo Coelho número 77. Chamava-se Sapataria Modelo. Irónico, não é? “Modelo”, modelo de quê? Da apatia e deixa correr que se vive hoje no comércio?
Hoje encerrou.
O Jaime tem 57 anos. Ao longo desta maratona comercial perdeu tudo. Ou quase tudo. Desde a casa onde morava, que estava paga, até ao agora estabelecimento encerrado hoje.
Não é a primeira “estória” de comerciantes que acaba assim. Já escrevi aqui no blogue várias. Podem não acreditar mas custa-me escrever mais uma. É como se eu, ao contar, estivesse a entrar na vida privada de alguém que, ainda por cima, está mal, muito mal mesmo. Então, se calhar, interroga você, leitor: se é assim porque escreve? Pois! Realmente, quase não tem explicação. Mas, o que digo em minha defesa, é que escrevo para chamar a atenção. É como se, hipoteticamente e metaforicamente, pusesse os braços no ar a pedir ajuda. Sei que amanhã posso ser eu. Isto não está certo. Já sabemos que a vida é um risco e muito mais uma actividade comercial ou industrial. Mas, bolas!, uma pessoa que sempre trabalhou a vida toda –muitos anos por conta de outrem, numa grande sapataria aqui da Baixa- descontou para a Segurança Social, pagou os seus impostos até não poder mais, não devia acabar assim. Praticamente na miséria. O Jaime não tem direito a subsídio de desemprego e é muito novo para a reforma. Se optar pela pré-reforma, “vou receber meia dúzia de euros que me dá para comprar uma sandes diariamente?" –responde-me, na interrogativa, quando tento animá-lo. Mas é difícil animar alguém que está negro como a noite. Um homem não chora, diz o aforismo popular, mas este homem, se não chorou já durante muitas noites de insónia, amanhã, quando acordar e tomar consciência que não tem trabalho, vai chorar. Tenho a certeza.
“Só quem está nesta situação, sente”, verbera o Jaime, tirando umas palavras a custo lá do fundo da alma.
Alguém tem de fazer alguma coisa pelos “jaimes” deste país. Isto é uma afronta à dignidade da pessoa humana. É uma discriminação. Porque é que os empregados têm direito a subsídio de desemprego e um patrão não tem? Ainda estamos no PREC, quando os patrões eram todos capitalistas? Porca miséria. Merda para isto! Não tenho mais palavras para descrever o que sinto. Fico por aqui…

DENÚNCIAS CALUNIOSAS

(FOTO DO JN)

À pergunta do jornalista do Jornal de Notícias se há muitas denúncias anónimas, João Batista Romão, Director Nacional Adjunto da Polícia Judiciária do Porto, responde assim: “Passou-se ao exagero. Há muita denúncia que não tem fundamento. Que chega-se à conclusão que é tudo falso. Isso atrapalha processos importantes porque não há tempo. Não se consegue dar resposta.”
Em 100 denúncias, “Por regra, 80 não correspondem à verdade”.

Perante estes dados, surge uma pergunta: por 20% de denúncias verdadeiras e tendo em conta que os restantes 80% atrapalham, prejudicam e fazem perder tempo outras investigações, valerá a pena o Estado continuar a dar crédito a quem se esconde atrás da cobardia do anonimato?
O Estado de Direito, tal como a mulher de César, para além de ter de ser e parecer sério e “pessoa” de bem, deve dar o exemplo na ombridade. Pelo proveito próprio, não olhando aos meios para atingir os fins, não pode dar crédito, a qualquer custo, a quem não merece.
Bons cidadãos formam-se, com bons exemplos, verticalmente, de cima para baixo

"HÁ UMA EXPLOSÃO DE JOVENS A PRATICAR CRIMES"




João Batista Romão, Director Nacional Adjunto da Polícia Judiciária do Porto há cerca de um ano, numa entrevista ao Jornal de Notícias (JN) de hoje, “disseca o panorama actual da criminalidade”. Ao eleito director da PJ-Porto, magistrado, que, tal como o director Nacional –Almeida Rodrigues-, aqui em Coimbra se licenciou e morou muitos anos, “preocupa-o o aumento do crime violento –em consequência da crise-,agravado pelo facto de haver cada vez mais jovens a enveredar pela delinquência.”
Continuando a citar o JN, “Todos os dias nos apercebemos que, em todo o país, há um tipo de criminalidade violenta que está a florescer. A crise económica evidencia este fenómeno. Mas não é a única justificação. A própria resposta da justiça deve ser pensada ao nível da criminalidade juvenil. Temos uma função repressiva e o problema que estamos a assistir é uma explosão de jovens a praticar crimes com um sentimento de alguma impunidade. Sem pôr culpas a ninguém, questiono se temos um sistema adequado em termos de jurisdição de menores a trabalhar esta realidade antes da prática deste tipo de crimes? Por regra, antes deste tipo de crimes há pequenos delitos e sinais de desestruturação social. A explosão da criminalidade é a criminalidade juvenil.”
“(…) As últimas detenções são de gente muito nova. (…) Temos assistido a assaltos de um nível mais baixo, de restaurantes, de farmácias, de CTT, que antes seriam vítimas de furtos mas não roubos (com violência). Está-se a assistir a uma explosão de criminalidade violenta, mas ao mesmo tempo em termos de quantitativos são muito pequenos. É quase sustento para o dia-a-dia”.
“(…) Entra também o desemprego. Pessoalmente, penso que também entra a forma como foram construídos e delimitados alguns bairros sociais. (…) Aquando da construção não se pensou na segurança nem na facilidade com que a polícia pode intervir. (…) Aí, as referências são elementos que exibem carros e dinheiro, apesar de terem problemas de famílias desestruturadas, e não encontram outras referências sociais.”
“(…) Houve aumento na área do crime violento, nos assaltos.
À pergunta do jornalista se há muitas denúncias anónimas, responde João Romão: “Passou-se ao exagero. Há muita denúncia que não tem fundamento. Que chega-se à conclusão que é tudo falso. Isso atrapalha processos importantes porque não há tempo. Não se consegue dar resposta. Em 100 denúncias, “Por regra, 80 não correspondem à verdade”.

UM NOVO "JOÃO SEMANA"




Gostei ontem de ver o Vasco, o médico Vasco, na reportagem especial da SIC, sobre a pobreza em Portugal.
O doutor Vasco, há cerca de vinte anos a exercer medicina familiar na cidade da Guarda, é natural de Coimbra, mais propriamente da Sé Velha. Como o conheço há décadas sei os valores e o humanismo que transcende, mas, mesmo assim, gostei de o ver na televisão. Senti orgulho em ele ser natural de Coimbra. Fez-me lembrar o “João Semana”, do escritor Júlio Dinis, nas “Pupilas do senhor Reitor”, na sua figura de homem bondoso e abnegado, sempre ao serviço dos outros. Ou ainda “Retalhos da vida de um médico”, do também médico “João semana”, Fernando Namora.
A Dona Susana, a mãe, e o velho amigo Vasco Queirós, o seu pai -que há meia dúzia de anos partiu deste mundo-, onde quer que esteja, deve estar orgulhoso do seu primogénito herdeiro.
Foi bonito de ver.

ESTÁ BEM ABELHA!!



Hugo Duarte, militante do PS, organizou um jantar, do outro lado do rio, para desenvolver o debate em volta da cidadania. Segundo o “DC” e “as Beiras”, este geógrafo e professor “decidiu promover esta iniciativa para despertar consciências”.
É pena que para um debate de ideias, lendo a lista de nomes presentes no jantar no Diário as Beiras, só militantes do Partido Socialista e Bloco de esquerda tenham sido convidados. Será que a social-democracia dos partidos à direita do PS não têm ideias sobre a cidade dos estudantes?
A terminar a reportagem deste diário, diz Hugo Duarte que os próprios agentes políticos da cidade, “ao apostarem em manobras de diversão ao invés de discutirem o que é essencial”, ajudam a que as pessoas deixem cada vez mais de acreditar na política.
Fala bem o nosso amigo Hugo. Mas este discurso assenta-lhe no colo que nem uma luva.

sábado, 24 de janeiro de 2009

É PRECISO ATACAR OS ASSALTOS A JUSANTE





Como se sabe, diariamente somos bombardeados pelos media com dois assuntos: a crise e os assaltos contra a propriedade. Como da primeira já muito se tem falado e, nomeadamente, os economistas saberão como debelar este grande problema que mina a macroeconomia, vou falar da segunda questão, não por que seja especialista –quanto muito um generalista-, mas talvez por força da minha profissão possa opinar com algum conhecimento de causa, daquilo que se passa no “basfond”, nos meandros, da compra e venda de artigos antigos e usados.
O que se está a passar a nível nacional, acerca do ataque cerrado de roubos patrimoniais, exige, por parte das autoridades, uma resposta urgente e eficaz.
Filosoficamente, tudo começa a montante, na educação, já sabemos. Porém, num momento como este que vivemos, agora só actuando a jusante, ou seja, com a repressão penal.
Muito se tem falado que as recentes alterações nos Códigos penais, de Processo e Penal, com alteração das molduras penais, sobretudo na prisão preventiva de três para cinco anos, foram a contribuição maior para o aumento de criminalidade e o principal factor para o eclodir da violência contra o património. Porém, creio, como as coisas estão, tal é o grau de insegurança, que já virou psicose, é preciso tomar medidas contra quem compra objectos roubados. Tenho ouvido falar muito e lido no aumento de penas severas contra os autores materiais, neste caso contra os ladrões, mas nunca ouvi falar na punição severa dos receptadores.
Sejamos lógicos, raciocinando: se há tantos assaltos a estabelecimentos, casas particulares, igrejas, monumentos abandonados, como roubo de cantarias e azulejos, para onde vai o produto dos roubos? Alguém, uma minoria, à custa da maioria, está a encher-se. Como trabalho no “meio”, naturalmente, ouvem-se muitas “estórias”. “Que fulano está a encher-se à custa de ouro roubado que manda derreter imediatamente, a seguir à compra”. “Que sicrano compra e vende antiguidades a quem lhe aparecer, não está inscrito nas finanças, não paga um tostão de impostos”. Há quem diga ainda que nas feiras de velharias, no todo nacional, há muito boa gente a vender artigos roubados à vista de toda a gente. Fala-se ainda que a Internet, hoje, é a maior montra virtual para vender artigos surripiados. Aqui pode-se comprar tudo, e, na maioria das vezes, ao preço da uva mijona. É evidente que não pode haver uma brigada de polícias em todas as feiras de velharias. Além dessa impossibilidade, nos últimos tempos passou a fazer-se estas alegorias em qualquer aldeola do interior do país. Logo, naturalmente, é quase impossível controlar estes meios na totalidade. Mas não é totalmente impossível: basta que se obrigue todos os vendedores a estarem inscritos no fisco e a comunicarem as compras à Polícia Judiciária. O problema é que não é assim, embora a maioria dos vendedores nestas feiras sejam pessoas de bem e cumpram o estabelecido na lei, uma minoria não respeita. Claro que a responsabilidade última é dos promotores destes certames, mas, quase sempre, eles estão preocupados é com a festa e pouco com as suas consequências. Normalmente são os políticos das terras que organizam estas festividades. É bonito, fica barato e dá no olho dos eleitores.
Para quem não sabe, vou explicar como é que se processa o modo de adquirir legalmente um bem usado. Qualquer pessoa, com plenas capacidades cívicas, (que não seja inimputável; pela menoridade, de causa mental, de contumácia) pode alienar qualquer bem, desde que seja o seu legítimo proprietário. Acontece, como se sabe, os bens móveis não são sujeitos a registo –contrariamente aos imóveis-, logo o comprador (comerciante), como não é adivinho, e não sabendo se o vendedor é ou não o dono do bem, tem de estar salvaguardado de uma possível fraude de quem vende. Então, para que esteja “abrigado” pela lei, ao adquirir o bem, usado ou antigo, deve identificar o vendedor e, na semana seguinte, comunicar à Polícia Judiciária, através de impressos próprios, descrever o bem nas suas características e sem o alterar, e mantê-lo na sua posse –isto é, sem o vender- durante 20 dias. Passando esta data, sem que haja comunicação daquela polícia, o artigo pode ser alienado.
Ou seja, se o comerciante, hipoteticamente, adquiriu um bem furtado ou roubado, mas se o comunicou à polícia e cumpriu os trâmites legais, será constituído testemunha. Se adquiriu o bem, este era furtado, e não o comunicou e imediatamente o vendeu ou não, será constituído arguido, podendo ser acusado de receptação.
Mas também aqui no cumprimento processual há falhas. Por exemplo: os comerciantes, semanalmente, são obrigados a fazerem a comunicação dos bens adquiridos à Polícia Judiciária, no entanto, depois da última reforma da Administração Interna, quem investiga os furtos e roubos é a PSP. Logo, farão algum sentido as comunicações irem para uma polícia que não irá investigar os crimes subsequentes? Acho que não.
Depois há ainda outra coisa, quanto a mim, importantíssima: as polícias, quer a PSP, quer a Polícia Judiciária, nunca deram importância aos vendedores legalizados. Por outras palavras, entre estes vendedores e estas forças cívicas deveria haver uma comunicação diária, através de uma linha verde, de modo que se pudesse transmitir qualquer informação preciosa para a descoberta de um furto ou roubo. Mas não há. Estão de costas voltadas. Em juízo de valor, talvez porque os polícias considerem que todos os comerciantes são ladrões, por sua vez, os comerciantes consideram que os polícias são seus inimigos e não têm sensibilidade para acolher a informação, tratando-a com alguma subtileza, e depois transformam os comerciantes em testemunhas. O ser testemunha, sobretudo quando se trata de informação gratuita, implica ser ouvido em inquérito na polícia ou Ministério Público e depois ir a julgamento.
Para melhor se clarificar e entender o que digo, vou mostrar dois exemplos, um da PSP e outro da Polícia Judiciária:
Há dois anos, uma senhora minha amiga, moradora em Coimbra, telefonou-me a pedir informações sobre uma avaliação de vários bens para o seguro. A sua casa tinha sido assaltada na semana anterior. Nem de propósito, passados uns dias, uma das peças descritas por ela, foi-me apresentada para eu comprar no meu estabelecimento. Quando a vi, a minha intuição disse-me que estava na presença da peça furtada à minha amiga. Pedi ao vendedor se me podia deixar a peça durante meia-hora para eu pensar. Nesse prazo de tempo, liguei à senhora para que viesse depressa ver se era uma das suas peças. Veio rapidamente, e era mesmo. Disse-lhe então que fosse à PSP comunicar o facto e que aquela força policial apanharia o ladrão na rua, depois de eu dizer que não estava interessado. Assim fez a senhora e o homem foi apanhado numa rua destas estreitas. O que acontece é que no dia seguinte tinha, no estabelecimento, o meliante a ameaçar-me de morte e mais ainda: a PSP a constituir-me testemunha. Na semana seguinte, no Diário de Coimbra, em primeira página, “PSP apanha salteador de habitação”.
Outro caso relativo à Polícia Judiciária: há uns anos, um casal veio oferecer-me imensas peças de arte muito antigas. Contaram-me uma história que eu não acreditei e, obviamente, não comprei. No dia seguinte, ligou-me um inspector daquela polícia se eu tinha conhecimento de umas peças “assim e assado”. Eu disse que sim. Tinham-me sido oferecidas para comprar no dia anterior. Perguntou-me se eu seria capaz de reconhecer o casal e eu disse que sim. Fui à Judiciária, foram-me mostrados diversos livros com fotos (agora já é em computador), reconheci-os e nesse mesmo dia foram a casa dos suspeitos e recuperaram todo o espólio do assalto à casa de…Miguel Torga. Passado mais ou menos meio ano lá estava eu no tribunal (como testemunha) a perder quase um dia de trabalho.
Eu entendo, e levo à letra, que ser testemunha é uma obrigação cívica, mas quando se presencia um facto ou se está implicado, jamais quando por acessórias informações relevantes que levam à descoberta do crime. Ao procederem assim, as polícias estão a instigar as pessoas a não colaborarem.
Eu sei que me alonguei e abusei de si leitor, mas gostaria de deixar no ar de que é urgente aumentar as penas para os crimes de receptação, a bem de todos, como quem diz, de quem quer trazer a cabeça erguida, e sobretudo na desmotivação de adquirir qualquer artigo a qualquer preço.
Gostaria de terminar com um último desabafo: pode parecer que estou armado em bom e em “santinho de altar”. Se é isso que transmito, não é essa a intenção. Embora os evite, sou pecador e cometo erros como qualquer outro.
Se falo nisto…olhe é porque alguém tem de falar, se não como é que as coisas melhoram?

QUEM DEU O BEIJO NA ALVA ACIC PARA SÓ AGORA TER ACORDADO?


(ARMÉNIO HENRIQUES, presidente do sector comercial da ACIC)


“PEQUENOS COMERCIANTES EM SITUAÇÃO DRAMÁTICA”-Arménio Henriques, presidente do sector comercial e vice-presidente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, hoje, em entrevista ao Diário as Beiras.


Só agora é que a ACIC acordou? Não é por nada, mas há dois anos que ando a chamar a atenção para este facto, quer neste blogue, quer em “cartas ao leitor” no Diário de Coimbra e no Diário as Beiras.
Tenho sido apelidado de vários cognomes, desde “agitador”, que, ao denunciar o encerramento de estabelecimentos, quero o mal da Baixa”; “que ao denunciar publicamente os vários assaltos (de que também fui vítima) na zona histórica estou a dar cabo do comércio”; “fazedor de política-partidaria” -engraçado, paras uns sou a favor do PSD, para outros do PS e para outros comunista –interessante, muito interessante mesmo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

ARRENDAR CASA EM COIMBRA



Uma senhora minha conhecida anda há vários dias à procura de uma casa, em Coimbra, para arrendar. Segundo o seu testemunho, uma grande maioria de proprietários não faz contratos de arrendamento. É tudo pela “chucha calada”. Ora isto está mal, sobretudo quando a necessidade de habitação é fundamental.
Argumentar que o actual Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) é um aborto legislativo, já não é novidade nenhuma. E porque é que é um aborto, interroga você? Olhe porque uma lei, para ser merecedora desse nome, o seu princípio major, deve respeitar a equidade inter-partes. Nesta lei, consagrando demasiadas garantias para uma das partes (os inquilinos) em detrimento dos direitos dos senhorios, em vez de lei passa a ser qualquer coisa abjecta, iníqua, injusta, e que não merece qualquer respeito no ordenamento jurídico.
Está a pedir-me exemplos? Há vários; por exemplo, contratualizar-se com uma pessoa e, após a sua morte, poder transmitir-se a outros, sem que o proprietário se possa opor. Há aqui, nitidamente, um atentado ao direito de propriedade. Vou dar outro: contratualiza-se uma habitação legalmente. O inquilino paga dois meses e a partir daí nunca mais pensa em liquidar qualquer prestação. O senhorio, para reaver um bem que legitimamente é seu, intenta uma acção de despejo que pode levar anos. Pode acontecer também o incumpridor, que não paga durante anos, à “boca do julgamento” ressarcia o senhorio com mais 50% do total das rendas e, juridicamente, extingue-se a acção do proprietário. Podia mostrar-lhe muitos mais exemplos.
Mas calma! Eu estou apenas a dizer que é urgente agilizar a relação bilateral entre senhorios e inquilinos. Não estou a dizer que concordo com as situações que se estão a passar em Coimbra e certamente no país. O que quero dizer é que numa sociedade de mercado, em que a liberalização impera, não faz sentido haver um Código Substantivo a regular uma contratualização que deveria ser discutida livremente entre as partes. O Estado ao intervir, ainda por cima pessimamente, só complica. Com a obsessão de tudo controlar, através da lei, tendo por fundo a fiscalidade, acaba por acontecer o contrário. E o mais grave, é a sua contribuição para petrificar um mercado que, naturalmente, deveria ser dinâmico. As consequências estão à vista de todos.
Mas uma coisa é a denúncia pública a favor da interrupção do aborto legislativo que é o NRAU; outra coisa é, a coberto do argumento de que este regime não serve, haver proprietários que se aproveitam da fragilidade de quem está necessitado de casa e não lhe garante o cumprimento da palavra. Sim, porque estas pessoas recebem o sinal, ou os dois meses, e nunca escrevem nada para não se comprometerem.
Lanço aqui o repto aos jornalistas que lêem este blogue: porque não fazer um trabalho de investigação? Afinal nem é muito difícil, basta apenas telefonar para os anúncios.

"PISO DA ALTA MAIS SEGURO"





Segundo o Diário de Coimbra, de 21 deste mês, “O Gabinete para o Centro Histórico da Câmara Municipal de Coimbra só está à espera do parecer do IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico) para avançar com a primeira fase de um conjunto de intervenções que pretende tornar o piso da zona da Alta do Centro Histórico, nomeadamente entre o Arco de Almedina e a Sé Velha, mais seguro e menos vulnerável às frequentes quedas.”
Está em marcha mais um atentado ao património da cidade. Eu sou um leigo na matéria e ainda mais na cultura, mas penso que não é preciso ser “expert” para ver que se prepara mais uma tremenda asneira. Estando há vários anos a ser preparada a candidatura à Unesco da Alta da cidade a património mundial, pergunto-me, como é possível não verem que esta alteração será uma profunda adulteração à paisagem urbana desta zona monumental?
Argumentar que as quedas são frequentes pela falta de aderência do piso é um raciocínio com tanta falta de imaginação que até mete pena.
Afinal o que quer o Gabinete para o Centro Histórico? Quer uma zona monumental velha, com um casario de vários séculos e monumentos medievais, com pisos novos, em calçada portuguesa e lajes de granito? -continuo a dizer, e não levem em conta o que estão a ler porque eu não percebo nada de construção civil. Além de mais, será lógico e terá algum cabimento, em nome da comodidade, ir-se substituir um calcetamento em pedra calcária com vários séculos por umas inestéticas passadeiras modernaças?
O que se passou aqui na Baixa, se quem manda estivesse atento, daria para ver que foi um tremendo erro a substituição das ancestrais pedras calcárias por troca de calçada portuguesa misturada com lajes de pedra branca, há cerca de uma década, ao abrigo do programa Procom. A diferença entre custo e benefício salta à vista, pesando mais o primeiro. Basta olharmos para o chão, ao longo das ruas estreitas, para vermos grandes crateras na calçada e imensas lajes de pedra calcária quebradas. Têm sido imensas as quedas de transeuntes a tropeçar nestas armadilhas. Algumas, com gravidade, tiveram de receber assistência médica.
Economicamente, estas substituições e manutenção serão um desastre financeiro para a autarquia. Basta atentar e interrogar o custo de substituição das imensas lajes de pedra, no ano passado, nas Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz e Praça 8 de Maio. Falando nesta praça…o piso foi o pior arranjo urbanístico que se fez na cidade no último século. Tentem passar lá por estes dias de chuva com sapatos de sola e verão o que estou a dizer: para se conseguir andar, só se for passo-entre-passo, muito devagarinho, caso contrário escorrega e dá, como se diz na gíria, um valente “bate-cú”.
A mudança para este lajeado foi simplesmente criminoso. E quando refiro esta terminologia não é por acaso: uma senhora minha conhecida, de Almalaguês, logo a seguir às obras nesta praça, numa das rampas, escorregou, bateu com a cabeça e veio a morrer no hospital. A família, pelas dificuldades em provar o nexo de causalidade, entendeu não levar o caso a juízo, mas ficaram sempre na convicção de que o desaparecimento precoce do seu familiar se deveu aquele horrendo projecto arquitectónico de um arquitecto de renome que olvido intencionalmente. Como se sabe, depois disso, e ao longo dos anos, estas rampas já levaram tantas “plásticas” para as tornar seguras que mais parece a saga do Mikael Jakson.
Os antigos, os nossos ancestrais, aqueles cujos corpos foram enterrados em igrejas, devem estar a rir-se de tanta pacovice e falta de inteligência destes “arquitectos” modernaços, cujo objecto da sua existência consiste em só pensar na comodidade e aderência de quem passa. Mas se as cidades, nas suas zonas velhas, estão cada vez mais vazias de transeuntes para que serve substituir um piso por outro?

O JUMENTO DO DIA


(A HOMENAGEM DE HOJE VAI PARA O TÍTULO ENGANADOR DO "SOL ONLINE")


O TÍTULO DA NOTÍCIA:

Internet
Universidade de Coimbra é 14ª mais procurada da Europa e a 43ª do mundo


E O CORPO DA NOTÍCIA:

A Universidade de Coimbra (UC) é a 14ª universidade europeia com maior visibilidade e presença na Internet e a 43º do mundo, segundo o mais recente ranking do International Education Directory of Colleges and Universities (4ICU), foi hoje anunciado

4º ASSALTO AO ANOITECER



O Senhor Rui Silva é o proprietário da Tabacaria Papyrus, na Avenida Fernão de Magalhães, mesmo ao lado dos Bombeiros Voluntários.
No mês de Dezembro, último, foi assaltado três vezes durante a noite. No primeiro, não conseguiram arrombar a forte grade de ferro e nada levaram, para além dos prejuízos materiais. No segundo assalto, para além de terem levado a Máquina Registadora, levaram 1500 euros em tabaco e vários outros artigos. No terceiro assalto, também em Dezembro, levaram mais de 1000 euros em tabaco.
Para sorte dos meliantes o alarme da Securitas Direct, que, para além de estar ligado à PSP, tira automaticamente fotos do intruso, não funcionou.
Neste Domingo último, dia 18 de Janeiro, às 20 horas, mais uma vez o Rui Silva foi assaltado com o mesmo “modus operandi”. Ou seja, rebentamento de grade de ferro, destruição de tudo o que se oponha e roubo de material. Desta vez foram cerca de 900 euros, entre tabaco e outros artigos.
Mas, felizmente ou talvez não, desta vez foi diferente: o alarme funcionou em pleno e apanhou em cheio o salteador, que, diga-se a propósito, é sobejamente conhecido da PSP. Aliás, já tinha sido dado como suspeito, por uma testemunha e pela foto do alarme da Securitas Direct –embora esta fotografia não ficasse clara-, no último assalto a “O Encanto da Freiria” e outros assaltos aqui na Baixa.
Era altura da Polícia de segurança mostrar serviço e prender este energúmeno. Dito com toda a franqueza, porque conheço e sou amigo de alguns polícias, sei o quanto são competentes, e sinto nas suas palavras o desânimo e a frustração, o quanto se debatem nas teias da lei. Perante as últimas alterações penais, sem ser em flagrante delito, é extremamente difícil levar a juízo um suspeito. Por isso, nem me admira que neste caso da Tabacaria Papyrus o juiz não considere procedentes as provas obtidas pelo vídeo da empresa de segurança.
Ainda que tenha algo que transcende a compreensão do cidadão comum, ou melhor não se consegue entender, a verdade é que a jurisprudência tem seguido a regra de que se as imagens foram obtidas sem consentimento do visado ou sem mandado judicial são consideradas nulas. Se também neste caso, assim for, confesso, em jeito de brincadeira, como o meu trabalho me rende muito pouco e tenho dificuldades, vou mas é virar para o gamanço.

UM ALERTA DE CONVOCAÇÃO RECEBIDO PARA QUE SE PRESERVE O CHOUPAL



NÃO MATEM A MATA NACIONAL DO CHOUPAL EM NOME DA MODERNIZAÇÂO

Assunto: MOVIMENTO CÍVICO - PLATAFORMA CHOUPAL PF DIVULGUEM!

NÃO MATEM A MATA
Como resposta ao "licenciamento administrativo" do novo traçado do IC2 na Cidade de Coimbra, que obriga a uma nova travessia do Mondego entre a Ponte Açude e a Ponte Ferroviária, cuja consequência imediata, mas não única, é a amputação de parte da Mata Nacional do Choupal, um conjunto de cidadãos entendeu organizar-se com o objectivo de, por um lado, demonstrar o quão graves são as consequências deste projecto para Coimbra e para Portugal, e por outro, para através de um conjunto de iniciativas cidadãs pressionar os poderes públicos responsáveis pelo projecto, ou seja, o Governo e a Câmara Municipal de Coimbra, para não avançarem com o mesmo.
Neste sentido, informamos que no próximo dia 15 de Fevereiro, Domingo, entre as 11 e as 16 horas, se realizará na Mata Nacional do Choupal uma concentração cidadã que contará previsivelmente com a presença de largas centenas de pessoas para as quais a consumação das obras inerentes à solução prevista representa um grave atentado à sua cidadania, entendida enquanto identidade pessoal, construção de sentido de comunidade e direito à participação efectiva na decisão de afectação de recursos públicos.
A apresentação pública e detalhada dessa iniciativa ocorrerá na Casa Municipal de Cultura, no próximo dia 29 de Janeiro pelas 21 h numa sessão de esclarecimento que contará com a intervenção específica de cidadãos que sobre esta matéria se têm publicamente debruçado e na qual será igualmente apresentada a página web que suportará a comunicação e a informação desta plataforma cívica.

Coimbra, 20 de Janeiro de 2009

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

COIMBRA É UMA LIÇÃO NO ESVAZIAMENTO DE SERVIÇOS



Depois da nova entidade do Turismo ser transferida para Aveiro, segundo o Diário de Coimbra (DC) de hoje, segue-se-lhe a Direcção Regional de Economia e também para aquela cidade.
Citando o jornal, “É oficial. A sede da Direcção Regional de Economia do Centro vai deixar Coimbra e instalar-se em Aveiro. O Conselho de Ministros aprovou ontem um decreto regulamentar que identifica a sede de cada uma das cinco direcções regionais e, no caso do Centro, a mudança foi oficializada para Aveiro”.
Bolas! Já chateia. Não sei de quem é a culpa, ou –nem quero acreditar nisso- se, deliberadamente, há uma intenção de esvaziar a cidade de serviços. Uma coisa é certa, nos últimos tempos, estamos a sentir demasiadas deslocalizações. É a cidade que está a perder importância no contexto nacional? Não sei, nem quero fazer juízos de valor. Mas que incomoda, incomoda.
Nos media é a mesma coisa: Começou pelo jornal Público a acabar com a página “Centro” e praticamente com a delegação na Rua Corpo de Deus; depois seguiu-lhe as pisadas a TVI, acabando com a delegação na cidade. Actualmente, dentro do jornalismo diário, para além dos locais, “as Beiras” e do “DC”, quem faz a “cobertura” da cidade e o transmite a nível nacional é o Jornal de Notícias, mas a verdade é que andam para aí “zunszunz”, em forma de zumbido, de que pode deixar de o fazer. Oxalá não aconteça. Pela cidade, e pelos seus bons jornalistas, que são vários, mas estou a pensar particularmente na Carina Fonseca, que “é uma força” na escrita, descrevendo com paixão a “nossa” Coimbra. E, sobretudo, no seu interesse em divulgar a cultura, entrevistando e descrevendo profissões em desaparecimento, aqui na região de Coimbra. Tem sido graças ao seu trabalho que alguns artesãos, mestres no saber de antanho, em vias de extinção, esquecidos e abandonados, já foram mostrados na televisão, como foi o caso, há dias, do senhor Victor Eliseu, um dos poucos oleiros a trabalhar na cidade de Coimbra e que também tenho o prazer de conhecer.
Precisamos de muitas “carinas” com a mesma força da Carina, a bem da cidade, a bem das profissões tradicionais em vias de desaparecimento, e da sua representatividade nacional.

O JUMENTO DO DIA




“O que o Bloco diz, não se escreve e, como tal, qualquer pedido de comentário sobre problemas levantados por este partido terá do presidente da Câmara a mesma declaração” –Carlos Encarnação respondia assim ao jornalista António Alves, do Diário as Beiras, onde se pode ler no jornal de hoje.

Sinceramente, como cidadão, lamento profundamente esta postura arrogante do presidente da Câmara Municipal de Coimbra perante um partido legitimamente eleito e representativo do povo de Coimbra.
Estou à vontade para o fazer, não pertenço nem a este nem a outra qualquer força política partidária. Mas, com franqueza, incomoda-me esta falta de respeito.
Pensei que tais atropelos “verborreicos” só aconteciam na Madeira, mas, pelos vistos, o PSD está cheio de caciques, que, com a sua postura, deveriam era estar a governar em África. Isto, claro, se os aceitassem lá, o que duvido.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

ASSALTO À BOMBA




Segundo o Diário as Beiras de hoje, em título de primeira página, “Assalto com pistola só rendeu 200euros”.
Em subtítulo, “Dois homens, de capacete na cabeça e com uma pistola, assaltaram ontem uma bomba de gasolina na Avenida da Lousã, fugindo com cerca de 200 euros”.
Salienta-se que este é o segundo roubo no espaço de três meses neste posto de combustível.

(Pergunta de algibeira: o fraco “rendimento” ficou-se a dever a quê? Seria à pistola? Seria aos homens? Seria à gasolineira? É tudo uma questão de semântica)

A CIDADANIA EM CHEQUE




Segundo o blogue “O Sexo e a Cidade”, ontem, na Loja do Cidadão, no posto de atendimento da Câmara Municipal de Coimbra/Águas de Coimbra, haviam 107 pessoas em fila de espera para ser atendidas.
Há qualquer coisa que não bate certo neste “Simplex” administrativo.

AFC FOI PARA TAVEIRO?



Segundo o blogue “O Sexo e a Cidade”, a Associação de Futebol de Coimbra, com sede até há pouco aqui na Baixa, na Rua Ferreira Borges, com um grande remate “à Ronaldo”, foi transferida para Taveiro.
Em jeito de brincadeira, e usando o mesmo tom brejeiro do blogue citado, será que este “pontapé” na Baixa, visava um traseiro “nosso conhecido” e foi uma espécie de palmada de luva rosa no laranja? Ou foi a forma de Horácio Antunes mostrar o seu descontentamento a Carlos Encarnação por não terem sido colocadas câmaras de “vídeo-de-tapar-o-sol-com-a-peneira” na sua rua? Uma vez que a AFC foi assaltada ainda há pouco tempo, até se entende. Mas há uma coisa que se está a esquecer: se a premonição de José Simão, o presidente da junta Santaclarense estiver certa, com a futura instalação do “olho do Grande Irmão” na zona histórica, os valdevinos que por aqui andam no gamanço vão todos direitinhos para as outras bandas de lá do rio.
Depois há outro pormenor que o ex-governador civil se esqueceu: se fizer o histórico cronológico dos assaltos na Baixa desde há dois anos para cá, verificará que, pelo menos na zona histórica, o criminoso volta sempre ao local do crime. Há vários exemplos: a “Tasca da Graça”, assaltada 16 vezes; fotógrafo Victor Ramos, assaltado 14 vezes; a “Frutaria Teresa Santos, assaltada 10 vezes; Restaurante Snack-bar Arcada Avenida, assaltado 8 vezes; a firma José Geraldes de Almeida, Lª, assaltada 7 vezes; o “Pedrosa”, assaltado 5 vezes: o “Encanto da Freiria, assaltado 3 vezes; “Tabacaria Papyrus”, assaltada 3 vezes; “Tabacaria da Helena”, assaltada 2 vezes; “Moura dos carimbos”, assaltado 2 vezes.
Em suma, de pouco lhe serviu a mudança. Não é que lhe deseje mal –o diabo seja surdo, mudo e tetraplégico, acompanhado do sinal da cruz- pela alma da minha avozinha.

"OS FILHOS CHULOS" (MIGUEL ESTEVES CARDOSO)




«Ainda bem que a União Europeia foi estudar em que países, segundo os pais, os filhos são mais felizes. Regra geral, é nos países mais ricos que os pais acham que os filhos estão melhor. Nos pobres, é o oposto. Faz sentido.
Excepto em Portugal. Aqui, apesar da pobreza, achamos que os nossos filhos são felizes. Fazem o que querem e é raro ficarem tristes ou em casa: são rebentos que rebentam de tanto frutificar. Estão no Paraíso. Com uma excepção: a escola. Essa cabresta. Aí, acham os paizinhos, não estão nada bem. É que puxam muito por eles.
Insistem que estudem. Não compreendem que só se é novo uma vez. Como contou Catarina Gomes no PÚBLICO de sábado: "Inquiridos sobre o bem-estar dos filhos na escola [as respostas dos] pais portugueses estiveram muito abaixo da média europeia."
Ainda bem que os filhos portugueses foram denunciados. São a esponja da nação. Absorvem toda a riqueza nacional. Sugam-na até ao tutano.
Desde crianças que são mais bem vestidas do que os pais. Não largam o ninho antes dos 30. E, mesmo assim, só com aliciantes. Ser filho é a grande profissão nacional. Não trabalham; não estudam; não dão satisfações. Não pagam renda; não deixam gorjetas; não gastam senão o essencial. São bilionários do egoísmo e do bel-prazer.
É a condição dos pais que arrasta Portugal para a pobreza, pela miséria que resta do financiamento da filharada. Ao menos que saibam que valeu a pena e que não há na Europa filhotes mais felizes. Ao menos isso.» [Público assinantes]

Por Miguel Esteves Cardoso no Jornal Público de ontem.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

CENSURA PRÉVIA NOS BLOGUES É REGRA?



Alguns comentários que já recebi, acusando-me de censor, foi exactamente pelo facto de antes de os inserir, obrigatoriamente, os ler. Como se diz vulgarmente: passar pelo crivo. Acontece que as poucas pessoas que expressaram essa opinião, algumas vezes a raiar o insulto, o fizeram na qualidade de anónimos. Saliento que mesmo assim sempre os publiquei.
Vamos por partes: eu dou a cara. Logo, por incrível que pareça, quem me acusa de censurar, ou obstaculizar a liberdade, esconde-se atrás do anonimato. Então é caso para interrogar que conceitos de liberdade responsável farão estas pessoas? Sem demagogia –pelo menos para mim- a liberdade pressupõe frontalidade, isto é, seja para o que for, as pessoas deveriam ser obrigadas a identificar-se. Essa premissa, fundamental da liberdade, para começar, deveria estar consignada na lei. O Estado nunca deveria admitir denúncias anónimas. Afinal não era esta a norma do Estado Novo? Sempre que não se gostava de um vizinho denunciava-se à PIDE como perigoso agitador. E hoje, em democracia, o que faz este Estado de Direito? Exactamente a mesma coisa. Ou seja, presta-se a ser o instrumento vingador de pequenos ódios pessoais.
Voltando à Web, e ao caso dos blogues. Pelo menos para mim, o meu humilde blogue www.questoesnacionais.blogspot.com é, como chamo, a minha gaveta interactiva. O que quero dizer com isto? Que esta “gaveta” cibernética é o meu cantinho especial, onde “arrumo” os meus escritos. Pode até, para alguns, não prestar para nada, mas, para mim, apesar de o compartilhar, é muito pessoal e importante. Assim sendo, penso, já dá para ver que se eu “permito” que entrem e vasculhem à vontade tudo o que escrevo, sobre o que penso, acerca de mim e de outros, é mais que legítimo que exija que quem cá vem o faça dentro das regras que eu, dentro do meu direito natural, criei. Volto a lembrar que, ao escrever, dou a cara e responsabilizo-me pelas minhas opiniões justas ou injustas acerca de outros. Não o faço a coberto do “encapuzamento”, ou atrás da cortina.
Como já tenho mais de meio século, embora admita que é um argumento pouco sustentado, como já venho lá de longe, do “tempo da outra senhora”, em que a liberdade era o prius fundamental da luta contra o fascismo. Quem a invocava tinha um respeito e uma deferência como se estivesse perante uma divindade. Mas havia mais, sabia-se que a liberdade implicava directamente responsabilidade. Liberdade, quando implica outro, não pode ser libertinagem e fazer o que apetece. Liberdade é a filosofia da vida, individualmente (sozinho), ou em comunidade. Mas quando em sociedade, “usar” a liberdade é ter noção de que é um bem escasso –contrariamente ao que se pensa-, e que a devemos “utilizar” com peso e medida. E mais: ter sempre presente que a “minha” liberdade acaba onde começa a do outro. Esta era (e continua a ser) uma das premissas do Direito Natural, imanente ao homem e em contraposição ao caos, que, não tendo leis escritas, as suas obrigações e direitos assentavam nos costumes. Ainda hoje acontece em África, e não só, onde o respeito pelo outro assenta na sã convivência e os conflitos são dirimidos e julgados pelo ancião mais velho da comunidade. Claro que estas sociedades antigas são profundamente hierarquizadas, o que se por um lado as torna pouco dinâmicas, comparativamente com as sociedades desenvolvidas, por outro, o respeito, através dos pilares hierárquicos, é mais facilmente imposto de cima para baixo, como pirâmide, do vértice para a base. Nas sociedades desenvolvidas, ditas democráticas, contrariamente às anteriores, em nome da igualdade, desaparecem as hierarquias e a liberdade, de baixo para cima, invade toda a esfera societária. O problema é conseguir fazer a gestão dessa liberdade sobretudo quando se pensa que em seu nome tudo se pode fazer e invadir sem restrições qualquer espaço privado ou público.
Voltando ainda à Internet, a bem e em nome da sua respeitabilidade, é minha profunda convicção de que num futuro muito próximo ninguém conseguirá esconder-se atrás de um pseudónimo. Por muitos grandes passos gigantes que se tenham dado, ainda há muito para fazer no campo da responsabilização individual e colectiva nas ondas cibernéticas. Ainda não se sabe muito bem onde começa e acaba o “privado” e o “público”.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

CÂMARAS DE OPINIÃO



Tenho de confessar que gosto de ler as crónicas de João Silva, quer no “DC”, quer no “Campeão” -evidentemente que esta apreciação é de somenos importância para o visado. Naturalmente, dentro do campo opinativo, a meu ver, muitas vezes é injusto. Mesmo no campo político-partidário, chega a sê-lo com os seus correligionários, “compagnons de route”. A nível local, chego a compará-lo com Pacheco Pereira.
Desta vez, com a sua crónica de hoje, com o título “Escondidos atrás das câmaras”, no DC, exagerou. Disparou em todas as direcções. Começou por afirmar que “Tudo o que foi bem audível foi o alarmismo, em especial do presidente da Câmara, sobre a insegurança na Baixa, que se transformou na maior operação de marketing negativo de que esta alguma vez foi alvo”.
Embora não precise da minha defesa, gostaria de mostrar que se de alguma coisa Carlos Encarnação pode ser acusado é exactamente o de não ter feito nada contra a insegurança que se vive na Baixa –porque ela existe durante a noite. Só nos meses de Novembro e Dezembro, últimos, foram perpetrados 17 assaltos, incluindo o furto do Menino Jesus. Se assim não fosse como entender a reunião urgente marcada por Luís Vilar, em 3 de Novembro, com o Governador Civil, Henrique Fernandes, para apaziguar os ânimos de quatro dezenas de comerciantes que compareceram na reunião do executivo, e, no dia seguinte, este ter-se comprometido com os empresários presentes e as suas representações institucionais, ACIC e APBC, no âmbito do “Contrato Local de Segurança”, para no prazo de um mês lhes prestar esclarecimentos das suas “demarches”, como moderador, entre o presidente da Câmara, as instituições de apoio social e a PSP?
Continuando a comentar o texto no DC, escreve João Silva acerca do definhamento da Baixa”: “Mas a solução não deixa também de reflectir uma postura de desresponsabilização institucional e colectiva” –aqui, certamente, para além da Universidade, culpa também os seus camaradas de partido. “Por isso, para além da Câmara o estado a que a Baixa chegou é também culpa da ACIC e de muitos comerciantes que se demitiram de procurar novas soluções de modernização e de competitividade, evidenciando uma enorme falta de capacidade de união e de luta pelo objectivo estratégico comum –realização dum comércio tradicional de qualidade. Obviamente que o enfretamento de poderosos empresários, que apostam num comércio massificado e estandardizado, exigiria uma atitude de grande unidade, criatividade e inteligência (…)”.
“Depois é culpa dos próprios cidadãos de Coimbra, particularmente daqueles que com conhecimento e capacidade económica se afastaram da Baixa e do comércio da cidade (…)”.
Entrar em contradição no próprio texto também é normal a quem escreve e também acontece a João Silva: “Finalmente as forças de segurança não estão isentas de culpas, concretamente a PSP, que nunca encarou a segurança na Baixa como uma questão específica e prioritária”. Como se vê, neste parágrafo, o antigo edil do PS admite que há mesmo insegurança, mas a culpa da decadência do comércio, da segurança e da Baixa em geral é sempre dos outros. Esqueceu-se de um pormenor importante -que também acontece a quem escreve- em 1993, aquando da inauguração da primeira grande superfície em Coimbra, o Continente, João Silva era vereador executivo de Manuel Machado. Já agora, aquando da discussão e aprovação daquela mega-estrutura comercial, por acaso, votou contra?