quinta-feira, 31 de março de 2022

ANADIA: PRESIDENTE COM ORELHAS A ARDER NÃO DIZ UM AI

 

(Maria Teresa Cardoso)




Ontem, Terça, e hoje, Quarta-feira, Anadia esteve nas bocas do mundo. O programa “Linha Aberta”, na SIC, de Hernâni Carvalho, apresentou dois assuntos que preocupam a população do concelho.

No primeiro caso, na Terça-feira, foi mostrada a indignação dos habitantes de Vilarinho do Bairro e de São Lourenço do Bairro sobre os malefícios causados nas suas casas e terras de cultura por uma destilaria de enormes dimensões e a laborar 24 sobre 24 horas, cujo problema ambiental se arrasta há 11 anos, alegadamente, perante a indiferença da Câmara Municipal e das autoridades competentes. “O cheiro torna-se tão intenso que não se sente o cheiro a terra e sim a bagaço, até as plantas e as árvores estão castanhas e queimadas”, enfatizaram.

Hoje, Quarta-feira, foi sobre um cruzamento onde os acidentes se sucedem e em que a população reivindica a construção de uma rotunda.

O que mais chamou a atenção foi, num aparente desligamento, não aparecer ninguém a dar a cara por parte da autarquia, a comentar as duas situações que legitimamente preocupam os moradores da zona bairradina.

Relembra-se que a actual presidente da Câmara Municipal de Anadia é Maria Teresa Cardoso, reeleita pelo MIAP, Movimento Independente Anadia Primeiro. A cumprir o terceiro mandato, venceu as últimas eleições autárquicas com 45,34% dos votos. O MIAP elegeu 4 vereadores para a Câmara Municipal, obtendo a maioria, contra 2 do PSD e 1 do PS.

Também com maioria na Assembleia Municipal, no último Setembro, elegeu 10 deputados, contra 7 do PSD, 3 do PS e 1 do PCP/PEV. Ganhou 7 juntas de freguesia, perdendo 3 para o PSD.

terça-feira, 22 de março de 2022

MEALHADA: HOJE, HOUVE REUNIÃO DE CÂMARA (2)

(imagem espectacular do jornal online Bairrada Informação)


 

No Salão Nobre da Câmara Municipal, nesta Segunda-feira, 21 de Março, com os raios solares a banharem os representantes eleitos pelo povo, o ambiente era calmo e sereno. Embora vestidos informalmente, parecia um dia de festa naquele velho salão do vetusto edifício. Quanto mais não fosse pela transmissão em “streaming”, via YouTube, a verdade é que a mesa central, assente numa espectacular carpete de Arraiolos, parecia pronta para receber convidados. 

Levando o seu grito desesperado ao mais alto decisor político do concelho, acabaram de intervir quatro munícipes para verem resolvidos pequenas dificuldades pessoais e comunitárias. Sem sinal da cruz nem ajoelhar dobrando os joelhos (genuflexão), mesmo pedindo desculpa pela inexperiência e falta de termos apropriados, foi dito por um dos interventores, com humildade misturada saudavelmente num necessário orgulho de poder falar em liberdade, todos expuseram as suas preocupações com altivez, mas agradecendo no fim a atenção recebida. Quanto mais munícipes intervierem neste fórum executivo, assim como na Assembleia Municipal, órgão deliberativo, maior será a vitalidade da democracia participativa, maior será a confiança recíproca entre governantes e governados. 

E entramos na Ordem do Dia, com 17 pontos em discussão. 

Como habitualmente a começar na aprovação da acta anterior, sem grandes pedregulhos no caminho, todos, aparentemente sem enfado, se propuseram a vencer a longa lista. 

Com o ponto 3, Associação Rota da Bairrada - Quota Extraordinária”, a gerar uma pequeníssima celeuma por o presidente da associação ser familiar de um dos presentes, com Franco a mandar para o Departamento Jurídico a análise, por incompatibilidade, da minudência. 

E ala que se faz tarde, dando importância ao que realmente merece. 

E estamos agora no ponto 7, “Proposta ao executivo para integrar o “Movimento Municípios pela Paz”. Rui Marqueiro, ex-presidente e agora vereador eleito pelo PS, aproveitou para engatar e disparar uma bazuca de considerações pouco abonatórias contra o PCP. O presidente da mesa executiva, António Franco, o porta-estandarte da bandeira branca naquele pequeno parlamento, como se ilusoriamente erguesse o braço, ditou o fim da cantilena dizendo que não se devia politizar esta questão. 

Gil Ferreira, Vereador da Cultura e aceite como boa consciência critica, disse que o actual ambiente obriga a ser solidário com esta adesão. 

Filomena Pinheiro, vice-presidente, já sem pistola e sem o fato de “Calamity Jane”, enfatizou que era preciso salvaguardar a paz. 

Luís Tovim, vereador sem pelouro do PS, votou contra. Arguiu ainda que, juntamente com Marqueiro, faria uma declaração de voto. 

E veio o ponto 9, “Proposta ao Executivo - Transferência de Competências na Área da Saúde”, foi decidido não aceitar. 

E chegou o ponto 10, “ Relatório de Análise de Propostas - Adjudicação do Direito de Exploração do Bar do Pavilhão Municipal do Luso”, foi decidido atribuir ao Clube Atlético de Luso a exploração do bar contra uma prestação mensal de 25 euros. 

E depressa chegou o ponto 11, “Cedência do direito de exploração – Antigo Posto da GNR” (junto ao Parque da Cidade), ficou decidido prorrogar o prazo contratual até ao próximo dia 28 de Março. Ou seja, se a vencedora do concurso não cumprir até ao próximo dia 28 com o que se comprometeu, será aberta nova admissão de concorrentes. 

Ponto 12, “Ata da Hasta Pública de atribuição de espaços no Mercado Municipal da Pampilhosa”. Foi dito que algumas lojas não tiveram interessados, por isso mesmo, será feito novo concurso. Para além disso, ficou acordado não deixar instalar nas lojas máquinas automáticas de “vending”. 

Ponto 15, “Beneficiação da Piscina Municipal de Mealhada - Proposta de Trabalhos Complementares – Erros e Omissões durante a Fase de Execução da Obra”. Sem grandes acusações ao anterior edil, Rui Marqueiro, este ponto, talvez para não “bater mais no ceguinho”, passou despercebido. Sabe-se que as obras das Piscinas Municipais da Mealhada, consignadas em mais de um Milhão e Trezentos mil euros, não têm financiamento, com a sua candidatura a fundos comunitários chumbada na CCDRC por não cumprir com a eficiência energética. Esta empreitada deveria ter sido concluída em final de 2021. 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 

É notório que por parte de António Franco, o porta-estandarte da bandeira branca, a grande preocupação é não hostilizar o anterior ocupante da cadeira do poder com acusações de erros e omissões em diversos projectos que acarretam prejuízos para o município e para todos nós. Quanto a mim, neste aspecto da política e diplomacia, está a fazer muito bem. Dá para ver, em juízo próprio, que, no campo da eficácia em investimento, por parte do anterior chefe do concelho, houve, presumidamente, demasiadas escorregadelas, em especulação, quase a raiar a negligência grave. Estou a exagerar na apreciação? Se calhar estou mesmo, mas é o que parece. Por parte de Franco, o actual comandante do navio, faz bem em, por tudo e por nada, em não entalar o antecedente. Até porque, como diz o povo, quem caminha sobre areias movediças não escorraça quem se enterra. 

Quanto a Rui Marqueiro, o anterior presidente, o que se espera dele é que seja cordato, colaborante, com a dignidade legítima que merece, e não se transforme num polo de atração. Do ponto de vista mediático, no chamar a atenção constantemente, pode até ser interessante, mas cansa depressa. 

 

segunda-feira, 21 de março de 2022

MEALHADA: HOJE, HOUVE REUNIÃO DE CÂMARA (1)

(imagem espectacular do jornal online Bairrada Informação)



 

O Salão Nobre estava todo engalanado. Com nova disposição do mobiliário da sala, formou-se um U. Com pequenas mesas individuais do género das salas de aula sentados em cadeiras simples, os vereadores ficaram frente-a-frente. A completar a nova apresentação e a sinalizar a hierarquia, António Jorge Franco, o presidente da Câmara Municipal, ficou sentado no alto cadeirão majestático e tendo a assessorar a velha secretária de madeira trabalhada e onde já apoiaram os cotovelos muitos homens e até uma mulher que comandaram a edilidade. 

No meio do U, a mesa das conferências que serviu até há pouco para as reuniões, perfilada com traje aparentemente pantagruélico, parecia pronta para receber os comensais após a apresentação e votação dos actos. 

Na parede ao fundo, por cima de todos como manda a tradição republicana, Marcelo Rebelo de Sousa, em pose de estadista, com um olho na direita e outro na esquerda, parecia vigiar todos. Mesmo sabendo que naquela reunião quinzenal a maioria é filho da mesma mãe socialista, uns do primeiro casamento e outros do segundo, o melhor é estar atento. Com um rosto dividido entre a preocupação do aumento do custo de vida, que aí está para os portugueses mais pobrezinhos, e a saudade daquela “pomada” bairradina que, na companhia de António Franco, ingeriu na BTL, Bolsa de Turismo de Lisboa, há dois dias, parecia indeciso e sem saber para que lado cair. 

O dia apresentava-se soalheiro com os raios solares a trespassarem as vidraças, violando as frestas dos pesados reposteiros, e a invadirem todos os presentes. Como se fosse uma luz refulgente e espiritual, a fazer crer e sentir que estavam ali por um valor superior legitimado, para além disso, tendo em conta o ambiente pesado, de guerra, que vem de leste, ali, naquele pequeno parlamento onde se decide o futuro de um concelho, colocando de lado as diferenças pessoais já que as ideológicas serão parecidas, dever-se-ia praticar a paz. (nesta altura, em que os eleitos puxavam os coletes, compunham o cabelo, cofiavam a barba, esticavam a pele da face para ficarem bem na transmissão por “streaming”, via YouTube, ainda não se sabia se a mensagem metafísica teria sido interiorizada por todos. Só no fim se saberia) 

Já o relógio da torre sineira da Igreja da Mealhada tinha batido há muito as nove badaladas quando se deu início ao Período de Antes da Ordem do Dia. 

António Franco, levantando a batuta de maestro, começou por dizer que a Câmara Municipal tem um T2 e um T3 para acolher refugiados ucranianos. Mas disse mais: “não vamos deixar ninguém ao abandono. 

Aparentemente, estava dado o mote para “dança comigo”. Mas nunca confiando, a manhã ainda era uma criança e, por suposição, ali havia alguns “pés-de-chumbo”. 

Foi então que Rui Marqueiro, ex-presidente e actual vereador eleito pelo PS, pega no “lança-chamas” e, apontando a suspeita sobre o indevido pagamento do “Stand” da BTL, pareceu estar a incendiar o rastilho para um “bate-boca" pouco santífico. Quem visionava a reunião em casa estremeceu. Queres ver?!? Lá se foi o ambiente de paz, terá murmurado com seus botões. 

É então que Filomena Pinheiro, vice-presidente, como se fosse “Calamity Jane” a puxar do revólver, aponta  o "colt" verbal ao velho pistoleiro e retorque: “O município pagou o “Stand” em 2020 e a empresa faliu. A Câmara não reagiu, não actuou judicialmente”. 

PUM!!! Quem estava em casa até pareceu sentir o impacto no peito do antigo xerife do reino. Só não caiu porque a cadeira onde se acomodava era pujante.  

Presumindo contra-ataque, para acudir a “Calamity, Franco pôs água na fervura. E a coisa ficou por ali. Lá atrás, Marcelo revirando os olhos ao Céu pareceu indicar “haja Deus! Haja Deus!”

 

E CHEGARAM AS 10H00 

 

Estava no período dedicado à intervenção dos munícipes. Fosse ou não pela nostalgia de contactar de novo com eleitos, foi em dose a quadriplicar. Quatro cidadãos do concelho explanaram ali os problemas e as dificuldades sentidas na sua vida diária. 

Estranhamente – ou talvez não - as pessoas que intervieram não foram mostradas nas imagens transmitidas. Em resposta a um comentário no momento, a “Câmara Municipal” respondeu que devido à Proteção de Dados não se pode mostrar os intervenientes. Como tive já ocasião de escrever aqui, legalmente não existe qualquer obstáculo legal para a transmissão de imagens de munícipes desde que estes não se oponham verbalmente e por escrito. Relembro que a Câmara Municipal do Cartaxo, antecipando-se aos demais municípios, já fez aprovar e publicar em Diário da República um Regulamento das Transmissões online das reuniões camarárias. O que espera a nossa autarquia para fazer o mesmo? 

 

(CONTINUA)