sábado, 29 de setembro de 2012

A PASTELARIA BRIOSA TEM A MELHOR MONTRA





 A pastelaria Briosa, no Largo da Portagem, é a grande vencedora do concurso de montras realizado em parceria entre a APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, a Associação Ruas, Recriar a Universidade, Alta e Sofia, e a Universidade de Coimbra. Em segundo lugar, com duas menções honrosas, ficaram classificados, “ex aequo”, a Óptica Fernandes e a Casa dos Enxovais, ambas na Rua Visconde da Luz. Lembro que, conforme as regras do concurso, estava consignado para o primeiro prémio um valor pecuniário de 1000 euros e para as duas menções honrosas 500 euros para cada uma.
Se você concorreu e não concorda com as atribuições faça o favor de enviar a sua reclamação para o senhor Provedor deste blogue, António Luís Fernandes Quintans, altíssimo juiz para dirimir todas as desigualdades e iniquidades desta Baixa e arredores, embora raras vezes imparcial, a nosso pedido, obviamente, tentando ser equitativo, se debruçará sobre as suas razões de impugnação.
Segundo o nosso jornalista de exterior, “Olho de Lince”, que obteve esta informação dos prémios junto do senhor presidente da APBC, Armindo Gaspar, o júri era isento e de modo algum ligado ao comércio. “A APBC não tem nada a ver com a decisão dos examinadores”, enfatiza o rei dos perfumes, que, uma vez que havia dinheiro nos prémios, para não haver confusões e estardalhaços, não concorreu.
Em conversa breve com alguns concursandos, parece que não estão lá muito de acordo. Como é normal, acham que a sua montra, sendo, sem margem para dúvidas, a melhor, foi injustamente tratada. O que se pode adiantar, se servir para alguma coisa, é que uma sentença deste teor é sempre subjectiva. Pode discutir-se o critério de escolha? Claro que pode, até “ad infinitum”, mas, mesmo assim, de dúvida em dúvida, alguém tinha de ganhar e, provavelmente, sempre sem unanimidade –os que concorreram, é claro. Nós não participámos. Certamente alguns interrogarão porque não entrámos nesta competição. Vou responder. É que somos mesmo bons em vitrinismo. Bons, não, excelentes elevados à quinta potência. Como devem calcular, se tivéssemos participado, eram favas contadas. Como entendemos que se deve dar oportunidade aos mais novos, abstivemo-nos. Somos mesmo desportistas, não somos? Pois somos. Que querem? Somos mesmo assim, e de outro tempo! Já a minha mãezinha, quando era viva e perante estes meus arrojos de desinteresse, dizia: “ai Toino, Toino, és tão bonzinho, rapaz! Assim nunca chegarás a doutor!”. E então não é que ela, que está junto dos anjinhos e muito bem acompanhada como não poderia deixar de ser, estava carregadinha de razão?





UMA NOVA OPINIÃO SOBRE AS ESCADAS DO GATO





 Sobre um estrado implantado no espaço onde ruíram dois prédios em Dezembro de 2006, ao fundo das Escadas do Gato, em Fevereiro último, escrevi que em alternativa a este projecto, em vez desta plataforma em madeira, se deveria ter optado pelo arranjo do chão e então sim colocar lá uma esplanada. E porque volto eu ao mesmo assunto? Será que mudei de opinião? 
“Não, não pode ser” –dirão vocês, leitores! Uma pessoa deve ser sempre coerente com o que escreve. É ou não é? Mesmo que mais tarde, em face de novos dados apreendidos, em nome dessa tal coerência e mesmo que até errada, deve continuar a teimar. É assim?
Toda a gente sabe que quem escreve é uma espécie de pássaro, nefelibata, que anda nas nuvens. De lá de cima olha cá para baixo e tenta sempre ver o que os outros não vêem. Quem escreve é um emotivo sem emoção. Ou seja, tanto plasma com o coração como friamente e completamente desapegado de sensações pode fazer exactamente o contrário. Muitas vezes tudo depende da corrente social. Se esta, como rio em direcção à foz, caminha no mesmo sentido, o escritor, tentando desvendar o movimento faz o percurso inverso. Isto tudo para dizer que, eu que não sou escritor, apenas sou coerente na minha constante incoerência. Não estou agarrado a dogmas de espécie alguma e, na maioria das vezes, a minha convicção, prega-me partidas.
E comecei este arrazoado em jeito de sermão aos peixes, porque há dias passei novamente nas Escadas do Gato e deparei-me com o estrado ornamentado com uma alcatifa, com mesas e cadeiras. E, apesar de lá passar todos os dias, como se o fizesse pela primeira vez, ao ver aquele quadro de cor na paisagem decrépita, parei estático. Foi como se a imagem que estava perante os meus olhos tocasse os meus sentidos. Dei um passo atrás e fotografei. Aquele enquadramento estava bonito. Era um remanso na paisagem. Quebrava o aspecto de abandono. Admito perfeitamente ter errado na minha primeira apreciação genérica. Tenho razão? Não tenho? Não sei. O que achei é que, em face do que senti naquele dia desta semana e o que escrevi anteriormente, deveria transcrever e partilhar convosco. 


BOM DIA, GENTE DE ESPERANÇA...

20 RAZÕES PARA ELEVAR COIMBRA A PATRIMÓNIO MUNDIAL -

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

AFINAL, PARA ALÉM DAS (A)FUNDAÇÕES TAMBÉM SOMOS UM PAÍS DE OBSERVATÓRIOS

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)


(Recebido por e-mail e com pedido de divulgação)


Depois das fundações, tínhamos esquecido os observatórios...

Observatório do medicamentos e dos produtos da saúde
Observatório nacional de saúde
Observatório português dos sistemas de saúde
Observatório da doença e morbilidade
 (...se só para a saúde são 3 para a doença 1 é pouco!!!)
Observatório vida
Observatório do ordenamento do território
Observatório do comércio
Observatório da imigração
Observatório para os assuntos da família
Observatório permanente da juventude
Observatório nacional da droga e toxicodependência
Observatório europeu da droga e toxicodependência
Observatório geopolítico das drogas
 (...mais 3 !!!)
Observatório do ambiente
Observatório das ciências e tecnologias
Observatório do turismo
Observatório para a igualdade de oportunidades
Observatório da imprensa
Observatório das ciências e do ensino superior
Observatório dos estudantes do ensino superior
Observatório da comunicação
Observatório das actividades culturais
Observatório local da Guarda
Observatório de inserção profissional
Observatório do emprego e formação profissional
 (...???)
Observatório nacional dos recursos humanos
Observatório regional de Leiria(...o que é que esta gente fará ??)
Observatório sub-regional da Batalha
 (...deve observar o que o de Leiria deveria fazer ??)
Observatório permanente do ensino secundário
Observatório permanente da justiça
Observatório estatístico de Oeiras
 (...deve ser para observar o SATU !!!)
Observatório da criação de empresas
Observatório do emprego em Portugal  (...este é mesmo brincadeira !!!)
Observatório português para o desemprego  (...este deve ser para "espiar" o anterior !!!)
Observatório Mcom
Observatório têxtil
Observatório da neologia do português(...importante para os acordos "Brasilaicos-Portuenses" e mudar a Estória deste Brasilogal !!!)
Observatório de segurança
Observatório do desenvolvimento do Alentejo
 (...este deve ser para criar o tal deserto do Sr. "jamé" !!!)
Observatório de cheias
 (...lol...lol...)
Observatório das secas
 (...boa...)
Observatório da sociedade de informação
Observatório da inovação e conhecimento
Observatório da qualidade dos serviços de informação e conhecimento(...mais 3 !!!)
Observatório das regiões em reestruturação
Observatório das artes e tradições
Observatório de festas e património
Observatório dos apoios educativos
Observatório da globalização
Observatório do endividamento dos consumidores
 (...serão da DECO ??)
Observatório do sul Europeu
Observatório europeu das relações profissionais
Observatório transfronteiriço Espanha-Portugal  (...o que é estes fazem ???)
Observatório europeu do racismo e xenofobia
Observatório para as crenças religiosas  (...gerido pelo Patriarcado com dinheiros públicos ???)
Observatório dos territórios rurais
Observatório dos mercados agrícolas
Observatório dos mercados rurais
 (...espetacular)
Observatório virtual da astrofísica
Observatório nacional dos sistemas multimunicipais e municipais
 (...valha-nos a virgem !!!)
Observatório da segurança rodoviária
Observatório das prisões portuguesas
Observatório nacional dos diabetes
Observatório de políticas de educação e de contextos educativos
Observatório ibérico do acompanhamento do problema da degradação dos povoamentos de sobreiro e azinheira
 (lol...lol...)
Observatório estatístico
Observatório dos tarifários e das telecomunicações
 (...este não existe !!! é mesmo tacho !!!)
Observatório da natureza
Observatório qualidade
 (...de quê??)
Observatório quantidade
 (...este deve observar a corrupção descarada)
Observatório da literatura e da literacia
Observatório nacional para o analfabetismo e iliteracia
Observatório da inteligência económica
 (hé! hé!! hé!!!)
Observatório para a integração de pessoas com deficiência
Observatório da competitividade e qualidade de vida
Observatório nacional das profissões de desporto
Observatório das ciências do 1º ciclo
Observatório das ciências do 2º ciclo
 (...será que a Troika mandou fechar os do 3º, 4º e 5º ciclos)
Observatório nacional da dança
Observatório da língua portuguesa
Observatório de entradas na vida activa
Observatório europeu do sul
Observatório de biologia e sociedade
Observatório sobre o racismo e intolerância
Observatório permanente das organizações escolares
Observatório médico
Observatório solar e heliosférico
Observatório do sistema de aviação civil
 (...o que é este gente fará ??)
Observatório da cidadania
Observatório da segurança nas profissões
Observatório da comunicação local(...e estes ???)
Observatório jornalismo electrónico e multimédia
Observatório urbano do eixo atlântico
 (...minha nossa senhora !!!)
Observatório robótico
Observatório permanente da segurança do Porto
 (...e se cada cidade fosse criado um !!!)
Observatório do fogo
 (...que raio de observação !!)
Observatório da comunicação (Obercom)
Observatório da qualidade do ar(...o Instituto de Meteo e Geofisica não faz já isto ???)
Observatório do centro de pensamento de política internacional
Observatório ambiental de teledetecção atmosférica e comunicações aeroespaciais
 (...este é bom !!! com o nosso desenvolvimento aero-espacial !!!)
Observatório europeu das PME
Observatório da restauração
Observatório de Timor Leste
Observatório de reumatologia
Observatório da censura
Observatório do design
Observatório da economia mundial
Observatório do mercado de arroz
Observatório da DGV
Observatório de neologismos do português europeu
Observatório para a educação sexual
Observatório para a reabilitação urbana
Observatório para a gestão de áreas protegidas
Observatório europeu da sismologia
 (...o Instituto de Meteo e Geofisica não faz isto também ???)
Observatório nacional das doenças reumáticas
Observatório da caça
Observatório da habitação
Observatório Alzheimer
Observatório magnético de Coimbra


 
Pergunta: O que é que toda esta gente observa? Tornou o País melhor???

A ÚLTIMA COMEMORAÇÃO DO 5 DE OUTUBRO?





O MOVIMENTO REPUBLICANO 5 DE OUTUBRO, de Coimbra, propõe-se honrar a efeméride referente à implantação da República em Portugal através das seguintes iniciativas, a realizar no próximo dia 5 de Outubro:

12h15 – Concentração de Republicanos junto do monumento ao 25 de Abril, em Coimbra (junto à ex-sede da PIDE, na rua Antero de Quental), onde se fará a evocação da figura do Major-General Augusto Monteiro Valente, recentemente falecido. A alocução evocativa estará a cargo de Carlos Esperança. 

13h00 – Almoço de confraternização no Restaurante “Still Is”, junto à praceta Paulo VI, aos Arcos do Jardim, com marcação prévia. Esta deverá fazer-se, até ao dia 2 de Outubro, através dos seguintes contactos: e-mail – anabela8@hotmail.com ; telm – 934141813. O almoço terá o custo aproximado de 15 euros e as inscrições são limitadas. 

(Recebido por e-mail e com pedido de divulgação)

BOM DIA, GENTE DE ESPERANÇA...

UM "DÉJÀ VU"

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



Hoje, no Diário de Notícias, Fernanda Câncio, jornalista deste diário, escreve esta crónica, com o título:
 "Falando de impunidade".

Bem sei que fica mal recorrer à auto-citação, mas, se estiver com pachorra, leia o que escrevi, aqui, em 13 de Março de 20011. Compare e veja se, à distância de um ano e meio entre os dois textos, na data indicada não é expressado o mesmo teor. Que diabo! Há gente muito mal aproveitada neste país! -Chora crocodilo, chora!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

LEIA O DESPERTAR...



LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA 

Para além  do texto "Feira de Velharias pede remodelação", deixo também a crónica "A última montra".




FEIRA DE VELHARIAS PEDE REMODELAÇÃO

 Na década de 1990, durante alguns anos, vendi em feiras de velharias. É possível que repita, mas, mesmo que não volte a acontecer, do ponto de vista humano foi uma experiência muito rica. Para além de travar conhecimento com imensos vendedores esforçados, que vinham de Lisboa e outros do Porto para ganharem uns cobres para fazerem face à sua vida difícil, conheci outros, tais como, professores, engenheiros, funcionários públicos, e cuja necessidade era meramente o contacto com os objetos antigos. Como se estivessem numa festa, frequentavam os certames como vendedores, mas compravam mais do que vendiam.
Enquanto andei por lá de terra em terra, deu também para apreender que o vendedor de velharias era sempre desconsiderado por todos, pelos colegas, pelos compradores e, sobretudo, pelas entidades camarárias que, como atores de um teatro cénico para alegrar o povo e revivificar o lugar, se serviam deles gratuitamente e o pagamento era a desconsideração contínua a raiar a humilhação. Resultado de um costume implacável, que sempre os colou ao “ferro velho”, poucos sabem o valor que estas pessoas representam para a cultura nacional, para que esta, na memória, não se perca nas amálgamas dos vazadouros. O vendedor de velharias é um carismático recuperador do passado. Mais, na maioria dos casos, o que o move é o sentido da utilidade social e menos o interesse monetário que possa advir de um qualquer bem que se enamorou num primeiro olhar. Estas pessoas, bem ao género do “Livreiro de Cabul”, são generalistas e apaixonados pela arte em geral. Gostam de tudo o que seja diferente, desde que toque os seus sentidos, e fuja ao comum.
Toda esta longa introdução para dizer que a feira de velharias da cidade, que se realiza ao 4º sábado de cada mês, na consideração para quem ali vende, segue um pouco o quadro que ilustro em cima –este certame é dos mais antigos da zona centro e surgiu com uma intenção meramente sociocultural, em 22 de junho de 1991, na sequência das atividades de final de ano escolar da Escola Silva Gaio, com a designação de Feira dos Trastes, tendo tido o apoio do Departamento da Cultura e de “O Velhustro”. Passou a chamar-se Feira de Velharias de Coimbra e passou a ter uma Comissão de Feira que era composta pela Câmara Municipal de Coimbra/Departamento de Cultura (CMC/DC); Junta de Freguesia de São Bartolomeu (JFSB); Polícia de Segurança Pública (PSP); Escola C+S Silva Gaio; GAAC, Grupo de Arqueologia e Arte do Centro; e “O Velhustro” –segundo o site da edilidade, atualmente esta comissão é composta pelo estabelecimento “O Velhustro”, a CMC/DC; a PSP; e a JFSB.


Na feira de Coimbra há vários anos que, fruto da sua longevidade, se assiste a uma natural degradação relacional entre a Comissão de Feira e os expositores –sobretudo os mais novos. Como desde há vinte anos nunca se expandiu do mesmo local de origem, a Praça do Comércio, e a procura de lugares por parte dos vendedores aumentou, tem levado, essencialmente na última década, a uma tensão contínua entre eles. As histórias de favorecimento de atribuição de lugares a troco de “prendinhas” –o tão tradicional “abre-te sésamo” português- já se avista de longe. O “diz que disse”, sem que ninguém desse a cara, já vem desde o princípio deste milénio. Como não havia marcação de lugares fixos levava a que, em condições indignas, muitos vendedores ali passassem a noite ao relento. O que me levou a escrever na “Coluna do Leitor”, do Diário de Coimbra, em 9 de novembro de 2003, um texto com o título “Condições da Feira das Velharias” e que mereceu uma réplica no mesmo jornal do então vereador da Cultura, Mário Nunes. Para além desta resposta pública recebi um ofício em que me era comunicado que “Quanto ao espaço físico, cabe informar que face ao elevado número de expositores inscritos na Feira, cerca de 300, bem como outros que frequentemente desejam ter acesso à mesma, a Praça Velha se torna limitada. Para obviar esta situação, tem-se procurado sensibilizar os expositores a estender-se ao largo do Romal, mas sem sucesso, atendendo a que se queixam que os compradores não se deslocam à área. (…) A fixação de lugares, no entender da citada Comissão, não traz vantagens num espaço tão exíguo, dado que a cativação do lugar, no caso de esse expositor faltar, não deixa oportunidade para colocar outro no seu lugar, o que não se considera justo.”
Posteriormente, um mês depois, em 20 de Dezembro do mesmo ano, fiz uma exposição particular ao então vereador a dar-lhe conta da falta de consideração a que os vendedores estavam sujeitos, incluindo maus-tratos verbais, e várias ideias que tinham a pretensão de alargar a outras artérias da Baixa e revitalizar este evento –em paridade, tive resposta do vereador Mário Nunes em carta particular. Quase uma década passou e tudo continua na mesma. Na mesma não. Pior!


Neste último fim-de-semana, no sábado de feira, por acaso, escutei uma conversa entre vendedores que não conhecia. Apresentei-me e perguntei se, em defesa da sua tese, estavam dispostos a “dar a cara”. Caso se identificassem eu escreveria os seus lamentos e encaminha-los-ia para quem de direito. Desse grupo uma senhora aceitou. Depois fui falar com outros. Identificando-se também, dois deles disseram abertamente que para obterem lugares já recorreram à “prendinha”. Porque admitisse que pelas insuficientes alegações poderia estar a ser injusto, no dia seguinte, fui à feira de velharias de Aveiro e ouvi o depoimento de mais meia-dúzia de operadores. Alguns destes confirmaram que a atribuição de lugares em Coimbra era duvidosa sob o princípio da equidade.
Pode ser que desta vez se varra a poeira da calçada da velha praça.



A ÚLTIMA MONTRA

 Naquele frio inverno de há dois anos assisti ao seu parto difícil, como difícil é materializar algo que se imaginou durante anos, dias e noites sempre a fio. Se fosse fácil realizar o sonho provavelmente ninguém perderia tempo a sonhar, nem acordado nem a dormir. Idealizar acordado é um exercício da vontade, em pensamento racional e na ambição do querer; fantasiar a dormir é uma experiência incontrolável, da imaginação do inconsciente. Segundo Freud, os sonhos noturnos são gerados na busca de desejos, ou medos, reprimidos. Não se sabe ao certo, mas especulo que a realização de algo apetecido e engendrado durante muito tempo será sempre uma mistura na confluência da noite e do dia, e quanto mais amargo e difícil for a sua concretização, e o desejo se alongar, mais doce será o seu alcançar.
Naquele novembro passado, nasceu na Rua do Corvo mesmo em frente à Ricarlina. Aquele estabelecimento era uma “menina” traquina, de olhos vivos, doces, e muita, muita, cor. Se lhe pudéssemos escolher uma graça, um nome, poderia ser Primavera símbolo de vida e regeneração-, Sol –modelo de luz e multiplicação-, Lua –paradigma da beleza e do amor eterno. Mas não, a sua “mãe”, a Andreia Ferreira, uma jovem que ousava acreditar nas estrelas, escolheu um nome invulgar: Maquarie –o que também não conflitua, tendo em conta a analogia à ilha no Pacífico. Afinal, produzir uma ideia, no fundo, é uma ilha no oceano societário. Aquele “rebento” para a sua criadora era a alma do seu viver. Era uma extensão do seu ser em cordão umbilical. Em espírito, um pouco como o seu primeiro filho. Era o mostrar ao mundo que o homem sonha e obra nasce, e é nesta grandiosidade de coisa que o humano mostra a sua utilidade social. Uma construção feita em tijolo e argamassa, idealizada nos interstícios da mente, de uma jovem que, durante muitos anos, foi empregada num grande centro comercial e tantas vezes pensou: “um dia vou ter o meu negócio!”


Mas o sonho não durou. Aquela outrora montra brilhante, onde se “encontravam peças de autor e de artistas de criatividade ímpar, criadores que amavam o que faziam, artesãos que aliavam saberes e técnicas tradicionais e modernas, pessoas que se empenham no perfeccionismo dos pequenos detalhes”, nesta última semana, apareceu forrada a papel pintado à mão e representando flores e passarinhos a voar. Nesta imagem apologética, em palavras de silêncio, a quem tiver um minuto de olhar, quer dizer que a “Maquarie pretendia promover a consciencialização e sensibilização comum para o valor real de cada objeto” e, como quem parte sem escolher o seu destino, “se despede com a consciência de tudo o que ainda há por fazer e sentimento do dever não cumprido.”
Na porta principal, a ilustrar que as palavras escritas podem perpetuar a dor eterna, um poema rima assim: “Sentes um tempo que acabou/primavera de flor adormecida/ qualquer coisa que não volta, que voou/ que foi um rio, um ar na tua vida”. “Sabes o desenho do adeus/ é fogo que nos queima devagar/ e no lento cerrar dos olhos teus/ fica a esperança de um dia aqui voltar.”
Se vivêssemos numa sociedade mais justa e perfeita, menos individualizada e egoísta, submissa ao sucesso, e que fosse mais preocupada com a vida do que com a morte, certamente que no empreendedorismo, nas escolas públicas, na Universidade, se apoiariam totalmente os iniciados que dão os primeiros passos nos trilhos do futuro e da esperança. Mas infelizmente é o contrário. Aos principiantes, como prova de competência apriorística e absurda, que são examinados sem terem tempo de mostrar o que valem, fecham-se todas as portas, liquidam-se todas as quimeras. Aos outros, que caminham eretos e insensíveis na solidariedade humana e apenas com os olhos postos no seu enormíssimo ego, abrem-se portões, janelas e alçapões. Como se fosse pouco, ainda se idolatra o seu percurso, mesmo que o êxito tenha sido à custa da exterminação de muitos. Quantos sonhos se enterram vivos, cheios de pujança, com tanto para dar, e sem direito a epitáfio? Será que, neste aceitar pacificamente sem questionar, não somos todos coveiros?



O "inCENTRO NA BAIXA


(Foto de Carlos Gaspar -na imagem de baixo, da esquerda para a direita, Vitor Marques, Arménio Pratas, Luís Quintans, Armindo Gaspar e Norberto Pires, de costas)


 Hoje à tarde na esplanada do Café Santa Cruz realizou-se a gravação do programa "inCentro" de Norberto Pires e que passará na Rádio Regional do Centro no próximo Sábado entre as 11h00 e o meio-dia, em 96.2 FM.

No balanço transversal da gravação deste programa, creio que correu muito bem. Os comerciantes presentes, cada um seu modo, deram uma visão geral do que pensam do presente e esperam do futuro da zona onde residem, trabalham e tentam auferir um rendimento que lhes permita viver com dignidade.
Um agradecimento a Norberto Pires pela contribuição desta iniciativa e empenho manifestado na revitalização da Baixa de Coimbra.
Se me solitassem para sublinhar uma única frase do programa de ontem, reteria esta de Norberto Pires: "se eu fosse presidente da Câmara, se pudessem pedir-me uma coisa para eu realizar, sendo realista, o que é que me pediam?"
Vou ligar à astróloga Maya e pedir-lhe para me ajudar a descodificar esta oração.

COMÉRCIO ABERTO NO 5 DE OUTUBRO?




Caro Colega:

 O próximo feriado de 5 de Outubro calha a uma sexta-feira. Assim e atendendo à conjuntura económica do país e à grave crise que o comércio tradicional atravessa, diversos comerciantes da Baixa apresentaram a sugestão de ter  os estabelecimentos abertos nesse dia, e publicitar o facto para avisar os visitantes deste espaço comercial. Também o Mercado Municipal estará de portas abertas.
Face ao exposto a APBC apela a todos os comerciantes para a abertura neste dia.

Para uma atempada preparação da divulgação desta iniciativa gostaríamos que nos respondessem se estarão a funcionar no dia 5 de Outubro, até amanhã dia 28 de Setembro, através dos telefones 239 842164, 914872418, 914872455 ou e-mail apbcoimbra@gmail.com


Atenciosamente,

Armindo Gaspar
Presidente da Direção da APBC

Carina Alves
APBC - Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra
Rua João de Ruão, 12 Arnado Business Center, piso 1, sala 3
3 000-229 Coimbra
Tel. 239 842 164  Fax. 239 840 242

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NOTA DO EDITOR

 Sem que me fosse pedida opinião vou dá-la –ou não tivesse eu sempre um parecer para tudo.
Acho que perante a actual conjuntura económica, inevitavelmente, vamos todos ter de trabalhar cada vez mais. Não apenas para, com mais esforço, ganharmos menos, mas, acima de tudo para conseguirmos resistir ao que estamos a passar e as nuvens negras que se adivinham. Bem sei que esta minha posição não será unânime. Em face desta proposta, muitos dos colegas pensarão “mas para que raio vou eu para a loja a um feriado se nos dias normais já pouco vendo?”. Ora bem, esta ilação formalmente está correcta, materialmente é que não. E porquê? Precisamente porque, por um lado, nunca se sabe quando se poderá fazer um bom negócio, por outro, há uma questão fundamental: cada vez mais terá de se mostrar ao visitante da Baixa, nosso cliente habitual ou esporádico, que estamos dispostos a sacrificar a nossa vida pessoal e familiar para salvar os nossos negócios –escrevi “nossos” intencionalmente, porque só agindo em grupo conseguiremos ter força, pujança, energia –são sinónimos, mas, não importando, reforça a tese.
Bem sei que andamos todos sem alento anímico –às vezes até parecemos uma “barata tonta”- mas, vá-se lá buscar entusiasmo sei lá onde, temos de acreditar –vou repetir: ACREDITAR- de que somos capazes. Temos de ter esperança, porra! Afinal, se não dermos o exemplo, como é que vamos mostrar aos nossos filhos que não caímos à primeira “zoeira” de vento? Basta recorrer à memória dos nossos pais para ver o quanto sofreram para nos criarem. Lembram-se? Estão a visionar? E eles, connosco catraios tantas vezes a pedirmos um brinquedo, fazendo um esforço danado para não chorarem perante o nosso apelo, lá davam uma desculpa esfarrapada para nos contentar. Sempre que estou em baixo, a lamentar-me da minha sorte, recorro a imagens do meu tempo de garoto e imagino a labuta dos meus pais. Será que, apesar da crise que vivemos, teremos o direito de choramingar? Pense nisso!

UM TURISMO EMBRULHADO EM TEIAS



Bom dia Sr. Luís,

Permita-me contar-lhe (mais) um episódio daqueles que nos deixam chateados. Como sabe tenho a minha Loja na Rua Visconde da Luz, e nos últimos tempos até nem nos podemos queixar da afluência de turistas estrangeiros. Apesar de não comprarem como dantes, sempre vão adquirindo alguma coisa. Aconteceu que, hoje, e sendo já episódio recorrente, entrou uma senhora espanhola na loja, esbaforida e cheia de pressa pegou num artigo e mandou embrulhar rapidamente. Disse que não se podia separar do grupo que caminhava apressadamente com o guia à frente.

Ora, sendo eu turista há alguns anos em vários países da Europa, nunca vi tal coisa; havendo mesmo recomendações aos guias para que parem nas zonas históricas e deixem os turistas usufruir do comércio local, e, quem sabe, fazer umas "comprinhas" para os amigos e familiares.

Não sei se é possível mudar esta situação, estabelecer um protocolo com os operadores turísticos, sei lá...

Diga-me lá Sr. Luís, você que tem sempre boas ideias, o que pensa do assunto?

Um abraço,
Pedro
--
Soap&Soul Coimbra
Rua Visconde da Luz, C.C. Visconde, nº 75, Lojas 2 e 3
3000-414 COIMBRA
239 837 202
soapandsoul.coimbra@gmail.com
http://soapsoulcoimbra.blogspot.com/
http://www.facebook.com/pages/SoapSoul-Coimbra/139768652742360


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NOTA DO EDITOR

 Bom dia, Pedro. Lá ideias tenho muitas, talvez por isso me julgue permanentemente idiota. De que vale tê-las numa terra em que poucos auscultam alguém? E se por acaso ouvirem é porque o emissor terá uma importância tal que o escutar não é ouvir, é simplesmente um mero formalismo, uma submissão directamente proporcional ao seu grau de estatuto. Ou seja, vale mais um tossir de um qualquer “senhor Doutor”, tecnocrata, que nunca saiu do seu gabinete e não tem qualquer percepção da realidade laboral, do que uma voz anónima que está no terreno e fala com conhecimento –como é o seu caso.
Quanto ao seu legítimo lamento, concordo consigo. É um escândalo! Em 13 de Janeiro de 2011 escrevi um texto –veja link- sobre o mesmo assunto e que acontece diariamente na zona da Sé Velha. Enviei-o para a Empresa Municipal de Turismo. Pensa que alguém desta entidade respondeu? Isso é que era bom!
Na altura consegui saber que muitos dos guias turísticos são contactados particularmente por hotéis. O que quer dizer que agem por sua conta e risco. Outros profissionais de turismo são contratados por agências de viagens e a mesma coisa: como ganham pouco, muitas vezes, tentam ampliar a sua prestação com comissões nas lojas previamente visitadas. Outros ainda são então contratualizados pelo turismo e pela empresa municipal.
O que é saliente, e indigna, é o desprezo a que a maioria das lojas comerciais é votada. Salta à vista que não há planeamento e cada guia faz o que bem entende, mesmo que com a sua acção interesseira esteja a condenar dezenas ou centenas de operadores que arriscam tudo o que têm para ganharem a vida.
No meu entender, por exemplo aqui em Coimbra, este encargo de criar roteiros caberia por inteiro à Empresa Municipal De Coimbra –embora já fosse anunciada a sua extinção-, que, para isso, deveria reunir com todas as entidades ligadas ao sector. Claro que, mesmo assim, não quer dizer que não houvesse desvios, isto é, favorecimento de um ou outro estabelecimento, mas, creio que tentar agitar já seria um passo em frente. Este silêncio que todos assistimos faz um barulho danado a quem está na Baixa e vê os grupos a passarem em bandos, como se fossem andorinhas em direcção ao Norte de África.

TEXTOS RELACIONADOS

"Um turismo que sofre de raquitismo"
"A maestrina turística"

BOM DIA, GENTE DE ESPERANÇA...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

TENHAMOS ESPERANÇA, PESSOAL...

HÁ FRASES QUE DEVERIAM ESTAR SEMPRE ESCRITAS NO CÉU E À VISTA DE TODOS


«Não há futuro económico e social possível quando o problema principal não é o excesso de consumo privado, mas o excesso de consumo público.»

(Francisco Sá Carneiro)


O "inCENTRO" NO CENTRO DA BAIXA




 O “inCentro" é um programa radiofónico dirigido por Norberto Pires. É gravado à 5ª feira, às 17h00, e passa na Rádio Regional do Centro ao Sábado entre as 11 e as 12h00.
Num novo formato, e tendo como objecto contribuir para a revitalização da Baixa de Coimbra, o dinâmico professor universitário e membro activo do Partido Social Democrata abandona os estúdios e vem para a rua. Tendo como pano de fundo esta zona de antanho, vai iniciar um conjunto de programas que, através da participação, visam discutir opções, cativar públicos e chamar a atenção para o esquecimento a que esteve votada esta área urbana nos últimos 50 anos –tendo em conta que presentemente, através da Universidade, se assiste a um movimento de regeneração, sobretudo com a candidatura a Património Mundial pela Unesco.
Esta semana, amanhã, o “incentro” vai estar na esplanada do Café Santa Cruz à conversa com três comerciantes, o Arménio Pratas e Armindo Gaspar, respectivamente, vice e presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, e Luís Quintans, um outro comerciante da zona.
Segundo a página do “inCentro” no Facebook,Vamos falar da Baixa de Coimbra, das opções que tem, do seu futuro, das expectativas e anseios dos comerciantes. Falar da Baixa é falar de Coimbra. Estão todos convidados. Participe.”



JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO 2012



"As Jornadas Europeias do Património são uma iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia, envolvendo cerca de 50 países, que tem por objetivo a sensibilização para a importância da salvaguarda do Património." ...
Continue a ler aqui.

BOM DIA, PESSOAL... (ANDA TUDO TÃO SÉRIO... É PRECISO RIR DA VIDA!)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...



Andreia deixou um novo comentário na sua mensagem "A ÚLTIMA MONTRA":



Muito obrigada Sr. Luís!



Está fantástico. Mal me conhece, mas devo ser "transparente", porque conhece e exprime melhor que eu toda a minha essência.
Muito obrigada por tudo.



Beijinhos Andreia

A ÚLTIMA MONTRA



 Naquele frio inverno de há dois anos assisti ao seu parto difícil, como difícil é materializar algo que se imaginou durante anos, dias e noites sempre a fio. Se fosse fácil realizar o sonho provavelmente ninguém perderia tempo a sonhar, nem acordado nem a dormir. Idealizar acordado é um exercício da vontade, em pensamento racional e na ambição do querer; fantasiar a dormir é uma experiência incontrolável, da imaginação do inconsciente. Segundo Freud, os sonhos noturnos são gerados na busca de desejos, ou medos, reprimidos. Não se sabe ao certo, mas especulo que a realização de algo apetecido e engendrado durante muito tempo será sempre uma mistura na confluência da noite e do dia, e quanto mais amargo e difícil for a sua concretização, e o desejo se alongar, mais doce será o seu alcançar.
Naquele novembro passado, nasceu na Rua do Corvo mesmo em frente à Ricarlina. Aquele estabelecimento era uma “menina” traquina, de olhos vivos, doces, e muita, muita, cor. Se lhe pudéssemos escolher uma graça, um nome, poderia ser Primavera símbolo de vida e regeneração-, Sol –modelo de luz e multiplicação-, Lua –paradigma da beleza e do amor eterno. Mas não, a sua “mãe”, a Andreia Ferreira, uma jovem que ousava acreditar nas estrelas, escolheu um nome invulgar: Maquarie –o que também não conflitua, tendo em conta a analogia à ilha no Pacífico. Afinal, produzir uma ideia, no fundo, é uma ilha no oceano societário. Aquele “rebento” para a sua criadora era a alma do seu viver. Era uma extensão do seu ser em cordão umbilical. Em espírito, um pouco como o seu primeiro filho. Era o mostrar ao mundo que o homem sonha e obra nasce, e é nesta grandiosidade de coisa que o humano mostra a sua utilidade social. Uma construção feita em tijolo e argamassa, idealizada nos interstícios da mente, de uma jovem que, durante muitos anos, foi empregada num grande centro comercial e tantas vezes pensou: “um dia vou ter o meu negócio!”
Mas o sonho não durou. Aquela outrora montra brilhante, onde se “encontravam peças de autor e de artistas de criatividade ímpar, criadores que amavam o que faziam, artesãos que aliavam saberes e técnicas tradicionais e modernas, pessoas que se empenham no perfeccionismo dos pequenos detalhes”, nesta última semana, apareceu forrada a papel pintado à mão e representando flores e passarinhos a voar. Nesta imagem apologética, em palavras de silêncio, a quem tiver um minuto de olhar, quer dizer que a “Maquarie pretendia promover a consciencialização e sensibilização comum para o valor real de cada objecto” e, como quem parte sem escolher o seu destino, “se despede com a consciência de tudo o que ainda há por fazer e sentimento do dever não cumprido.”
Na porta principal, a ilustrar que as palavras escritas podem perpetuar a dor eterna, um poema rima assim: “Sentes um tempo que acabou/primavera de flor adormecida/ qualquer coisa que não volta, que voou/ que foi um rio, um ar na tua vida”. “Sabes o desenho do adeus/ é fogo que nos queima devagar/ e no lento cerrar dos olhos teus/ fica a esperança de um dia aqui voltar.”
Se vivêssemos numa sociedade mais justa e perfeita, menos individualizada e egoísta, submissa ao sucesso, e que fosse mais preocupada com a vida do que com a morte, certamente que no empreendedorismo, nas escolas públicas, na Universidade, se apoiariam totalmente os iniciados que dão os primeiros passos nos trilhos do futuro e da esperança. Mas infelizmente é o contrário. Aos principiantes, como prova de competência apriorística e absurda, que são examinados sem terem tempo de mostrar o que valem, fecham-se todas as portas, liquidam-se todas as quimeras. Aos outros, que caminham erectos e insensíveis na solidariedade humana e apenas com os olhos postos no seu enormíssimo ego, abrem-se portões, janelas e alçapões. Como se fosse pouco, ainda se idolatra o seu percurso, mesmo que o êxito tenha sido à custa da exterminação de muitos. Quantos sonhos se enterram vivos, cheios de pujança, com tanto para dar, e sem direito a epitáfio? Será que, neste aceitar pacificamente sem questionar, não somos todos coveiros?


BOM DIA, PESSOAL...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

UM COMENTÁRIO SOBRE...




Conversas... deixou um novo comentário na sua mensagem "AMANHÃ HÁ NOITE BRANCA NA BAIXA":


Pertenço ao Grupo(escola) de "Bandolins Fernando Namora, de Condeixa", actuámos no café Santa Cruz, nesta noite branca, agradeço a magnifica experiência, e ao público que "encheu" o Café, nesta noite linda na Baixa da nossa cidade de Coimbr
a.

ISLÂNDIA, UM FILME A NÃO PERDER

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




Jorge neves deixou um novo comentário na sua mensagem "A FEIRA DE VELHARIAS PRECISA DE UMA "MEXIDA"":


Acerca da Feira das Velharias nunca escrevi nem tenciono escrever, mas tenho-a observado ao longo dos anos.
Costumo sempre que posso dar por lá uma espreitadela, e nos últimos anos tenho observado uma mistura de velharias com artigos que de velharias ou antiguidade nada têm, o que não dignifica a feira. Tenho observado quase uma selvajaria no que diz respeito à ocupação do espaço, muitas das vezes assisto ao espetar de longos ferros no chão da Praça Velha para segurar os toldos.
Em todas as Feiras fica imenso lixo no chão, principalmente folhas de jornais antigos, cartões e papelões que os vendedores não apanham e nem a CMC se encarrega de mandar apanhar através dos seus serviços.
Se cada vendedor pagasse uma quantia pela ocupação do espaço e se a Câmara Municipal de Coimbra disciplinar os espaços e proceder à limpeza no final da Feira, todos tínhamos a ganhar.

BOM DIA, PESSOAL...

sábado, 22 de setembro de 2012

A FEIRA DE VELHARIAS PRECISA DE UMA "MEXIDA"



 

 Durante alguns anos vendi em feiras de velharias. Sem me arvorar em bom, conheço estes certames por dentro e por fora. Algumas vezes, quando eu estou como comprador e perante um negócio eminente, consigo até adivinhar o pensamento do vendedor. Tenho o maior respeito por estas pessoas, que, para além de percorrerem o país de ponta a ponta para fazerem uns cobres, acima de tudo, move-os um vício que é o contacto com as coisas antigas.
Conheço quase todos os vendedores na feira de Velharias da cidade. Coimbra tem o certame dos mais antigos da zona centro, com cerca de vinte anos de existência. Começou com uma intenção meramente sócio-cultural, em 22 de Junho de 1991, na sequência das actividades de final de ano escolar da Escola Silva Gaio, com a designação de "Feira de Trastes". Teve o apoio do Departamento de Cultura e estabelecimento de velharias "O Velhustro". Face ao êxito alcançado, o executivo municipal em reunião de 5/7/1991, deliberou dar-lhe continuidade. Nessa altura a comissão de feira era constituída pelas seguintes entidades: Câmara Municipal de Coimbra/Departamento de cultura; Junta de Freguesia de São Bartolomeu; Polícia de Segurança Pública; Escola C+S Silva Gaio; GAAC, Grupo de Arqueologia e Arte do Centro; e "O Velhustro" -dados retirados de uma comunicação camarária de 2003.
E como é que se sentem os vendedores? Bem? Mal? Assim, assim? Lembrei-me de escrever sobre este assunto, porque hoje, quando estava em frente a uma banca ouvi três comerciantes a desabafarem sobre o que se passa na organização da feira –lembro que, segundo o site da Câmara Municipal de Coimbra, actualmente a comissão de feira é constituída por um representante da edilidade, outro do estabelecimento “Velhustro”-desde o início da alegoria, Carlos Dias-, outro da Polícia de Segurança Pública e outro ainda da Junta de Freguesia de São Bartolomeu. E o que se passa, afinal? Interroguei as três vendedoras. Duas delas disseram imediatamente que não queriam falar. Outra, identificando-se, disse que ia contar o que lhe atravessava a alma. Vamos ouvi-la:

“Chamo-me Arlete Gonçalves. Sou do Porto. Há dois anos que venho para aqui. Nunca me foi atribuído um lugar fixo. Dizem que não há. Mas eu sei que há. Eu vejo, porque há espaços vazios. Para além disso, tenho visto chegar outros vendedores, ocupam um lugar e eu continuo à espera. Só me dão um lugar por volta das 10h30. É sempre assim. O senhor Dias é muito mal-educado. É uma pessoa muito grossa no trato e que não tem respeito por ninguém. Toda a gente lhe obedece; é o polícia; é a doutora; ninguém o contradiz; se calhar desculpam-lhe a idade. Ele é que manda na doutora da Câmara. Por exemplo, a doutora manda-me instalar junto às escadas (de São Tiago). Eu instalo-me. A seguir vem o senhor Dias e tenho de encurtar metade do espaço. Nunca mais vou voltar aqui a vender. Há muita gente que não tem lugar fixo. Isto é uma desordem completa. Deveriam fazer um esquema e reorganizar a feira como deve ser. O que se passa aqui é uma confusão danada. É a feira mais confusa que faço. Esta feira precisa de outros dirigentes a mandar. As pessoas estando muito tempo no mesmo lugar sentem-se donos das coisas. Nesta incerteza não posso continuar. Não dá para a despesa.”

E O QUE DIZ OUTRO VENDEDOR?

 “Chamo-me Paulo Santos, e venho de Oliveira do Hospital. Venho para aqui desde 1994. Deixou de haver qualidade nos expositores. Aqui funciona o lugar pela simpatia. Uma “prendinha”, uma “cunha” de vez em quando resolve as coisas e assim, facilmente, se arranjam lugares. Já aconteceu comigo mais do que uma vez. Há pessoas que falham sucessivamente durante 6 meses e até um ano. Quando voltam retornam ao lugar inicial. Era uma questão de bom senso substituir estas duas pessoas na organização. Houve muitos colegas que já deixaram de vir, foi o caso do senhor Albertino Gonçalves, da Teixeira, de Seia. Os critérios de atribuição de lugares ofendem. Não são justos; não são equilibrados. Todos sabem por aqui, e consta-se, que uma “prendinha” facilita o lugar. Há pessoas que andam três anos à espera e isso facilita o “atabalhoadamento”.

E OUTRO VENDEDOR, O QUE PENSA?

 “Chamo-me Rui Morais, e venho de Oliveira do Hospital. Faço esta feira há cerca de 4 anos. Estive 3 anos à espera de lugar. Houve pessoas que vieram depois de mim, tiveram logo lugar e com muito mais espaço do que eu. Uma vez que não se paga o lugar, o espaço deveria ser igual para todos. Atribuir a uns uma área enorme e a outros uma ínfima é um critério injusto. As pessoas que estão à frente não têm grande coordenação. Algumas vezes tem acontecido vir uma pessoa pela primeira vez e, arranjando-lhe logo lugar, passa à frente dos mais antigos. Já ofereci algumas peças para conseguir relacionar-me com as pessoas que distribuem os lugares, mas, mesmo assim, não tive grande sorte, porque o meu espaço é cada vez mais reduzido. Os critérios destes orientadores são duvidosos. Entre os vendedores há alguns que têm mais poder do que outros.”

OUTRO VENDEDOR QUE VENDE NA FEIRA DE MIRANDA DO CORVO

 (Pediu para não ser identificado) eu faço as feiras de velharias de Miranda do Corvo e da Lousã e não acontece nada disto. Lá paga-se 5 euros, mas todos os vendedores são iguais. Todos têm o mesmo espaço e todos pesam o mesmo. Além disso, lá, à medida que vão chegando vão ocupando os espaços vazios. Não há querelas nenhumas!”

E O QUE DIZ CARLOS DIAS?

 Perante as acusações dos vendedores identificados, fui ouvir Carlos Dias, fundador da Feira de velharias e o decano na cidade destes artigos de antanho. Vamos ouvi-lo.
-Você conhece-me bem! Eu não quero saber disso! Eu vou pedir a demissão da feira. Estou farto disto. Há lugares para toda a gente. O que é que eles querem? Agora é que estão a reclamar? Têm de esperar pelo lugar e mais nada! A seu tempo, todos têm lugar.
Olhe lá, veja bem o que é que vai escrever. Está ouvir?

Não foi possível ouvir a representante da Câmara Municipal de Coimbra por não se encontrar presente à hora a que falei com estes vendedores. Cerca das 16h00.


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E HÁ MAIS ALGUÉM QUE SE QUEIXE?

 Durante a noite, fiquei a matutar neste assunto. E se outros vendedores não pensassem assim? O que menos quero é ser injusto para alguém. Vai daí, hoje, Domingo, fui à feira de velharias de Aveiro ouvir mais depoimentos. Vamos ver o que dizem na primeira pessoa:

“Chamo-me Victor Tavares, sou de Coimbra e faço muitas feiras na zona centro. Já deixei de vender na feira de Coimbra há cerca de três anos. Ao fundo da Praça do Comércio, junto ao pelourinho, vende lá uma colega que tem uma tenda. Eu estava ao lado. Comecei a notar que esta senhora cada vez se estendia mais para o meu lado. Foi avançando, avançando, até me tapar completamente e os restantes vendedores junto à igreja de São Bartolomeu. Dei conhecimento à direcção da feira e nunca ligaram ao meu apelo. Perante este critério que considerei abusivo, fiz uma exposição ao então vereador da cultura Mário Nunes que nunca me deu resposta. Na altura, ouvi vários comentários de que alguns vendedores, para terem mais facilidades no espaço, davam umas prendas. Eu nunca dei nada. Sou contra isso. Como comecei a aperceber-me que uns eram filhos de Deus e outros do Diabo, abandonei para não me chatear e nunca mais lá voltei a vender.”

OUTRO VENDEDOR

 “Chamo-me Maria Lúcia Teixeira, sou de Aveiro. Juntamente com o meu marido fazemos esta feira de Coimbra desde o princípio. O Dias é rabugento devido à idade dele. A mim nunca me chateou. Também não tenho nada a dizer da funcionária da autarquia. Nunca me beneficiou nem prejudicou.”

OUTRO VENDEDOR

 “Chamo-me Augusto Monteiro e juntamente com a minha mulher, Lucinda Pereira, fazemos a feira desde os começos. Somos dos mais antigos. Não temos nada a dizer da direcção. Sempre se portaram bem connosco. Que com o Dias é muito rabugento, às vezes, não deixa de ter a sua lógica. (Para nós) foram sempre correctos. Em Coimbra não pagamos… (entendes?)… sentimo-nos bem.”

E OUTRO VENDEDOR AINDA

 “Chamo-me Jaime Lobo, sou de Coimbra. Faço a feira há 15 anos. Nunca tive problemas com ninguém da direcção. Sempre tive o mesmo lugar. Se, às vezes, precisar de faltar, aviso. Não tenho nada a dizer. O tratamento para mim tem sido sempre correcto. Acho que os vendedores deviam pagar. Não há nenhuma divulgação da feira, sei lá, um painel nas entradas da cidade. Por exemplo, em Aveiro há sempre divulgação na estrada.”

OUTRO VENDEDOR

 “Chamo-me Francisco Moreira, sou de Coimbra. Como vendedor, frequento a feira há cerca de 15 anos. Para mim o maior problema tem sido o facto de o meu lugar ser onde colocam o palanque, no meio da praça, junto ao pelourinho. Volta e meia lá estava eu sem lugar. Queixei-me várias vezes à doutora. Foi então que um vendedor desistiu e eu fui ter com ela para ocupar o lugar do desistente. Não deu grande andamento a isso, mas eu ocupei o lugar. Não tenho nada contra ela. Tem-se portado bem comigo, apesar de tudo. O Dias é que é um malcriado. Trata as pessoas indecentemente. Deve ser da idade!
Já ouvi falar de que, às vezes, é preciso “untar” as mãos para conseguir lugar… mas não posso afirmar.”

E OUTRO AINDA

 “Chamo-me Isabel Penicheiro e venho da Praia de Quiaios. Vendo na feira de Coimbra há 10, 12 anos. Ontem, Sábado, assisti a uma cena sobre um colega que conseguiu um lugar vago do Lobo –porque este faltou. Esse colega já anda lá há vários anos. O Dias, e com a doutora, arrumou um escândalo impressionante. A doutora até estava envergonhada. Ele, o Dias, foi intratável para Fernando Pinhão, que já foi político do Partido Socialista, creio que até deputado. O senhor Pinhão é uma pessoa muito delicada. O Dias é intragável, intolerante. É intratável. Ele pensa que ainda está antes do 25 de Abril. Já ouvi várias histórias da “prendinha”. Andei uns anos à espera de lugar certo. Comigo, nunca ofereci nada. Mas com esse senhor recuso-me a falar. É tempo perdido. A doutora, para mim, é uma pessoa muito correcta. Até chego a ter pena da senhora. O Dias é que põe e dispõe. É uma figura caricata. É uma falta de educação notória e permanente. A feira precisava de tirar este homem. Não se admite que uma pessoa com tanta falta de educação esteja à frente de um certame assim. Tenho conhecimento de pessoas que vêm de novo e passam à frente dos que estão à espera.
A doutora diz que não há lugares fixos, mas não é verdade, porque os há. Ali há filhos e enteados. Aquele homem não tem autoridade nenhuma para desempenhar o papel que desempenha. Mas ainda lhe digo mais, por que razão continuam com os vendedores ali na praça uns em cima dos outros? Porque não os estendem pelas outras ruas e até àquela praça, da igreja, que é tão bonita?”

(TEXTO ENVIADO PARA CONHECIMENTO À CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA)