sexta-feira, 11 de julho de 2014

BAIXA: NÃO HAVIA NECESSIDADE



Há dias escrevi um texto com o título “gerir o espaço urbano”. Insurgia-me contra o facto de por parte da Câmara Municipal de Coimbra, agora e desde sempre, não haver uma maior sensibilidade para o licenciamento de estruturas implantadas no espaço público, mais propriamente na Baixa. Por parte de um amigo próximo recebi um comentário assim: “Acho que estás a ser mais papista que o papa. Quando se trata de atrair gente à baixa da nossa linda cidade, todos os argumentos são bons, no meu modesto entender. O que não significa que não tenhas razão no que escreves”. Em comentário anónimo e sem ser propriamente sobre este tema, outro leitor acusou-me de extremismo em relação a determinados assuntos –sem especificar.
Em jeito de introdução socorri-me deste dois pontos de vista –que naturalmente respeito- para analisar a super-estrutura em ferro, montada na Praça do Comércio e em frente à Igreja de São Tiago, para mostrar os “Azeitonas” logo à noite e a partir das 22h00.
Então a questão que emerge é: para receber um espectáculo deste grupo justifica toda esta construção numa praça milenar e em frente a uma catedral, de estilo românico, de finais do século XII? E as vibrações vão afectar ou não o monumento? Ficou titubeante? Não me diga! Pensei que a resposta era mais linear.
Por considerar que estamos perante o paradigma do excesso, onde tudo é demais menos o bom gosto, em defesa do meu argumento de que estamos em face de um mau uso do espaço urbano, afirmo que para apresentar este grupo não era preciso este mastodôntico palco carregado de bestialidade agressiva do meio ambiente histórico e violador da memória colectiva. Mandava o bom-senso montar um palco sem este brutal impacto visual. Bom, pode sempre dizer-se que é a banda que impõe. Mas, a ser assim, nesse caso, esta performance inserida nas festas da cidade, não se aceitava. Será que temos de nos colocar de cócoras em frente de uma qualquer banda apenas porque o povo gosta? Ou deveria ser mesmo assim, tendo em conta que, como diz o meu amigo, para atrair gente à Baixa todos os argumentos são bons! Serão mesmo? Se calhar são! Admito que possa ser embirração minha, parafraseando o outro anónimo. Às tantas, é mais a defesa de uma tese extrema que ninguém concorda.

1 comentário:

Super-febras disse...

Amigo:

Confesso que com as primeiras fotografias publicadas, a minha reacção foi de completo desagrado. Perguntei a mim mesmo como poderiam estar a montar tal alarvaria à frente de um tão belo monumento cuja entrada deveria estar exposta e bem cuidada para como obra de arte, ser por todos, especialmente os que vêem de fora, mirada, causando espanto e prazer e sendo assim nunca, jamais arrumada para um canto, sem a ostenticidade que tem e dá ao bonito largo.
Engulhado, imaginei um palco que como muitos, fosse coberto, negro e volumoso e sem respeito encobrisse totalmente tão bonito portal.
Com estas novas fotos parece-me que o palco ficará a descoberto, deixando não só a igreja mas também os adjacentes prédios à vista e encenando o espectáculo.
Sou um grande admirador da música, especialmente ao vivo e sem playbacks e fico contente que se promova a música e os músicos nacionais. Concedo também que uma das razões para promover o espectáculo será atrair pessoal e estes serão na maioria potencial clientela na Baixa. Afinal qualquer comerciante sonha com movimento e o som chilreante da campainha no abrir e fechar da gaveta. No entanto que clientela e a que horários a traz um espetáculo Rock? Fora de cerveja e outras bebidas alcoólicas, bifadas e outros petiscos,tabacos e outros fumos que mais se venderá na Baixa?
Não seria na margem sul que deveria ser realizado encostando ao evento qualquer outra atracção que chamasse as pessoas à já por si convidativa Baixa Conimbricence e a horas em que todo o negócio beneficiasse? E os moradores não têm qualquer direito e uma palavra a dizer?
Então, pode perguntar o erudito, não sabem os moradores que vivem no coração da cidade que barulho, lixo e indigestões pelos cantos faz parte da mesma? Não sei bem, penso que a resposta muda conforme o nível cívico da sociedade e a minha opinião poderá ser única e como tal errada. No entanto assevero-lhe que a cidade de Toronto compromete anualmente milhões pois já há anos que, por causa do descanso dos seus habitantes, não autoriza aterragens de aviões no seu aeroporto, a nao ser por emergência, durante a noite!

Um bom fim de semana e divirta-se com os Azeitonas, vai ver que lhe faz bem, qualquer jovem lhe deixará dar uma "passa" o que só lhe fará bem pois relaxará!!!

Um abraço ciumento
Álvaro José da Silva Pratas Leitao